Читать книгу Uma amante e dois segredos - Dani Collins - Страница 7
Capítulo 2
ОглавлениеVera, a traidora, desapareceu com Ramón antes de o fogo de artifício começar.
– Estavam a falar em espanhol? – perguntara Cinnia a Vera, quando ficaram três segundos a sós no terraço.
– Bem te disse que ter um curso de línguas era muito prático – respondera Vera. – Ora… Olha para eles! Não estás tentada? Esqueceste o Avery há muito tempo, não foi?
Efetivamente e estava tentada. Não estava à altura de Vera em relação à ginástica sexual, mas tivera algumas relações duradouras que tinham sido muito agradáveis até terem deixado de o ser. A primeira fora uma imaturidade que devia ter acabado antes de irem para universidades diferentes, mas ela agarrara-se ao que tinham tido e ele enganara-a. Magoara-a muito, mas, olhando para trás, sabia que tinham sido demasiado jovens para ter o compromisso que ela esperara.
Avery partira-lhe o coração em dois. Amara-a quando ambos tentavam acabar as últimas disciplinas na universidade e, mais tarde, quando se mudaram para Londres e lhes custava chegar ao fim do mês. Então, começara a ganhar dinheiro e deixara-a. Dissera-lhe que a sua família era um pesadelo e que não queria carregar esse peso morto.
Depois, não voltara a sair e concentrara-se na sua carreira profissional.
Henri não ia convidá-la para sair, isso já sabia, mas também não podia negar que a intrigava. Cada vez que olhava para ela sem conseguir disfarçar a admiração masculina, as hormonas desenfreavam-se.
No entanto, não tinha aventuras de uma noite. Além disso, mesmo que fosse para a cama com ele só porque a ideia a divertia, ele acharia que o fizera em troca de a ter tratado com atenção nessa suíte incrível… e odiava a ideia de ele pensar que podia comprá-la.
Isso estava na essência de todas as inseguranças que Avery lhe causara.
– É como alguém que assina um livro de autógrafos – murmurou Vera, com um sorriso de satisfação. – Sabes que a tua mãe aprovaria. No saco, há uma viagem em primeira classe para a Austrália, um relógio inteligente e o aluguer de um carro desportivo durante um ano, tira o que quiseres!
Henri apareceu, depois de ter atendido uma chamada e, certamente, teria ouvido esse comentário tão vulgar de Vera. Era o que lhe faltava para ficar convencido de que eram duas oportunistas.
Ramón também apareceu uns segundos depois.
– O carro está à espera. Foi um prazer conhecer-te, Cinnia.
Vera e ele desapareceram.
Henri sentou-se à mesa com um ar relaxado, à frente de Cinnia, mas parecia estar a rir-se do pânico mal dissimulado dela. Fez um gesto ao empregado para que enchesse os copos.
– Para onde achas que vai levá-la? – perguntou ela.
– Para o hotel mais próximo com um quarto livre, imagino.
Compreendeu que não devia ter perguntado.
– Porque te importa? – continuou Henri.
– Não importa.
– Estás a julgá-lo. Porquê?
Cinnia quis negá-lo. Considerava-se de mente aberta e avançada e não julgava os outros. As mulheres tinham necessidades e Vera não era uma vítima.
– A Vera pode fazer o que quiser. No entanto, não gosto que me julgues pelo que ela faz.
Odiava-o. Lembrou-se das piores acusações de Avery e voltou a sentir-se em carne viva. Sentiu-se ainda pior quando pensou que aquele homem que vivia assim podia pensar que ela queria encontrar um atalho para também viver assim.
– Não vou para a cama com um homem por causa de um saco com presentes. Tenho um emprego e compro o que quero. Se não poder comprá-lo, aguento-me.
– O que fazes?
Parecia que o perguntava por cortesia, não como se tivesse acreditado no discurso.
– Tenho um diploma em gestão e sou assessora financeira, mas quero dedicar-me à organização de património e gestão de investimentos.
Para pasmo dele, dizia muito de quanto a desvalorizara.
– Sou muito aborrecida – acrescentou Cinnia.
Quisera ser mais jactanciosa ao argumentar tudo o que ele presumira sobre ela, mas só constara mais a diferença social que havia entre eles. Ele, naturalmente, considerara-a fraca e ela, efetivamente, queria chegar mais alto, mas através do trabalho honrado. Mesmo assim, nunca chegaria à altura dele e isso deixava-o muito longe do seu alcance.
Embora também não o quisesse… ou sim?
Sentiu uma pontada e pegou na taça de champanhe, antes de se lembrar de que decidira deixar de beber quando Vera se fora embora. Em troca, bebeu um gole de água.
– Não o esperava – reconheceu ele.
– Achavas que era secretária, assistente de bordo ou modelo? Mesmo que fosse, são profissões honradas…
– São e poderias ser modelo. És muito bonita.
– Tu também podias ser. És muito bonito e Deus fê-lo duas vezes.
– Um ponto a teu favor – concedeu ele. – Não suporto que me reduzam a ser um dos gémeos Sauveterre. Todos somos mais do que parecemos por fora, não é?
– Parece-te mal? Quero dizer, vejo coisas na Internet que sei que têm de ser mentiras da pior espécie. As mesmas que se contam de todos os famosos. No entanto, importa? Lamentas ser famoso por causa do teu nascimento?
Ele demorou um instante a responder.
– Não lamento ser quem sou. Não falo da minha família… – olhou para ela como se quisesse avisá-la de que não devia entrar nesse terreno –, mas não a trocaria por nada. A atenção da imprensa é um pesadelo e nós não a provocámos. Irrita-me, mas aprendi a escolher as batalhas que vou travar.
Disse-o num tom quase inexpressivo, mas segurava a taça com força.
– Bom, eu… – Fez uma pausa e estendeu uma mão. – Mensagem recebida sobre a tua família. Conquistaste o direito de ter a tua privacidade, mas espero que ela esteja bem. Refiro-me à tua irmã.
Sentiu vontade de continuar, quis explicar que a dor da sua família a afetara de uma forma muito estranha. Ficara tão chocada como todos por causa das gémeas Sauveterre. As meninas eram um pouco mais jovens do que ela, mas tinham-lhe parecido um modelo a seguir e tinham vivido muito melhor do que ela, ainda que, naquela época, a sua família estivesse bem.
Então, tinham raptado Trella e ela ficara aterrada. Naturalmente, não pôde deixar de seguir os avatares da família. Sentiu a mesma curiosidade do que todos e questionou-se porque a família fizera a irmã mais nova desaparecer durante a sua adolescência. Estava numa clínica de reabilitação? Estava num manicómio? Estava num convento de freiras? Houvera imensas teorias, mas não lhe perguntou qual era a verdade nem se ele continuava a sofrer as repercussões.
O empregado trouxe uma travessa com ovos de codorniz com especiarias, caviar, mousse de salmão e umas barrinhas de pão torrado. Eram uns aprimoramentos e ela observou-os para disfarçar que mudara a sua opinião dele ao pensar no seu passado. Queria considerá-lo um mulherengo, mas era humano. Tinham-no magoado e tinha cicatrizes.
– Porque te dedicas à organização de património?
O coração acelerou e olhou para ele.
– Por muitos motivos. Comecei a interessar-me depois da morte do meu pai. Tinha de tratar de muitas coisas e, à medida que ia sabendo o que poderia ter feito, não parava de me interrogar porque não tinha feito uma coisa ou outra. As coisas teriam sido mais fáceis para a minha mãe se ele tivesse tido alguma previsão. Ao pensar nisso como uma profissão, pareceu-me flexível e que não exigia muitos gastos iniciais. Até posso trabalhar a partir de casa se for preciso. Além disso, se o fizer eficiente e rapidamente, posso ganhar bem a vida. Não vi o inconveniente da sua falta de… beleza. Todos têm de fazer um testamento, saibam ou não.
– Uma beleza que escondes sempre que podes.
Disse-o num tom delicado e brincalhão.
– Tento – replicou ela, com secura, para que ele não reparasse como a afetara.
Tinha começado o fogo de artifício e ambos se viraram para o ver.
Estava mais atenta a ele do que ao fogo de artifício. Era muito atraente, com um encanto distante e um sotaque francês. Também era subtilmente efusivo. Tudo o que ele fazia despertava algo nela. Era como se sentisse a respiração, como se a pele fosse mais sensível e como se cada movimento que fazia fosse um passo de dança. Estava a seduzi-la e nem sequer se esforçava.
Começou a pensar que o beijava e que sentia o seu peso sobre ela. Os mamilos endureceram e juntou os joelhos para apaziguar as palpitações que sentia entre as coxas. Preocupava-a que o fogo de artifício acabasse e já não tivesse uma desculpa para continuar ali.
– Não, obrigada…
Rejeitou a oferta do empregado para trazer morangos com natas e outra garrafa de champanhe.
– Não te preocupes com a figura – interveio Henri.
– Preocupo-me com a minha sobrevivência. Sou alérgica. Tenho material para emergências e tudo – explicou ela, apontando para a mala.
– É assim tão grave? – perguntou ele.
– Quase morri uma vez em que fiquei a dormir fora de casa porque a minha amiga não quis confessar que tinha roubado uma garrafa do melhor vinho do pai para fazer uma sangria.
Cinnia revirou os olhos para indicar que fora aterrador.
Ele também rejeitou os morangos e disse ao empregado que o chamariam quando quisessem mais champanhe.
– Podes comer, se quiseres – garantiu Cinnia. – Consigo suportar que alguém os coma à minha frente.
Agarrou-lhe o queixo e inclinou-se para a frente enquanto o empregado se ia embora.
– Mas não poderia beijar-te se os comesse, pois não?
– Continuas a ter esperança?
– Está intacta.
Obrigou-se a levantar-se e desculpou-se para ir à casa de banho. Chegara o momento de se ir embora. As suas defesas contra Henri estavam a desmoronar-se.
Henri estava dentro da suíte quando voltou. O ambiente era… íntimo e a música ouvia-se suavemente através das paredes.
Henri abrira o saco com presentes e tirara uma caixa de trufas de chocolate embrulhadas num papel de alumínio dourado. Estava a desembrulhar uma e já havia uma bola dourada na mesa.
– Sou guloso – reconheceu ele, oferecendo-lhe uma.
– Não, obrigada. Eu… vou-me embora… Foi muito bom, obrigada.
Esticou-lhe a mão e sentiu-se ridícula ao fazê-lo. Ele pousou o bombom e pegou no telemóvel.
– Vou pedir o carro e levo-te.
– Posso ir sozinha…
– Falei a sério quando disse que não tinhas de te sentir obrigada. Posso levar-te a casa sem te atacar. Já apareci aqui e não tenho de ficar.
Não se preocupava com ele. Estava prestes a pedir que procurasse o hotel mais próximo com um quarto livre. Além disso, ouvia a voz de Vera na mente enquanto elogiava as vantagens de ser uma mulher moderna e proprietária da sua vida sexual. «Quando tens fome, comes, não é?», dizia-lhe sempre.
Nesse momento, tinha fome de sexo. Atribuiu-o a ter-se vestido para um evento deslumbrante, à brisa na pele e a ter relaxado com o champanhe. Henri era muito atraente e ela apostaria que podia satisfazer o mais insaciável dos apetites.
– Acho que é melhor pararmos por aqui.
Sentiu-se uma covarde e não pôde evitar voltar a olhar para a boca dele. Queria que a beijasse, queria-o mesmo. O sangue bulia-lhe nas veias como se fosse lava incandescente.
– Se me disseres que tens alergia ao chocolate, vou ter uma desilusão – replicou ele.
– Sobreviverei – murmurou ela. – Além disso, se não sobreviver, tenho todos os meus assuntos em ordem. Se sobreviver, poderei contar uma bela história aos meus netos.
Quis parecer descarada e calma para disfarçar que a intrigava.
Ele soprou com incredulidade, mas não se deu por vencido. Aproximou-se, agarrou-a pela cintura e apertou-a contra ele.
– Então, terei de fazer com que seja inesquecível.
Usava uns sapatos de salto raso e ele media quase dois metros. Pareceu-lhe imponente quando se inclinou para a beijar ligeiramente nos lábios.
Agarrou-se aos seus ombros para manter o equilíbrio, tremeu um pouco e a cabeça começou a dar voltas. Era tudo? Engoliu em seco, humedeceu os lábios e afastou-os para insinuar que queria uma despedida mais… efusiva.
Esboçou um sorriso e ela soube que o seu gesto fora um desafio para que ela ficasse com vontade de mais. Mexeu-se em silêncio, cobriu-lhe a boca plenamente e beijou-a com ímpeto, como se a reivindicasse.
Cravou-lhe os dedos nos ombros quando a apertou contra ele. Gemeu, retribuiu o beijo e deixou-se arrastar. Alterava-lhe os sentidos e embriagava-se com o seu cheiro leve a loção pós-barba e virilidade.
Desejava-a. Sentia a protuberância granítica contra a barriga e o seu corpo inflamou-se numa questão de segundos. O desejo embargou-a e rodeou-lhe o pescoço com os braços para esmagar os seios contra o seu peito.
Pensou que era excessivo, que fora um sinal inequívoco de como estava disposta, mas fizera-o por instinto, por uma necessidade incontida.
Afastou-se um pouco para respirar, mas voltou a beijá-lo. Seria apenas um beijo. Bom, dois. Ao terceiro, achou que já conseguiria reunir alguma força de vontade, mas deu por si com as costas contra a parede. Deslizou os lábios pelo pescoço e segurou-lhe um seio.
– Ah…
Adorava como a acariciava, como lhe beliscava levemente o mamilo. O seu joelho subiu como se tivesse vida própria e rodeou-lhe a coxa.
Ele resmungou, passou-lhe uma mão pela coxa, puxou-lhe o vestido até à cintura e acariciou-lhe o rabo. Ela arqueou as ancas para o receber melhor.
Beijou-a com avidez. Rebolaram como se estivessem a fazer amor e os seus suspiros mal se ouviam com o barulho da música e da multidão que chegava pela porta aberta do terraço.
Era impróprio dela. Gostava de sexo, mas nunca fizera uma coisa dessas. Nunca se sentira assim. Poderia chegar ao clímax completamente vestida se ele mantivesse esse ritmo. Esfregava-se contra o canto mais sensível do seu corpo. Estava muito excitada e tentava deixar que acontecesse. Era como se estivessem a dançar com um ritmo crescente, cada vez mais intenso. Sentia a tensão nas entranhas e mais abaixo, onde a estimulava tão eroticamente.
Tinham de parar, estavam em público e…
Sussurrou algo em francês e esticou uma mão para trancar a porta.
– Não faz mal, vamos…
– Eu não…
– Oui, chérie, estás. Estás muito perto. Consigo sentir que tremes e é muito excitante.
Quis dizer-lhe que não sabia como se sentia, mas beijou-a como da primeira vez. Ela virou a cabeça para se apoderar dos seus lábios.
– Deixa-me oferecer-te isto – sussurrou ele.
Então, afastou-se, introduziu uma mão entre eles e passou-lhe a ponta de um dedo por cima do tecido de seda húmida.
Cinnia parou de respirar e ficou imóvel enquanto ele traçava círculos por cima da tanga preta. Era um contacto tão leve que vibrava de desejo. Esperava que introduzisse a mão por baixo do elástico e…
– Hum… – Ela gemeu quando finalmente o fez.
– Gostas?
Henri acariciava-a como ela queria, sem pressa, beijava-a e afastava-se, avivava a sua excitação, beijava-a com mais paixão, entrava com delicadeza, sussurrava…
– Chega, quero que chegue.
Estava a perder a cabeça, mas o domínio sobre si próprio que ele tinha era igualmente enlouquecedor. Queria deixar-se levar, mas não conseguia suportar que lhe fizesse isso.
– Não tens um… preservativo? – balbuciou ela.
– Queres fazer amor? – perguntou ele.
Por favor… Tinha a mão entre as suas pernas, sabia o que queria. Estava a morrer, mas queria que o clímax fosse dos dois.
Levou a mão ao fecho, mas estava tão trémula que lhe custou abri-lo e desabotoar-lhe as calças.
Ele retirou a mão, começou a tirar-lhe a tanga e baixou-lha pelas pernas para que deslizasse até aos tornozelos. Depois, acabou de desabotoar as calças. Tirou um preservativo do bolso antes de as tirar e de se mostrar por completo.
Esse devia ter sido o momento em que ela devia ter percebido que chegara demasiado longe. Fervia-lhe o sangue. Admirou o seu membro enquanto ele o cobria com o preservativo. Estava tão ofegante que sentia as pontadas de tensão nas entranhas.
Henri pôs um pé entre os dela para lhe tirar a tanga, antes de voltar a aproximar-se dela. Cinnia levantou a perna e rodeou-lhe o rabo para se oferecer sem reparos. Penetrou-a com suavidade. Cravou-lhe as unhas no pescoço e deixou escapar um som de avidez ao sentir-se tão plena.
– Magoei-te? – perguntou ele, retirando-se um pouco.
– Não, adoro – respondeu ela.
Resmungou com satisfação e penetrou-a entre ligeiras contrações de prazer.
Nunca se sentira tão transbordada pelo desejo como com esse desconhecido e contra uma parede. Nunca desejara mais e com tanta vontade. Rebolou para lhe indicar que estava a fazê-la esperar demasiado e que não conseguia conter a excitação.
Riu-se com delicadeza por cima da sua boca e mexeu-se com mais força, sem brusquidão, mas a fundo. Prolongava os movimentos para que o prazer chegasse ao máximo. Ela já achava que era impossível melhorá-lo, mas ele mexeu-se com mais ímpeto.
Parou de pensar onde estava ou quem ele era. Só pôde concentrar-se no que estavam a fazer. Nada importava senão o facto de se mexer dentro dela de uma forma cativante.
Percorreu-lhe o pescoço com a língua, sugou-lhe o lóbulo da orelha e arqueou-se para o receber mais profundamente. Beijou-o com desenfreio e acariciou-lhe um seio por baixo do vestido. Ela também introduziu uma mão por baixo da sua camisa.
– Não consigo acreditar no que estamos a fazer – sussurrou Cinnia.
Ele respondeu alguma coisa em francês.
– Estás a matar-me, chérie. Estás pronta?
– Não quero que acabe…
Mordeu-lhe o pescoço com suavidade ao sentir que o momento se aproximava.
– Eu também não, mas… Ah!
– Sim, Henri…
Penetrou-a mais depressa e com mais força. Uma onda deslumbrante envolveu-os num êxtase incontido.