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VI

O Homem-Carvoeiro, o comboio a vapor: foram cerca de 480 meses, 14.600 dias, 116.800 horas de suor e fagulhas, de ardor constante e fuligem negra, de cansaços e dores silenciadas, de uma vida dedicada a enterrar pás na massa negra incandescente alimentícia para que os vorazes e serpentinos-vagões pudessem assim desfilar terra adentro no seu tchuck - tchuck - tchuck - tchuck -tchuck - tchuck constante.

Um Homem de que já ninguém sequer se lembra, de que ninguém ouviu falar, de que não restou nem uma única fotografia para olhar o seu rosto sulcado e cansado, para olharmos a face deste Homem que tanto labutou, que anonimamente sonhou em cinzas.

Flores de inverno

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