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Capítulo Dois

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Lawson não conseguiu controlar a raiva. Seu lobo estava prestes a assumir o controle e ele teve que lutar contra o desejo de se transformar. Acorrentado à parede, os movimentos de seu lobo seriam limitados. Precisava de uma chance melhor em sua forma humana para uma possível fuga.

O desgraçado daquele guarda mereceu o que recebeu. Ele não havia visto aquele homem até então, mas eram todos iguais. Eles entravam, exigiam que ele se transformasse e, quando Lawson não obedecia como um filhote bem treinado, eles começavam a espancá-lo.

Danem-se todos.

Ele sabia o que estavam tentando fazer. Bem… o que eles pensavam que estavam tentando conseguir e ele não iria colaborar com o jogo.

Danem-se todos.

A fêmea gritou e Lawson viu o outro homem correndo em sua direção. Sim, aquele bastardo com a arma tranquilizante não fazia ideia. Aquele homem já estivera em sua cela muitas vezes e sempre ficava nas proximidades como um covarde, vendo Lawson levar surras após surras com uma expressão presunçosa no rosto. Ele estava prestes a sentir a ira de Lawson e este ia gostar de ver o técnico do laboratório se urinar de medo.

Assim que o homem chegou ao seu alcance, Lawson se agachou e varreu a perna direita. O homem rapidamente caiu no chão e Lawson agarrou seus pés, puxando-o na sua direção. Segundos depois, suas correntes enrolavam-se no pescoço de seu captor e ele pôde sentir a vida se esvair do corpo do homem enquanto apertava com toda sua força. Quando os olhos do homem reviraram, Lawson liberou o corpo sem vida.

Um outro grito da mulher o fez se virar para encará-la. Olhos verdes horrorizados o perfuraram mais profundamente do que as inúmeras agulhas que enfiavam nele. Ele podia sentir o cheiro do medo dela, sem mencionar o do sexo dela. Suas narinas sensíveis não cheiravam uma fêmea havia muito tempo. Foi avassalador e seu corpo instintivamente reagiu.

Uma necessidade primordial percorreu suas veias e um rosnado baixo escapou de sua garganta enquanto seu lobo rondava a superfície, exigindo ser liberado.

— Saia! — gritou ele, puxando as correntes. — Não vou me transformar para você ou qualquer outra pessoa. Chegue perto de mim e você ficará no chão ao lado desses dois! — vociferou ele, chutando o segurança morto na direção dela.

Ela deu um passo na direção dele, os braços estendidos em sinal de rendição.

— Não sei o que você está falando. Não conhecia essa área do prédio. Deixe-me ajudá-lo — implorou ela.

À medida que ela se aproximava, um perfume doce provocou e tentou o corpo dele. Seu pênis enrijeceu, precisando de alívio, mais do que ele precisava de ar para respirar. Ele nem ficava atraído por humanas, mas agora ele estava pronto para despi-la, curvá-la e fazer sexo com ela.

Tremendo incontrolavelmente, ele se virou. Não para bater nela, mas para assustá-la. Se ela desse mais três passos em sua direção, ele teria a fêmea em suas garras, e não havia como dizer o que faria com ela.

— Dane-se, mulher. Quer ajudar? Abra isto — exigiu ele, puxando os punhos de metal novamente.

Ela hesitou e Lawson se sentiu inseguro, mas ela parecia estar contemplando as palavras dele quando, de repente, virou-se e fugiu da sala. Parte dele queria chamá-la de volta e explicar que não era um assassino a sangue frio. Lawson não gostava do horror que representou, mas não viu outra opção. Não podia ficar na presença dela sob tal excitação.

Lawson puxou as correntes de novo, tentando se libertar. Não que não tivesse passado todos os momentos em que estivera acordado tentando escapar, mas a porta estava entreaberta, e essa poderia ser a única chance que teria. Precisava sair daquele lugar infernal. Se tivesse que suportar mais uma surra ou, sem querer, derramar mais uma gota de sangue, poderia ceder.

Há muito tempo ele havia parado de contar os dias em que estivera em cativeiro. Pela sua estimativa, estava preso por pelo menos dois anos, talvez mais. Não tivera uma refeição decente, um banho quente ou uma cama aquecida o tempo todo. Era alimentado uma vez por dia, lavado com água gelada uma vez por semana e dormia no colchão sujo sem um lençol para se aquecer.

Determinado a não passar mais uma noite naquele buraco, Lawson apoiou o pé na parede de concreto para ter mais força. Respirando fundo, puxou as correntes pesadas. Nada. Tentou de novo. Nem mesmo um leve movimento no fixador preso à parede. Ele colocou os dois pés na parede e puxou até que os músculos do braço pareciam rasgar de tensão.

De repente, ocorreu-lhe que o guarda provavelmente tinha seu cartão de acesso. Havia um pequeno teclado na base das algemas que os travava eletronicamente. Tudo naquele maldito lugar estava ligado através do sistema de segurança.

Desejando não ter chutado o guarda para longe de seu alcance, ele caminhou até onde as correntes permitiam. Esticou-se e alcançou os pés do homem. Finalmente, seus dedos tocaram as botas de couro e ele agarrou a sola. Puxando o melhor que pôde, ele finalmente trouxe o homem perto o suficiente para poder agarrar os tornozelos.

Arrastando-o para perto, Lawson rapidamente procurou dentro do uniforme do homem. Poderia finalmente escapar se encontrasse a droga do cartão. A alegria encheu seu coração. Precisava desesperadamente ir para casa. Sua mãe, pai, irmão e irmãs deveriam estar muito preocupados. Pensavam que ele estava morto? Estavam seguros? Ele sabia que outros estavam sendo mantidos em cativeiro porque ouviu batidas nas proximidades, mas não fazia ideia de quantos estavam lá ou se os conhecia.

Uma maldição saiu de seus lábios quando não encontrou nada nos bolsos da frente ou de trás do guarda. Era difícil para Lawson, com suas mãos grandes, mexer na jaqueta e procurar. Droga, ele estava tremendo por causa da pressa. Lado esquerdo, vazio. Quando se moveu para o bolso direito, uma voz grave perturbou sua concentração.

— E que diabos você pensa que está fazendo?

Lawson olhou para cima e viu Jim Jensen. O bastardo covarde, ridículo e grosseiro encarregado de toda aquela operação. Lawson havia fantasiado estrangulá-lo com as próprias mãos. Mais cinco homens entraram na cela e a felicidade de Lawson rapidamente esvaziou junto com sua esperança de sair da prisão.

— Agarre-o, Kevin. Parece que nosso amigo aqui cometeu um crime — zombou Jim, esfregando a covinha do queixo em desaprovação, enquanto examinava os corpos no chão. Lawson daria um olho para socá-lo naquele queixo em forma de bunda apenas uma vez.

Kevin deu um passo em sua direção e Lawson avançou, mostrando as presas. Enquanto o grupo de homens o cercava lentamente, Lawson agachou-se em posição de luta. As probabilidades estavam contra ele, e Lawson decidiu que, se tivesse que cair, cairia lutando.

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* * *

Jogando uma nota de dez dólares na direção do caixa, Liv entrou correndo na casa noturna, ainda se recuperando do que havia acontecido. Estava morrendo de medo e pegou seu telefone uma dúzia de vezes, dividida entre ligar para o chefe ou alertar a polícia sobre o que havia testemunhado. Por fim, decidiu conversar com Cassie antes de fazer qualquer coisa, porque, francamente, ficou perturbada com a ideia de que sua importante empresa pudesse estar envolvida em algo tão hediondo.

Examinando o salão, ela localizou Cassie e correu na direção da mesa onde ela estava sentada. Despencando na cadeira em frente à amiga, Liv pegou a bebida diante de Cassie e a bebeu de um gole só. A tequila parecia um maçarico, queimando-a garganta abaixo

— Ei, que diabos aconteceu? Esperei quinze minutos para ter essa bebida — gritou Cassie, acima do barulho alto da música. — E você está atrasada. Tive que dar umas malditas desculpas para três desventurados dando em cima de mim. Onde você esteve?

— Garota, você não faz ideia. Onde está essa maldita garçonete, afinal? Preciso de uma garrafa inteira, depois do que acabei de passar — explicou Liv, examinando o clube e procurando a familiar regata esportiva com os dizeres “SUGUE-ME” no peito, nas moças de seios excessivamente aumentados que costumavam trabalhar no Popsicles, o local “quente” de Chattanooga.

— Bem, desembuche. É melhor que seja bom, porque boa era essa droga que você acabou de beber. Esta não é uma noite romântica, e tenho certeza de que você não vai me colocar para dormir mais tarde — exclamou Cassie, mascando um chiclete.

— Pare de reclamar e ouça-me. Sério, você não vai acreditar no que aconteceu no trabalho — interveio Liv, agitando os braços com excitação. — Acabei de ver dois homens sendo estrangulados bem na minha frente. Mortos. Você me ouviu? Mortos! — Mesmo enquanto gritava as palavras, mal podia acreditar nelas.

Os olhos castanhos esbugalharam-se como se Liv tivesse admitido ser viciada em heroína, fumando crack em uma igreja.

— Hummm, diga de novo? Devo ter ouvido errado, Liv. Você disse… mortos?

— Sim! Mortos. Dois homens. Mortos! Como, tipo, o oposto de vivo — gritou Liv, vendo uma funcionária caminhando na direção delas. Quando Liv percebeu que os peitos aos saltos estavam diretamente alinhados com a mesa dos turbulentos universitários, ela se moveu para a linha de visão da moça.

— Gostaria de uma garrafa de tequila. Não um copo, mas toda a maldita garrafa. E, não posso comprar coisas realmente boas, lembre-se disso, se você espera que seja eu a pagar. Ah, e dois copos e alguns limões, por favor. — Liv fez um biquinho e estampou o que sabia ser um sorriso desequilibrado, tentando parecer calma, mesmo que estivesse prestes a explodir de ansiedade.

— Claro, querida. Deixa comigo. Volto em um instante — respondeu a loira fatal, digitando em seu tablet.

Liv exalou, tentando recuperar a calma e depois se apertou na mesa ao lado de Cassie. Todo mundo no clube provavelmente pensaria que eram lésbicas, mas ela não se importava. Precisava conversar em particular com a amiga.

— Ok, acalme-se e comece do começo — pediu Cassie, colocando uma reconfortante mão sobre a de Liv e sorrindo, solidária. Liv não poderia ter pedido por uma vizinha e amiga melhor que Cassie. Haviam passado por muitas coisas juntas, desde celebrações a corações partidos, e se havia alguém com quem Liv podia contar, era Cassie. Era o tipo de amiga que, se Liv dissesse que precisava se livrar de um corpo, ela pegaria uma pá sem hesitar.

Liv recordou a primeira vez em que se encontraram. Estava morando em sua casa havia mais ou menos uma semana, e ouviu batidas na porta da frente. Quando atendeu, Cassie estava lá, de camiseta masculina, e nada mais, querendo mel emprestado. Depois, Liv descobriu que o mel seria usado para ser espalhado por todo o corpo de Cassie e do namorado dela. Ela disse a Cassie para ficar com o mel, mas rapidamente se tornaram amigas e parceiras de crime.

Despertando de suas recordações, ela organizou os pensamentos antes de explicar os eventos no trabalho. Depois que começou a falar, não conseguiu mais parar. Contou-lhe sobre o corredor secreto, os shifters sendo mantidos prisioneiros e sobre como o guarda e outro cientista haviam morrido nas mãos do homem que então ameaçou matá-la. O estranho era que ela não havia acreditado nele. Os olhos cinzentos dele guardavam calor e bondade, embora ele mostrasse presas afiadas.

— Caramba! O que vai fazer? Seu chefe respondeu sua mensagem? — perguntou Cassie, enquanto a garçonete, Penny, se aproximava da mesa e pousava uma garrafa de tequila Camarena, dois copos e uma tigela pequena de fatias de limão sobre a mesa.

Era uma tequila decente. Provavelmente, para se cobrar o dobro do que ela pagaria na loja de bebidas, um pouco acima dos recursos de Liv, mas pelo menos ela não ficaria enjoada ou teria uma ressaca terrível no dia seguinte.

— Posso ajudar em mais alguma coisa? — perguntou Penny, desatenta, piscando para um dos caras na mesa perto da delas.

— Não. Estamos bem, obrigada — respondeu Liv, e Penny rapidamente correu para o cara musculoso com um sorriso lindo. Voltando a atenção para Cassie, Liv respondeu: — Não faço ideia. O que você acha? Envolver a polícia? Ligar para o meu chefe e me despedir? Realmente preciso desse emprego. Talvez os homens não estivessem mortos, mas apenas desmaiaram — sugeriu Liv.

A verdade era que ela não sabia ao certo. Aconteceu tão rápido. Talvez estivesse errada sobre eles estarem mortos.

— Eu não ligaria para a polícia, especialmente se você estiver errada. Isso a faria ser demitida, com certeza. Eis o que sugiro. Vá trabalhar segunda-feira e aja como se tudo estivesse normal. Você saberá em breve o que aconteceu. Com sorte, você está enganada sobre o LPP. Jim me pareceu bem agradável quando o conheci no piquenique do ano passado. Talvez você tenha deixado sua imaginação prevalecer — explicou Cassie, enquanto servia uma dose para cada uma e entregava o copo com logotipo em relevo para Liv.

Liv bebeu tudo e pegou um limão, enquanto seu rosto se contraía com o gosto forte. Ela mordeu e sugou. Melhor combinação de sempre. A acidez do limão acalmou seu paladar, e de um zunido reconfortante veio logo a seguir.

— Você está certa. Fingir até conseguir, certo? — brincou Liv, servindo outra dose a cada uma delas.

— Vou beber em homenagem a isso! falou Cassie, com voz estridente, brindando os pequenos drinques.

Liv sentiu uma vibração no bolso e percebeu que ainda estava vestindo seu jaleco. Ok, aquilo era embaraçoso como os diabos. Não era de se admirar que nenhum homem tivesse se aproximado de sua mesa. Eram elas as lésbicas tolas se pegando na mesa do canto, pensou ela enquanto pegava o celular.

— Oh, droga, isso não pode ser bom — deixou escapar Liv, enquanto olhava para a mensagem na tela.

— O quê? Quem é? — perguntou Cassie, curiosa.

— É o Jim. Ele diz que a primeira coisa que precisa fazer amanhã de manhã é me ver — suspirou Liv, olhando para o telefone.

Ela tinha a sensação de que aquela porcaria estava prestes a atingir o ventilador e que ela se encontrava em pé, na frente dele, coberta de estrume.

Cativeiro

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