Читать книгу O beijo da inocência - Calor intenso - Brenda Jackson - Страница 8

Capítulo Quatro

Оглавление

– Ashley, se não ficas quieta, nunca mais acabamos de pentear-te e maquilhar-te – disse Pippa desesperada.

– Continuo a pensar que deveríamos ter chamado uma profissional – disse Sylvia enquanto observava os avanços que Tabitha ia fazendo no cabelo de Ashley.

– Tabitha é profissional – disse Ashley. – É a melhor. E quem não quer os melhores no dia do seu casamento? E quem sabe mais de maquilhagem do que Carly?

– Isso é verdade – interveio Pippa. – Acho que as empresas de cosmética deveriam pagar-lhe pela promoção dos seus produtos.

– Fecha os olhos, Ashley – disse Carly. – É hora de pôr rímel. Só um pouco, não queremos que os olhos fiquem demasiado carregados no teu grande dia.

– Claro que não – disse Ashley, franzindo o sobrolho.

– Querida, estás pronta? – perguntou a mãe de Ashley do outro lado da porta. – Só tens dez minutos.

– Dez minutos? – repetiu Tabitha. – Não pode ser. Pode entretê-los, senhora Copeland?

– Não vou chegar tarde ao meu próprio casamento – disse Ashley. – Apressa-te, Tabitha. O cabelo ficará ótimo. Basta pores o véu sobre o carrapito.

– Basta pores o véu sobre o carrapito… – repetiu Tabitha. – Como se fosse assim tão simples.

Sylvia arregalou os olhos e interpôs-se rapidamente entre Tabitha e Ashley, colocando-lhe o véu sobre o elegante carrapito.

– Já está. Estás muito bonita, Ashley.

– Um pouco de brilho nos lábios e acabamos – anunciou Carly.

Uns segundos mais tarde, Carly afastou-se para que Ashley pudesse ver-se no espelho.

– Oh, meninas!

As suas amigas observaram-na no espelho.

– Estás linda – disse Pippa, quase a chorar. – És a noiva mais bonita que já vi.

– É verdade – disse Tabitha.

As quatro mulheres uniram-se num abraço.

– Meninas, chegou a hora de sair. Os vossos acompanhantes estão à espera. Não queremos que a noiva chegue tarde – disse a mãe de Ashley.

As amigas apressaram-se para a porta, com os ramos de flores nas mãos.

– O teu pai vem já buscar-te – continuou a sua mãe, aproximando-se. – Minha pequena, estás uma mulher – disse com lágrimas nos olhos. – Estás linda. Estou muito orgulhosa de ti.

– Não me faças chorar, mamã.

A mãe riu-se e pegou-lhe nas mãos para ajudá-la a pôr-se em pé.

– Espera que te arranje o vestido. O teu pai não para de andar de um lado para o outro. Já sabes que odeia atrasar-se.

De repente, bateram à porta.

– Deve ser o teu pai. Estás pronta, querida?

Ashley ficou nervosa e sentiu as mãos húmidas, mas assentiu. Chegara o momento. Estava quase a dirigir-se ao altar e a tornar-se a esposa de Devon Carter.

Lançou os braços em redor da mãe e abraçou-a.

– Amo-te, mamã.

A mãe retribuiu o abraço.

– Eu também te amo, pequena. Saiamos antes que o teu pai faça um buraco no chão.

Saiu antes de Ashley e ali estava o seu pai olhando para o relógio. Ao ouvi-las, levantou a cabeça e a sua expressão ficou mais doce. Os olhos encheram-se-lhe de uma intensa emoção e estendeu-lhe a mão.

– Não posso acreditar que vás casar-te. Parece que foi ontem que estavas a aprender a andar. Estás muito bonita, Ashley. Devon é um homem cheio de sorte.

– Obrigada, papá – disse, beijando o pai no rosto. – Tu também estás muito bonito.

A organizadora do casamento aproximou-se deles, agitando as mãos no ar. Acompanhou-os à entrada para o altar e esteve uns segundos a arranjar a cauda do vestido.

A mãe de Ashley entrou na igreja e sentou-se, deixando Ashley sozinha com o pai para que a acompanhasse até ao altar. A música começou a ouvir-se, as portas abriram-se e todos os olhos se fixaram em Ashley. Tremia-lhe o ramo nas mãos e rezou para que não lhe falhassem os joelhos. De repente, o vestido parecia pesar uma tonelada e, apesar do frio que estava lá fora, a igreja parecia uma sauna. Então viu Tabitha, Carly, Sylvia e Pippa no primeiro banco, sorridentes.

Por fim, o seu olhar parou em Devon e esqueceu os outros. Esqueceu-se do seu nervosismo e das suas dúvidas. Só conseguia pensar no facto de estar à espera no altar e que, daquele momento em adiante, ia ser dele. Uma sensação quente e delicada apoderou-se dela.

Então, o seu pai entregou-a a Devon. Ele sorriu-lhe e juntos voltaram-se para o sacerdote para que desse início à cerimónia.

Ao fim de um momento, deu-se conta de que não tinha prestado atenção à cerimónia. Só recordava os olhos de Devon e o calor que sentira enquanto ele lhe prometia amor, lealdade e devoção. E, claro, o beijo que Devon lhe dera ao serem declarados marido e mulher.

Ao fim de um momento, estavam a deixar o altar para trás, juntos, como num casamento. Foram para uma sala contígua esperar os outros e Devon puxou-a para si.

– Estás espetacular.

Beijou-a novamente, desta vez mais devagar e intensamente. Ele tomou o seu tempo para explorar a boca dela e, quando se afastou, Ashley agarrou-se ao seu braço para não perder o equilíbrio.

Em seu redor, começaram a ouvir-se vozes e viu que os convidados estavam a sair da igreja.

– Querida, precisam de ti na igreja para as fotos – disse a sua mãe aproximando-se de Ashley e Devon. – Os convidados vão agora para a receção. Há um carro à vossa espera para vos levarem quando acabarem de fotografar-vos.

Devon não gostava da ideia de posar para tantas fotografias, mas suspirou resignado e pegou na mão de Ashley para conduzi-la de volta à igreja.

– Acabamos já de seguida – sussurrou Ashley, – e depois iremos desfrutar da nossa lua de mel.

Ele sorriu-lhe e apertou-lhe a mão.

– A ideia de passar vários dias encerrados na suite de um hotel é a única coisa que faz com que as próximas horas sejam suportáveis.

Ela corou e estremeceu perante as imagens que as suas palavras evocavam. Estava desejosa de ficar a sós com ele.

Mas, ao mesmo tempo, aquele era o seu dia e ia gozar de cada segundo. Sorriu e as suas amigas apinharam-se em seu redor, antes dos seus primos, tios, pais, irmão e outros parentes e amigos. Era realmente o dia mais feliz da sua vida.

Devon foi buscar um copo de vinho, enquanto era a vez do irmão de Ashley dançar com ela. Deveria estar a dançar com alguém da família de Ashley, mas havia tantas mulheres que não sabia reconhecer quais tinham algo a ver com ela.

Em seguida, Cameron aproximou-se dele e Devon começou a assobiar, em jeito de gozo para com o smoking que o seu amigo tinha vestido.

– Tu és a única pessoa por quem vestiria uma coisa destas – disse. – Não o vesti para o casamento de Rafe e Ryan casou tão depressa que só nos avisou depois do enlace. Mas não queria falhar a Ashley. Acha que sou alguém especial.

Devon abanou a cabeça.

– Não posso acreditar que tenhas ficado tanto tempo. Não costumas sair da tua gruta durante tanto tempo.

– É suposto eu retransmitir felicitações ou condolências, o que preferires, da parte de Rafe e Ryan. Ambos lamentam não poderem vir, mas as suas esposas estão quase a dar à luz e é compreensível que tenham que permanecer ao seu lado.

– Esquece – disse Devon. – O facto de eu me casar não é o fim do mundo. Não foste tão chato com Rafe e Ryan.

– Sim, fui – disse Cam com um sorriso. – Mas mereciam. Eram ambos desprezíveis.

– Como se tu fosses um exemplo de amabilidade. Odeias toda a gente, em especial as mulheres.

– Não as odeio. Aliás, gosto demasiado delas. Além disso, é divertido gozar contigo. Acho que Ashley é perfeita para alguém tão arrogante e rotineiro quanto tu.

– Não é isso que pretendo – disse Devon. – Estou no limite. Serei feliz quando tudo isto tiver acabado. Estou muito preocupado com Ashley poder descobrir a verdade e mandar-me para o inferno. Vamo-nos daqui e apanhamos o avião para Saint Angelo, depois já me sentirei bem.

– Tendo em conta o que te aguarda, desejo-te o melhor – disse Cameron. – Acho que cometeste um grave erro casando-te com alguém como parte de um acordo empresarial, mas é uma mulher muito doce e podia ter sido pior. De qualquer forma, não estou preocupado contigo, mas sim com ela.

– Ena, obrigado – disse Devon. – Fico contente por te preocupares comigo.

Cameron viu Ashley na pista de dança enquanto o seu irmão a fazia rodar. Riu-se e o seu sorriso iluminou toda a sala. Era óbvio que estava a divertir-se mais do que nunca.

– Ao menos, tu não acabarás com o coração partido – disse Cameron, baixando a voz. – Mas podes dizer o mesmo dela?

– Não lhe vou partir o coração, caramba! Podemos esquecer o assunto? A última coisa de que preciso é que alguém nos ouça.

– Sim, claro. Acho que vou apresentar os meus respeitos à noiva antes de voltar para a gruta.

Devon viu o amigo dirigir-se à pista de dança. Uns segundos mais tarde, Eric deixou Ashley nos braços de Cameron.

– Fizeste a minha filha muito feliz – disse William Copeland.

Devon voltou-se e viu o sogro mesmo atrás dele. William sorria, contente.

– Bem-vindo à família, filho – disse, dando uma palmada a Devon nas costas.

– Obrigado, senhor. É uma honra.

– Leva a Ashley e divirtam-se. Não te preocupes com os negócios, depois teremos tempo quando voltares para pensarmos no que há a fazer.

– Claro – disse Devon, assentindo.

– A mãe de Ashley quer que te diga que o carro que vos vai levar ao aeroporto está à espera lá fora. Agora, se gostas de tradições, deverias fazer alguma tolice como cortar o bolo. Mas se eu estivesse no teu lugar e acabasse de casar com uma das raparigas mais atraentes de Nova Iorque, escapulia-me e fugia. Chegariam ao aeroporto antes que alguém desse conta da vossa partida.

– Esse é o melhor plano que ouvi em toda a noite – disse Devon sorrindo. – Cobrirá a minha fuga?

William esboçou um sorriso cúmplice.

– Claro, filho. Vamos, vai buscar a tua esposa. Todos ficarão encantados por comerem o bolo por ti.

Devon riu-se e cruzou a multidão para resgatar Ashley de Cameron.

O sol estava a esconder-se no horizonte quando Devon atravessou a ombreira da suite com Ashley ao colo. Assim que a deixou no chão, correu as portas do alpendre para abri-las.

– Oh, Devon, isto é lindo! – exclamou ao ver a variedade de cores que enchiam o céu.

Ele aproximou-se por detrás e abraçou-a, puxando-a para o seu peito. Beijou-lhe a orelha e ela suspirou de prazer.

– Não posso acreditar que esta será a nossa vista durante toda a semana. Sabes há quanto tempo não vou à praia? Desde que era criança.

– Como? – perguntou surpreendido. – Não costumas ir à praia?

– Eu sei, é terrível, não é? Não sei porquê. A minha família não ia de férias para a praia e os meus amigos também não gostam muito. Nunca me tinha preocupado em vir e aqui estamos. É tão bonito que não encontro palavras para descrever – disse, sem fôlego.

– A mim, parece-me que te sobram palavras. Fico contente por gostares.

Ela voltou-se nos seus braços, deixando que as suas mãos seguissem para a cintura.

– Como descobriste este lugar? Nunca tinha ouvido falar de Saint Angelo.

– Estamos a construir um hotel aqui. Vamos ser os primeiros. Ryan e Kelly vivem aqui, lembras-te?

Ela enrugou o nariz.

– Ah, sim, falaste-me deles, mas não os conheço. Só conheço Cameron.

– Depois tratamos disso. Bryony e Kelly estão quase a dar à luz, por isso não podem viajar. Jantaremos com Ryan e com Kelly enquanto estivermos aqui e estou certo de que em breve poderemos encontrar-nos com Rafe e Bryony.

– Estou desejosa.

– Neste momento, não me importo com isso – murmurou Devon. – Estou mais interessado na nossa noite de núpcias.

Ashley sentiu as faces a arder ao mesmo tempo que um delicioso calafrio lhe percorria as costas.

– Tenho que mudar-me. Tenho algo especial. É uma surpresa.

– Hum, que tipo de surpresa?

– Bom, é um presente das minhas amigas. Garantiram-me que nenhum homem é capaz de resistir.

– Então, lembra-me de agradecer-lhes.

– Ainda não me viste com ele.

– Aposto que vou gostar. Gostaria de ti até se vestisses um hábito. Seja o que for que te compraram, estou certo de que gostarei antes de arrancar-to desse corpo tão desejável.

Ashley estremeceu, excitada. Mal conseguia conter-se.

– Está bem, espera aqui. Dá-me pelo menos quinze minutos. Quero estar perfeita. E nada de espiar-me!

– Está bem, mas apressa-te. Vou descer para ir buscar uma boa garrafa de vinho e também para pedir que nos tragam o pequeno-almoço amanhã de manhã. Tens tempo até eu voltar.

Ashley pôs-se em pontas de pés, beijou-o e passou junto a ele para entrar na suite. Depois, esperou que saísse do quarto para tirar aquela peça rosa da sua mala.

Mudou-se a toda a pressa e foi olhar-se no espelho do canto. A camisa de noite era muito bonita. Sentia-se uma princesa e gostava muito disso.

Tirou o gancho que lhe prendia o cabelo, deixando-o cair sobre os ombros. Abanou-o um pouco, alisou-o com os dedos e voltou a olhar-se no espelho.

O corpete era decotado e deixava adivinhar os seus encantos. Ao mover-se, os mamilos estavam quase a saltar-lhe. O saiote da camisa de noite era suave e caía acariciando-lhe as pernas. Dava-lhe um ar sedutor e fazia-a parecer menos inocente e mais descarada.

Sorriu para o seu reflexo e afastou-se do espelho. Depois, deu umas voltas como se estivesse a dançar com um par invisível.

Fechou os olhos e deu mais uma volta. Com a mão, bateu em algo duro e sentiu dor nos nós dos dedos, o que a arrancou da sua fantasia.

O computador portátil de Devon, que estava por cima da lareira, caíra ao chão juntamente com a carteira, as chaves e o conteúdo dos bolsos dele.

Agachou-se, amaldiçoando a sua falta de jeito. Parecia que só tinha saído a bateria, mas como ter a certeza? E se o tinha estragado? Talvez tivesse documentos importantes no computador. Se fosse como o pai e o irmão, passava toda a vida metido naquela maldita coisa. Estava decidida a averiguar se tinha estragado o computador.

Pôs a bateria no seu lugar, verificou se havia mais danos e premiu o botão de início, rezando para que funcionasse. Após uns segundos, o ecrã permaneceu escuro e soltou outro queixume.

Frustrada, premiu várias teclas, desejando que algo voltasse à vida. O problema foi que, assim que começou a carregar nas teclas, o monitor piscou e uma sucessão de janelas começaram a abrir. Pelo menos, o maldito aparelho funcionava.

Mordeu o lábio e começou a fechar programas. Havia muitas folhas de cálculo e gráficos. De repente, receou que nada daquilo estivesse a ser guardado e que estivessem a perder-se valiosas informações.

Ao minimizar um documento, viu o seu nome escrito e isso chamou-lhe a atenção. Os seus dedos ficaram quietos sobre o teclado e começou a ler. Era um e-mail do seu pai e sorriu ao ver que se referia a ela como a sua menina. Mas o que leu a seguir fez com que ficasse gelada.

Tive tempo de considerar as tuas reservas sobre Ashley e talvez tenhas razão em estares preocupado. Não quero que penses que não tenho em conta a tua intuição, mas quero que compreendas que, acima de tudo, quero protegê-la. Não é necessário que tome conhecimento do nosso acordo, embora compreenda que não te sintas confortável com essa decisão. É a minha única filha e amo-a muito. A verdade é que prefiro que não fique a saber que o vosso casamento é uma condição para a fusão. És bem-vindo a esta família e confio em que sempre agirás em benefício dos seus interesses, motivo pelo qual te suplico que mantenhas em segredo o nosso acordo.

Aturdida, Ashley ficou a olhar para o ecrã, certa de que não tinha compreendido bem. Estava a tirar conclusões precipitadas, algo de que a mãe sempre a acusava. Repreendeu-se e procurou manter a calma, apesar de a pulsação lhe bater acelerada e conseguir senti-la no pescoço e nas têmporas.

Voltou a olhar para o correio eletrónico, procurando que a sua visão turvada focasse as palavras.

– Ashley?

Levantou a cabeça e surpreendeu-se ao ver Devon.

– Caiu, da lareira. Tinha medo de tê-lo partido. A bateria saiu. Quando consegui metê-la, todos estes programas se abriram e estava a tentar fechá-los.

Ele agachou-se para apanhar o computador, mas ela agarrou-se ao aparelho.

– Devolve-mo, Devon. Quero saber o que diz.

Ele fechou-o sem mais e colocou-o sob o braço.

– Não há nada que tenhas que ver.

– Não me mintas. Li quase tudo, ou pelo menos o mais importante. Quero saber o que raio significa.

Devon ficou a olhar com os lábios franzidos. Ashley não estava disposta a recuar.

– Não sairá nada de bom disto. Esquece, está bem?

– Queres que esqueça uma mensagem em que o meu pai basicamente admite que me comprou um esposo? Esta é a minha noite de núpcias, Devon. Tenho que fingir não ter visto esse e-mail?

Devon praguejou e passou a mão pelo cabelo.

– Maldição, Ashley, por que raio tiveste que abrir o computador?

– Não pretendia fazê-lo. Acredita em mim, daria qualquer coisa para não o ter feito. Mas fi-lo e agora quero saber o que se está a passar. Que tipo de acordo fizeste com o meu pai? Conta-me a verdade ou juro-te que me vou embora daqui agora mesmo.

– Esse é o motivo por que por vezes és o teu pior inimigo, Ashley. És demasiado impulsiva. Não pensas antes de agires. Tens de aprender a controlar-te.

Ashley ficou a olhar para ele, boquiaberta, como se as suas palavras a tivessem ferido. Então a má da fita era ela? Que raio tinha feito ela? Aquilo não era culpa sua. Não tinha chegado àquele casamento com falsas expectativas. Devon conhecia os seus sentimentos. Tinha-lhos dito muitas vezes.

Devon voltou-se, atravessou o quarto e deixou o computador em cima da cómoda antes de fechá-lo. Depois, ficou ali uns intermináveis segundos, em silêncio, sem olhar para ela. A tensão foi em crescendo. Ashley sentiu medo. Sabia que estava quase a ficar a saber algo terrível sobre a sua vida, o seu destino e o seu casamento.

– Devon? – sussurrou.

Pensou na sua relação. De repente, caiu-se-lhe a venda dos olhos e começou a analisar cada encontro que tinham tido, cada palavra que ele tinha dito. Quanto daquilo seria mentira? Não queria perguntar. Não estava certa de conseguir suportar a resposta, mas não tinha outra opção.

Devon voltou-se. Tinha os olhos semicerrados. A sua expressão era de indiferença, como se não quisesse continuar aquela discussão.

De repente, as circunstâncias do seu casamento deixaram de importar-lhe. Só havia uma coisa que Ashley desejava saber, o mais importante. Era a única coisa que podia afetar o seu futuro e perceber se tinha um futuro com ele.

– Responde-me apenas a uma pergunta – disse com um fio de voz. – Amas-me?

O beijo da inocência - Calor intenso

Подняться наверх