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CAPÍTULO TRÊS

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Weston Manor era uma propriedade enorme, condizente com um ducado. Ela tinha sido construída perto dos penhascos de Dover. As ondas batiam na praia lá embaixo, preenchendo o ar com o cheiro salgado da maresia. Natalia caminhou pelos penhascos, olhando para o mar. Quase sete anos atrás, ela tinha cruzado o canal, indo para a França. Tinha estado desesperada para escapar dos planos que o pai tinha feito para ela. Não fez a travessia em Dover, mas estava perto do lugar onde tinha pegado o navio, dando início à sua jornada. Era o veleiro de um contrabandista, e alguém que a prima Callista confiou que fosse ajudá-la durante a viagem.

Tudo o que fez daquele dia em diante tinha sido com a ajuda e a direção da prima. Sem ela, Natalia se sentia um pouco perdida e incerta sobre o que fazer. Precisava encontrá-la. E se nunca encontrasse Callista? Começou a ficar aflita, o coração pareceu bater muito mais forte dentro de seu peito. Não sairia de Weston Manor sem respostas. Alguém nesta propriedade tinha que saber o que aconteceu com a prima.

Ela olhou para o céu. O sol estava começando a se pôr, e ela teria que entrar logo. Saiu da mansão numa tentativa de evitar lady Anne, mas não podia demorar muito mais. A dama iria querer que ela a atendesse e talvez até mesmo que a ajudasse com o vestido. Teoricamente, não era obrigação dela, mas Lady Anne não tinha trazido a criada. Ela acreditava que a criada frustraria seus planos de enredar um marido. Natalia não entendia por que ela pensava que precisava prender um tão logo. Talvez a dama não fosse tão pura quanto deixava transparecer e precisava de um marido para encobrir suas transgressões. Honestamente, Natalia não se importava. Não gostava de lady Anne e não via a hora de se ver livre dela. Depois que descobrisse o que aconteceu com Callista, iria embora e nunca mais olharia para trás. E agora que sabia que Lucas estava na residência, quando antes fosse, melhor. Se ele soubesse que ela estava ali, ela não sabia o que faria.

Natalia suspirou e voltou para a mansão. A caminhada não foi muito longa e ela aproveitou o ar fresco. Ajudou-a a pensar e lhe deu força para seguir em frente. Se fosse sorrateira o bastante, conseguiria evitar Lucas e ainda cumprir suas funções como acompanhante de lady Anne. Natalia não teria que ir ao jantar com ela. Pediria que enviassem algo para o seu quarto ou talvez até mesmo comesse na cozinha. Lady Anne não sentiria a sua falta. Ela sequer queria que Natalia ficasse por perto, a não ser nas ocasiões em que a tratava como escrava.

Sem Natalia, a dama poderia fazer o que bem quisesse e não teria que dar satisfações a ninguém. Não que Natalia fosse impedi-la de fazer qualquer coisa, mas ela não teria que agir de determinada forma ou fazer o que era esperado se a acompanhante paga estivesse longe. Lady Anne estava decidida a seduzir o cavalheiro, e a presença de Natalia não iria impedi-la de fazer isso.

Ela chegou à mansão e entrou pela biblioteca. Parecia não haver ninguém lá dentro, e ela soltou um suspiro de alívio quando se certificou de que estava mesmo sozinha. Não que ela estivesse evitando todo mundo. Só um homem em particular, e ela tinha que ter o cuidado de permanecer fora de vista. Não queria que eles se reconectassem. Certo, aquilo não era bem verdade. Uma parte dela sempre quereria estar com ele. Mas havia muitos sentimentos ruins que os mantinha separados. Ficava apreensiva só de pensar nas possíveis discussões. Natalia odiava conflitos, e não queria se ver numa situação que poderia incitá-los. Já enfrentara coisas ruins o suficiente para uma vida inteira e ela não precisava de mais essa adição. Até então, conseguira evitar o pai e o homem que ele enviou para procurá-la. E gostaria de manter as coisas como estavam. Tudo o que precisava era uns poucos minutos a sós com o marquês e a marquesa de Seabrook, então pegaria o navio e iria para bem longe da Inglaterra. A França não era longe o bastante para sair do alcance do pai. Dessa vez, ela iria para a América e nunca mais olharia para trás.

Subiu pela escada dos criados que havia nos fundos da casa. Seria mais fácil evitar os convidados, e principalmente Lucas, se não fosse pela escada principal. Quando chegou ao segundo andar, ficou atenta enquanto ia em direção ao quarto de lady Anne. Ela bateu na porta, mas não houve resposta. Natalia a abriu e entrou. Lady Anne estava à penteadeira, se embelezando e, pelo visto, estava mergulhada em um mundo só seu. Natalia foi até a penteadeira e colocou uma mão no ombro dela.

Lady Anne deu um salto ao sentir o seu toque e levou a mão ao peito.

– Oh, santo deus, você me assustou. Faça um pouco de barulho da próxima vez.

Ela tinha batido… Talvez devesse bater um pouco mais forte da próxima vez.

– Farei o possível. A senhorita precisa da minha ajuda esta noite? Não estou me sentindo bem e preferia não ir ao jantar.

Natalia rezou para lady Anne não precisar de nada. Ela queria evitar a maioria dos convidados. Era bastante provável que Lucas estivesse com um deles. Não sabia como abordaria o marquês e a marquesa com as suas perguntas. Natalia falaria com os criados. Era mais provável que eles soubessem da rotina das pessoas que estavam na casa naquele momento. Depois disso, ela pensaria em como os abordaria. Mas, por agora, ela deveria cumprir o papel de acompanhante atenciosa.

Lady Anne se virou e olhou para Natalia.

– Precisarei da sua ajuda para fechar o meu vestido. – Ela estava usando as roupas íntimas e o espartilho ainda estava atado. Ao menos Natalia não teria que ajudar com aquilo. Embora ela provavelmente fosse precisar de ajuda para tirá-lo mais tarde… – E eu preciso que entregue uma carta.

Natalia abafou um gemido. Não queria dar uma de garota de recados. Qualquer que fosse o conteúdo da carta, e para quem quer que estivesse endereçada, não conduziria a nada bom. Ela não queria nem pensar para onde teria que levá-la. Por que tinha aceitado trabalhar para lady Anne? Aquela menina parecia ser cria do diabo.

– Oh? – Ela ergueu uma sobrancelha. – Hum… Que carta?

Natalia fez o melhor para bancar a idiota. Ela tinha a sensação de que já sabia exatamente para quem aquela carta estava endereçada. Bem, não exatamente. O elusivo cavalheiro que lady Anne tinha planejado enganar para casar com ela ainda era um mistério, mas ele tinha que ser a pessoa para quem ela queria que Natalia entregasse a carta.

– Esta. – Lady Anne ergueu uma carta selada e a balançou na frente de Natalia. Ela devia ter acabado de espirrar perfume no papel, pois o cheiro veio em cheio na sua direção, e ela quase engasgou com o aroma. Natalia cobriu o nariz e a boca com a mão para bloqueá-lo e conseguir respirar. Ela inspirou superficialmente algumas vezes, retirou a mão lentamente e rezou para que aquele fedor tivesse se dissipado. Não era ingênua o bastante para acreditar que ele tinha desaparecido completamente.

– Ah… – Natalia pigarreou. – Para quem a senhorita quer que eu a entregue?

– Não importa para quem. – Lady Anne sacudiu a mão. – Perguntei qual era o quarto dele, e tudo o que você precisa fazer é entrar lá e colocá-la sobre a cama. Ele a encontrará e virá até mim mais tarde.

Lady Anne tinha muito boa opinião sobre si mesma. Por que um cavalheiro respeitável iria…? Natalia parou de pensar naquilo. Nenhum homem decente iria até o quarto de uma dama, tendo sido convidado ou não. Isso só podia significar que aquele homem em particular era um belo de um libertino. Se ela não precisava acompanhar lady Anne ao jantar, então ela poderia entregar a carta enquanto todos estivessem ocupados. O plano daria certo, contanto que ela não fosse vista. Lucas também estaria jantando, e ela não teria que vê-lo. Poderia deixar a carta de lady Anne no local de destino e então ir falar com os criados. Depois disso, poderia ir para o quarto para pensar no que faria.

– Muito bem – respondeu Natalia. – Vamos vesti-la primeiro, e então a senhorita me dá as coordenadas para o quarto do seu prometido.

– Meu vestido está ali. – Lady Anne apontou para o biombo que havia no canto do cômodo. – Pegue-o e então podemos começar.

Natalia fez o que lady Anne mandou. O vestido que ela tinha separado para usar no jantar não era tão elaborado quanto um vestido de baile, mas ainda era muito bonito. Era de seda branca com uma sobreveste de veludo devorê e pequenas pérolas costuradas em volta do corpete e da cintura. A textura macia do tecido era uma perdição, e Natalia quase quis afagá-lo. Não tinha muitos vestidos bonitos e amaria que um dia tivesse alguns tão bonitos quanto os de lady Anne.

Natalia ergueu o vestido e o levou até ela. Segurou-o aberto para que lady Anne o vestisse, então o levantou até a cintura para que ela pudesse passar os braços pelas pequenas mangas de veludo.

– Você acha que ele vai gostar? – perguntou Lady Anne enquanto passava os dedos pelo corpete baixo. – Eu mandei fazê-lo pensando nele.

Natalia não conhecia o cavalheiro em questão, mas ela podia adivinhar que o desenho iria, ao menos, atrair o lado mais luxurioso do homem.

– Ele provavelmente gostará da, hum… qualidade. É um vestido muito lindo. – Ela também não quis dizer que aquele talvez fosse um modelito que uma cortesã cara teria usado. De qualquer forma, o vestido era lindo, mesmo mostrando mais dos atributos de lady Anne do que ela gostaria de estar olhando.

– Ele gosta de coisas bonitas – concordou. Ela deu um sorriso tímido. Lady Anne deveria estar apostando que o cavalheiro a acharia atraente também…

Natalia terminou de fechar os encaixes do vestido.

– Pronto – disse ela, então suspirou. – Está pronto. Agora, onde a senhorita quer que eu entregue a carta?

Ela não quis pegar a carta até que estivesse pronta para ir. O perfume já a sufocara uma vez, e ela teria que prender o fôlego enquanto saía para que isso não voltasse a acontecer. Depois que soubesse onde entregá-la, se livraria da carta o mais rápido possível. Felizmente, não teria que ficar com ela por muito tempo.

– O quarto dele está em outra ala. – Ela bateu o dedo no queixo enquanto pensava. – Será que é na ala familiar? Parece que eu estou sozinha aqui neste canto. Não ouvi ninguém no corredor.

Ela não deve ter saído do quarto desde que chegaram. Lady Anne gostava de socializar nos lugares onde houvesse pessoas que pudessem notá-la, mas ela não fazia isso em pequenas reuniões. Ela queria o máximo de admiradores ao seu redor. A festa já não tinha dado a ela a atenção que queria, então não frequentaria nenhuma atividade que não fosse as em grupo. A única exceção era o ardil que estava planejando. Aquilo era para ser mais íntimo…

– Eu não teria a pretensão de saber a reposta para isso – disse Natalia, seca. Ela não se importava nenhum pouco. – Qual é a ala e onde é o quarto dele?

– É na ala que dá para o jardim – disse-lhe ela. – O quarto dele fica bem no meio e tem a porta vermelha. – Lady Anne deu de ombros. – O criado me assegurou que seria fácil de encontrar.

Ótimo… maravilhoso. Ela tinha as piores coordenadas possíveis, e lady Anne não pensava que o nome do homem fosse importante. Talvez devesse perguntar. Tinha lá as suas razões para não fazer perguntas, mas aquilo estava ficando ridículo. Por outro lado, quantos libertinos poderia haver naquela festa? Todos deviam ser da pior estirpe… Bem, seria muito bom para lady Anne que ela chamasse a atenção do cavalheiro errado. Ela encontraria um marido, mas podia não ser o que ela queria enredar.

– Certificarei para que o seu prometido a receba. – Natalia meneou a cabeça e foi até a penteadeira para pegar a carta. Ela respirou fundo, a pegou, saiu do quarto e foi em direção aos próprios aposentos. Seu quarto não era tão grande quanto o de lady Anne, mas esse detalhe não tinha muita importância. Ela ainda teria que achar um lugar para colocar a carta, só assim aquele fedor não iria incomodá-la e finalmente poderia respirar direito. Mais tarde, ela a entregaria, e no dia seguinte, se tudo saísse conforme o planejado, sua missão estaria completa. Ela saberia onde encontrar Callista, e então iria para a América. Para ela, nada parecia mais atraente…

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