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Capítulo Três

Depois de pegar um monte de baldes brancos reciclados de sorvete com alças úteis de debaixo de um balcão para coletar as bagas, eu saí pela porta da frente do café. Parei bruscamente e cutuquei o fundo da minha cabeça. Como posso ter esquecido? Deve ter sido a conversa sobre aqueles malditos comestíveis. Ignorei a outra parte mais escura, já que um dos meus lemas era, não pense nisso e isso vai sumir. Eventualmente.

— Volto de noite. Tranquem esta porta. Se começarmos a vender no nosso dia de folga, nunca o conseguiremos de volta. E eu espero que esteja tudo perfeito para as boas-vindas da vovó — prestem atenção! E não se esqueçam, ainda precisamos de mais biscoitos de manteiga de amendoim e cupcakes de creme de chocolate para o Festival da Vizinhança de amanhã. Ah, vou trabalhar no tombo molhado1 das uma às duas, então vocês terão que fazer sem mim.

Por que eu concordei com isso? Agora eu seria um rato molhado durante a maior parte da tarde. Por causa do orçamento de Natal da cidade, é por isso. Mas pelo menos eu não tinha que beijar uma mula como a moça do correio fez. Ela já levantou mil e quinhentos dólares, o que era bastante impressionante para a nossa cidade pequena. Encharcar uma McCall não valia tanto.

— Sim, sim, capitã. E tenha cuidado, Montana Jones avistou um enorme urso-negro quando ela estava colhendo ontem. — O sorriso fácil de Tulipa foi rapidamente seguido pelo olhar perfurante de Estrela. Embora as duas fossem idênticas na aparência, elas não eram nada parecidas na personalidade. E eu era a garota estranha, tendo sido gerada de um óvulo separado — ou universo, aparentemente. Nós nem parecemos ser parentes. As gêmeas eram loiras, bronzeadas lindamente e tinham olhos azuis-claros, enquanto eu tinha cabelos de ébano com olhos violetas e lábios naturalmente vermelhos. Vovó Toogood gostava de dizer que eu a lembrava de Elizabeth Taylor e Branca de Neve. Agora, se eu apenas tivesse sete pessoinhas para me ajudar…

Eu não ouvi as palavras murmuradas de Estrela, e provavelmente era melhor assim. Dei uma rápida olhada nas duas direções da Rua Principal, admirando como todos tinham aderido este ano ao novo conselho da cidade para dar um charme de velho mundo às fachadas das lojas. Floreiras, pavimentação de paralelepípedos vermelhos, luzes de rua antigas com plantas suspensas, bancos de ferro forjado com placas prateadas complementando o negócio que os havia doado, e barris vermelhos brilhantes para lixo deram à cidade um visual que eu declarei como perfeito.

Balançando meus baldes, fui para o meu Jeep Cherokee enferrujado — também conhecido como Thor — que troquei com um velho caçador no ano passado. Quando joguei os baldes na parte de trás, liguei o motor e fui para os limites da cidade, a poucos quarteirões, no final da Rua Principal e da Sexta Avenida. O Lago Nevado era uma cidade compacta, ganhara apenas alguns poucos moradores na última década, e tinha perdido quase o mesmo. Eu me virei para a trilha estreita que levava à floresta.

Eu sacudi pelo caminho irregular, acompanhada pelas alças de metal dos baldes tinindo alegremente por causa do balançar da viagem, a suspensão desgastada do jipe gemendo e rangendo com o esforço. A falta de um rádio não me preocupava. Cantei um refrão energético, pensando no meu segundo cantor country favorito depois da minha irmã, o primeiro e único Johnny Cash.

— Nos casamos num frenesi, mais quente que um broto de pimenta. Estivemos falando sobre Jackson, desde que o fogo se foi. Estou indo para Jackson, vou aprontar. Sim, eu estou indo para Jackson. Cuidado, cidade de Jackson.

Cantar era uma maneira de alertar os ursos-negros de que eu estava em seu território, embora isso não queira dizer que eu não carregue meu próprio spray de pimenta caseiro feito de essência extra picante de pimenta, preparado no fogão da cozinha no último inverno.

Parei ao lado da trilha perto da minha área de coleta favorita, desliguei a ignição e pulei do jipe.

Ah, natureza. Uma águia careca voando no alto combinava perfeitamente com meu humor. Ele voou majestosamente contra os azuis suaves do céu do meio do verão, sua coroa branca uma prova de seu reinado contínuo. Colocando as pernas da minha calça dentro das minhas botas — eu realmente odiava carrapatos — eu me pulverizei com repelente de insetos e caminhei até o primeiro arbusto de saskatoon. A grama seca sussurrava com meus movimentos, e eu espirrei alto por causa do ataque aos meus nervos olfatórios. Três espirros altos. Meu nariz ia ficar vermelho como uma beterraba. Parando um segundo para assoar o nariz com um lenço, apertei mais meu rabo de cavalo alto e observei a colheita deste ano que eu estava de olho há semanas. Ahá, cheguei antes dos ursos este ano.

Me certificando de que o spray de pimenta estava preso no meu cinto, comecei o trabalho pegajoso de remover a recompensa abundante. Continuei cantando para alertar a vida selvagem — era melhor do que uma buzina a ar — trocando de Jackson para Sunday Morning Coming Down de Kris Kristofferson. Embora Estrela fosse deitar e rolar com algumas das referências de drogas na letra, eu adorava a melodia solitária do poeta bardo.

— Porque há algo no domingo, que faz com que um corpo se sinta só. E não há nada mais solitário, isso é metade da solidão do som. Das calçadas adormecidas da cidade, e o domingo está chegando ao fim.

Menos de duas horas para encher quatro baldes. Inacreditável. Eu teria galões de frutas azedas e roxo escuro no final do dia. A colheita deste ano se transformou em nossa marca mais vendida de geleia e traria uma doce quantia de dinheiro. Eu arrastava cada balde de volta ao jipe quando os enchia, não querendo derrubá-los acidentalmente e derramar seu precioso conteúdo na sujeira.

Então houve um barulho alto de galhos quebrando. Droga, companhia indesejada. Meus dedos agarraram a garrafa de spray na minha cintura. Esperei por outro som para me alertar da direção do intruso. Com o sol nos meus olhos, eu os apertei para verificar a paisagem, girando minha cabeça para frente e para trás.

Lá.

Eu vi o movimento de uma criatura ereta extremamente grande vindo na minha direção, passando através do matagal grosso e da cobertura elevada, como se tivesse apenas uma intenção — me fazer mal. Eu não me importei se era um enorme urso-negro ou o lendário Pé Grande. De qualquer forma, eu atacaria primeiro, com a faca afiada escondida na minha bota se chegasse a isso. Pulverizei a substância nociva do quadril, direcionando o grande fluxo do meu cinto.

Houve um grunhido alto de surpresa. — Aii, por que você fez isso? — Mais gemidos de agonia humana se seguiram.

Oops.

Para fora dos arbustos tropeçou um homem muito grande — não o Pé Grande, mas bem perto disso. Vestido em um blusão preto, jeans negros e botas de combate extra-grandes, ele usava um Stetson preto muito agradável, acompanhado por uma grande careta. E oh minha nossa, quando ele me prendeu com um olhar de seus assombrosos olhos castanhos sob aquele chapéu espetacular de garoto malvado, minhas entranhas deram um pulo. Uau.

— Oh minha deusa! Eu sinto muito! Pensei que você era um urso-negro. Se eu soubesse que você era — bem você, eu nunca teria pulverizado.

O alto pedaço de homem estava ocupado demais lavando o rosto com uma garrafa de água para me dar uma resposta. Esperei, mastigando meu lábio inferior e desejando poder afundar no chão. Mas quem andava fazendo barulho pelos arbustos de maneira tão óbvia? Um urso, é claro. Um predador terrestre sem medo de ser humanos e querendo dar uma mordida em mim.

— Senhora, eu estava vindo para alertá-la. Um urso foi avistado perto daqui. Eu a ouvi gritando e pensei que você poderia estar em apuros. Não esperava ser pulverizado com spray de pimenta por causa disso.

Olhei em volta com cautela. Talvez fosse hora de voltar para a cidade e trazer um grupo de pessoas para coletar bagas outro dia quando eu poderia colocar alguém para manter vigia. Eu tinha enchido quatro baldes. Não é muito ruim.

Espere.

O que ele acabou de dizer?

— Eu não gritei. Eu estava cantando. E com certeza isso é melhor do que se jogar no arbusto como o Pé Grande.

— Se você diz, querida. — Aquilo foi um brilho nos olhos dele? O resto de seu lindo rosto permaneceu inescrutável, me fazendo sentir borboletas na barriga novamente. Ele chegou mais perto e o fedor acre do spray de proteção em suas roupas fez meus olhos arderem com simpatia. Nossa.

Ele viu minha careta. — Não é um odor tão agradável de estar perto, concordo. Sou o oficial Ace Collins, à propósito.

— Da PRMC2? — Minha voz saiu em um guincho alto. Droga. De todas as pessoas que eu poderia ter borrifado, como consegui um homem da lei? Ele deve ser novo na cidade ou eu já teria ouvido falar dele. As notícias viajam mais rápido do que a velocidade da luz por aqui. Não é ruim, considerando que a luz viaja 299,792,458 metros por segundo e leva oito minutos e dezessete segundos para nos alcançar do sol. Eu amo fatos curiosos.

— Peço desculpas. — Eu dei a ele a minha melhor cara de desculpas. — Mas com você trovejando pelo arbusto, eu realmente pensei que você fosse um urso. Diabos, você é grande o suficiente para ser um.

— E você é? — Nem uma sugestão de um sorriso naquele rosto sério. Aposto que ele tinha todos os criminosos prontos para se renderem. Um olhar para os ombros musculosos extra-largos e para a mandíbula de granito e eles desistiriam.

— Encanto McCall. Minhas irmãs e eu administramos o café Chá e Tarô na Rua Principal.

— Bem, Encanto McCall, acho que é melhor sairmos daqui. Lá vem o urso. — Ele apontou para uma forma grande que avançava, apenas visível nos cantos dos meus olhos.

— Oh, droga! — Ativei o modo de sobrevivência. Corra. Nunca se finja de morto para um urso-negro — eles vão achar que você decidiu se tornar um lanche de alta proteína. Dei um salto para dentro do jipe em tempo recorde. Uma explosão de atividade do meu lado direito provou que o homem da lei teve um pensamento rápido parecido. Liguei o motor, engatando a marcha do veículo.

— Se segure!

Nós viajamos em alta velocidade durante alguns minutos insanos antes de chegarmos na estrada principal de volta para a cidade. Aliviei meu pé no acelerador e olhei para o meu passageiro. Ele parecia um pouco pálido.

— Você está bem?

— Sim, claro. — Ele soltou os dedos do painel e endireitou o chapéu que havia caído para frente. — Você sempre dirige assim?

— Não. Somente quando um urso quer um pedaço da minha bunda. — Olhei para ele e o peguei me checando. Ele parecia ter vinte e poucos anos. Sim. Perfeito.

— Você deveria vir para o café. Tome um pouco de café e uma sobremesa por conta da casa. Eu te devo — pela resposta rude à sua tentativa de me ajudar.

— Desculpe, hoje não. Talvez outra hora.

Decepcionada, fiz a curva para a Rua Principal. Com o cheiro do spray de pimenta se dissipando, eu podia detectar uma fragrância diferente por baixo. Um cheiro amadeirado fresco. Bom. Cheirar bem sempre é algo bom.

— Onde posso deixar você?

— No destacamento. Vou voltar para buscar minha caminhonete mais tarde. De qualquer maneira eu preciso entrar.

— Certo. — Fiz a curva no Tesourada com sua tesoura enorme empoleirada no telhado. Tinha até uma história, de quando o estranho artefato tinha caído na calçada durante uma tempestade de gelo anos atrás. Ela havia sido fixada de forma mais segura desde aquilo, graças à deusa. O salão de beleza ficava ao lado do nosso café e era bem movimentado. Parei na primeira entrada de garagem à direita. — Você gosta de música country? — Perguntei quando ele saiu do banco da frente.

— Sim, claro. — Ele me deu um olhar questionador, fechando a porta barulhenta do passageiro. Duas vezes. Ela nunca fechava na primeira tentativa.

— Ótimo. Venha ao Botas e Renda hoje à noite. É a noite dos homens. A primeira bebida é grátis. E minha irmã Estrela vai cantar, o que é algo incrível.

— Você tem mais família na cidade? — Ele descansou a mão na parte de cima da janela aberta do jipe. Ele se curvou para ficar da minha altura, seu belo rosto preenchendo o espaço de uma forma alarmante.

— Sou uma de três trigêmeas. A mais velha por um dia, então estou no comando.

— Eu aposto que você está — ele murmurou.

— Desculpe, eu não ouvi.

— Eu disse que adoraria ir.

— Excelente! Eu te apresentarei à cidade. Este é seu primeiro trabalho?

— Não. Passei três anos em Vancouver após completar meu mestrado em criminologia.

— Sério? Eles mandaram um homem com suas credenciais para cá? Sem ofensa, oficial, mas o Lago Nevado não é um centro de crime. O que você fez?

— Aparentemente, minha atitude notável em ajudar os outros que não viam o quadro completo durante a aplicação da lei não era o bônus que eu esperava que fosse.

— Não é a primeira vez que alguém foi rebaixado por saber demais. Detecto um pouco de sotaque do sul na sua voz?

— Culpado da acusação. Passei minha infância em Lexington, Kentucky, antes que meus pais, eu e meus dois irmãos nos mudássemos para o Canadá. Meu pai é um professor universitário e minha mãe é uma cientista especializada em virologia.

— Impressionante. Bem, amanhã é o Festival da Vizinhança, o que significa que você pode se vingar de mim pelo spray de pimenta. Vou ficar no tombo molhado.

— Sério? — Um sorriso genuíno apareceu. — Que horas?

— Ah, das uma às duas.

Ele parecia inteiramente presunçoso agora.

— Sabe, eu poderia ter levado você de volta ao seu veículo. — Estreitei os olhos, pensando em uma viagem de volta para depositar a doce bunda dele nas proximidades do grande urso-negro.

— Não, obrigado. Eu valorizo meu pescoço.

E com aquela última frase, ele saiu confiante, todo alto e forte para a entrada da frente do destacamento, exatamente como Marshall Raylan Givens do programa de sucesso, Justified que vovó e tia T.J. insistiram em comprar todas as temporadas em DVD. Exibido.

Fiz uma volta abrupta, aproveitando a nuvem de poeira que meus pneus grandes demais jogaram no edifício baixo que abrigava toda a força policial de um dígito da cidade, depois acelerei pela curta distância para casa.

Pegando um balde de bagas em cada mão, bati na porta da frente com a minha bota. Tulipa a abriu. — Há mais dois no jipe — grunhi passando por ela para depositar as frutas em uma mesa para clientes.

Estrela apareceu já vestida para o show da noite no Botas e Renda.

— Você está bonita — eu disse, admirando o vestido de cowgirl branco com franja e as botas de couro vermelhas.

— Você acha! — Ela girou, fazendo a franja dançar.

— Terminou a fornada?

— Ah, sobre isso…

Eu gemi alto. — Não me diga.

Tulipa voltou com os outros baldes de bagas, passando seu olhar entre nós e entendeu o que estava acontecendo.

— Eu vou ficar e terminar os biscoitos.

— Você queimou uma fornada de novo? — Fixei meu olhar em Estrela. — Se você tiver queimado, você vai ficar e terminar. Não Tulipa.

— Eu não tenho tempo. Tenho que ir até o hotel. Jerry ligou e disse que precisa de ajuda com a passagem de som.

— E sua família não precisa?

— Não foi minha culpa. Fiquei ocupada com um cliente e…

— Eu te disse para manter o café fechado. — Estrela nunca escutava.

— Você disse que precisávamos do dinheiro! E a pessoa comprou mais de cem dólares em cristais e cartas de tarô. Até um livro de feitiço dos mais caros. — A expressão de Estrela ficou assassina, como a música dela sobre Johnny do Lago Nevado.

— Estrela. — Balancei a cabeça. — Ok, saia daqui. Tulipa e eu vamos lidar com isso.

Ela me deu uma apunhalada final com os olhos irritados, saindo zangada pela porta da frente.

— O coração dela estava no lugar certo — Tulipa murmurou, apenas fazendo minha culpa ficar mais profunda.

— Sim, eu sei. Vamos lá, nós temos biscoitos para assar e bagas para limpar. E eu quero ver pelo menos um dos números de Estrela hoje à noite. Eu convidei alguém.

— Mesmo. Quem?

— O novo policial da cidade. Ace Collins. Acabou de chegar.

— Legal. Deve ter sido no fim desta tarde então. — Tulipa olhou para o relógio na parede, um dos meus favoritos, com sua imagem alegre de um galo cantando sobre o tempo. — A última atualização que recebi da tia T.J. foi às quatro e meia. Uma hora atrás.

— Provavelmente tirou uma soneca. Eu esperaria uma ligação a qualquer momento.

Assim que eu falei, o telefone tocou.

Tia T.J., apelido para Tegan Jane, vivia na Rua do Telégrafo, ao lado da biblioteca da cidade. Eu amo a casa dela, feita no estilo gingerbread3 com toques extravagantes como almofadas bordadas com provérbios antigos que aquecem o coração. Ela era a irmã mais nova da vovó por uma década, e pela reação de Tulipa, não precisava de um paranormal para saber que ela estava ligando.

— Tia T.J.. Claro, Encanto acabou de me dizer.

— Diga a ela que ela está falhando — eu provoquei. Arrastei as bagas para a cozinha. Se eu trabalhar como uma louca, posso terminar a tempo para um banho rápido e a segunda música da Estrela.

Três horas suadas depois, as bagas estavam no refrigerador e uma fornada enorme de biscoitos de manteiga de amendoim estava empilhada em bandejas de plástico transparentes.

— Você quer fazer o Feitiço Kismet? — Perguntei a Tulipa.

— Não, não tenho muita energia sobrando. Você faz.

— Agradecemos por esta recompensa da terra sagrada. Que este alimento seja seguro e nutritivo para todos os que o consumam e os abençoem à saúde ideal, dando energia, vigor e bem-estar. — Enviei minhas intenções positivas para o universo, visualizando o fluxo como um círculo de amor, apreciando o puxão no meu espírito.

— Droga, nós não abençoamos o pote de geleia que a Sra. Hurst levou. — Eu franzi a testa para Tulipa, não gostando da omissão.

— Vai ficar tudo bem, Encanto. Estou indo para casa me trocar. Vejo você lá. — Tulipa tirou o avental e saiu do café. Eu me arrastei passo a passo até as escadas de trás para a minha suíte e olhei para a porta fechada de Ivana. Um passo rangeu sob o meu pé e me encolhi, parando no meio do movimento. Eu rezei.

Mas não tive tanta sorte. Uma porta se abriu e nossa inquilina ficou ali, com as mãos em seus quadris curvilíneos. Seu cabelo vermelho selvagem dava uma impressão de movimento sinistro semelhante à famosa Medusa, mesmo quando ela estava parada. Seus olhos cinzentos me prenderam na parede e eu jurava que uma faísca saltou dela para pousar na minha camisa. Eu distraidamente passei a mão nela. Ela estava na casa dos trinta anos e era alguém que eu nunca queria aborrecer. Eu acho que ela tem relação com a máfia russa — pelo menos ela sugeria isso com frequência suficiente quando ela já tinha tomado algumas doses de vodca. É claro, todos a amavam. Esperto.

— Ivana, como está? — Perguntei, minha garganta apertando. Não havia muitas coisas que eu tinha medo, mas Ivana Petrov? No topo da lista com o Pé Grande. O inglês quebrado e seco dela apenas a tornava mais assustadora.

— Não muito bem.

— Oh? — A pele na parte de trás do meu pescoço formigou. — O que aconteceu?

— O que eu fiz para merecer tal insulto! Você não pensou em me convidar. Melhor amiga e vizinha do peito. — Ela estava sob a ilusão de que era tudo verdade. Ela bateu uma vez em seu coração sobre seu espetacular busto com um punho fechado, como se tivesse escolhido ser martirizada ao amanhecer no pátio.

— Bem, você sempre está convidada para tudo. Você sabe disso. — Eu estava ficando presa em um limbo, mas parecia a melhor saída. Ivana tinha uma reputação que ela trabalhava duro para manter, talvez sem saber — de agitadora. E em uma cidade conhecida por ter pessoas engraçadinhas, isso era uma façanha. O Lago Nevado ficava isolado do resto do mundo, especialmente no pico do inverno quando ficamos conectados apenas por estradas perigosamente congeladas, ou pelo nosso minúsculo aeroporto que esperava que um passageiro deixasse seu primogênito como garantia, então somos adeptos de fazer nosso próprio entretenimento em casa.

— Estrela canta como um doce pássaro do paraíso. Obrigada pelo convite formal. — Ela era toda sorrisos agora, e nisso eu confiava ainda menos.

Soltei a respiração que eu estava segurando. Eu já deveria estar acostumada com os dramas dela — ela era nossa inquilina há seis meses — mas eu continuava esperando que algo de ruim acontecesse. E acertasse minha cabeça. — Estarei pronta em vinte minutos. Quer ir caminhando comigo? — Não havia lugar na cidade que não pudemos alcançar em menos de quinze minutos.

— Eu aceito. — Ela bateu a porta atrás de si mesma para pontuar sua observação.

Eu abri a porta para o meu pequeno apartamento de três cômodos, desejando que eu pudesse me enrolar no sofá de camurça confortável e suave, para uma soneca bem longa. Em vez disso, corri para o quarto e tirei todas as minhas roupas, joguei-as no cesto de roupas, pulei no chuveiro para um banho de cinco minutos e depois saí para uma rápida aplicação de maquiagem.

Decorei os cílios ao redor dos meus olhos — meu melhor atributo, na minha humilde opinião — com lápis preto e rímel, seguido por uma rápida aplicação de pó translúcido no meu rosto e batom líquido brilhante nos meus lábios. Sequei meu cabelo com o secador e escovei meu cabelo que ia até a cintura até ele brilhar, segurando as ondas para trás com uma faixa de cabelo dourada. Sim. Vovó tem razão. Branca de Neve. Não importa quanto tempo eu passe ao sol, acabo ficando com a cor de alabastro. Suspirei. Apenas uma vez queria ser bronzeada, loira e ser três centímetros mais alta, como minhas lindas irmãs. Eu teria que me contentar em ser um gênio, ou pelo menos era assim que minhas irmãs adoravam me provocar.

Verifiquei o relógio ao lado da minha cama. Caramba. Dois minutos para me vestir. Ivana não era uma mulher paciente. Empurrando para o lado três quartos das escolhas no meu armário, todas ideais para trabalhar no café ou vadiar na floresta, eu encontrei. Meu vestido vermelho favorito. Me atrevo?

Deslizei dentro dele e alisei o tecido sedoso sobre meus quadris. A saia chegava à altura dos joelhos, onde se alargava — perfeitamente respeitável, caso qualquer um dos amigos da vovó falassem de mim — e cobria apenas o suficiente do meu busto avantajado para chamar a atenção de um homem. Quanto tempo faz desde que eu tive um namorado? Eu não queria pensar nisso. Deprimente demais. No Lago Nevado, minhas irmãs tinham toda a atenção, especialmente Estrela, que recebeu o nome perfeito.

Uma batida alta soou na porta. O tempo acabou. Sapatos. Mexi na parte de trás do armário, tirei meu par de saltos altos pretos e os calcei me equilibrando contra a parede, depois me apressei para pegar minha bolsa e correr para a porta antes que Ivana a derrubasse. As finanças estavam apertadas este mês e a mulher era tão forte quanto uma amazona.

— Por que você está sem fôlego? — ela perguntou desconfiada. Ela escolheu uma roupa laranja néon justa que cobria um pouco das partes importantes, com o cabelo preso em um coque atraente. Até mesmo laranja ficava bom nela, contanto que eu não ficasse do lado dela. Só precisava que alguém usasse verde e ficaríamos iguais ao único semáforo localizado no final da Rua Principal.

— Estou bem. Vamos.

O salão de dança do Botas e Renda era virando a esquina. Assim que saímos da parte de trás do café, a batida pesada da bateria e das botas no chão de madeira reverberou nas solas finas das minhas sandálias de tiras e na minha corrente sanguínea. Meus passos ficaram mais leves.

Corpos quentes pressionados, a fragrância de pipoca fresca e a promessa de cerveja gelada permeava o ar do bar quando entramos. Se o pulso de uma pessoa não acelerasse, era melhor chamar o legista.

Eu me inclinei e gritei na orelha de Ivana sobre o som de Estrela cantando no palco sobre um homem infiel, sua voz encantando a multidão como de costume. — Você reserva uma mesa e eu vou pegar a cerveja.

Ela assentiu e fez seu caminho pela multidão. Eu quase esperava ver linhas perfeitamente alinhadas de dançarinos em ambos os lados enquanto ela caminhava.

No bar, pedi duas garrafas de cerveja e um grande balde de pipoca a Darcy. Enquanto esperava que meu barman favorito de cabelos ruivos trouxesse nosso pedido, eu balancei com a música, observando o ambiente. Não que eu pudesse ver muito. O lugar estava sendo tomado por pelo menos um quarto dos residentes do Lago Nevado. Nossa cidade cresceu de forma substancial no verão, auxiliada por um esquema de publicidade inteligente que vendia uma oportunidade de minerar ouro de verdade no riacho que atravessa o lado sul da cidade, onde apenas eram encontrados pontos coloridos o suficiente para manter o interesse. Eu suspeitava que tia T.J., uma enorme defensora de todas as coisas locais, jogava pedaços de ouro de tolo no riacho na calada da noite.

— Aqui está, querida. A pipoca é de graça para uma moça tão bonita. — Darcy colocou meu pedido em uma bandeja, acrescentou um sorriso encantador e esperou que eu pegasse o dinheiro. Procurei na minha bolsa e lhe entreguei uma nota de vinte. Enquanto ele pegava o troco na caixa registradora, peguei um punhado de pipoca amanteigada e coloquei na boca. Humm.

— Boa noite, senhora.

Comecei a engasgar na massa de núcleos macios, e dei um rápido gole na cerveja.

— Oi, xerife — eu disse com um sorriso enorme, olhando bem, bem para cima, para o lindo rosto áspero do oficial Ace Collins. Ele estava vestido em um par de jeans desbotados que abraçava seus quadris magros e uma camisa branca de estilo country com o botão superior aberto para expor a pele lisa de seu pescoço e seu peito largo. Ele emitia uma confiança tranquila e um ar de mistério que homens intrigantes conseguiam com facilidade.

— Sou um policial. Embora xerife realmente tenha um bom som. — Ele tinha que se inclinar na minha direção para que eu pudesse ouvi-lo sobre a multidão barulhenta. A fragrância da colônia passou pelo meu nariz. Eu a respirei. Eu não tinha ideia da marca, tive que cheirar novamente, mais profundamente dessa vez.

— Você pegou seu veículo, certo?

— Claro. Só tive que usar uma buzina a ar para afastar o monstro.

— Tia T.J. usa a gaita de fole. Funciona muito bem. Em ursos e humanos.

Ele riu, dentes branco-pérola cintilando contra a pele bronzeada. Ele esfregou seu queixo esculpido recém-barbeado. Exibido. Ele deixou o chapéu em casa esta noite. Seu grosso cabelo escuro brilhava sob as luzes, penteado para longe da testa. Sim, Johnny Cash estava aqui. Meu corpo formigou com antecipação.

— Me diga por que você não me apresentou a este doce pedaço de policial, Encanto? Eu não troquei suas fraldas o suficiente para merecer algum respeito? — A voz da tia T.J. gritou no meu ouvido direito, causando um zumbido instantâneo. Ela não teria trocado uma fralda mesmo que sua vida dependesse disso.

— Nós só chegamos na cidade quando tínhamos oito anos. Acho que todas estávamos bem além do estágio de fraldas.

— Que seja. Então, qual é o seu nome, bonitão? Sempre quis ter um grande homem da lei. — Ela passou por mim, jogando a cabeça para trás para olhar o mais novo membro da nossa comunidade, então pensativamente lambeu os lábios para dar ênfase, caso suas palavras não tivessem sido claras o suficiente. Revirei os olhos, desejando poder desaparecer através do piso de tábuas largas.

— É melhor desfrutar da sua última noite de liberdade antes que a vovó chegue em casa e coloque essa bunda no lugar — murmurei para minha tia. Vovó Toogood era um bastião de decência e jogo limpo em quem eu confiava para manter a paz em mais ocasiões do que eu poderia contar. Ela era difícil de encarar.

Tia T.J. fingiu que não me ouviu, mas Ace levantou uma sobrancelha especulativa na minha direção.

— Venha, querido, vamos dançar! — Minha tia puxou seu parceiro recém-encontrado, como um barco de reboque arrasta um transatlântico naufragado antes de desaparecer na multidão. Fiz o sinal da cruz na parte superior do corpo, orando para que ele soubesse dançar.

Peguei a bandeja e fiz meu caminho até Ivana, depositando a cerveja e a pipoca na mesa em frente a ela.

Ela agradeceu, pegando a garrafa de cerveja e ignorando alegremente o copo alto fornecido. Dois tipos de mulheres, aquelas que gostam de ser ultrajantes, e aquelas que não gostam. Enquanto ela inclinava a cabeça para trás deixando o fluido fresco âmbar fluir pela garganta e ganhando os olhares de todos os homens próximos, eu coloquei a minha tranquilamente no copo.

— Eu tenho novo dever — ela gritou sobre o barulho, colocando a cerveja meio vazia na mesa com um barulho determinado.

— Sim? — Levemente curiosa, prestei pouca atenção nela enquanto observava minha tia arrastar seu grande policial ao redor da pista de dança como um boi premiado. Ivana nos conseguiu uma localização privilegiada. Eu não queria saber o que ela fez para conseguir esse lugar. Eu assenti para Estrela que cantava no palco elevado. A franja branca de seu traje brilhava contra sua pele bronzeada, seu cabelo loiro enrolado em longos cachos que saltavam quando ela se movia. Meus pés simplesmente não podiam resistir à música do two-step4, batendo os pés na batida debaixo da mesa.

— Minha missão — encontrar Encanto homem atraente.

Eu cuspi o gole de cerveja que eu acabara de tomar, limpando a boca com a parte de trás da minha mão. Acenei para ela, balançando a cabeça vigorosamente. — Não precisa. Estou bem. Nada de homem atraente, por favor.

— Nada de homem? — Ela fez beicinho, seus olhos estreitando perigosamente. Então o rosto dela se iluminou com um novo entendimento. — Mulher então, sim?

— Não! — Eu gritei. — Definitivamente sem homem ou mulher atraente para mim. Fique fora disso. Por favor.

A banda chegou ao fim de sua música, algo que eu queria ter percebido dez segundos antes. Agora estava tão quieto que eu podia ouvir um rato peidar.

O Sr. Homem da Lei Bonitão sentou em uma cadeira ao meu lado, um sorriso puxando sua boca para cima, expondo as covinhas que não paravam de aparecer. — Bem, senhora, é bom saber.

Os olhos de Ivana se arregalaram. Sim. Eu sei. Ele é atraente.

— Se eu tentar não me animar, você me dará a honra da próxima dança, senhorita McCall? — Pelo canto do meu olho, eu vi os cílios de Ivana flutuarem, sua mão segurando o busto, aumentando o decote.

— Sim, claro — murmurei, meu corpo inclinando para o dele, mais quente. Sempre. Vovó nunca perdoaria a falta de boas maneiras, e eu tive que confiar em comportamentos seguros e em manter uns bons quinze centímetros entre nossos corpos. Quanto mais cedo eu apresentar o oficial Ace Collins para Estrela, melhor.

Na pista de dança, eu mal chegava ao queixo dele quando ele me puxou para seu peito largo. Ele colocou minha mão na dele muito maior e que ameaçava engoli-la inteira, me puxando para o passo lento da valsa, a outra mão escalando a carne na parte inferior das minhas costas. Cerrei meus dentes. E Estrela e sua banda country tinham que tocar uma música romântica em seguida. Ele dançou de forma casual, fazendo com que fosse fácil seguir sua liderança. Infelizmente. Seria melhor se ele dançasse como o Pé Grande.

— Eu não tinha ideia de que o Lago Nevado era uma comunidade tão próspera. É bom ver tantas pessoas por aí em uma noite de quinta-feira.

— Oh, isso. É só porque a banda da minha irmã Estrela está aqui.

— Aquela é sua irmã? Boa voz. — Ele não olhou para o palco, onde ela cantava baixinho sobre chorar por um amor perdido, ao invés disso segurou meu olhar.

— Você vai ficar na cidade por um tempo?

— Se vocês me aceitarem.

Eu assenti. — Eu te apresentarei a Estrela entre as músicas.

Ele encolheu os ombros. — Claro. Há outros parentes na cidade sobre quem eu deva saber? Pais?

Uma emoção crua surgiu, mas eu a sufoquei, balançando a cabeça. Com o passar dos anos, eu perdi a esperança de ver minha mãe novamente, não importa quanto bom carma eu tentasse criar. Apenas não era bom o suficiente. — Já se foram.

— Sinto muito por ouvir isso. — Seus olhos escureceram com empatia, fazendo-me engolir um bocado de saliva.

— É assim que as coisas são. — Dei de ombros. — Você?

— Meus pais moram em Winnipeg. Divorciados, embora vivam lado a lado em um duplex na Rua da Academia. Vai entender. Tenho dois irmãos, Stone e Mick. Meu irmão mais novo Stone está cursando engenharia da computação na Universidade de Michigan e Mick é ainda mais jovem — e está treinando para ser um oficial da PRMC em Regina.

— Sinto muito pelo divórcio dos seus pais. Geralmente é uma droga para as crianças.

— Sim, bem, foi depois de termos saído de casa, o que facilitou. — Ele encolheu os ombros, deslizando seus ombros extra largos. — Um pouco mais difícil quando você tem oito anos. — Humm, excelente audição também.

— Você sobrevive. Aprende a tirar o melhor disso. Vovó Toogood nos acolheu. Tivemos sorte. Pelo menos não entramos no sistema de adoção.

— Entendo.

A massa de corpos balançando romanticamente ao nosso redor enquanto dançávamos em nosso oásis de decoro fez de Ace e eu os estranhos. Quando a música terminou, eu corri para a mesa, dispensando a chance de uma segunda rodada de tortura.

Estrela colocou o violão no suporte e correu descendo pelos degraus do palco, a franja e os cachos voando.

— Estrela, eu quero que você conheça o policial Ace Collins. — Me inclinei para perto para gritar em seu ouvido. Cruzei meus dedos para que tal tentação como este espécime de homem mantivesse Estrela na cidade.

Estrela esticou a mão e Ace a pegou. Mas, em vez de sacudi-la como uma pessoa normal faria, ele deu um beijo na parte de trás da mão dela, dando-lhe um olhar admirado com seus olhos de chocolate marrom. Ela corou sob as luzes fluorescentes, seus olhos brilhando com alegria.

— Encantado, senhora.

— O prazer é meu. Alguém já te disse o quanto você parece com Johnny Cash? — ela ronronou, ganhando um sorriso cheio de covinhas de Ace. Certo. Isso pode ter funcionado bem demais.

— Uma vez ou duas. Posso me juntar a vocês? — ele perguntou, embora eu já tivesse estendido o convite. Oh, de verdade, um cara dos sonhos, não que eu gostasse desse tipo de coisa.

— Claro. — Estrela deu a ele o olhar mais doce imaginável, sentando-se ao lado dele com as pernas cruzadas em direção a ele. — Então, quando você chegou na cidade, xerife?

Revirei os olhos.

— Hoje. Recebi uma ligação sobre um urso-negro no caminho e parei para dar uma olhada. Encontrei Encanto por acaso e…

— E eu pulverizei spray de pimenta nele — terminei. Ele me deu outro daqueles longos olhares que fizeram meu coração perder uma batida.

— O quê? Como você pôde? — O horror exagerado de Estrela foi bem feito.

— Eu já me desculpei por pensar que ele era um urso.

— Ou o Pé Grande — ele acrescentou com um sorriso irônico.

— Encanto. — Ivana balançou o cabelo selvagem, as pontas vindo na minha direção. — Não é legal fazer isso com um homem tão grande. E você sabe o que dizem sobre homens com pés grandes, não é? — Ela colocou a mão no antebraço dele, apertando como se verificasse algo. Pelo amor de Deus, ele não é um pedaço de carne. E eu não ia tocar no comentário sobre um homem com pés grandes nem por todo o chá da China.

— Alguém sabe o que está prendendo Tulipa? — Tomei um gole de cerveja, observando que Ivana tinha acabado de terminar a dela.

— Talvez novo namorado? — Os olhos de Ivana brilharam com interesse. Ivana tinha homens como nenhuma outra mulher que eu já conheci. Nenhum com um pé grande o suficiente? Certo. Não foi legal, Encanto. Corei com minha própria audácia.

— Vou pegar mais cerveja — ofereci, me levantando. Ivana trabalhava meio período no salão de beleza local, o que mal cobria o aluguel — e provavelmente era por isso que estava atrasado há um mês. Eu não estava reclamando, imaginando seus irmãos Bratva5 passando pelas portas e janelas para me avisar que não mexesse com sua irmã. Além disso, ela era boa o suficiente para ajudar no café quando minhas queridas irmãs sumiam sem avisar. Ela não afastava muitos clientes em um dia bom.

— Uma jarra desta vez, Darcy — eu disse no bar quando consegui sua atenção. — Todo mundo está sedento esta noite. — Ele assentiu, ocupado pegando pedidos. Mas ele passou o meu na frente, colocando-o imediatamente.

— Obrigada. Você viu a Tulipa?

Ele balançou a cabeça, pegando meu dinheiro e me entregando o troco. Levei o néctar de cor dourada de volta à nossa mesa e o coloquei no centro, gotas de umidade condensando e escorrendo pelas laterais da jarra transparente. Um barulho alto perto da entrada chamou minha atenção. Eu escaneei a área, minha pele formigava com os sentidos aumentados. A multidão se separou, revelando minha irmã errante vindo em direção à nossa mesa. E agora, o que aconteceu?


1 Atração onde uma pessoa fica sentada em uma prancha com um alvo embaixo, e outras tentam derrubá-la em um tanque de água.

2 Polícia Real Montada do Canadá.

3 Um estilo arquitetônico.

4 O country / western two-step, frequentemente chamado de "Texas two-step" ou simplesmente o "two-step", é uma dança country/western geralmente dançada com música country em tempo simples.

5 Máfia russa.

Magia, Caos & Assassinato

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