Читать книгу O Escritor - Danilo Clementoni - Страница 12
Pasadena, Califórnia – O cromo
Оглавление– É tudo? – exclamou o sujeito grande e decididamente acima do peso ideal, enquanto observava o estranho aparelho que o jovem cromo segurava na mão. – Não me vais dizer que nos fizeste esperar mais de um mês só para nos mostrar essa coisa a piscar.
– Posso garantir que está a funcionar. – respondeu o menino aterrorizado. – De facto, acho que já fez o que foi projetado para fazer.
– Sim, mas vais dizer o quê? – gritou o mais alto e magro enquanto se levantava. – Agora eu estou realmente a perder a minha paciência.
No porão, cheio de equipamentos, monitores e computadores de todos os tipos, iluminado por uma luz fraca que se refletia nas paredes gastas, o rosto emaciado do jovem parecia ainda mais pálido do que realmente era.
– Ouça lá, se não nos disser para que serve isso, eu juro que vou fazer-te engolir isso inteiro. – exclamou o gordo agarrando o cromo pela nuca.
– Mas eu disse. – respondeu o jovem cada vez mais assustado. – É um sistema para ativar um procedimento remotamente.
– Mas qual procedimento? O que é? – continuou o grandalhão, sacudindo o garoto como se estivesse misturando Margaritas.
– Eu não tenho certeza. – tentou o jovem responder. – Mas acho que ativamos algo muito particular e perigoso, dados os sistemas de proteção que eu tive de ignorar.
– Explica-te. – disse o gordo ainda continuando a sacudi-lo.
– Se me deixar, eu vou mostrar.
– Ok. Mas espero que seja convincente, ou então a maior parte de você que será encontrada só será visível sob um microscópio.
O jovem ajeitou a camisa, reajustou o cabelo comprido que não via champô há algum tempo e dirigiu-se a uma estação de trabalho com dois teclados e uma série de computadores meio desmontados. Ele rapidamente digitou vários comandos incompreensíveis e, depois de alguns segundos, uma imagem tridimensional do objeto estranho que lentamente girava sobre si mesmo, apareceu em uma tela gigante que pendia do teto.
– Este é o nosso misterioso controlo remoto.
– Ah, agora tornou-se um controlo remoto?
– Bem, considerando a sua função, acho que podemos chamar isso com segurança.
– Continua. – disse o homem magro enquanto se acomodava numa cadeira surrada para observar melhor o grande monitor.
– Bem, o principal problema foi como reativá-lo. Eu me esforcei bastante porque, muito provavelmente, não só tinha sido desligado, mas o dono não queria que ninguém voltasse a ligá-lo novamente.
– Vê, não foram as baterias que tinham acabado, seu idiota. – exclamou o gordo, virando-se para o seu companheiro.
– Não, não há baterias lá dentro. – continuou o cromo. – Eu acho que funciona com uma fonte de energia externa, uma espécie de fluxo eletromagnético que consegue capturar e transformar em energia pura.
– Interessante. – comentou o mais magro. – Mas qual é o seu alcance?
– Em teoria, talvez até centenas de milhares de quilómetros.
– Caramba. – exclamou o gordo enquanto segurava o estranho objeto na sua mão. – Estás a dizer que esta pequena coisa pode ser capaz de transmitir um sinal daqui para a Lua?
– Eu acho que sim e provavelmente já o fez.
– E o que é que deveria ter transmitido?
– Bem, essa é a parte interessante. – continuou o jovem enquanto ele mostrava uma nova foto no monitor grande. – Estes são os símbolos que apareceram na frente dele depois que ele foi reativado.
– Parece algum tipo de linguagem antiga. – comentou o mais magro. – Tenho a certeza de que já vi isso em algum lugar antes.
– Na verdade, é cuneiforme. Os sumérios usaram vários milhares de anos antes de Cristo.
– E o que isso está a fazer com um instrumento tecnologicamente tão avançado?
– É a língua dos nossos visitantes extraterrestres.
– Estás a dizer que aqueles brutos que nos capturaram falam cuneiforme? – perguntou o grandalhão um pouco surpreso.
– Bem. – o jovem tentou explicar – não é exatamente falar cuneiforme. É uma forma de escrever. Mas acho que essa é a língua deles.
– E conseguiste traduzir?
– Na verdade, para o comando ser enviado, tive de inserir um tipo de senha. Na prática, ao tocar os símbolos na ordem correta, entrei no modo operacional.
– Basicamente, como o sistema que se usa para desbloquear o telefone?
– Mais ou menos, sim. – disse o cromo sorrindo, feliz por os dois rapazes terem finalmente entendido o que ele estava a falar.
– Fizeste um ótimo trabalho. – disse o gordo parecendo satisfeito.
– Sim, mas ainda não entendemos a sua verdadeira função. – respondeu o magrinho um pouco desapontado.
– Eu poderia arriscar um palpite que acho que pode ser bastante realista. – disse o jovem, suavemente.
– Bem, de que está à espera? Fala. – respondeu o gordo, movendo-se a poucos centímetros do nariz.
– Eu acho que é um sistema para ativar o procedimento de autodestruição de uma nave espacial, assim como quem sabe quantas outras funções.
Os dois amigos olharam um para o outro com espanto por um instante, como se alguém tivesse acabado de lhe dar o presente mais maravilhoso do mundo, o maior dos dois exclamou:
– Por favor, diz que os fizemos explodir.
– Muito provavelmente os extraterrestres terão tido tempo suficiente para chegar em segurança, mas o seu meio de transporte pode ter chegado a um final trágico.
– Filho, és um génio. – exclamou o grandalhão. Então ele tirou um cartão de memória USB do bolso e acrescentou:
– Coloca todos os dados que tens nessa coisa e depois cancela tudo. Se descobrirmos que guardaste um único byte...
– Eu sei, eu sei. Fazes picadinho de mim.
– Muito bem. Eu sabia que eras inteligente.
O processo de cópia durou apenas alguns segundos. Então, depois de remover a USB do seu computador, o cromo entregou-o ao grandalhão que rapidamente o tirou das suas mãos. Então, depois de também pegar o objeto estranho e colocá-los no bolso direito da calça, ele disse ao seu parceiro de crime:
– Vamos, meu velho, talvez os nossos sonhos estejam prestes a se tornar realidade.
Eles quase chegaram à saída quando o jovem exclamou: – Ei, não se estão a esquecer de alguma coisa?
– De que estás a falar? – perguntou o mais alto e magro.
– Err ... O resto do meu dinheiro.
– DINHEIRO! – respondeu o gordo. – Dá graças a Deus não quebrarmos o teu pescoço. – e ele bateu com a porta atrás de si.