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CAPÍTULO DOIS

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Cristiana segurou a filha junto ao peito, balançando-a. Olhou para Emily, que docemente a fitou com os olhos da tonalidade dos de seu pai. Se ele a visse, saberia instantaneamente que a belezinha de cabelos escuros pertencia a ele.

Ela acariciou a mão sobre o cabelo macio de Emily. A filha havia herdado mais os traços do pai do que os dela. Foi exatamente por isso que Cristiana havia ido para a França. A motivação por trás de ela ter mantido Emily escondida em casa. De haver mudado sua rotina para garantir que ninguém além de seus criados visse Emily. De ter feito planos para se afastar de Yorkshire antes que sua filha tivesse mais idade.

O medo se instalou no estômago de Cristiana. Adam estava de volta – viera à casa dela. Tinha certeza de que ele a vira espiando-o por trás da cortina. E se ele viesse de novo? Cristiana mordiscou o lábio inferior. Elas tinham que partir. Em breve. Não, imediatamente. Mas, para onde?

Seu homem de negócios ainda não havia encontrado uma nova casa para ela. Ela lhe dera instruções para comprar uma casa de campo pequena, porém confortável. Uma casa que ficasse distante de quaisquer grandes cidades e, mais importante, em um local onde não residissem parentes de Danby. Uma tarefa difícil, mas ela estava confiante de que Gilford poderia realizá-la. Se ao menos ele tivesse conseguido um pouco mais rápido, ela não estaria em tal situação agora.

Cristiana olhou para a filha que agora ressonava suavemente em seus braços. Precisava proteger Emily. Adam era um libertino – pensava apenas em seu próprio prazer. Agiria de modo precipitado se descobrisse a verdade. Toda a Inglaterra logo saberia que Emily era uma bastarda. Adam nunca iria assumi-la e reivindicá-la. No final, qualquer chance que Emily tivesse em ter uma boa vida viraria cinzas.

Com os diabos, Cristiana não poderia permitir que isso acontecesse. Elas partiriam imediatamente. Iria passar a noite na casa da irmã. Sim, Parthinia as ajudaria. Juntas, elas descobririam alguma maneira de Emily permanecer escondida.

Decidida, Cristiana foi até o berço e colocou Emily nele. Colocou um cobertor sobre a filha adormecida, deu um beijo em sua face macia e então se virou para a babá.

– Dorothy, trate de arrumar as coisas dela. Estamos partindo para uma longa viagem assim que ela acordar.

– Sim, senhora. – assentiu Dorothy.

– Espero que você nos acompanhe.

A mulher mais velha sorriu, suas faces rechonchudas se arredondando ainda mais.

– Claro, milady.

Cristiana devolveu o sorriso antes de sair do quarto. Agora, só precisaria instruir os demais servos, mandar uma mensagem para a Parthinia e preparar a carruagem. Com todas as instruções dadas, ela seguiu para seu quarto onde sua criada ajudou-a com um vestido de viagem.

Terminando a tarefa, a criada se voltou para ela e perguntou:

– Há mais alguma coisa que a senhora precisa?

– Não, Macy. Vá tratar das suas coisas. Sairemos dentro de uma hora.

Macy abaixou a cabeça e se retirou do quarto.

Cristiana deu uma última olhada em si mesma no espelho. Suas faces estavam pálidas, então ela as beliscou um pouco antes de sair do quarto. Suas faces descoloridas eram, sem dúvida, resultado de sua dor de estômago e nervos à flor da pele. Ela respirou fundo enquanto caminhava pelo corredor. Logo, ela e Emily estariam seguras. Assim que estivessem, ela poderia relaxar.

– Não serei expulso. – Uma voz alta ecoou pelo vestíbulo.

Cristiana sentiu o sangue drenar de seu rosto. Suas pernas ameaçaram ceder e suas mãos começaram a tremer. Ele estava ali. Aquela voz pertencia a Adam.

– A senhora não está em casa. – O tom de voz de seu mordomo era suave, transmitindo uma confiança que Cristiana não possuía.

Cristiana abaixou-se, sentando-se no patamar e espiou através dos balaústres enquanto escutava.

– O diabo que não está. – Adam forçou sua entrada através da porta; seu cabelo preto estava despenteado, os olhos azuis-turquesa em chamas. – Eu mesmo procurarei em todos os quartos, se for preciso.

– Milorde, seja razoável. – O mordomo se colocou no caminho dele.

Adam ignorou o homem, contornando-o e caminhando em direção às escadas. O coração dela martelava mais forte a cada passo que ele dava. O que deveria fazer agora? Correr? Cristiana começou a se levantar, com a intenção de sair apressadamente, mas então as palavras de Adam a congelaram.

– É razoável manter meu filho escondido de mim?

Ele sabia. Como diabos ele descobriu? Cristiana endireitou os ombros e levantou o queixo, em desafio.

– Adam. – Ela começou a descer as escadas. Seus passos confiantes e suaves a surpreenderam, porque, por dentro, ela era uma mistura de medo e nervosismo. Mas aquilo não tinha a ver com ela. Precisava ser corajosa por Emily. Enfrentaria qualquer coisa, cada temor e inimigo que tivesse, para proteger sua filha.

Adam diminuiu a distância entre eles, com o olhar frio preso ao dela.

– O bebê é meu?

– Ela pertence a mim. – A raiva inflou no peito de Cristiana. Como ele ousava invadir sua casa e fazer exigências. Ele havia virado as costas para ela, e não o contrário. Ele havia sido claro sobre seu desejo de ter um simples caso, sem compromissos, sem responsabilidades. – Você pode sair do jeito que entrou.

Ela havia lhe dado o que ele queria. Não se sentiria mal agora. Tampouco permitiria que o patife prejudicasse o futuro da filha. Cristiana girou nos calcanhares e começou a subir as escadas. Não havia mais nada a ser dito.

Adam a seguiu, segurando-a pelo cotovelo. Ela parou, mas não olhou para trás.

– Solte-me.

– Você não poderá me dispensar tão facilmente. – Ele aproximou a boca da orelha dela e pronunciou: – Cristiana.

Um arrepio de desejo percorreu o corpo traidor dela. Ela enrijeceu ante a evidência de que ainda o queria. De que o desejava. Reunindo toda a sua determinação, ela sacudiu o cotovelo e se virou para encará-lo.

– Eu lhe disse, a criança é minha. Você não tem responsabilidade sobre ela.

– As fofocas locais dizem o contrário. – Ele estreitou os olhos.

– Bem, elas estão erradas. – Ela o encarou.

Ele não falou, mas também não se virou para sair. Adam permaneceu parado ali, prendendo-a sob seu flamejante olhar azul, até que ela não pôde mais suportar o exame dele… o silêncio dele.

– O que mais você quer? – sussurrou ela, sua fachada forte quase despedaçando.

– Quero ver minha filha.

Cristiana ofegou, chocada. De todas as coisas que ele poderia ter dito… Ela balançou a cabeça.

– Não.

Adam a contornou. Chegando ao topo da escada, ele se virou em direção ao quarto das crianças.

Cristiana correu atrás dele, com o coração na garganta. Um olhar para Emily e ele saberia que a gerou. Ela precisava detê-lo.

– Adam. Não. Por favor. Ela está dormindo. Vamos conversar.

Ele ignorou os protestos dela, continuando pelo corredor com passos largos e determinados, e depois abriu a porta do quarto com força.

– Você irá assustá-la. – Cristiana agarrou seu cotovelo. – Vamos conversar.

Adam ignorou as palavras e o toque dela enquanto procurava no berçário, seu olhar vagando pelo aposento. Ele viu a babá primeiro. Ela estava sentada em uma cadeira de balanço perto do canto traseiro do quarto bem iluminado. Então, seu olhar se fixou na criança que brincava no tapete próximo.

Ela tinha cabelos pretos como a noite – os cabelos dele. Um pequeno querubim em forma de menina, com bochechas rosadas e lábios arqueados. Ele entrou no quarto, sem desviar o olhar dela.

– Olá, pequenina – disse ele, com voz suave.

A criança olhou para cima, seus olhos azuis como safiras brilhando, enquanto o encarava com curiosidade. Adam olhou para Cristiana, notando os olhos azul-acinzentados dela, depois olhou de novo para a criança. Ela tinha os olhos amendoados da mãe e cílios grossos, mas aquele tom de safira, acentuado e brilhante, era todo dele.

A cabeça de Adam girou, seu estômago pesou. Não poderia ser. Ele, pai? Não. Eles haviam sido cuidadosos. No entanto, devia ser. A criança parecia bastante com ele. Seu queixo se contraiu, enquanto voltava seu olhar para Cristiana.

Ela deu um passo para trás, mas não se intimidou com ele. O queixo dela permaneceu alto, os ombros erguidos.

– Podemos conversar agora?

Ele queria agarrá-la. Sacudi-la. Arrastá-la do quarto e exigir respostas. Mas não fez nada disso, com medo de assustar a criança. Em vez disso, Adam deu um breve aceno de cabeça e seguiu Cristiana para o corredor. Quando a porta se fechou, ele a pegou pelo cotovelo e a puxou para uma saleta próxima.

– Vamos conversar aqui.

– Muito bem. – Cristiana se adiantou para dentro do aposento. Ela se sentou em uma poltrona antes de voltar sua atenção para ele. – Sente-se.

A raiva ardia profundamente na alma dele.

– Bom Deus, Cristiana, esta não é uma visita social. Pare de se comportar como se nada estivesse errado e comece a explicar.

Ela o encarou, inabalável.

– Estou apenas sendo civilizada. O que gostaria que eu fizesse? Que gritasse com você? Que o expulsasse da casa?

Ele avançou na direção dela.

– Para começar, terei o nome da minha filha.

– Emily não é responsabilidade sua. Ela é minha filha e continuarei a protegê-la e a cuidar dela como fiz desde o nascimento.

A audácia da mulher o desconcertou. Ela agia como se ele não tivesse voz no futuro de sua filha. Como se ele tivesse tido a oportunidade de fazer parte da vida dela e optado por não fazer. Como ela ousava! Adam atravessou a sala, parando diante de Cristiana.

– Claramente, você falhou nisso. O falatório está tomando conta da vila.

Cristiana levantou-se, com as faces coradas, as mãos nos quadris.

– Não quero você aqui. Não há nada que você possa fazer. Estou levando Emily embora e não voltaremos. Com o tempo, o falatório desaparecerá. Vou criá-la longe daqui como minha filha adotiva. Ela terá tudo do melhor. Não precisamos de você.

Um Natal Terrível

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