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Capítulo 4 Novo colega de quarto

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Com a noite acabada, sou acordado pelo meu colega de quarto, Joe, e com ele dizendo as seguintes palavras:

–Acorda cara, temos que tomar os remédios agora.

–Está bem, me dê um minuto.

Naquela hora não sabia se dizer a verdade sobre os remédios para ele, pois não sabia se ele era de confiança ou não, mas parecia empolgado em tomar as medicações, então eu falei para ele:

–Você está feliz que está na hora de tomar os remédios?

–Claro, os remédios me acalmam.

–Hum, então aproveite o momento.

Fomos nós dois até a fila para tomar nossas medicações, mas claro que não iria tomar nada, chegando a vez dele, ele tomou com vontade, com um sorriso no rosto. Acho que os remédios controlaram ele, quando chegou minha vez, fingi que tomei e deixei o próximo e segui a fila.

Voltando para o quarto com meu colega, a primeira coisa que fiz foi sentar em minha cama para passar o tempo, e com isso Joe chegou perto de mim para falar alguma coisa e encostou em mim, e de repente um apagão.

Estava em um quarto muito bagunçado, observei bem ele, e vi uma figura bem no canto do quarto com um frasco e uma seringa, chegando mais perto consegui ler o que tinha no frasco, e era morfina, como ele me falou que era o vício dele. A figura se injetava tal líquido, com isso ele tinha vários efeitos colaterais do vício da morfina, mas vi ele ter muitas crises de náuseas e movimentos anormais do corpo. E com isso minha visão acabou.

Com isso escutei uma voz, e era a de Joe:

–Cara, você está bem?

–Sim estou, por quê?

–Você ficou um tempo parado olhando para a parede, isso foi muito esquisito.

–Acho que acabei dando uma descansada na cabeça por alguns segundos, nada para se preocupar.

E com isso a conversa acabou e ele ficou me olhando como se fosse algum tipo de maluco ou algo do tipo, mas agora não me importo mais, todos aqui somos de alguma forma loucos, só tenho que pensar se vou dizer para ele sobre os remédios, mas me pergunto, o que a Beth teve para confiar em mim para me dizer sobre os remédios?

Com tempo passando decidi passar meu tempo caminhado pela ala que estou, e nela enxerguei o mesmo inferno de sempre, o tom avermelhado e as paredes descascadas, tudo em uma visão ampla de um lugar muito desagradável ao olhar de muitos. Passando pelo corredor enxerguei rapidamente pela minha visão periférica um homem com um capuz negro, e na hora virei minha cabeça e não enxerguei mais nenhum homem.

Depois de um tempo passando perto do banheiro, o espelho da uma pequena trincada, como se ele quisesse chamar minha atenção, mas minha cabeça não estava bem para revisitar memorias passadas, chegando perto do porteiro, decidi dar meia volta e voltar para meu quarto, pois ele não é uma figura muito confiável de se ficar perto. E me pergunto como será que Beth está? Desde que mudei de ala não a vi mais.

Chegando perto de meu quarto, vi que Joe estava deitado, mas não dormindo, quando cheguei ele logo me falou:

–Cara, tenho que falar, tem algo estranho com você.

Com um tom de surpresa pergunto:

–Como assim?

–Você parece o tempo inteiro cansado e carregando o peso de alguma coisa nas costas.

–É este lugar, não me adaptei muito bem a ele ainda.

Mas decidi entregar o jogo a ele, falei o que os remédios faziam para ele e tudo que eles escondiam, e todas as visões que tive depois que parei de tomar, tentei do jeito que fazia mais sentido para ele, para não parecer um maluco perante a ele, e com um tom de surpresa ele me disse:

–Cara, você só pode estar maluco.

–Pare de tomar os remédios e você vai ver a verdade desse lugar.

Conversamos bastante e não conseguimos chegar a nenhuma conclusão, mas fiquei o máximo possível tentando fazer ele parar de tomar os remédios, para provar que não estava maluco ou mentindo, mas não o culpava por achar o que falava um absurdo, pois qualquer um pensaria a mesma coisa, até eu, só que em meu caso fiquei tantos dias aqui que quando Beth me disse para não tomar a medicação eu o fiz na hora. Não sei faz quanto tempo Joe está aqui, mas estava desesperado por ajuda, e Beth de alguma forma me mostrou a verdade deste lugar, mas a conversa foi se esticando mais ainda e eu achava que estava perto de conseguir fazer ele parar de tomar suas medicações, e assim provar que não estava maluco, e pelo menos ter mais um amigo de confiança aqui.

Assim o dia foi passando e Joe se decidindo se parava de tomar suas medições ou não, confiança era tudo naquela hora, mas de alguma forma via ele curioso para parar de tomar os remédios, com isso cada um em sua cama e ficando noite, fomos dormir, e claro, a insônia não me deixou dormir outra vez, não sei quanto tempo irei aguentar em pé.

Com a noite terminada e o dia começando, Joe falou para mim:

–Fiz minha decisão

–E qual seria ela?

–Não vou tomar meus remédios hoje.

–Ok, assim você irá ver que não estou maluco.

Esperamos o tempo passar, e chegando a hora de tomar a medicação, foi se formando uma fila. Nós éramos os últimos, primeiro chegou minha vez, de tantas vezes que já fingi haver tomado a medicação, já virei mestre nisso, peguei as pílulas e enganei a figura assustadora do enfermeiro e segui em frente. Depois foi a vez de Joe, ele pegou a medicação como fiz e tentou fingir exatamente como eu, por sorte ele foi convincente também e assim ele saiu de lá.

Alguns minutos depois, em nosso quarto ele começa a pôr suas mãos na cabeça, como se estivesse tendo uma dor horrível e assim ele me falou:

–Cara tudo aqui está mudando!

–Fale baixo, assim vamos chamar atenção desnecessária.

–O lugar está mais vermelho, e as paredes estão se descascando.

–Eu falei que a medicação escondia tudo isso.

–Agora vamos tentar fazer você ter uma visão.

Com isso fomos até o corredor e encontramos uma figura simples, então dei um pequeno empurrão, e Joe encostou a mão dele no braço da figura. Passou um tempo e ele me disse:

–Cara, não tive visão nenhuma.

–Como assim? Pensei que isso era um dos efeitos para quem não tomasse os remédios.

Então escutei uma voz macabra, mas jovem, em minha mente:

–Seu tolo, você ainda não percebeu? Nem todos podem ter a habilidade da visão, você pode se considerar um escolhido por isso.

Então só alguns podem ter a tal visão, a Beth nunca mencionou que a tinha, e que só enxergava verdade do lugar, será que sou só eu que enxergo a extrema verdade das pessoas aqui, a visão? Isso terei que descobrir encontrando Beth outra vez.

Então depois de tais eventos passados, como o Joe ter descoberto a verdade sobre o lugar, discutimos sobre a visão, e vimos que quem a possuía era só eu, e ele só tinha a visão do lugar e não das pessoas em si. Falei para ele sobre Beth e de como ela me falou para não tomar os remédios, ele ficou curioso para conhecer ela, mas ela estava em outra ala. Teríamos que fazer que os médicos ou enfermeiros troquem a gente de ala, no caso para minha ala antiga.

Do mesmo modo, Joe e eu agimos o mais normal possível, para ver se conseguíamos ir para a ala mais tranquila, que era onde ficava a Beth. Com tudo isso via que os enfermeiros ficavam discutindo, isso dava para perceber, eles não queriam ocupar o espaço de alguém que precisasse de uma ala mais forte aqui.

Com a noite chegando, decidimos ir ao quarto e ir dormir, mas Joe teve sua primeira noite no inferno, e eu falei para ele:

–E agora como é dormir no inferno?

–Cara, não tenho palavras para descrever.

E assim tivemos tentativas de dormir. Com a manhã chegando, os enfermeiros entraram em nosso quarto e falaram para nós:

–Vocês serão transferidos para outra ala.

E assim Joe e eu fomos seguindo as figuras meio macabras dos enfermeiros até a minha ala antiga, com isso preparamos o quarto, e a primeira coisa que fiz foi procurar Beth no pátio do inferno, e lá estava ela, Joe estava comigo, chegamos perto e de forma amigável apresentei Joe:

–Olá Beth, esse é Joe.

–Olá Joe, você também não está tomando os remédios?

Então Joe respondeu:

–Sim, faz um dia, Dexter me convenceu.

E então eu perguntei para Beth:

–Beth, você tem visões do passado das pessoas? Porque eu tenho e isso está me perturbando muito.

–Não, você tem? Então você tem uma força a mais entre nós aqui, eles vão querer você por isso.

–Mas como assim?

–Pelo que soube houve um paciente que tinha as mesmas visões que você tinha, e o hospital aqui usou a habilidade dele, no caso usando o sangue dele nos remédios para neutralizar a mente dos pacientes, mas isso é só um rumor.

Então respondi com surpresa:

–Temos que manter isso em segredo por enquanto, combinado amigos?

E os dois únicos amigos que tinha neste lugar concordaram.

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