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Capítulo Dois

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Devon acordou com a estranha sensação de ter o corpo de uma mulher junto ao seu. Não só ao seu lado, mas a rodeá-lo por completo.

Ashley estava agarrada a ele, com as pernas entrelaçadas nas suas. Os seios descansavam sobre o seu peito, tinha um braço sobre o seu corpo e o rosto afundado no seu pescoço.

Gostava.

Permaneceu deitado enquanto observava o subir e descer do seu corpo, ao compasso da respiração. A sua beleza baseava-se na simplicidade. Poderia distingui-la entre uma multidão. Era extremamente natural. Talvez demasiado exuberante e atrevida, mas com tempo e a orientação adequada, podia tornar-se numa excelente esposa e mãe.

Acariciou-lhe um braço com a ponta dos dedos. Estava pálida, mas não tanto que parecesse doente. Era evidente que não se expunha ao sol e que usava maquilhagem quando saíam, embora não tanto que se transformasse em alguém diferente. Um pouco de batom e um toque de rímel para alongar as pestanas parecia ser tudo o que usava mas, claro, ele não era perito em assuntos femininos.

Gostava que não fosse cúmplice do ridículo plano do seu pai, embora ele achasse que o melhor para todas as partes envolvidas era conhecer a história completa desde o princípio.

A sua parte canalha gostava que sentisse afeto por ele, que os seus sentimentos estivessem livres de maquinações. Se a palavra que Ashley tinha dito na noite anterior não resultava do facto de sentir-se levada pela situação, «afeto» era um termo errado. Ela dissera que o amava. Isso complicava o assunto e dava-lhe uma certa dose de satisfação.

Enquanto para ele o casamento era um caso de necessidade e conveniência, além de uma oportunidade de conseguir uma excelente fusão empresarial, a ideia de que ela concordasse casar-se por essas mesmas razões incomodava-o muito. Embora isso o tornasse um hipócrita, gostava que quisesse casar com ele porque o desejava e até porque o amava.

Antes, tinha que terminar os preliminares. Um deles era tornar oficial o compromisso. Ela ainda não sabia, mas em breve tornar-se-ia mulher de Devon Carter.

Com cuidado, soltou-se dos seus braços e pernas. Estava profundamente adormecida, por isso não precisava de preocupar-se.

Levantou-se, vestiu o roupão e olhou para a cama. Por uns segundos, ficou paralisado perante a sua imagem. O sol entrava pela janela e banhava-a com os seus raios. Tinha o cabelo loiro desalinhado e estendido sobre a almofada. Um dos seus braços impedia a visão completa dos seus seios, mas sob o cotovelo assomava-se um mamilo. O lençol chegava até às nádegas, deixando ver a covinha no final das suas costas. Não havia dúvidas de que era muito bela. E agora era dele.

Meteu a mão no bolso do casaco que vestira na noite anterior e, antes de sair do quarto, tirou o estojo com o anel. Quando ela acordasse, passaria à fase seguinte do plano que orquestrara cuidadosamente.

Ashley espreguiçou-se e a luz do sol cegou-a durante uns instantes. Manteve os olhos fechados uns segundos, desfrutando do calor e bem-estar que lhe proporcionava aquela sumptuosa cama, a de Devon.

Suspirou, feliz. Tinha perdido a virgindade da mais maravilhosa das maneiras. Era impossível que tivesse corrido melhor. Fora uma noite incrível: jantar romântico para dois, Devon a comê-la com aquele olhar mágico e murmurando que ia torná-la sua. Sim, uma noite perfeita.

Então, deu-se conta que ele já não estava na cama com ela e franziu o sobrolho. Viu-o de pé do outro lado do quarto, observando-a. Vestia um roupão que deixava ver o seu peito nu. Estava apoiado na maçaneta da porta da casa de banho e olhava para ela. Por alguma razão, isso fê-la estremecer.

Algo colorido lhe chamou a atenção e ao baixar os olhos viu uma rosa vermelha sobre o lençol, ao seu lado. Mas foi o pequeno cartão junto a um espetacular anel de diamantes que a deixou sem fôlego.

Sentiu o sangue subir-lhe à cabeça e ficou a olhar para ele, boquiaberta. Apoiou-se num cotovelo para levantar-se e agarrou no anel. Tremiam-lhe tanto as mãos que quase deixou cair o estojo de veludo.

Voltou a olhar para a mensagem e depois para ele, como se temesse que se tivesse ido embora e tudo não passasse de um produto da sua imaginação. Mas continuava ali, com o sorriso a iluminar-lhe os traços.

– A sério? – perguntou Ashley sussurrando.

Ele assentiu e o seu sorriso ampliou-se ainda mais.

– A sério.

Deixou a rosa, o anel e a mensagem e saltou da cama para lançar-se nos seus braços. Devon deu um passo atrás e riu enquanto ela o beijava pelo rosto até aos lábios.

– Sim, oh meu Deus, claro que sim!

Agarrou-a por trás antes que se atirasse e caísse no chão. Depois levantou-a e os olhos de ambos ficaram à mesma altura.

– Já sabes que a tradição manda ser tu a colocares-me o anel.

Ashley olhou para a cama.

– Oh, meu Deus, onde está?

Devon levou-a até à cama e deixou-a na beira desta, enquanto pegava no anel. Uns segundos depois, agarrou-lhe na mão e pôs-lhe o anel no dedo. Ela conteve a respiração ao ver o diamante a brilhar sob a luz do sol.

– Oh, Devon, é lindo!

Lançou os braços em redor do seu pescoço e abraçou-o com força.

– Amo-te muito. Não posso acreditar que tivesses planeado isto tudo.

– Não quero um noivado longo.

– Eu também não.

– De facto, quero que nos casemos já – acrescentou, sem deixar de olhar para ela.

Ela franziu o sobrolho e mordeu o lábio inferior.

– Não me importaria. Quer dizer, se dependesse de mim, mas não sei como vai reagir a minha família. A minha mãe vai querer um grande casamento. Sou a única filha…

Devon acariciou-lhe a face.

– Eu encarrego-me da tua família. Garanto-te que concordarão comigo. Teremos um grande casamento e a tua mãe sentir-se-á satisfeita. Vais ver como vão gostar dos nossos planos.

Estava tão contente que mal conseguia estar quieta.

– Estou desejosa de contar a toda a gente! Não é incrível? Todos ficarão felizes por mim. Sei que o papá estava desejoso de que eu encontrasse o homem ideal e assentasse a cabeça. Está sempre a dizer que sou muito inquieta, mas isso é porque sou jovem.

– Estás a dizer que não queres casar-te?

Ashley ficou a olhar para ele, surpreendida.

– Não! Não era isso que estava a dizer. Ia dizer que estava à espera do homem perfeito, de ti.

– Era isso que eu queria ouvir – murmurou ele.

Devon beijou-a.

– E que tal tomares um banho para te recuperares de toda a atividade de ontem à noite e depois tomarmos o pequeno-almoço juntos?

Ashley corou, mas assentiu, desejosa de falar do futuro. Senhora Devon Carter. Gostava de como soava. E o anel… Baixou o olhar, paralisada pela beleza do diamante que lhe enfeitava o dedo.

– Gostas? – perguntou Devon num tom de gozo.

Ela levantou os olhos e encarou-o, séria.

– Adoro, Devon. É lindo. Mas não precisavas de comprar-me algo tão caro. Teria gostado de qualquer coisa vinda de ti.

Ele sorriu.

– Eu sei, mas queria que fosse algo especial.

Ashley sentiu o coração dar um salto.

– Obrigada. É perfeito, tudo é perfeito.

Beijou-a apaixonadamente e quando voltou a abrir os olhos, o seu olhar brilhava de desejo.

– Vai tomar banho antes que me esqueça do pequeno-almoço e volte a fazer amor contigo. Agora, mexe o teu belo traseiro da cama e vai para o banho. Tomaremos o pequeno-almoço dentro de quarenta e cinco minutos. Tens tempo para relaxar na banheira.

– Bom, por fim vais dar o passo – disse Cameron Hollingsworth, olhando do outro lado da sala para onde estava Ashley com outras mulheres.

Devon deu um gole no seu vinho, mas mal sentiu o seu sabor. Continuava distraído. Ainda assim, obrigou-se a beber, apostado em tranquilizar-se. Ele mesmo ia fazer o anúncio oficial dentro de minutos. O pai de Ashley desejara fazer as honras, mas Devon preferia fazê-lo ele. William Copeland já tinha participado demasiado, orquestrando a relação de Devon com Ashley. A partir de agora, as coisas far-se-iam à sua maneira.

Embora todos os presentes tivessem consciência de que tinham sido convidados para uma festa de noivado, Ashley fizera questão de esperar que chegassem todos os convidados para anunciá-lo.

– Estás a arrepender-te? – perguntou Cameron. – Mal falaste desde que cheguei.

– Não, já está tudo decidido. Não há volta atrás. A única coisa que falta é que Copeland assine o acordo. Após a cerimónia, enviará os últimos documentos e levaremos a cabo a fusão. Quero reunir com Ryan, Rafe e contigo assim que voltar da lua de mel.

Cameron arqueou uma sobrancelha.

– Lua de mel? Vais mesmo de lua de mel?

– Lá por este casamento fazer parte de um acordo de negócios não significa que Ashley não vá ter um grande casamento ou uma lua de mel.

Cameron encolheu os ombros.

– Boa ideia. Fá-la feliz. Se for feliz, o seu pai também é. Já sabes o que dizem das filhinhas do papá.

– Não sejas imbecil – disse Devon franzindo o sobrolho. – Ela…

– Ela o quê?

– Ouve, ela não sabe o que o seu pai vai fazer. Acha que foi um namoro romântico que terminou numa igualmente muito romântica proposta de casamento. Se não a levar de lua de mel, vai parecer estranho.

– Isto não pode acabar bem. Não te esqueças das minhas palavras. Algo correrá mal, meu amigo.

– Alguém alguma vez te disse que és um desmancha-prazeres?

Cameron levantou as mãos, rendendo-se.

– Só queria prevenir-te. Devias contar-lhe a verdade. Nenhuma mulher gosta de ser enganada.

– Para ela me mandar para o inferno mais a minha proposta de casamento?

Devon suspirou e abanou a cabeça. Sabia que Cameron tinha passado as passas do Algarve. Não podia culpar o amigo pela sua ironia. Mas não estava com paciência para ouvi-lo naquele momento.

– Este acordo é demasiado importante para todos nós, não apenas para mim – continuou ao ver que Cameron permanecia calado. – Teria preferido não ter que me casar, mas Ashley é boa rapariga. Será uma boa esposa e uma boa mãe. Toda a gente conseguirá o que quer. Ryan, Rafe, tu e eu, além de Ashley e do seu pai. Toda a gente ficará feliz.

– Como quiseres. Já sabes que te apoio. Mas lembra-te disto: não é preciso casares para que isto funcione. Podemos encontrar outra empresa. Já tivemos contratempos antes. Ninguém quer que te tornes num mártir pela causa.

– Estou bem, Cameron. Não há amor na minha vida, nem nenhuma outra mulher em cena. Não há ninguém com quem quisesse casar-me. Ficarei bem com Ashley, para de te preocupares.

Cameron olhou para o relógio.

– A tua noiva está a olhar para aqui. Acho que chegou o momento.

Devon olhou para onde Ashley estava, rodeada de amigos e familiares. Era incapaz de saber quem era quem, já que eram muitos. Ela sorriu e acenou-lhe antes de lhe dizer para se aproximar.

Devon deu o seu copo de vinho a Cameron e atravessou vários grupos até chegar junto de Ashley.

Estava radiante naquela noite. Luzia um sorriso cativante.

Assim que se aproximou, ela pegou-lhe na mão e integrou-o no círculo. Sorriu a cada mulher, mas os seus nomes e rostos misturaram-se. Após uns minutos, inclinou-se para o ouvido de Ashley.

– Chegou o momento, não te parece?

Ela estremeceu de emoção. Os seus olhos iluminaram-se e apertou-lhe a mão enquanto lhe sorria.

– Desculpem, minhas senhoras – disse, levando Ashley para onde estava Cameron.

Não havia ninguém perto de Cameron. Provocava aquele efeito nas pessoas. Era o lugar perfeito para pedir atenção e anunciar o compromisso.

– Olá, Cameron – disse Ashley assim que chegaram junto ao amigo dele.

Soltou a mão de Devon e lançou os braços em redor do pescoço de Cameron, que sorriu e abanou a cabeça, tentado livrar-se do seu abraço.

– Olá, Ashley – disse, antes de lhe dar um beijo no rosto. – Fica ao meu lado enquanto Devon se expõe ao ridículo.

Devon olhou para Cameron antes de pegar na mão de Ashley e pôr-se ao seu lado.

– Estás a brincar? – perguntou Devon. – Queres que parta o copo de vinho para chamar a atenção?

Cameron encolheu os ombros, levou o dedo aos lábios e assobiou.

– Oiçam-me todos, prestem atenção. Devon tem algo para nos anunciar.

– Obrigado, Cameron – disse Devon.

Depois voltou-se para os amigos e familiares de Ashley. Ficaram todos a olhar, expectantes. Tossiu e procurou falar claramente e não meter a pata na poça.

– Ashley e eu convidámos-vos esta noite para celebrarmos uma ocasião muito especial – disse, olhando para ela e apertando-lhe a mão. – Ashley tornou-me o homem mais feliz do mundo ao aceitar casar-se comigo.

Os assistentes romperam em gritos e aplausos. À direita, os pais de Ashley sorriam junto ao seu filho mais novo. William fez uma inclinação de cabeça para Devon e a mãe de Ashley secou os olhos enquanto sorria para a filha.

– Queremos que assistam ao casamento que se celebrará dentro de quatro semanas.

Devon ergueu o copo e voltou-se para Ashley, cujo rosto mostrava um sorriso arrebatador.

– À Ashley, que fez de mim o homem mais feliz do mundo.

Todos levantaram os copos e brindaram a Devon e Ashley.

– Ena, que discurso eloquente – murmurou Cameron ao ouvido de Devon. – Qualquer pessoa diria que falavas a sério.

Devon ignorou Cameron e abraçou Ashley pela cintura, enquanto começavam a receber as primeiras felicitações. A sua cabeça dava voltas enquanto via cada rosto.

Surpreendeu-o que todos os membros da família de Ashley pensassem que era incapaz de cuidar de si própria sozinha. Nada o levava a pensar que assim fosse.

Sim, era inconstante, demasiado confiante e bastante inocente. Talvez numa família de tubarões empresariais, ela parecesse estranha.

Mas isso não queria dizer que fosse incapaz de cuidar de si própria. Isso só significava que precisava que alguém velasse pelos seus interesses e a protegesse de si mesma. Alguém como ele.

Ashley acariciou-lhe o braço e, pondo-se em pontas de pés, inclinou-se para a frente. Ele baixou a cabeça, apercebendo-se de que queria dizer-lhe algo.

– Podemos ir-nos já – sussurrou. – Sei que a minha família pode ser um pouco chata.

Devon quase que começou a rir às gargalhadas. Ali estava ele, pensando que precisava da sua proteção e ela estava preocupada, procurando protegê-lo da sua açambarcante família.

– Estou bem. Quero que te divirtas. Esta é a tua noite.

Franziu o sobrolho e ficou a olhar para ela.

– E a tua não?

– Claro. Refiro-me a estares rodeada pela tua família e amigos e quero que desfrutes disto tudo.

Ela sorriu, beijou-o na face e permaneceu ao seu lado enquanto continuavam a receber os parabéns.

– Ashley! Ashley!

Devon voltou-se e viu uma mulher a abrir caminho entre os convidados. Observou-a e apercebeu-se que se parecia com Ashley. Seria, certamente, uma das suas inúmeras primas.

– Brooke! – gritou Ashley.

Olharam-se, sorridentes, e deram as mãos.

– Será que já adivinhaste? – disse Brooke sem fôlego. Estou grávida! Eu e Paul vamos ter um bebé!

As expressões de alegria de Ashley podiam ouvir-se por toda a sala. Devon voltou-se e deu-se conta que toda a gente estava a olhar.

– Oh, meu Deus, Brooke. Fico tão contente! De quanto tempo estás?

– De apenas dez semanas. Queria ter-te contado assim que soube, mas tens estado demasiado ocupada com Devon. Além disso, quando fiquei a saber que se iam casar não quis incomodar…

– Pelo menos, devias ter-me mandado uma mensagem para o telemóvel – disse Ashley. – Oh, Brooke, fico tão feliz por ti. Imagino que também ficarei muito contente quando estiver grávida. Espero que os nossos filhos se deem bem e possam brincam juntos.

Ashley falava cada vez mais alto e as suas maneiras exageradas chamavam a atenção dos demais que a olhavam, sorridentes. Estava animada e falava muito depressa, gesticulando tanto que quase bateu num empregado que passava. A rápida reação de Devon e Cameron impediu que a bandeja de bebidas acabasse no chão. Ashley continuou, alheia ao caos que podia ter causado.

Depois, abraçou impulsivamente Brooke pela terceira vez. Depois, fez o mesmo com Paul antes de abraçar Brooke mais uma vez, a quem não tinha soltado as mãos um só momento.

Cameron riu e abanou a cabeça.

– Tens muito trabalho à espera, Devon. Para seguires o ritmo dela vais ter que deixar de ser tão snobe.

– Não tens outro lugar para estar e outra pessoa que não eu para torturares? – murmurou Devon.

Cameron olhou uma vez mais para Ashley e Devon reconheceu afeto no olhar do seu amigo.

– É linda – disse Cameron, deixando de lado o seu copo de vinho.

– Linda? – repetiu Cameron, agitando-se, incómodo.

– É agradável, sim? Parece sincera e não podes pedir mais.

Devon ficou boquiaberto, a olhar para o amigo.

– Gostas dela.

Cameron olhou para ele, franzindo o sobrolho e Devon sorriu antes de prosseguir.

– Gostas sim. E tu que nunca gostas de ninguém.

– É simpática – murmurou Cameron.

– Achas que não deveria casar com ela – disse Devon.

– Cala-te, ainda te ouve.

Mas Ashley já se tinha afastado de Devon e estava focada na sua conversa com Brooke.

– Se pensas que é linda e simpática, para quê a conversa de eu ser um mártir por ir casar-me? – insistiu Devon.

– Ouve, não gostaria que a magoassem e isso é o que vai acontecer se não fores sincero com ela. As mulheres acabam por descobrir tudo.

– Quem diz que não sinto algo por ela?

– Quer dizer que sentes algo por ela? – perguntou Cameron. – Porque não parece.

Devon franziu o sobrolho e olhou em volta para assegurar-se de que ninguém os ouvia.

– A que te referes? Rafe, Ryan e tu somos os únicos que sabemos a verdade sobre a minha relação com Ashley. Não dei motivos a ninguém para pensar que não me caso com ela por amor.

– Talvez tenhas razão. Talvez seja porque sei a verdade que não te vejo tão contente com o casamento como está a tua noiva.

– Maldição – amaldiçoou Devon. – Vais acabar por tornar-me paranoico.

– Ouve, esquece. Estou certo de que tudo correrá bem. Além disso, não é assunto meu. Parece uma rapariga muito doce e tenho pena que possa sair magoada.

– Não vou magoá-la – disse Devon. – Vou casar-me com ela e vou cuidar dela.

– Estão a chamar-te outra vez – disse Cameron, apontando com a cabeça para Ashley. – Vou-me embora. Acompanhar-te-ei e felicitarei Ashley uma vez mais antes de despedir-me.

Devon chegou junto a Ashley, que lhe apresentou outra das suas primas, e depois esperou que Cameron se despedisse e lhe desse um beijo em cada face. Durante todo aquele tempo não conseguiu deixar de pensar na sua conversa com Cameron. Era mesmo verdade que não o via entusiasmado com o casamento? Não podia perder a oportunidade quando estava tão perto de atingir o seu objetivo. Tinha trabalhado muito para que à última hora tudo se estragasse. Se tivesse que casar com o diabo para fechar o acordo, fá-lo-ia.

O beijo da inocência - Calor intenso

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