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Prólogo

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– Não rapto mulheres – replicou Lazaro Herrera com um tom sombrio, de costas para a janela que dava para a elegante avenida Santa Fé de Buenos Aires. – Posso ter fama de ser cruel, mas é por uma questão de negócios, não por algo pessoal.

– Às vezes não tenho tanta certeza assim de que não seja algo pessoal – murmurou Dante Galván.

Lazaro virou-se para observar o homem que dirigia as Empresas Galván, o único diante do qual tinha que responder. Dante podia ser director executivo, mas como presidente, ele era o director em funções.

– Até eu tenho escrúpulos e traço a linha nos raptos.

– Interpretas-me mal. Jamais falei em raptos. Zoe é a irmã mais nova da minha esposa. Só tem vinte e dois anos. A única coisa que quero é protegê-la.

Lazaro semicerrou os olhos.

– Proteger Daisy, queres dizer – Dante não respondeu. – Nem Daisy nem tu gostam desse americano, Carter Scott…

– Por bons motivos.

– De modo que o que realmente fazes é proteger Daisy de notícias desagradáveis.

Dante não respondeu imediatamente. Apertou os lábios.

– Daisy não pode perder este bebé. Não pode aguentar esta situação agora nem pode tolerar más notícias e sob nenhum pretexto vou deixar que sofra outro aborto – a dor palpitou-lhe na voz, junto com a ira e a impotência.

Lazaro estava ao corrente dos dois abortos que Daisy tinha sofrido. O segundo, no ano anterior, com a gravidez em estado avançada. Tinha ficado devastada com a perda e Dante tinha tirado seis semanas para estar com ela durante a convalescença na estância. Foi nessa altura que Lazaro assumiu a direcção completa da corporação.

Infelizmente, Dante não sabia que se estava a pôr nas mãos de Lazaro, não sabia que cada movimento que realizava, cada porção de poder que entregava, só reforçava a posição de Lazaro e debilitava a sua.

– Sou feliz por te ter – comentou Dante. – Se não fosses tu, estaríamos todos metidos em problemas.

Lazaro ficou tenso, pois a consciência pesava-lhe pela gratidão de Dante. Odiava as emoções contraditórias que ferviam no seu interior. Virou-se para contemplar o horizonte de Buenos Aires, que cintilava sob o sol.

Pela primeira vez em muito tempo, desprezava o que tinha começado com os Galván. No entanto, apesar de se sentir embargado pelas recordações de um passado escuro, sentiu a preocupação de Dante por Daisy, a carga que o próprio Dante suportava e desejou avisá-lo de que tivesse cuidado. «Não confies em mim. Não te sintas a salvo comigo. Não permitas que me aproxime da tua família».

Mas não falou. Guardou a culpa e o sentido de compromisso e pensou que os problemas de Dante não eram os seus. Nem a dor que o outro sentia, nem a perda. Respirou fundo, endureceu as suas emoções e lembrou-se que não era uma simples inimizade. Tratava-se de uma vingança. Mais do que uma vingança.

Era pela alma de uma pessoa.

Da sua mãe.

Com o coração coberto de gelo, virou as costas à cidade banhada pela luz para encarar o seu secreto rival.

– Qual é o plano?

Uma vingança  deliciosa

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