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Capítulo Cinco
ОглавлениеElsie sentou-se na cama ao lado de Cailyn e colocou a cabeça no colo da irmã, como faziam inúmeras vezes quando eram crianças. Foi necessário algum esforço, mas Cailyn estendeu a mão e acariciou os longos cabelos cacheados de Elsie. Elas compartilhavam um vínculo especial devido às suas habilidades únicas. Quando eram pequenas, era Cailyn a quem Elsie procurava quando era provocada pelos colegas, o que acontecia constantemente. Era a irmã mais velha, e protegia Elsie como uma leoa protegendo os filhotes.
Elsie tinha premonições desde que Cailyn conseguia se lembrar, e as outras crianças a xingavam e a rejeitavam por causa disso. Cailyn aprendeu desde cedo a manter a ocultar dos outros a sua capacidade telepática e, na sequência, disse a Elsie para não dividir suas premonições com ninguém, além dela.
Não precisou de muito tempo para que os pais de Cailyn a ameaçassem de levá-la a um psiquiatra, então ela passou a fingir que era normal. Não tinha ninguém cuidando dela e garantiu que a sanidade de Elsie nunca fosse questionada. Cailyn era o sistema de apoio de Elsie e lutaria contra qualquer um que desafiasse a estabilidade da irmã.
Não era fácil ser diferente. Tinha sido difícil para Cailyn fazer amigos quando criança, quando sabia o que as outras crianças estavam pensando, tanto as boas quanto as más. A coisa só piorou quando se tornou uma adolescente e podia sair para namorar. Na maioria das vezes, os namoros eram de curta duração porque ela não fazia o tipo que se sentava para jantar com alguém que ficava pensando em seus seios ou em fazer sexo com ela. Ela odiava como os homens cobiçavam seu corpo e não a viam como uma pessoa.
A telepatia foi uma das razões pelas quais ela jurou nunca se casar. Queria ser aceita por alguém que conhecesse sua habilidade. Queria dividir cada aspecto seu com o marido. O fato de que podia ouvir os pensamentos dos pais, pensamentos que nunca deveriam ser compartilhados, também impediu Cailyn de se aproximar de qualquer pessoa, em especial de forma romântica. A verdade podia ser muito dolorosa.
Esse desejo mudou quando conheceu John. Ele era diferente. Ele a desejou, mas viu a verdadeira Cailyn. John amava sua devoção a Elsie e Jessie, apreciava sua ética de trabalho e nunca reclamava das longas horas que ela passava trabalhando. Ela não havia confidenciado suas habilidades para ele, mas tinha certeza de que ele a amaria, apesar de sua anormalidade. Isto é, se eles se reconciliassem.
Ela suspirou e abandonou os pensamentos ao ver Elsie observando-a.
— Quero ligar para John, mas primeiro preciso lhe contar uma coisa – confessou Cailyn.
— Você sabe que pode me contar qualquer coisa – assegurou Elsie.
— Eu sei – Cailyn fez uma pausa, pensando na melhor forma de contar a Elsie.
Nenhuma palavra bonita lhe veio à mente. Nada a fazer a não ser despejar a verdade.
— Rompi meu noivado com John.
O queixo de Elsie caiu antes de responder.
— Quando, Cai? Por quê, o que aconteceu?
— Vários meses atrás. Não sei como explicar, mas isso tem a ver com Jace. Senti que estava fazendo muito mal ao nosso relacionamento se não desse um tempo até colocar minha cabeça no lugar – admitiu ela.
— Oh, meu Deus! Não fazia ideia de que alguma coisa estava acontecendo entre você e Jace. Como conseguiu esconder isso? Por que diabos não me contou antes? Sou sua irmã, e sei que você tem Jessie, mas pensei que éramos mais próximas do que isso – questionou Elsie, e a dor estava evidente em seus olhos.
Cailyn se sentiu péssima por esconder tudo da irmã. Respirou fundo, o que provocou uma pontada de dor no peito. Seu corpo doía por inteiro. E o cansaço era sufocante. Ela se esforçou para colocar a mão sobre a de Elsie, precisando do contato.
— As coisas não são assim. Não há nada acontecendo entre Jace e eu. Antes de hoje, ele não havia dito mais do que algumas palavras para mim. Eu nem tinha certeza se ele se lembrava do meu nome. Meu problema é minha reação à presença dele. Desde o momento em que nos conhecemos, fiquei encantada. Penso nele constantemente. Apenas não poderia continuar com um noivado quando desejo outro homem com tanta intensidade – sussurrou, tentando reunir um pouco de energia.
— Oh, Cai, você deveria ter me contado. Eu teria entendido e talvez até ajudado. Você sempre cuidou de mim. É hora de retribuir o favor – declarou Elsie, apertando de forma carinhosa a mão de Cailyn.
— Eu não queria estragar sua cerimônia de acasalamento e, antes disso, você já tinha muita coisa com que se preocupar. Não precisava do meu lixo empilhado em cima de suas preocupações. Além disso, o que poderia fazer? Preciso descobrir por que estou atraída por ele e o que fazer a respeito. Ainda amo John, mas essa conexão com Jace é inegável – respondeu Cailyn.
— Seu lixo é meu lixo. Somos irmãs até o fim. Sempre estarei aqui, ao seu lado, não importa o que esteja acontecendo na minha vida. E você ficaria surpresa com o quanto entendo o que está passando. Quero dizer, eu amava Dalton e prometi ser fiel a ele pelo resto da vida, e nunca pensei que haveria outra pessoa para mim. No entanto, depois que ele foi assassinado, eu me vi ansiando por… – Elsie parou de falar, e seus olhos se arregalaram enquanto ela colocava os dedos sobre a boca aberta.
O estômago de Cailyn se apertou de medo. Não tinha certeza se queria saber o que sua irmã estava pensando naquele momento.
— Estou imaginando se você poderia ser a Companheira Predestinada de Jace. Com certeza, é bem parecido com o que senti com Zander – explicou Elsie.
Cailyn sentiu o sangue drenar do corpo. Não poderia ser a companheira daquele homem. Ela morava em San Francisco e amava John, apesar da intensa atração por Jace.
— Não, não posso ser. Como eu iria saber? Como você descobriu?
— Os Companheiros Predestinados descobrem que o são quando fazem sexo um com o outro. Não há outra maneira que eu conheça. Não faço ideia a quem podemos perguntar sobre isso. Gostaria que eles já estivessem de volta, talvez Zander tivesse algumas respostas.
Uma batida as interrompeu e suas cabeças se voltaram em direção à porta.
— Por favor, não conte nada a ninguém até conversarmos mais um pouco – implorou Cailyn, enquanto Orlando colocava a cabeça para dentro do quarto, e seu olhar logo dirigiu-se para Elsie. Cailyn sustentou o olhar de Elsie e ficou aliviada quando a irmã concordou, com um movimento da cabeça.
— Ei, O. O que houve? – perguntou Elsie, voltando-se para o Guerreiro das Trevas.
O cabelo loiro platinado estava espetado em todas as direções. Cailyn tinha que admitir que o cara era bonito, mas sua beleza empalidecia em comparação com a do feiticeiro sexy. Desde que conhecera Jace, não podia deixar de julgar os outros pelos padrões dele. Ninguém nunca chegou perto.
— Só queria passar por aqui e ver como estão. Como está se sentindo, Cai? – perguntou Orlando ao se aproximar e se posicionar ao lado da cama dela.
— Tive dias melhores. Gostaria que a dor fosse embora. Não tenho energia para nada e, entre essas duas coisas, mal consigo pensar. Jace e Zander estarão de volta em breve com a cura – respondeu Cailyn, enfática.
Ela precisava acreditar que eles trariam algo para ajudá-la. Ela se recusava a aceitar que um feitiço iria matá-la.
— Vocês duas precisam estar preparadas, pois eles podem não trazer as respostas que desejam. As fadas são de uma maldita inconstância e provavelmente não ajudarão. Mas não vamos desistir. Nós vamos procurar em cada canto do reino por uma maneira de suspender o feitiço – prometeu ele, sentando-se na cama ao lado de Elsie.
— Sinto muito, Cai. É tudo minha culpa. Você estaria segura em casa se não fosse por mim – sussurrou Elsie.
Antes que Cailyn pudesse responder, Orlando interrompeu.
— Você não deve se culpar. Como já aprendeu, ninguém está a salvo dos estragos desta guerra – respondeu Orlando, solene. Cailyn conhecia Elsie muito bem para saber que as palavras dele não a acalmariam.
Outra batida ecoou por toda o quarto.
— Ei, Chiquita, Cailyn, vocês duas parecem abatidas. Meu parceiro está incomodando de novo? – perguntou Santiago, entrando no quarto com séria determinação.
As rugas profundas em seu rosto disseram a Cailyn que algo estava acontecendo. Ela fez uma oração silenciosa para que Jace e Zander estivessem bem. Não sabia se poderia receber outras más notícias naquele momento. Ele e Orlando eram detetives de homicídios do Departamento de Polícia de Seattle e ela esperava que fosse uma questão mundana na mente dele.
— O que está acontecendo? Notícias de Zander ou Jace? – perguntou Elsie, sentando-se.
— Não tive notícias deles. Olhe, eu lhe trouxe uma daquelas bebidas energéticas que você adora. Achei que poderia querer um estimulante. O, preciso conversar com você sobre uma ligação que recebi do Tenente. – A tensão óbvia na voz de Santiago fez Cailyn se preocupar com o que ele tinha a dizer.
Algo estava acontecendo e ela queria ouvir o que era, mas não tinha o relacionamento que a irmã tinha com aqueles guerreiros formidáveis. Cailyn ainda se sentia intimidada com a presença deles, especialmente daqueles dois.
Orlando era um shifter felino e ela o tinha visto se transformar em um enorme leopardo da neve durante a batalha do lado de fora do clube Confetti. Santiago era um shifter canino e ela o viu se transformar em um imenso lobo. Ver os animais selvagens deles e Kadir, que parecia a encarnação do demônio, foi alguns de seus momentos mais assustadores.
— Volto logo…
A resposta concisa da irmã interrompeu Orlando.
— Você não pode rodopiar por aqui, parecendo tão sério, e me manter às escuras, Santi. Vocês podem ter essa conversa bem aqui. Sou a rainha e não ficarei de fora dos acontecimentos – exigiu Elsie.
— Não é que queiramos deixá-la de fora dos acontecimentos, Chiquita. Este é um assunto oficial da polícia e não há necessidade de se preocupar desnecessariamente com essas coisas – respondeu Santiago.
— Se é sobre o Reino de Tehrex, então é da minha conta – ironizou Elsie, e se levantou, com as mãos nos quadris.
O peito de Cailyn inchou de orgulho de sua irmãzinha. Estava segura de si, enfrentando guerreiros tão fortes.
Orlando riu.
— Ela lhe deu uma lição, mano. É sobre mais ataques de escaramuças às mulheres?
— Sim, e houve outro – transmitiu Santiago sombriamente, olhando para Elsie – e a última vítima era um membro do SOVA.
O suspiro de Elsie ecoou alto no quarto. Cailyn não fazia ideia do que eles estavam falando, mas aquilo claramente irritou a irmã.
— O quê? Ai, meu Deus. Qual o nome dela? Por favor, diga-me que não foi Mack – pediu Elsie.
— Quem é Mack e o que é SOVA? – interrompeu Cailyn. A conversa era estranha para ela.
— Mack é a líder de um grupo chamado Sobreviventes dos Ataques dos Vampiros, ou SOVA, para abreviar. Eles caçam o que acham que são vampiros, mas na verdade são escaramuças. Quem era essa vítima, Santi? – perguntou Elsie para o guerreiro de cabeça raspada.
— A vítima não tinha nenhuma identidade com ela. Tudo o que posso dizer é que ela tinha cabelo escuro, um metro e setenta e cinco e usava uma jaqueta de couro dos SOVA – respondeu Santiago.
— O cabelo dela era preto? E curto? Tinha tatuagens nos braços? – As perguntas frenéticas da irmã fizeram Cailyn despejar adrenalina no sangue.
— Não, o cabelo dela era castanho escuro e ela não tinha tatuagens – respondeu Santi.
— Então não era Mackendra, graças a Deus. Ellen tem cabelo castanho escuro, mas estive fora de contato com ela por um tempo. O, você mencionou que há mais ataques a mulheres. Tem havido um aumento nos últimos tempos? Quais são os perfis das vítimas? – perguntou Elsie.
Cailyn estava impressionada com a forma como a irmã assumiu o controle e se dedicava àquele problema de forma tão confiante. Como uma rainha.
— Tem havido um aumento acentuado de vítimas femininas e mulheres desaparecidas desde o seu sequestro, El. São de várias classes sociais e não se enquadram em nenhum perfil. Já ocorreu com loiras, morenas e ruivas. Os ataques ocorrem em qualquer lugar, desde os mais pobres aos muito ricos. Não há um padrão claro, o que é frustrante, porque não sabemos quais áreas atacar – explicou Orlando.
Cailyn sentiu a espinha formigar ao perceber que ela e Jessie também haviam sido vítimas quando foram atacadas e quase mortas. A escória que fez aquilo com elas teve muito tempo para quebrar os pescoços delas, mas não quebrou. Suas entranhas se apertaram quando considerou que o demônio e a fada tinham algo mais planejado para ela e Jessie. Sentia-se grata por Zander ter tomado a precaução de ter seus Guerreiros das Trevas a seguindo porque eles chegaram a tempo.
— O tenente está subindo pelas paredes por causa dessa última vítima, pensando que há um grupo de justiceiros loucos, tentando obter justiça para as vítimas dos “Twikills”. Você fez parte do grupo deles, Elsie. Diga a Mackendra que os SOVA precisam parar com o que estão fazendo. A vida deles corre muito risco e agora o tenente quer as cabeças deles. Nenhum de nós quer que algo aconteça com seus amigos – acrescentou Santiago.
Elsie nunca havia mencionado para Cailyn fazer parte de um grupo de justiceiros. O que ele estava sugerindo era loucura.
— Do que ele está falando, El? Você fazia parte desse grupo? – perguntou Cailyn, encontrando o olhar da irmã.
Ela observou Elsie se contorcer e se remexer. Aparentemente, ela não era a única a guardar segredos.
— Sim, juntei-me a eles depois que Dalton foi morto – disse Elsie, voltando-se para Santiago. – Mackendra não vai gostar nada disso, Santi. Posso ligar para ela e marcar uma reunião, mas já lhe digo agora, ela não vai parar. Ela acha que caçar vampiros é sua vocação. A dor que sente é profunda… – A voz de Elsie foi sumindo e o quarto ficou em silêncio.
— O que foi, El? – perguntou Orlando, atravessando o quarto até o lado dela.
— Estou tendo vislumbres de várias mulheres, tanto humanas quanto aquelas do reino. Estão presas e imundas. Algumas delas estão nuas e cobertas de sangue. Não consigo ver os rostos, mas estão sendo torturadas pelos demônios – gemeu Elsie, agarrando a cabeça.
Ouvir vozes já era ruim o suficiente, mas ver as imagens que Elsie descreveu faria Cailyn ter pesadelos por semanas. Ela moveu os dedos sobre o cobertor e apertou levemente a perna da irmã, oferecendo segurança, enquanto Elsie continuava.
— Não sei onde estão, mas posso sentir que são importantes para o reino. Será que, de algum modo, os demônios seriam capazes de detectar que essas mulheres são companheiras? Sei que as marcas normalmente não aparecem antes de fazerem sexo com seus parceiros predestinados, mas há outra maneira?
— Droga. Mulheres em cativeiro são as piores notícias que poderíamos receber. Para responder à sua pergunta, não faço ideia se existe uma maneira de os demônios identificarem os Companheiros Predestinados. Zander e Jace precisam retornar. Precisamos ter uma reunião – disse Santiago, praguejando.
À menção de Jace, Cailyn pensou no dia em que o viu pela primeira vez. Um fogo se acendeu e queimou, sem controle, por todo o seu corpo. Era tão quente que ela não conseguia apagá-lo. Sua atração pelo feiticeiro era atômica e fez seu coração disparar no peito.
Estava dividida entre se reconciliar com John e seguir Jace. Amava a vida em San Francisco. Seu trabalho, sua casa e John. Qualquer coisa com Jace significava desistir de tudo. Valeria a pena, sussurrou uma voz traiçoeira.
Ela imaginou os lábios dele, como queria beijá-los e, em seguida, explorar seu corpo. O corpo esbelto e musculoso acendia uma excitação tão intensa que ela desejou ser possuída. Fazer amor com ele iria reduzi-la a cinzas.
Com esse pensamento, a incerteza a atormentou. Era bonita o suficiente para Jace? Ela viu a mulher com quem ele estava no clube. Era o oposto de Cailyn. Alta e magra, com um corpo perfeito. Cailyn tinha uns cinco quilos a mais, o que só aumentava sua insegurança. Odiava estar cheia de dúvidas e insegurança.
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* * *
No segundo em que Jace entrou no complexo, ondas tentadoras de canela dançaram, entrando em suas narinas. Cailyn estava excitada. Por alguma razão insana, ele esperava que ela estivesse pensando nele. Seu pênis pulsou ansiosamente, reagindo a esse pensamento. Ele colocou a mão sobre o estômago revolto e fechou os olhos, respirando profundamente.
Deusa, ele queria aquela mulher. Nunca desejou uma assim, com tanta força. A intensidade de seu desejo o fez questionar mais uma vez se ela poderia ser sua Companheira Predestinada.
Ele balançou a cabeça e colocou um pé trêmulo na frente do outro enquanto subia as escadas atrás de Zander, que subia os degraus de dois em dois, claramente ansioso para encontrar Elsie. Momentos depois, Zander irrompeu pela porta da suíte dos aposentos de Cailyn e a expressão do rei perdeu o tom duro, suavizando-se.
— Lady E, seu companheiro voltou – grunhiu Zander, agarrando-a nos braços.
Jace notou Orlando olhando de modo fixo para o casal enquanto Zander beijava profundamente a companheira.
— Vão para um quarto – disse Orlando, e Jace não deixou de notar o tom amargo.
O guerreiro tinha tanta inveja do que o casal tinha quanto Jace? Nenhum guerreiro jamais havia pensado em ter uma companheira, até Elsie surgir. Agora, Jace se perguntava quantos deles ansiavam por isso, assim como ele. Seu olhar dirigiu-se para Cailyn e ele notou que os círculos sob os olhos dela estavam mais escuros e a pele, mais pálida. Uma atração magnética o fez atravessar o quarto e ir para o lado de Cailyn.
— Boa ideia. Vamos – respondeu Zander, com os lábios ainda pressionados nos de Elsie.
A Rainha deu um tapa de brincadeira em seu braço.
— Mais tarde. Primeiro, diga-me o que conseguiu – respondeu Elsie.
— Zanahia não nos deu nenhuma informação útil. Ela deu a entender que o antídoto está em Nova Orleans, o que significa que precisamos viajar para lá imediatamente – disse Zander, enquanto acariciava a face de Elsie com um dedo.
O amor entre o par recém-acasalado era tangível e Jace invejava a boa sorte do rei.
— Por que um de vocês não pode dar sangue para curá-la? Vocês me trouxeram de volta da beira da morte com o sangue de vocês – assinalou Elsie.
As palavras caíram dos lábios de Jace antes que ele pudesse detê-las.
— Ninguém dará sangue a Cailyn além de mim, e mesmo isso não vai acontecer, porque o sangue não vai resolver nosso problema. Ele foi induzido magicamente e o feitiço precisa ser revertido.
Ele respirou fundo para recuperar o controle de suas emoções, sem saber o que havia acontecido com ele.
— Precisamos de um agente apropriado para quebrar o vínculo da magia estabelecido com sua irmã, e o sangue não é esse agente – acrescentou Jace.
— Tudo bem, então não temos uma solução fácil. Você mencionou Nova Orleans. O que há ali que pode me ajudar? – perguntou Cailyn, com voz fraca.
Jace se abaixou e agarrou a mão de Cailyn, odiando como a pele dela parecia fria. Definitivamente, ela estava piorando. O pânico cresceu, desencadeando uma nova urgência.
— Orlando, chame todos de volta para Zeum. As patrulhas podem esperar. Temos que traçar estratégias e planejar a viagem. Quero vocês na estrada o mais rápido possível – ordenou Zander, ignorando a pergunta de Cailyn.
— Espere só um minuto. O que você quer dizer com “vocês”? Você não vai também? – perguntou Elsie, dirigindo um olhar feroz para o poderoso rei vampiro.
— Não, a ghra, ficarei aqui com você e Cailyn. Jace e outros dois irão – respondeu Zander, tentando trazer a companheira de volta para seus braços, mas ela o empurrou para longe.
— Não, Zander. Preciso que você vá. Preciso de alguém nesta missão que cuide de minha irmã tanto quanto eu. Odeio a ideia de você estar em perigo, mas Cailyn precisa disso – falou Elsie, mantendo o olhar fixo em Zander.
— Vocês podem ficar parados, discutindo o dia todo, mas eu vou. Não me importo com quem vai comigo, mas partirei em breve – declarou Jace, olhando Cailyn fixamente.
Os olhos dela brilharam quando ele estendeu a mão e acariciou seu cabelo. Os fios pareciam seda entre seus dedos. Ele segurou a parte de trás da cabeça dela com a palma da mão.
— Você vai melhorar. Ninguém vai lutar mais para conseguir o antídoto do que eu – prometeu ele, chocado com a sinceridade com que pronunciou cada palavra.
— Confio em você, mas você precisa ficar seguro e voltar para mim – sussurrou Cailyn.
A confiança dela derreteu algo nele. Ninguém havia olhado para ele do jeito que Cailyn olhou. Algo estava acontecendo entre eles e a conexão que ele sentia se intensificou. Incapaz de resistir, ele se inclinou e tocou os lábios nos dela.
Faíscas voaram onde a pele dos dois se tocaram, e ele sentiu o fôlego abandonar o peito. Rapidamente, ele se afastou e viu que Cailyn estava igualmente afetada. Ele desejou que ninguém tivesse testemunhado o beijo. Pertencia a eles e a mais ninguém. Foi o momento mais íntimo que havia compartilhado com uma mulher, e aquilo não tinha nada a ver com sexo.