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PREFACIO DA SEGUNDA EDIÇÃO

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Foi vagarosa a sahida da primeira edição d’este livro.

É obvia e, ao mesmo passo, desconsoladora a explicação. A novella não perdeu por mal escripta; mas por mal pensada. Quanto a linguagem tanto montava o quilate d’esta como o das suas irmans. A incorrecção é o castigo de quem escreve muito á pressa para ir acabando mais de vagar. Em Portugal é preciso isto.

O defeito d’este livro é a superabundancia de virtudes de infastiar leitores que as exercitam eguaes e maiores, todos os dias.

Ainda bem.

Quem quizer voga e fama pinte e salpique de sangue e lama os seus paineis. Ganhar a curiosa attenção dos leitores sómente é permittido a quem lhes dá noticia de cousas não sabidas nem experimentadas. A virtude é o ranço d’estas gordas almas da nossa terra. Relatem-se crimes de cafrárias em linguagem de cafra.

S. Miguel de Seide, agosto de 1868.

Camillo Castello Branco.

AO


PADRE ANTONIO DE AZEVEDO

Nome que os pobres, seus irmãos, reverenceiam, e os enfermos da alma abençoam; ancião virtuoso; operario infatigavel em serviço de DEUS e da humanidade

OFFERECE ESTE ESCRIPTO

O Auctor.

Meu Amigo:

Ha vinte e tres annos que eu vivi em sua companhia.

Lembra-se d’aquelle incorrigivel rapaz de quatorze annos, que ia á venda da Serra do Mesio jogar a bisca com os carvoeiros, e a bordoada, muitas vezes?

Esse rapaz sou eu; é este velho, que lhe escreve aqui do cubiculo de um hospital, muito visinho do cemiterio dos Prazeres.

Eu sou aquelle a quem padre Antonio de Azevedo ensinou principios de solpha, e as declinações da arte franceza.

Sou aquelle que leu em sua casa as «Viagens de Cyro», o «Theatro dos Deuzes», os «Luziadas», «As perigrinações de Fernão Mendes Pinto», e outros livros, que foram os primeiros.

Sou aquelle que, sem saber latim, resava matinas, laudes, terça, sexta, etc., com padre Antonio.

Sou, finalmente, aquelle, a quem padre Antonio disse:—«O tempo ha de fazer de você alguma cousa.»

Passados vinte e tres annos, como eu acabasse de escrever o meu quadragesimo segundo volume, lembrou-me dedicar-lh’o, meu venerando amigo, e rogar-lhe que peça a Deus por mim.

Lisboa, 22 de junho de 1868

O Bem e o Mal

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