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Prólogo

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Não ia contratar Cecelia Andrews.

O magnata de propriedades imobiliárias Luka Kargas já decidira que a candidata número dois seria a sua assistente pessoal.

– A menina Andrews está aqui para a entrevista – informou Hannah, a assistente pessoal atual.

– Não é necessário entrar – respondeu Luka. – Decidi contratar a candidata número dois.

– Luka! – exclamou Hannah, num tom de recriminação. Sentia-se mais audaz agora que ia deixar o trabalho. – Pelo menos, tem um pouco de consideração. Já passou por duas entrevistas e, além disso, está a chover a potes. Teve de atravessar Londres com este tempo para vir aqui.

– Não me interessa – disse Luka, imperturbável. – Seria uma perda de tempo.

E o seu tempo era muito valioso.

Contudo, nesse momento, Luka recordou de repente que Justin, um contacto valioso, recomendara pessoalmente a menina Andrews.

– Está bem, manda-a entrar – concedeu Luka, com a intenção de se livrar da candidata o mais depressa possível.

Com impaciência, tamborilou com os dedos na superfície da secretária enquanto esperava pela candidata número três.

– Menina Andrews… – Luka levantou-se, apertou a mão da mulher e viu que tinha um anel de noivado.

Não ia contratá-la. Aquela mulher precisaria de ter o namorado mais paciente do mundo para tolerar a quantidade de horas extra que teria de lhe dedicar.

E todos sabiam como ele era.

– Sente-se, por favor.

Cecelia documentara-se a fundo a respeito daquele homem e até a assistente pessoal atual comentara, durante duas entrevistas prolongadas, que era um mau rapaz.

– Até teria de lidar com namoradas dele ou, melhor dizendo, ex-namoradas – explicara Hannah. – Às vezes, é muito difícil. O Luka trabalha muito durante os dias de semana. Durante os fins de semana, dedica-se a partir corações.

Cecelia sabia muito daquilo e não precisamente em relação ao trabalho. Odiava os ricos, como aquele homem, que se rendiam ao luxo e ao prazer. A sua mãe, Harriet, vivera e morrera assim.

No entanto, a moral de Luka Kargas não lhe dizia respeito. Cecelia decidira trabalhar para a realeza e ele era um passo em frente no seu caminho para conseguir o que queria, isso era tudo.

– Tem um iate. Está atracado em Xanero agora – replicara Hannah.

– É de Xanero? – perguntara Cecelia, embora já soubesse.

– Sim, embora não tenha de o acompanhar lá ou ver-se envolvida nos negócios que a família dele tem em Xanero.

Cecelia não queria ter nada a ver com esse homem a nível pessoal. Para ela, Luka Kargas era um nome para acrescentar ao seu currículo depois de um ano a trabalhar na sua empresa.

Contudo, agora que o conhecera finalmente e que os dedos morenos de Luka Kargas rodeavam os dela, não pôde evitar sentir-se atraída por ele.

– A Hannah disse-me que foi apanhada pela tempestade… – Luka franziu o sobrolho.

Da posição vantajosa do seu escritório no quadragésimo andar, Luka vira as nuvens pretas a espalhar-se por Londres. A candidata número dois chegara completamente encharcada e pedira dez minutos a Hannah para se arranjar antes da entrevista.

No entanto, Cecelia Andrews apresentava um aspeto impecável. Usava um fato cinzento-escuro, tinha o cabelo loiro apanhado num coque e a maquilhagem era discreta e perfeita.

– Sim, fui apanhada pela tempestade, mas estava preparada – declarou Cecelia.

E mais lhe valia, pensou Cecelia, porque o impacto que aquele homem exercia nela era algo muito estranho.

Luka Kargas usava um fato escuro, gravata e uma camisa branca que contrastava com a pele morena. E, naquela manhã, não se barbeara.

A atmosfera mudou entre eles. Era como se a tempestade elétrica tivesse entrado pela janela e se juntasse a eles.

A tia aconselhara-a a afastar-se de homens como Luka Kargas e, embora tivesse a certeza de que conseguia lidar bem com ele e de que nunca se sentiria atraída por um homem assim, o impacto da sua presença apanhara-a desprevenida.

– A Hannah deve ter-lhe explicado que este trabalho requer muitas horas por dia.

– Sim, é verdade.

– Às vezes, até dezasseis horas.

– Sim. – Cecelia assentiu.

– E terá de viajar muito – disse Luka. – Ainda que, por muito trabalho que haja, terá sempre os fins de semana de folga.

Cecelia esboçou um sorriso tenso e irónico.

– Falo completamente a sério – reiterou Luka. – A partir de sexta-feira à noite, o fim de semana é seu.

– Contudo, não sairei daqui às cinco da tarde, pois não?

– Não. Regra geral, sairá às dez.

O que significava que não era o fim de semana todo, pensou Cecelia, enquanto Luka passeava os seus olhos pretos pelos papéis dela.

– Porque deixou o Justin?

– Porque não queria viver no Dubai.

– Eu vou lá com frequência – declarou Luka. – O que significa que também teria de ir.

– Não vejo inconveniente. Simplesmente, não quero viver lá – respondeu Cecelia. E sabia, tinha a certeza, que Luka Kargas se referia ao facto de ela ter namorado e de a opinião dele ter condicionado a decisão.

E tinha razão.

Gordon recusara-se a deixar que ela vivesse no Dubai.

– Fala grego? – perguntou Luka.

– Não – replicou ela. De repente, esperou que falar grego fosse um requisito primitivo para aceder àquele emprego e, assim, pôr um ponto final àquela tortura.

Era uma tortura porque sentia um nó na barriga e, de repente, conseguia sentir o peso dos seus seios. Nunca a tinham feito reagir de forma tão violenta.

Luka Kargas parecia muito aborrecido.

– Fala alguma outra língua? – perguntou ele.

– Um pouco de francês. – Na verdade, falava-o muito bem. Passara um ano em França, a trabalhar.

Os olhos pretos daquele homem hipnotizavam-na e a sua indiferença brusca fê-la descruzar e voltar a cruzar as pernas.

Até àquele momento, o sexo fora uma experiência agradável para ela, ainda que, às vezes, também fosse um fardo. No entanto, agora, estava à frente de um homem que a fazia pensar em sexo.

– Menina Andrews…

– Cecelia – corrigiu ela, porque não queria dar a impressão de ser uma solteirona rígida.

Não era.

Estava noiva e ia casar-se e, nesse momento, não queria esquecê-lo.

– Está bem, Cecelia. – Ele assentiu. – Vejo que não tem experiência na indústria do turismo e da hotelaria.

– Não, não tenho – confirmou Cecelia.

– E reparei que usa um anel de noivado.

– Desculpe? – Cecelia franziu o sobrolho. – Não vejo como isso pode ter importância.

Luka viu que o contacto que Cecelia Andrews dera em caso de urgência era o da tia, não o do noivo.

E isso intrigou-o.

– Está noiva?

– Sim – confirmou ela, irritada. – Embora não ache que seja assunto seu.

– Cecelia, se quer trabalhar para mim, será melhor saber desde o começo que não sou uma pessoa politicamente correta. Vou deixar isto muito claro: Não quero uma assistente pessoal prestes a organizar o seu grande casamento e também não quero uma pessoa que tenha de sair às seis do trabalho com o fim de evitar que o namorado se zangue com ela.

Cecelia cerrou os dentes porque, às vezes, Gordon comportava-se assim.

– Senhor Kargas, a minha vida pessoal não lhe diz respeito e nunca dirá.

Porque não ia trabalhar ali!

– Aproxime-se – pediu ele.

Luka levantou-se e aproximou-se das janelas que ocupavam uma parede desde o chão até ao teto.

Nunca tivera uma entrevista assim, pensou Cecelia, enquanto se levantava e se aproximava dele.

Era muito alto!

E cheirava como se tivesse tomado um banho de bergamota com testosterona.

– Olhe para a vista – pediu Luka.

– Impressionante. – Cecelia assentiu enquanto observava a vista de uma Londres húmida. O céu cinzento começava a limpar-se e uns tons prateados brilhavam nos contornos de umas nuvens pretas, mas não pôde ver um arco-íris.

– O trabalho é seu – declarou Luka e ela franziu o sobrolho. – Quando acabar de trabalhar na sexta-feira, até segunda-feira, o mundo é seu. – Luka observou-a. – Mas quando estiver aqui…

Luka Kargas esperava entrega absoluta. Cecelia entendeu muito bem.

– Quando pode começar? – perguntou Luka.

Antes de rejeitar a oferta, Cecelia respirou fundo e considerou as vantagens desse emprego: Um salário quase o dobro do atual, viagens constantes e o apelido Kargas no seu currículo.

Depois, pensou nas desvantagens.

Sessenta horas de trabalho por semana ao lado daquele homem deslumbrante.

A atração que sentia por ele era inesperada e perturbadora.

Não sabia o que fazer.

– Preciso de tempo para pensar – respondeu Cecelia.

– Lamento muito, eu preciso de uma pessoa que confie no seu instinto e possa tomar decisões no momento.

Luka queria que aquela mulher trabalhasse para ele.

Impressionara-o, apesar de ter esperado o contrário. No entanto, algo lhe dizia que, se Cecelia Andrews saísse por aquela porta, não voltaria.

– Vou perguntar outra vez. Quando pode começar?

«Nunca!», gritou o seu instinto.

– Agora – afirmou Cecelia, surpreendida com a sua decisão. – Posso começar agora.

– Bem-vinda a bordo.

E, enquanto Luka lhe apertava a mão, Cecelia pensou que conseguia lidar com a situação.

Encontro apaixonado

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