Читать книгу Receio - Francois Keyser - Страница 8
ОглавлениеVIOLA
Nunca tinha visto uma situação como esta. Ashley diz-me que a noiva não tem provas. Ela nem sequer tem a certeza com quem o noivo a possa estar a trair, se está sequer a traí-la.
Acalmo a Ashley o suficiente para ela deixar de chorar e tento fazê-la sentir-se melhor. Relembro-a do trabalho fantástico que tem feito por mim sempre que precisava dela e que tudo tem estado bem. Tento assegurá-la de que hoje tudo ficará bem também. Sugiro que vá para casa em vez de ir à receção, mas ela insiste em ir.
Sinto-me tentada a chamar o noivo para um sítio privado na receção e dizer-lhe o que me contaram, dizendo-lhe para manter o seu pénis nas suas calças pelo menos hoje, falando figurativamente. Mas isso não é da minha conta. Se a noiva está errada e eu abordo este tema, posso ser processada, assim como a Ashley. Provavelmente perderia a minha reputação e o meu negócio, não mencionando o facto de ter que reembolsar o dinheiro que fui paga por este casamento. Poderia fazê-lo, mas isso não interessa. Possivelmente nunca mais teria outro casamento na minha vida.
Não, isto deve continuar assim. Penso positivamente e tento assegurar a Ashley de novo que tudo irá correr bem. Não há mal nenhum em pensar positivamente. Certo?
A Ashley vai para casa para arranjar a sua maquilhagem antes de voltar para a receção. A equipa terminou de almoçar e já foi embora quando fui para fora de novo.
Vou embora em direção a casa, para descansar um pouco e tomar um duche. Arranjo sempre tempo para vir a casa, mudar de roupa e tomar um duche antes da receção. O trabalho de uma organizadora de casamentos não é fácil, e a quantidade de suor que produzo na igreja é inacreditável. Não é possível passar o dia inteiro sem tomar um duche e mudar de roupa.
Pronta para a ‘segunda ronda’, a receção, entro no carro e dirijo para o local. Cheguei cedo, como sempre. A receção está a ser realizada no Bel Air Bay Club.
Entro no edifício e vou até aos jardins, certificando-me de que tudo está a correr de acordo com o plano. Procuro o homem que vi do lado de fora da igreja, mas não parece ter chegado ainda. Mas ainda é cedo, e muitos dos convidados ainda não chegaram.
Não há nenhum contratempo e, além do que a Ashley me disse, acho que a receção vai correr perfeitamente.
O casal de noivos e as suas famílias chegam e são conduzidos até aos jardins. É tempo de tirar as fotografias antes da receção começar.
Observo a noiva e o noivo juntos. A noiva parece feliz. Observo-a e reparo que a sua cara não mostra nada sem ser a aparência de estar feliz. De certeza que foram apenas nervos e paranoia, digo a mim mesma. Agora a noiva está casada e apercebe-se de que não há nada para se preocupar, de todo.
As famílias juntam-se, reúnem-se, cumprimentam-se e falam enquanto esperam pela sua vez de posar nas fotos com o casal feliz. Faz-me sempre feliz ver a união de duas famílias através de um casal feliz. Os casamentos nem sempre duram, mas não penso nisso. O que importa é o dia de hoje e a felicidade que o casal partilha. A noiva parece relaxar e até sorri e ri.
Aí está, penso. Claro, ela foi a noiva mais difícil até agora para a Ashley, mas não há nada com que se preocupar.
As fotografias demoram imenso tempo e, quando terminam, os convidados estão à espera nos seus lugares na área do jardim. Usando o meu walkie-talkie, verifico com toda a gente que estamos ‘prontos’ e recebo confirmação de todos.
Faço o caminho até à mesa mais longe das mesas de honra. Sento-me e volto a analisar as coisas. Está tudo tratado.
A receção começa e o MC tem os convidados a rir enquanto conta histórias sobre os recém-casados e brinca com eles. Daqui para a frente é o MC que dirige o espetáculo. Recebo ordens dele, se necessário, e certifico-me de que aquilo de que ele necessita em qualquer momento é tratado.
A receção não poderia ser melhor. Acho que é uma das melhores até hoje. A Ashley chegou e está sentada na mesa comigo. Asseguro-lhe repetidamente de que tudo está bem e ela parece relaxar.
Enquanto começamos a comer, vejo-o. Ele não me vê e os meus olhos seguem-no enquanto se mistura com os outros convidados, sorrindo e falando apenas com confiança divina. Observo-o porque quero saber se está com alguém, mas nunca o vi com uma parceira.
Questiono-me quem ele é. Não o vi na sessão de fotografias, então duvido que seja família. Deve estar aqui com um convite e questiono-me quem o convidou. Ele vê-me outra vez e sorri. Coro e olho rapidamente para longe, mais uma vez. Sinto a minha cara a ficar vermelha enquanto o vejo a aproximar-se com a minha visão periférica.
Apercebo-me de que ele está a olhar diretamente para mim. Sinto algo molhado nas minhas cuecas de novo enquanto coro. Controla-te! repreendo-me mentalmente. O homem ainda nem sequer falou contigo e já estás a ficar molhada aí em baixo! Provavelmente precisa apenas de sal ou algo do género.
Olho para ele enquanto para ao meu lado. Ele olha para baixo para mim e os seus lábios separam-se num sorriso, revelando brilhantes dentes brancos. Dou-lhe um olhar rápido. Está a usar um fato cinzento com uma camisa branca que parece que foi passada por um rolo compressor. Não tem um único vinco. Está imaculada. Ele usa uma gravata que parece preta na luz. Tem o comprimento certo. O seu fato assenta-lhe perfeitamente. Não é demasiado grande nem demasiado apertado para a sua figura tonificada. Os seus sapatos terminam a sua vestimenta e simplesmente reluzem como se tivessem sido encerados e polidos numa lavagem de automóveis.
Os meus olhos vão até aos dele de novo. Ele ainda está a sorrir. Coro de novo como uma menina que acabou de ter uma conversa com a sua primeira paixoneta da escola secundária.
“Olá. Sou o Rick,” ele diz, oferecendo a sua mão. A sua voz é tão calma, mas tão masculina e firme ao mesmo tempo.
E estou tão molhada. Nenhum homem alguma vez teve este efeito em mim.
Levanto-me para não ter que esticar o meu pescoço para admirar este lindo presente, enviado pelos céus, de um homem. Pego na sua mão e aperto-a sem me aperceber do que estou a fazer. Sinto-me como se não tivesse controlo sobre o meu corpo e como se ele estivesse a agir por sua própria vontade. A sua pele é suave e quente e imagino as suas mãos a passarem pela minha pele nua enquanto coro de novo.
“Sou a Viola,” digo. “Prazer em conhecer-te.”
“Igualmente,” Rick sorri. Ele inclina-se sobre a mesa e oferece a sua mão a Ashley, que a aperta e cora igualmente. Eles cumprimentam-se antes de o Rick se voltar para mim.
“Podemos ir dar um passeio?” ele pergunta.
“Eu… Eu…,” gaguejo. Estou sem palavras e olho desesperadamente para Ashley para ajuda.
Ela está a sorrir e acena, mandando-me para longe com um abano de mão.
“… okay,” consigo dizer.