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MORTE DE YAGINADATTA

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Quando Ramá, dos homens o mais bravo,

partiu para as florestas, Daçaratha

– aquelle rei outr'ora tão ditoso, —

deixou-se possuir de mágua enorme.

Exilados seus filhos, o monarca,

tão alto como Indra, escureceu-se

nas trevas do infortunio, como quando

a sombra de um eclipse os céus invade,

tapando ao sol a face.


                       Após seis dias

de prantos e saudade, o rei egregio,

acordando uma vez á meia noite,

lembrou-se de uma falta commettida

em afastado tempo, e dirigiu-se

desta fórma a Kaoçálya, sua esposa:

– Se és tambem acordada, ouve-me attenta,

Kaoçálya. Quando um homem, dama illustre,

faz uma acção, ou boa ou má, não póde

evitar no porvir os fructos della.

Qualquer que em suas coisas não distingue

o bem e o mal, e ás cegas vai obrando,

os sabios appellidam-no criança.


Nos bons tempos da minha adolescencia,

em que eu, moço imprudente, me ufanava

de frechar toda a fera que avistasse,

commetti uma falta… por acaso.

A desgraça presente é fructo acerbo

dessa culpa, Kaoçálya, como a morte

é fructo de um veneno que se bebe.

Mas filha de ignorancia foi a culpa,

como a morte talvez de envenenado.

Ainda tu não eras minha esposa,

e eu era apenas da corôa herdeiro.

Nesse tempo, a estação das manhans frescas

entornava alegrias na minha alma;

o sol, que havia esbraseado a terra

e bebido a humidade das campinas,

cançado já de procurar o norte,

mudara de hemisferio. Graciosas

as nuvens espalmavam-se nos ares,

e os grous, e os cisnes, e os pavões folgavam

repletos de alegria. Os aguaceiros

obrigavam os rios a espalharem

agua lodosa em cima das alpondras.

Os campos, sorridentes sob a chuva,

ostentavam seus virides relvados

em que as aves, alegres, volitavam.


No correr de estação tão prasenteira,

tomei sobre meus hombros dois carcazes,

empunhei o meu arco, e fui-me andando


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