Читать книгу A Noite Escura Da Alma - Aldivan Teixeira Torres, Daniele Giuffre' - Страница 22

Ira

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Os primeiros raios de sol surgem, anunciando a chegada de um novo dia. Com a iluminação, os meus sentidos acabam despertando pouco a pouco. Tento levantar imediatamente, mas o peso das experiências do dia anterior acaba por evitar essa atitude de minha parte. Mesmo assim, não me conformo, reúno as minhas forças restantes e num impulso consigo finalmente levantar. Ao ficar em pé, espreguiço-me e me dirijo ao improvisado banheiro com o intuito de fazer meu asseio matinal. Ao chegar, entro, fecho a porta, dispo-me e começo a jogar água fria no corpo, reservada numa tina que eu mesmo enchera. O primeiro contato com a água fria me renova os ânimos e a disposição de continuar lutando por meus sonhos e objetivos. Tento simplificar as coisas da melhor maneira possível, fazendo um asseio corporal bem feito e rápido. Numa sequência de água e ensaboadas, termino de ficar completamente limpo, visto uma roupa limpa, saio do banheiro e vou tomar meu café da manhã. Chegando no que corresponde á cozinha, reencontro o hindu, que preparara tudo para o nosso desjejum, começo a me servir e a conversar com ele.

– Você se recuperou totalmente das façanhas de ontem? – Pergunta o mestre. – Olha, o desafio de hoje não é nada fácil, alerta.

– Para ser sincero, não muito. Porém, encontro-me muito disposto. Diga-me, resumidamente, como devo agir para angariar mais uma vitória neste próximo desafio?

– Primeiramente, você deve manter o seu espírito de luta e coragem. Segundo, use sua sabedoria e o aperfeiçoamento de ontem como armas para superar todas as adversidades. Seja firme e não perca a fé em nenhum momento. Só assim poderás sair novamente vencedor e como prêmio receberás o conhecimento completo sobre o quarto pecado capital.

– Entendi. Obrigado. Poderia dar também dicas sobre o local e horários exatos da realização desse novo desafio?

– Quanto ao local, não posso ajudá-lo. Siga sua intuição. Em relação ao horário, será as 08h00min da manhã.

Com esta resposta do hindu, observo o meu relógio de bolso e verifico que está quase no horário. Um leve estremecimento no corpo acontece, mas eu prefiro acreditar que vai ficar tudo bem. Apresso-me e termino o meu desjejum, despeço-me do hindu e saio imediatamente para cumprir mais uma etapa na minha carreira. Ao sair, começo a traçar meus planos e matutar sobre qual direção seguir. Instintivamente, decido pelo Nordeste devido ao fato de eu nunca ter percorrido aquelas bandas. Definida a direção, agora só me restava a postura. Com o intuito de ajudar minha mente, relembro os conhecimentos de outrora (os que eu tinha absorvido desde a aventura anterior até aquele momento) e o aperfeiçoamento que tive com a supervisão do hindu. Analisando com cuidado e imparcialmente, termino por concluir que eles tinham sido e eram muito importantes para eu me tornar o homem que eu era naquele momento. Por isto, eu deveria usá-los (sempre que fosse necessário) ao meu favor no decorrer desta trajetória (a noite escura da alma) e das próximas que porventura eu empreendesse. O leitor, neste momento, deve se perguntar: E isto seria o bastante para alcançar o pleno sucesso? Essa pergunta é demasiadamente difícil e seria um absurdo tentar respondê-la, no meu atual estágio de evolução como homem e como vidente. A única e absoluta certeza que eu tinha é que eu iria arriscar, por mais que fossem difíceis os obstáculos e o caminho que eu propunha percorrer.

Com essa certeza, avanço velozmente sobre a trilha que escolhi; um tempo depois, finalmente chego ao lado nordeste do topo da montanha. Continuo caminhando e logo à frente se abre uma clareira misteriosa e sem pensar me aproximo mais dela. Ao adentrar e chegar exatamente no centro encontro uma sepultura. Numa cruz ao lado leio a seguinte mensagem: Aqui jaz um oprimido. Impulsionado por uma força estranha que não sei explicar, toco na cruz. Ao tomar esta atitude, o céu escurece, as forças são abaladas, o topo da montanha treme e a noite escura da alma se concentra rapidamente ao meu redor. Depois de alguns instantes, surge um túnel acima de mim e imediatamente uma força suga o meu frágil espírito. Depois disso, uma espécie de viagem astral começa e, através de sua força e poder, viajo por tempos e espaços distantes por um tempo até chegar num local mais visível. Neste momento, o meu espírito se tranquiliza e como se fosse num filme tenho a visão correspondente ao quarto pecado capital:

“Jefferson e Wesley eram dois irmãos muito unidos, agricultores do sertão de Pernambuco. Algumas das características principais deles é que eram dois rapazes sérios e honestos. Porém, um belo dia, numa festa da cidade, conheceram a delicada moça chamada Andréia. No primeiro momento, por coincidência, os dois ficaram encantados por ela, aproximaram-se, conversaram com a mesma e ambos tiveram a oportunidade de dançar com ela e curtir a festa juntos. Quando terminou a festa, despediram-se da moça e prometeram se encontrar e manter contato. Depois desse momento, um amor muito forte bateu nos corações dos dois e cada um já planejava um futuro feliz e próspero. No entanto, Jefferson (o mais esperto) se antecipou e logo no outro dia conseguiu manter contato com Andréia. No encontro, Jefferson cortejou e acabou se declarando para a moça. A mesma correspondeu e assim se iniciou o namoro dos dois. Algum tempo depois, foi a vez de Wesley procurar Andréia. Mas quando a encontrou soube do que mais temia: O seu irmão, Jefferson, a tinha roubado dele. Esta foi uma ótima oportunidade para a noite escura agir e transformou os sentimentos de Wesley em relação ao seu irmão querido: O que era ternura e amor se tornou em puro ódio. Animado por este sentimento, o mesmo planejou um crime horrendo contra o irmão e no tempo certo o executou, alimentando esperanças de que com o fim do irmão Andréia o aceitasse. O que não aconteceu. Quando soube da tragédia, Andréia ficou consternada e decidiu mudar para a capital, renegando o algoz. Quanto à Wesley, foi preso, mas mesmo assim não conseguiu pagar o suficiente pela morte dum indivíduo. Após sua morte, foi condenado pela noite escura da alma, servindo de testemunha seu irmão oprimido. Neste caso, a ira foi plenamente capaz de perverter os sentidos dum individuo.

A visão termina e volto ao túnel na viagem de volta. Poucos segundos depois, estou de volta ao meu corpo e ao topo da montanha. Aproveito para me concentrar e tentar assimilar completamente os detalhes desse pecado capital tão perigoso. Depois disso, já me sinto mais preparado para enfrentar os próximos obstáculos.

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