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VIOLA

“Steve, isto é mesmo difícil. Não posso simplesmente aumentar a taxa da banda. Sabes que este casamento está marcado há meses. Calculei a taxa com base no que te estava a pagar na altura. Quem quer que seja que te está a oferecer isto, obviamente tem o orçamento para te pagar o que estão a oferecer.”

“Já falei com a banda,” Steve responde. “Eles querem um aumento no pagamento.”

“Ouve, falamos sobre pagamento extra para o casamento após este e para os outros seguintes. Não apenas este. Já cortei muito o meu lucro só para conseguir este casamento. É importante para mim. Ter este casamento é bom para o meu currículo.”

“Bem, não é bom para os nossos bolsos,” Steve responde firmemente.

“Steve, vá lá. De onde é que isto vem? Sempre conseguimos negociar. Porquê a grande insistência agora?”

“Só tenho umas poucas horas e depois a oferta fica fora de questão.”

“Bem, posso perguntar quem é que está a fazer essa oferta?”

“Isso importa? Não vai mudar nada,” Steve responde.

“Como queiras, mas vou acabar por descobrir.”

“Christine. Christine Jackson.”

Sinto a minha raiva a subir instantaneamente. A mulher que idolatrei e seguia como modelo até recentemente. O meu coração diz-me que isto é deliberado. Não é uma coincidência. Quase digo um palavrão, mas mordo a língua.

“Vi?” Steve pergunta.

“Sim. Okay, olha. Pago-te mais cinquenta por cento este fim-de-semana e de agora em diante. Mas não me faças isto de novo, okay?”

“Okay.”

“Promete-me, Steve,” digo firmemente. “Não me posso dar ao luxo de ter este tipo de problemas tão tarde antes de um casamento.”

“Okay,” diz o Steve. “Desculpa.”

“Faz-me um favor, por favor.”

“O quê?” Steve pergunta.

“Nem uma palavra sobre isto a ninguém, está bem? Se isto se espalha, toda a gente vai pedir mais dinheiro e não o consigo pagar neste momento. Okay? Dizes à banda?”

“Claro. Podemos mantê-lo em silêncio.”

“É bom que sim,” digo.

“Hm, Vi,” Steve diz.

Ele quer dizer-me algo e parece hesitante em fazê-lo.

“O que foi, Steve?” pergunto.

“Deixei escapar que usas um murmurador de casamento,” Steve diz.

“O que é um murmurador de casamento?” perguntei, confusa.

“Ashley,” Steve responde.

Fico estupefacta. Não sei o que dizer. Sempre pensei na Ashley como conselheira. E mantive-a em segredo durante tanto tempo. Toda a gente na minha equipa sabe sobre ela, mas não vai mais longe do que isso. É algo que não anuncio, nem aos meus clientes. Ninguém nesta área usa um, pelo menos não que eu saiba, e agora o segredo foi revelado.

Queria gritar com o Steve, mas segurei-me.

“Vi?” ele pergunta, incitando-me a quebrar o silêncio.

“Estou aqui,” respondo.

“Ouve, desculpa. Não queria criar nenhum problema ou deixar os teus segredos escapar. Estava apenas a tentar dizer-lhe o quão melhor do que ela és.”

E, no entanto, irias trabalhar para ela porque te oferece mais dinheiro, penso para mim mesma. Sinto-me imediatamente culpada pelo pensamento. Conheço o Steve há imenso tempo. Trabalhamos juntos há muito tempo também, e teria esperado que ele me abordasse de maneira mais profissional sobre aumentar os seus rendimentos.

“Agradeço, Steve,” digo. “Simplesmente não digas nem mais uma palavra sobre isso a ela ou a qualquer outra pessoa, okay?”

“Claro. Desculpa,” Steve diz.

Terminamos a chamada e caminho pela minha sala de estar, zangada. Estou furiosa. Quero ligar à Christine e dizer-lhe das boas, mas resisto ao impulso de o fazer. Estou ainda mais zangada por ela saber sobre o murmurador de casamento. Estou zangada com ela e com o Steve.

Por alguma razão, tenho uma má sensação sobre o facto de o Steve ter dito à Christine sobre o meu ‘murmurador de casamento’. Nunca o anuncio a ninguém, pois não acho que seja algo que se deve anunciar como algo que me diferencia de outros organizadores de casamentos. Claro, cobro por isso, mas a taxa é incorporada em outras taxas quando forneço um orçamento aos clientes.

Não se trata do custo porque ainda sou mais barata do que pessoas como a Christine. É sobre o facto de não achar que as pessoas vão considerar que é bom sentir que estão a ser empurradas para um casamento se estão a ter dúvidas de última hora. A verdade é que muitas pessoas têm dúvidas à última da hora, e é algo tolo visto que normalmente seguem em frente na mesma e casam-se. Mas se não prosseguem com o casamento, apenas no caso de não o fazerem, podem perder muito dinheiro que não é reembolsável. Dinheiro para pagar o catering, o MC (mestre de cerimónias), a banda e muito mais. Há que pensar também na minha reputação, e não estou prestes a ter um casamento cancelado porque alguém está com dúvidas. Tenho uma reputação para manter. Então, é ético? O meu próprio júri ainda está a tentar descobrir isso, mas até agora tem funcionado e toda a gente tem estado feliz.

Tenho a certeza de que a Christine será rápida a copiar a ideia agora que descobriu. Especialmente visto ter conseguido prevenir o Steve de ir embora. Ela estará passada por causa disso e certamente estará à procura da próxima coisa com a qual me irá atacar.

Suponho que passou a não gostar de mim por ser a sua concorrente. Não consigo imaginar porquê, para além de poder ter levado um cliente que ela queria muito. Um cliente como aquele cujo casamento vou fazer este fim-de-semana.

Bem, ela pode perseguir a minha banda e o que quer que ela queira, mas é demasiado tarde para me tirar este cliente.

Melhor sorte na próxima vez, cabra, penso para mim mesma. Estou bastante surpreendida com a rapidez com que a minha visão sobre ela passou de ídolo e modelo a raiva de torcer o estômago quando penso nela ou ouço o seu nome.

Questiono-me se irá atrás dos meus outros recursos também, agora que falhou com o Steve. Em vez de ficar quieta e a fumegar, decido começar a encontrar recursos alternativos para intervirem com pouca antecedência, caso seja necessário. É isso o mais certo a fazer.

Receio

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