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PRÓLOGO

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Dezembro de 1815, Yorkshire

Adam enrolou uma mecha do cabelo sedoso de Cristiana nos dedos enquanto ela se aninhava sobre o seu peito. Ele deveria sair da cama dela e retornar ao castelo de Danby. Nunca, em toda a sua vida, havia ficado abraçado a uma mulher após se deitar com ela. Entretanto, algo em Cristiana o fazia se sentir seguro. Talvez o fato de ela ser viúva ou, o que era mais provável, o fato de ela não desejar um marido.

Ele inalou o perfume de baunilha e lilases dela.

– Conte-me sobre o seu marido? – Uma repentina curiosidade o tomou e, antes que pudesse se conter, a pergunta já pairava no ar entre eles.

Cristiana enrijeceu-se por um momento antes levantar o queixo para encará-lo.

– O que gostaria de saber?

Adam sorriu, esfregando as costas nuas dela e saboreando a maneira como ela relaxava quando ele fazia isso.

– Nada, suponho. Apenas uma curiosidade momentânea.

Ela se apoiou sobre um cotovelo, estreitando os olhos e especulando.

– E agora, a curiosidade passou?

Adam riu baixinho.

– Percebo que não é da minha conta.

– Talvez não. – Ela depositou um beijo no peito nu dele. – Mas vou esclarecê-lo, de qualquer maneira.

– Não precisa. – Ele sustentou o caloroso olhar azul-acinzentado dela. De fato, não deveria ter perguntado. – Não tenho desejo algum de fazê-la reviver lembranças desagradáveis.

– Não que ele me maltratasse. – Cristiana se deitou novamente, e sua face descansou sobre o peito de Adam. – A nossa relação não foi a de um grande amor mas, de qualquer modo, tínhamos carinho um pelo outro. Jonathan foi bom para mim, e eu para ele.

– Então, o que a impede de querer se casar de novo? – Adam se viu totalmente confuso. A maioria das mulheres, ou pelo menos todas as que conhecia, desejava se casar. Se a experiência anterior dela foi agradável, ele não via motivo para ela evitar um segundo casamento. Estaria tentando enganá-lo? O receio fez com que ele sentisse um calafrio percorrê-lo enquanto aguardava a resposta dela.

– Eu lhe disse que nossa união foi agradável, não ideal. Jonathan era um soldado. Nós nos casamos quinze dias antes de ele ser chamado ao dever. Nas ocasiões em que voltava para casa, passávamos muito pouco tempo juntos. Foi uma existência solitária… ainda mais agora. Como sabe, ele morreu em Waterloo.

– Posso imaginar como tal existência deve ser difícil.

– De fato. – Cristiana espalmou a mão sobre o peito quente de Adam e seus dedos brincaram com os pelos finos. O calor substituiu o frio que ele sentira anteriormente. – Depois do meu luto, decidi permanecer viúva. A situação me permite uma certa liberdade e indulgência não desfrutadas por outras mulheres. Isso garante que eu nunca mais me sinta sozinha de novo.

Não havia tristeza na voz dela; ela não chorou nem se aninhou mais nele, mas, ainda assim, seu coração doía pelo que ela havia passado. Estava claro que o casamento dela havia deixado uma cicatriz, apesar de Cristiana tê-lo chamado de agradável. Teria ela sido uma criança solitária, também? Ele não lhe perguntaria, porque já a havia questionado mais do que deveria.

Adam a rolou até que ela estivesse debaixo dele; então, encontrou o olhar dela, que estava cheio de paixão.

– Nesse caso, é meu dever garantir que você não se sinta solitária hoje à noite. – Ele levou os lábios aos dela, beijando-a profundamente enquanto pressionava seu pênis no sexo molhado dela.

Cristiana envolveu as pernas ao redor dos quadris dele, gemendo baixinho enquanto o acompanhava, impulso por impulso. Ela passou os dedos sobre as costas dele e beijou seu peito, fazendo com que espirais de calor e desejo o percorressem.

Ele aumentou o ritmo, e os gritos dela vinham cada vez mais rápido enquanto ele tomava aquilo de que precisava. Em pouco tempo ela gemeu o nome dele, e sua cabeça desabou sobre o travesseiro novamente. Ela permaneceu deitada debaixo dele, ofegante, com um sorriso sensual no rosto. Adam capturou os lábios dela em um beijo ardente enquanto obtinha o próprio prazer.

Rolando na cama e saindo dela, ele a puxou para os seus braços. Ele a segurou por longos momentos enquanto recuperavam o fôlego, e seus corações batiam no mesmo compasso. Se estivesse querendo se casar, ele a procuraria.

O pensamento o aterrorizou, fazendo o medo percorrer as suas veias. Aquele era um assunto perigoso. Que ele precisava evitar.

– Cristiana.

– Sim.

– Voltarei para Londres em breve.

– Eu sei. – Ela apertou mais a mão que o segurava. – Estou aproveitando a sua presença ao máximo enquanto ainda o tenho.

A garganta de Adam se apertou. Estava achando muito mais difícil se afastar dela do que deveria.

– Estarei bem ocupado durante o resto da minha estadia… ocupado demais para vir vê-la novamente.

– Que bobagem. Você me disse que ficaria em Yorkshire até depois da Noite de Reis. – Ela acariciou delicadamente o abdômen dele. – Uma quinzena, a partir de hoje. Certamente você encontrará uma razão para se esgueirar e me ver.

Claro, ele podia, e a tentação que ela representava quase o fez mudar de ideia. Maldição, por que tinha que vir e desenvolver sentimentos por ela? Não havia outra escolha a não ser acabar com a relação deles antes que seus sentimentos por ela se tornassem algo mais profundo.

– Temo não poder. Danby tem muitos planos e exige a minha presença. Na verdade, minha presença foi solicitada no castelo esta noite.

Cristiana não discutiu enquanto se afastava dele, mas também não pareceu satisfeita. Ela se virou para ele, e seus lábios formaram um beicinho experiente.

– Se você deve, não tentarei impedi-lo.

Ele se levantou da cama e se vestiu antes de se voltar para ela.

– Apreciei muito o nosso tempo juntos. Nunca duvide disso. – Ele depositou um beijo na testa dela. – Adeus.

Ela não disse nada, apenas olhou para ele enquanto ele se virava para partir.

Um Natal Terrível

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