Читать книгу Paciente 807 e suas maldições - Guilherme Campos Cardoso - Страница 6
Capítulo 2 Início de um pesadelo
ОглавлениеHoje acordei com uma sensação estranha e então decidi sair do meu quarto para ver se não havia nada de estranho acontecendo, mas de surpresa, um dos pacientes tentou fugir e a figura gigante do porteiro pegou a inocente pessoa e quebrou o pescoço dela, foi a primeira vez que vi alguém sendo morto em minha frente, e aquilo foi extremamente chocante.
Depois de alguns minutos fui ver a figura do porteiro e ela estava totalmente diferente, ela estava com mais de dois metros de altura e vestido com um terno preto e com jogo de chaves na mão como soqueira. Uma figura extremamente assustadora, que na hora que matou o paciente disse o nome da pessoa e seus motivos para estar ali, como se ele tivesse uma ficha de cada um de nós. Mas decidi me afastar dele e ir até o pátio ver se a garota misteriosa ainda estava lá.
Alguns passos e passeios pelo inferno, cheguei até o pátio e vi a garota sentada no mesmo banco de sempre e então decidi perguntar o nome dela.
–Olá, outra vez, você viu o que aconteceu com um dos internados?
–Eu soube o que aconteceu com ele, o porteiro é uma figura má, não devemos ficar perto dele.
E com minha curiosidade perguntei o nome dela.
–E depois de algumas conversas nossa, nós não nos apresentamos, sou Dexter, e você?
–Não gosto de falar meu nome, mas você parece ser confiável, sou Beth.
–E Beth, você enxerga o mesmo que eu no hospital, isso eu percebi, mas você sabe como sair daqui?
–Infelizmente não, mas suspeito que seja pegando as chaves do porteiro, mas é muito arriscado.
–Realmente depois do que vi que ele fez com o coitado do paciente não quero chegar perto dele por enquanto, mas agora tenho que ir na minha ala, te vejo depois Beth.
–Até depois, amigo.
Com isso fui caminhado até minha ala e indo até meu quarto para passar o tempo, mas todo o lugar parecia estar mais macabro do que antes, e olha que isso era um feito difícil de se fazer.
Bom, pelo menos o ponto alto do meu dia foi descobrir o nome da garota, que se chama Beth, então não ia ficar com a curiosidade me corroendo todo, pelo menos isso. E com isso acho que meu dia se encerrou.
• • •
Então acordei e tudo parecia normal, pelo menos nos primeiros minutos, mas comecei a sentir uma horrível dor de cabeça e tonturas, e com a consequência disso, perdi totalmente o controle do meu corpo, sem ter intenções de fazer isso, mas fiz, coloquei meu quarto a baixo, estava destruído, ele não estava reconhecível de tão arruinado que estava. Imediatamente os enfermeiros e enfermeiras apareceram e me seguraram com muita força, e claro, eu tentando me libertar, com tudo isso fui internado em outra ala, em uma ala mais forte, para pessoas com problemas mais fortes.
Com tudo acabado os enfermeiros mais fortes me colocaram em um quarto com porta e me trancaram lá dentro, mas eu estava totalmente fora de controle, minha mente estava muito bagunçada, tinha pequenas visões da figura do porteiro matando a metade dos internados e tudo parecia muito real, de alguma forma tinha certeza que as minhas visões eram reais.
Depois de algumas horas fui solto do quarto forte, e claro, minha mente já tinha se acalmado naquela hora. Fui dar um passeio na ala nova do inferno e ver qual era a realidade do lugar, que era muito parecido com minha ala antiga, os padrões de construção não eram muito diferentes com a exceção de que não havia porteiro, mas sim um zelador.
Comigo foi passando uma figura corcunda, ela parecia meio desnorteada, com isso em meio, quando passamos por perto nossos ombros se encostaram e logo minha cabeça deu um apagão.
E de repente, estava em uma briga de família, mas uma dessas sérias, e enxerguei uma criança no canto com medo de se meter na briga, mas ninguém da casa me via como se estivesse em outro plano, e então decidi ouvir a conversa.
–Eu não vou cuidar de uma criança retardada, isso não é meu filho!
–Jorge! Pense no que você está falando ele é só uma criança e sim é nosso filho e temos que amar ele de qualquer jeito!
Com isso a criança em desespero fez o que os pais dela ensinaram, ela ligou para a polícia de medo, e com a conversa continuando, o pai pegou uma arma e soltou suas últimas palavras.
–Não vou ter uma família quebrada dessas!
E atirou na mãe e mirou no filho, mas na hora apareceu a polícia, que pulou em cima dele e o levou para a cadeia. E claro, o que iria acontecer com a criança? Os pais adotivos querem uma criança sem nenhum tipo de doença, então minha visão acabou.
Vi o que deixaria qualquer criança inocente traumatizada e foi o que aconteceu com essa pessoa, realmente essa área possuía coisas mais pesadas do que a outra. Mas estava chegando a hora da medicação e foi se formando a fila, e claro, quando chegou minha vez, só fingi que tomava meus remédios.
Com o dia totalmente cansativo e perturbado escolhi me deitar e tentar pegar no sono nessa nova ala para já tentar ir me acostumando por aqui. Aquela visão talvez me deu pesadelos durante a noite, mas torci para ter pelo menos uma noite decente aqui. E assim meu dia acabou.
Ainda durante a noite estava sem sono, parece que a insônia me atacou outra vez, então decidi ir até o banheiro para lavar o rosto. Estranhamente, enquanto estava caminhando, não havia ninguém na minha ala, absolutamente ninguém, mas pensei coisas estranhas acontecem aqui o tempo todo, deve ter algum motivo para terem tirado os pacientes daqui. Com isso continuo meu caminho até o banheiro, chegando nele, me olho no espelho, me certifico se não há nada de estranho em meu rosto, o padrão, mas de surpresa, uma figura com mais de dois metros com um rolo de chaves na mão como soqueira estava atrás de mim e disse:
–Eu sei o que você anda fazendo por aqui Dexter.
Depois de suas palavras ele tentou desferir um golpe em mim, mas por sorte consegui desviar. A primeira coisa que fiz foi correr o máximo possível do porteiro, peguei o caminho até o balcão de remédios e pulei para a área da cozinha e me escondi atrás de uns armários metálicos. Com isso o porteiro foi indo com uma postura confiante, e chegou até a cozinha falando as seguintes palavras:
–Não adianta se esconder de seu destino, mais cedo ou mais tarde você sabe o que vai acontecer.
Com isso fui me esgueirando entre os armários para ele não me ver, mas, puta merda, consegui bater em uma garrafa e ela acabou caindo no chão e quebrando! Com isso o porteiro saiu correndo atrás de mim, meu primeiro instinto foi correr até o banheiro e fechar a porta. Com a corrida mais rápida que dei em minha vida, consegui chegar no banheiro a tempo de fechar a porta, mas havia um pequeno detalhe, não tinha como trancar a porta. Com isso, olhei no espelho e o espelho deu uma trincada e surgiu uma pequena faísca de luz que me levou de volta para meu quarto.
Parecia que tudo aquilo fora um pesadelo, mas ainda era noite e não sabia se iria conseguir dormir depois desse pesadelo, mas tudo pareceu tão real.
Com isso fui verificar se o lugar ainda estava vazio como em meu sonho e com sorte ou não, não estava, todos estavam dormindo. Estava em pura adrenalina por causa daquele maldito pesadelo, realmente esse lugar era um inferno. Com todo o lugar verificado, voltei para minha cama e tentei dormir um pouco, só para me aguentar durante o dia.
Mas infelizmente não consegui dormir, então decidi ir até o banheiro e ir até o espelho, já que foi ele que me salvou do porteiro. Seguindo alguns passos e chegando até o espelho, o olhei atentamente, e assim ele se trincou e fui guiado com uma luz para outra ala sem ninguém, para um lugar totalmente vazio, exceto por uma enfermeira. Então dei alguns passos até a enfermeira e perguntei com um tom de voz de dúvida:
–Olá, onde estou?
–Você está em sua própria mente, aqui você poderá ver suas melhores e piores lembranças, basta sentar nesta cadeira.
Então ela me mostrou uma cadeira com um tipo de capacete para encaixar na cabeça, aquilo me parecia muito suspeito, mas por então não queria visitar minhas memórias naquele momento, já estava perturbado demais. Deste modo decidi ir atrás de volta para o fim do corredor e ir para o espelho outra vez e olhar fixamente para ele, e com isso voltei para a realidade, depois de tantas loucuras eu decidi voltar para meu quarto e tentar dormir e pela primeira vez rezar para a insônia não me atingir.
No dia seguinte fui até uma sala que nunca fora antes que era a sala de recreação. Estava curioso e então decidi dar uma passada lá para ver como era. A sala ficava no andar de cima, subi alguns lances de escada e cheguei até o lugar, onde tocava uma música meio bizarra em uma vitrola, quem hoje em dia usa isso? Mas por que julgar o material do lugar? Estava no inferno mesmo.
Passando pelo lugar um homem meio de idade falou para mim.
–Olá jovem, gostaria de jogar uma partida de xadrez?
Então, educadamente, respondi:
–Claro, por que não?
Xadrez nunca foi o meu forte, mas aceitei para distrair a minha cabeça de tudo que havia acontecido.
Algumas partidas jogadas, percebi que o velho realmente era muito bom no jogo, só havia conseguido ganhar uma e achava que ele tinha me deixado ganhar por misericórdia, mas ele realmente era bom, depois de cansar de jogar o jogo falei para ele:
–Foi um bom jogo, distraiu minha cabeça, obrigado.
Estendi o braço para fazer um comprimento, e na hora que ele tocou em minha mão, minha cabeça teve um apagão. Logo estava em uma casa muito bonita, uma casa de alguém com um salário bem generoso e com isso enxerguei ele e percebi ele falando na porta com algumas pessoas. Decidi ouvir a conversa.
–O senhor tem horário para agora?
–Claro que tenho, vamos ver os dentes dessa menina.
E ele deu um sorriso no rosto, então a mulher que presumi ser a mãe da garota foi embora e deixou a garota na casa do homem, que parecia ser um dentista, vendo os dois descendo até o porão onde ficava o escritório onde ele trabalhava. Ele prendeu a frágil garota em cordas de couro, e meu Deus, como gostaria de não ter visto aquilo, ele sedou ela e cortou os membros dela e costurou outros em troca, como se estivesse fazendo uma boneca bizarra, mas ele estava tão tentando com a obra dele que não percebeu a mãe da filha espionando e ligando para a polícia em desespero, mas mesmo assim ele atacou a mãe da garota.
Com tudo terminado a polícia pegou ele e mais outras quatros meninas escondidas no mesmo estado da outra, parecia ser uma perversão dele, e então minha visão acabou.
Não consegui me segurar, vomitei na hora e não consegui olhar nos olhos daquele velho simpático que me convidou para jogar xadrez da mesma forma. E claro, o zelador ficou de cara feia comigo por ter que limpar a bagunça que fiz na sala de recreação. E com isso meu dia estava acabando e fui para meu quarto tentar esquecer de tudo que tive naquela visão horrível, tentei dormir, mas claro que não consegui, então decidi ficar acordado durante a noite mesmo.
Com a noite horrível que tive, pensei em uma ideia, já que consigo ver as verdades das pessoas, suas profundas e mais reveladoras historias, quem sabe tentar fazer isso comigo mesmo pode ser uma boa ideia, não pode?
Com isso, no meu quarto, me preparei e sentei em minha cama e fiquei o mais concentrado possível e o mais calmo possível, como uma meditação. Fiquei alguns minutos na mesma posição e depois quase uma hora, mas depois houve um apagão, tudo que enxergava em minha volta era branco e um espelho trincado e uma cadeira, depois enxerguei dois de mim, um sentado na cadeira e outro na frente, com uma faca apontada para o outro, e logo depois a minha própria figura esfaqueia a outra, e com isso elas acabam sumindo, como areia se esvaindo ao vento.
Depois apareceu uma porta, uma porta bem simples, uma porta de madeira, e comigo abrindo ela e entrando nela, ou será que estava saindo de algum lugar? Será que isso pode ser uma representação de talvez de ter uma chance de sair deste lugar? Mas e a outra visão que tive de minha figura esfaqueando a outra? Seria meu fim aqui?
E depois de um tempo acordei da meditação. Aquilo que tinha visto, seria o meu fim ou minha liberdade? Isso eu descobriria mais tarde, com o dia passando enxerguei o porteiro em seu devido lugar, mas estranhamente ele parecia estar mais amigável, e vi ele conversando com um dos internados, muito estranho.
Depois de um tempo decidi ir conversar com porteiro. Chegando alguns passos perto dele, ele já me cumprimentou como se fosse um conhecido e com aquela forma estranha dele com mais de dois metros de altura, a nossa conversa foi um bate-papo que se podia jogar fora, foi uma conversa vazia, achei muito suspeito aquilo, com certeza não era normal.
Com tudo acontecendo estranhamente, decidi espionar o porteiro para ver o que ele estava aprontando. Com o passar das horas a ronda dele acabou, e ele foi seguir o caminho dele e, claro, fui seguindo ele. Ele foi seguindo até umas escadas e descendo até elas, indo até umas partes subterrâneas, com ele dando umas olhadas para ver se ninguém o estava seguindo e eu dando o meu melhor para não ser notado. Assim chegamos ao lugar que ele queria estar. Parecia ser um lugar de cremação, havia muitos corpos e com ferimentos graves parecidos que foram feitos a socos como o que ele faria com o rolo de chaves que ele segurava na mão, com ele queimando os corpos para não deixar nada sujo no inferno. Fui me esgueirando pelo lugar para ver se achava algo de interessante e cair fora dali, mas acabei achando um bilhete, peguei ele e sai do lugar o mais silenciosamente possível.
Voltando para meu quarto abri o bilhete e li.
“Queime os corpos que você eliminar e de uma história falsa para a família das vítimas, pois não queremos a polícia na nossa cola, então faça o possível para tudo parecer discreto, e você também seja discreto. Aquela última morte no corredor foi lastimável. Se ocorrer outra vez, haverá consequências”
Sabia que havia algo de errado. O porteiro só estava agindo de forma amigável para não chamar atenções desnecessárias. Com tudo terminado, voltei para meu quarto e tentei relaxar mais uma noite, mas parecia que aqui isso era impossível.