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Capítulo 2

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O coração de Hannah disparou alucinadamente quando uma das portas da grande entrada do castelo se abriu e o homem caminhou na sua direcção. As pernas amoleceram e o estômago contraiu-se, como se todos os músculos femininos estivessem a dar o sinal de alerta. Ainda bem que estava sentada, ou os joelhos ter-se-iam derretido.

Se aquele era António King, era o máximo! Alto, bronzeado e bonito. Uma energia dinâmica emanava dele. Tinha um efeito magnético que prendeu o olhar de Hannah e a hipnotizou.

Estava de calções cinzentos e de camisa às riscas cinzentas e brancas, colarinho aberto e mangas arregaçadas. Os braços e as pernas expunham poderosos e atléticos músculos. Do tipo que encantavam qualquer mulher.

– Nonna! – Braços abertos para a avó, um lindo sorriso marcava o rosto de traços fortes. – Muito obrigado por fazer as entrevistas por mim.

– Foi um prazer, António – disse, levantando-se da cadeira para recebê-lo com afeição, a qual foi amplamente retribuída.

Envolveu-a num abraço caloroso e deu-lhe um beijo na testa, enquanto Hannah estava ocupada a admirar o lindo e arredondado traseiro do homem, assim como a abundância sedosa dos cabelos pretos e a perfeição das orelhas.

Ele desenvencilhou-se do abraço da avó e gesticulou em direcção a Hannah; um sorriso estonteante acompanhou a questão:

– E esta é…

– Menina Hannah O’Neill – respondeu a avó. – A terceira candidata ao emprego de chefe de cozinha do Duquesa.

– Hannah. – Ele aproximou-se, e ofereceu a mão para cumprimentá-la. Olhos verdes com intrigantes tons de castanho, encontraram os dela, com o impacto de uma bomba atómica, destruindo o escudo em volta do seu coração. – Sou Tony King.

Tony, Tony, Tony… Uma louca voz cantou na sua cabeça quando se levantou para cumprimentá-lo.

Hannah O’Neill tinha um corpo lindo, pensou Tony, ao reparar nas curvas quando ela se levantou da cadeira. Não se importava em exibi-las também. O top curto que lhe marcava os seios enlouqueceria a cabeça de qualquer homem. As calças de cintura descaída, expunham uma cintura altamente feminina e um umbigo nú com… Era uma tatuagem de uma borboleta?

Não tinha tempo para um exame mais detalhado, pensou Tony, ao olhar fixamente para aquilo. Pele sedosa, dourada pelo sol, um suave arredondamento das curvas, definitivamente o tipo de mulher que o atraía.

Ela estendeu a mão para cumprimentá-lo, e Tony segurou-a automaticamente, na verdade, sentiu um certo prazer em tocá-la. Uma mão delgada, quente e macia. Hannah sorriu e ele ficou momentaneamente fascinado pelas covinhas que apareceram nas suas bochechas. Um lindo efeito.

Os olhos eram verdes e brilhantes. Alguns fios de cabelo saíam de uma trança bem-feita e caíam-lhe sobre as faces, emoldurando feições alegres que combinavam com as covinhas de menina.

– Muito prazer em conhecê-lo, senhor King.

Bonita voz, meio musical.

– Tony – corrigiu, sem pensar.

– Tony – repetiu num tom tão sensual que o excitou.

Aqueles olhos verdes eram demasiado perigosos… Falavam de prazeres insondáveis, nos quais ele se perderia se não tomasse cuidado. Afinal, já estava a pensar que gostaria muito de provar aquela boca.

De maneira relutante, soltou a mão que ainda segurava. Tinha consciência de que não era o lugar ou a hora certos, embora tivesse um forte desejo de perseguir aquela mulher, assim que a questão do emprego estivesse fora do caminho.

Ainda bem que podia culpar a sua avó por seleccionar uma outra pessoa para o cargo de chefe de cozinha. O que sem dúvida ela faria. Era preciso separar negócios de prazer. E ele poderia arranjar algum outro trabalho para Hannah O’Neill, se a jovem quisesse ficar na cidade.

– A menina O’Neill é a nova cozinheira do Duquesa.

– O quê? – A grosseira pergunta saiu antes que Tony se desse conta. Virou-se para encarar a avó, franziu o sobrolho. – Já escolheu?

Ela sorriu serenamente.

– Deixaste a decisão nas minhas mãos, António. A menina O’Neill e eu conversámos antes de chegares. Não tenho dúvidas de que será uma excelente funcionária.

– Oh, obrigada, senhora King. – Hannah passou por ele e segurou nas mãos da mulher, pressionando-as efusivamente. – Prometo que não vou decepcioná-la. E quando quiser que lhe faça um salmão, é só chamar e eu…

Cozinheira? Tony olhou para a grossa trança que lhe caía pelas costas, até ao traseiro mais deleitável, e não conseguiu ver Hannah O’Neill na cozinha de um navio. Só conseguia vê-la numa cama… com ele!

Entretanto, lá estava, vestida com roupas provocantes, dando-se maravilhosamente bem com a sua avó, que estava a sorrir como se ela fosse a sua «bebé», não se importando de ser agredida por uma mulher que mostrava um umbigo nú com uma borboleta tatuada.

Tony ainda estava a tentar organizar as ideias em relação àquela incrível questão, quando Hannah se virou e lhe segurou na mão.

– Serei a melhor cozinheira que já teve no Duquesa – murmurou com os olhos iluminados como uma árvore de Natal. – Aprenderei rapidamente qualquer coisa que precise de ser feita. Prometo que não ficará desapontado comigo, Tony.

Tony… ela estava a fazer aquilo de novo, a fazer o seu nome soar como algo que estivesse a saborear. Era quase um beijo francês. E com toda certeza, ele ficaria desapontado se aquela rapariga trabalhasse para ele. Misturar todo aquele prazer com negócios só traria problemas.

Naquele momento, com as mãos dela envolvidas na sua, Tony imaginou o lindo corpo a pressionar outra parte da sua anatomia, a qual já estava a causar-lhe problemas.

– Acho que devemos sentar-nos e conversar – sugeriu rapidamente, ao perceber que pôr uma mesa entre eles era inevitável. Não só esconderia o seu desconforto físico, mas também lhe daria uma distância suficiente para ver Hannah O’Neill sob a luz dos negócios. Se é que isso era possível.

– Oh, sim. – Ela soltou-lhe a mão. – Preciso saber quando pretende que eu comece e…

– Tudo na sua hora – interrompeu. Fez um gesto para que ela se sentasse do outro lado da mesa.

Ela contornou a mesa e dirigiu-se à cadeira que ele lhe indicou, totalmente impressionada e quase hipnotizada. Tony teve que desviar os olhos da mulher para se acomodar na cadeira e organizar a mente para lidar com a situação.

Depois olhou para a avó, que reassumira o seu lugar. O ar complacente da senhora intrigava-o. Isabella devia ter demorado mais tempo para decidir, devia tê-lo consultado antes de dar o emprego a Hannah. Será que fora tomada por uma decisão impulsiva? A sua avó seria assim tão forte e decidida?

– Ah, aí vem a Rosita com o chá da tarde – anunciou ela, obviamente feliz por tornar aquela ocasião social.

Tony desistiu. Hannah, de alguma forma, conquistara a sua avó e ela estava a dar o último selo de aprovação: chá da tarde com Isabella Valeri King na pérgula. Ele teria de lidar com aquilo, gostasse ou não.

Aceitando o inevitável, ele agarrou no curriculum que continha as particularidades de Hannah e concentrou-se nos negócios. O prazer estava de fora. Independente de quão forte fosse a tentação, era absoluta loucura envolver-se com uma funcionária. Precisava de manter a distância, o problema seria como consegui-lo.

– Vejo que respondemos ao seu curriculum na Loja Mason, em Cape Tribulation – começou ele, precisando estabelecer um clima sério.

– Humm…

Olhou para cima e viu-a a lamber o chantilly dos lábios. O seu estômago contraiu-se imediatamente, atingido por uma onda de desejo tão forte que quase o fez perder o controlo.

– Tinha ido buscar o meu correio – explicou, quando terminou de comer uma garfada do bolo. – Passei algumas semanas a explorar a Daintree. Que floresta impressionante! Estar lá foi como voltar ao tempo…

– Sim – disse, ao cortar a voz lírica e perturbadora. Agarrou numa caneta e apontou para o formulário que ela preenchera. – Onde está hospedada em Porto Douglas?

Hannah respirou fundo.

– Ainda não encontrei nada. Cheguei de Cape Tribulation esta manhã, para a entrevista. Mas encontrarei algum quarto antes do anoitecer. Reparei que aqui existem muitos alojamentos.

Tony teve a impressão de que Hannah era um tanto ou quanto aventureira. Que não estava preparada para assumir aquela função.

– Alojamentos turísticos – apontou ele. – Se pretende ficar durante toda a estação…

– Com certeza – assegurou Hannah. – Vou procurar um lugar.

– Onde deixou a bagagem?

– Pus num cofre na marina. – Inclinou-se para a frente, sorriu, como que num apelo para ser compreendida. – Tudo iria depender desta entrevista.

Definitivamente uma aventureira, pensou Tony preocupado, ao lutar para não olhar para aqueles olhos.

– Vai precisar de um apartamento com uma cozinha bem equipada – acrescentou a senhora King com autoridade. – António, até que a menina O’Neill encontre o lugar certo para morar, acho melhor colocá-la num dos apartamentos de hóspedes que o Alessandro tem no Coral King.

– Um apartamento de hóspedes? – Tony olhou para a avó. Teria enlouquecido? Hannah O’Neill não era da família. Era uma funcionária e não muito boa, do seu ponto de vista. Ela ainda nem fora testada!

– Tenho a certeza de que deve haver um que ainda não foi usado – respondeu com segurança. – Isso dará a Hannah a oportunidade de estabelecer-se no novo emprego e tempo para procurar uma acomodação adequada.

Então, agora já era Hannah!

– É muita generosidade da sua parte, senhora King – disse. Os perigosos olhos verdes olhavam para todas as direcções.

– Uma solução simples para problemas imediatos – declarou a mulher mais velha.

– Certo – concordou Tony, sabendo que não tinha saída. Olhou fixamente para Hannah e disse: – Por favor, compreende que vai iniciar apenas o período experimental. As pessoas que pagam uma viagem para o recife no Duquesa têm a promessa de receberem o melhor. Nenhuma falha em qualquer área do serviço a bordo, poderá ser tolerada.

– Quer dizer… sem segunda oportunidade?

– Isso depende do tamanho do erro. Qualquer coisa que estrague um dia no barco…

– Seria terrível! – exclamou. Pareceu apavorada com o pensamento. – Qualquer pequeno problema que eu possa causar, juro que recompensarei a dobrar. Nunca houve nenhum tipo de reclamação sobre mim, Tony.

Ele podia acreditar naquilo. Provavelmente era capaz de convencer qualquer um a perdoar qualquer coisa. Na verdade, antes que se desse conta, eles provavelmente estariam a ajudá-la no que quer que estivesse metida. Lá estava a avó dele, dando a sua aprovação; e cada vez que ela o chamava pelo nome, o seu coração disparava e tirava-lhe a mente de onde devia estar concentrado.

– Chris, o cozinheiro que vai substituir, quer sair no fim da semana, por isso, seria bom que começasse amanhã, para aprender tudo o que puder antes da sua saída. É um óptimo chefe de cozinha e lamento muito perdê-lo.

– Por que é que saiu?

– Problemas pessoais – suspirou, frustrado. Com um sorriso irónico, acrescentou: – O companheiro dele ambiciona uma casa mais sofisticada em Sidney. O paraíso tem os seus limites.

– Tenho a certeza de que serei muito feliz aqui.

O sorriso de Hannah foi tão sincero que o peito de Tony comprimiu-se. Ele forçou-se a olhar para baixo, para os papéis que estavam à sua frente. Pelo curriculum, estava claro que tinha trabalhado em climas tropicais. Broome, Darwin, incluindo seis meses seguidos no King’s Eden em Kimberley. Porto Douglas provavelmente era o paraíso para ela.

– Então, a que horas devo apresentar-me amanhã na marina? – perguntou, ansiosa.

– Às oito horas. O Duquesa sai às oito e meia e volta às quatro e trinta. Receberá um uniforme que deve ser usado a bordo, sempre. – O qual deveria cobrir a maioria das curvas que o distraíam. Olhou para o relógio. – Se partirmos agora, posso apresentá-la à tripulação, quando desembarcar esta tarde.

Ela levantou-se imediatamente.

A borboleta pulsou na direcção do homem.

Tony fechou os olhos por um segundo e pôs-se de pé também; virou-se para a avó.

– Sempre com pressa, António – sussurrou a senhora King. – Não comeste nada.

– Desculpe-me, nonna. Almocei muito bem – disse, ao inclinar-se para beijar o rosto da avó. – Obrigado mais uma vez por fazer as entrevistas.

– Talvez Hannah te tente com a sua comida.

As habilidades culinárias eram muito insignificantes comparadas com a lista de tentações de Hannah O’Neill.

– Com tanto que ela tente os nossos viajantes, ficarei feliz – disse, ao esconder os pensamentos obscenos.

– Senhora King, não posso expressar como apreciei a sua amável consideração e a oportunidade de poder dar o melhor de mim – voltou a sedutora voz, a encantar, mais uma vez, Isabella, que lhe ofereceu o seu melhor sorriso.

– Espero que tudo dê certo, minha querida. Venha beber o chá da tarde comigo, um dia destes. Gostei muito de conversar consigo.

– Adoraria, senhora King.

Óptimo, pensou Tony, exasperado. Mais uns dias e seria convidada para reuniões de família e estaria na sua presença várias vezes. Além disso, teria de aguentar as reacções de Alex e de Matt por ela ter sido alojada num dos apartamentos do Coral King, gratuitamente. A sua funcionária!

A nonna pusera-o numa situação muito difícil. De alguma maneira, precisava lidar com aquilo sem aborrecê-la e sem se envolver terrivelmente com Hannah O’Neill.

Casamento de confiança

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