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Capítulo Dois

A noite de Bernard começou complicada e piorou quando mais um corpo apareceu, obra do Açougueiro da Rua Broad.

Que, ao que tudo indicava, era a mulher diante dele, com base no exame superficial da patrulha no corpo. Os outros oficiais começaram a seguir o rio, mas quando ele entrou em cena, percebeu o rastro de pegadas molhadas do canal e continuou a perseguir o deslizar de uma sombra enquanto ela viajava de beco em beco.

— Está aqui para me prender, lindo? — a mulher perguntou, um sorriso como se ela não estivesse olhando para o cano de uma pistola.

Bernard a encarou bem.

A mulher diante dele não combinava em nada com o assassino que ele estava rastreando. Os outros policiais disseram que a viram pairando acima do corpo, coberta de sangue, mas aquelas facas não podiam cortar com a precisão que o Açougueiro cortava. Os olhos escuros beligerantes que o fitavam podem não pertencer a alguém que cumprisse a lei, mas ele não viu nenhuma frieza espreitando nos cantos. E ele enfrentara mais do que seu quinhão de assassinos.

— Suponho que deva denunciá-la pelos assassinatos de sete mulheres. — murmurou Bernard, as palavras escorriam com lentidão, enquanto continuava a avaliar.

Esta mulher esguia usava calças, uma blusa e um colete encharcado de seu mergulho no canal. Os olhos brilharam com um desafio descarado, e seus cachos pretos úmidos grudados ao longo do pescoço, alguns fios grudando em suas bochechas.

— Ora, vamos, um cavalheiro como você não tem maneiras melhores de passar horas fora do que pisando nesses distritos? — ela o olhava de frente, sem vacilar. — Todos sabemos que tipo de vigaristas fora-da-lei vagam pelos becos. Melhor nos deixar continuar a lutar, roubar e matar uns aos outros, enquanto vocês cuidam daquelas flores murchas com xelins de sobra.

— Fala pelos cotovelos para alguém com uma arma apontada para a cabeça. — comentou Bernard, embora tenha lutado contra o estremecimento de diversão.

No breve intervalo da conversa, ele descobrira algumas coisas sobre ela. O sotaque carregava o tom duro de alguém nascido e criado nesta vizinhança, ela brandia as facas ao ar livre como uma mulher acostumada a vagar por essas ruas à noite, e a bolsa ao lado pendia pesada.

— Bem, se me trancafiar, com certeza morrerei, então por que temer um destino mais rápido? — ela respondeu, erguendo uma sobrancelha delicada.

Bernard balançou a cabeça.

— Poderia ser o caso se eu pensasse que você é quem anda cometendo esses assassinatos.

As patrulhas pareciam estar em sua rotina habitual, tirando conclusões precipitadas antes mesmo de avaliarem a cena.

— Não acredita que uma mulher é capaz da tarefa? — Ellie mostrou os dentes com seu sorriso. — Encontrará a morte em um beco com essa lógica.

A ousadia dessa mulher era diferente de tudo que ele já havia encontrado. Bernard piscou por um momento antes de suspirar.

— Eu conheci muitos assassinos, homens e mulheres. Só não acredito que você seja um deles.

Uma carranca franziu a testa dela.

— Você seria o primeiro.

— Os padrões do Açougueiro são precisos e cuidadosos demais. Você é muito desleixada para caber na descrição, minha querida. — o dedo dele no gatilho começou a relaxar, contanto que ela não puxasse uma daquelas facas para ele, ele não planejava atirar.

Os patrulheiros devem tê-la avistado quando roubava o cadáver e correram ao fazer suposições. Todos os detalhes somados.

Ellie apertou a mão contra o peito.

— Eu deveria estar ofendida, meu bom cavalheiro.

Bernard ergueu as sobrancelhas e baixou a pistola.

— No entanto, suponho que não esteja. — ele não largou o punho, pronto para erguer a arma de novo se ela tentasse fugir.

No entanto, os olhos inteligentes da mulher já haviam se concentrado nesse movimento, e ela permaneceu plantada em seu lugar. A lasca de luar cintilou nos paralelepípedos rachados entre eles, destacando as rachaduras e fragmentos. Aqui, ao ar livre, não era o lugar para ter essa conversa.

— Suponho que não prefira conversar em meio a uma dose de gim? — a mulher arriscou, ela colocou as mãos nos quadris. — A menos que queira continuar esta conversa no frio arrepiante.

— Suponho que tem um lugar em mente? — Bernard respondeu, aliviado por ela ter feito a sugestão.

Ele jamais gostou muito de ficar por aí com as costas expostas.

A mulher balançou as sobrancelhas e deu um sorriso lascivo.

— O Rato Afogado. — ela disse antes de lançar um olhar superficial para a própria roupa.

Uma risada entrecortada escapou dela, e Bernard não pôde evitar que seu lábio se curvasse. Ela continuou:

— No entanto, com toda a franqueza, a taverna fica bem nessa mesma rua.

Bernard guardou a arma no coldre ao lado do corpo antes de oferecer a mão.

— É melhor eu me apresentar então. Sou o detetive Bernard Taylor.

Ela bateu a mão na dele com um forte tapa.

— Sou suspeita de ser assassina em série e ladina, Eleanor Whitfield. Embora possa me chamar de Ellie. Agora, vamos voltar para a taverna. A lareira de lá viria a calhar para me aquecer após meu passeio pelo canal.

Ellie deu o primeiro passo à frente, passou pela entrada da casa abandonada e entrou na rua de paralelepípedos.

Bernard balançou a cabeça, roçando o queixo com o polegar para esconder o sorriso. Esta mulher o seduziu assim que começou a falar. Ela podia ser uma violadora da lei, mas quanto mais falavam, mais ele confirmava sua avaliação de que ela não era a Açougueira da Broad.

— Mostre o caminho. — ele chamou atrás dela, embora ela já tivesse começado a caminhar.

Ellie fez um gesto rude para o céu, mesmo enquanto continuava ao longo da rua, passando pelos barracos abandonados neste distrito. Com alguns passos rápidos, ele a alcançou para manter o ritmo enquanto viravam à direita na rua.

— Estou chocada que um cavalheiro chique como você se atreveria a mostrar a cara neste bairro. — Ellie falou devagar e com um olhar de relance.

— Considerando que não cresci longe daqui, essas ruas não me assustam como fazem a maioria dos patrulheiros. — ele murmurou.

A mandíbula dele endureceu por um momento quando o cheiro de ferro floresceu na periferia, como às vezes acontecia. — Além disso, após passar algum tempo lutando na guarda naval, pouco nesta cidade me incomoda.

Ellie soltou um assobio baixo, a mão apoiada no quadril como se fosse desembainhar uma lâmina a qualquer momento.

— Então, não é um mero policial, mas um soldado? Está procurando por outras penas para enfeitar sua boina extravagante? Um sujeito de grande coração para os pobres miseráveis de Londres?

Bernard bufou com a tentativa dela de irritá-lo. Pouco o fazia perder a compostura.

— Hoje em dia, estou apenas procurando impedir o vira-lata que está massacrando inocentes pela cidade.

No final do quarteirão, uma lâmpada a gás fraca piscava do lado de fora de uma taverna, luzes âmbar iluminando as janelas. A placa do Rato Afogado já tivera anos melhores, agora estava lascada e com tinta desbotada, mas Ellie não estava brincando com ele.

Ela lançou outro olhar superficial.

— Tem que parecer tão afetado e formal? Sua bolsa será furada, e terá uma faca enfiada no estômago se continuar assim.

Bernard soltou um suspiro e desfez os botões da jaqueta externa, deslizando a gravata para enfiá-la no bolso. Com alguns movimentos hábeis, ele retirou as abotoaduras e qualquer outro item que pudesse ser arrancado de sua pessoa, colocando-as nos bolsos também. Arrastou o indicador e o polegar para baixo do bigode e da barba por instinto. Bernard não pôde deixar de notar como os olhos de Ellie piscaram para o movimento. A mulher parecia absorver tudo, em especial onde ele guardava suas sutilezas.

— Tenho a sensação de que a maior ameaça à minha bolsa está ao meu lado. — ele arriscou quando pararam na frente do Rato Afogado.

Alguns camaradas estavam do lado de fora, dando uma tragada em qualquer substância que fizesse a fumaça amarelada se infiltrar no céu diante deles. Bernard seguiu o protocolo dessas ruas, mantendo o olhar para a frente e a curiosidade para si.

Ellie agarrou a maçaneta e abriu a porta antes de entrar na frente. Ele entrou em seguida, o barulho o envolvendo ao chegar. O bar a essa hora da noite estava lotado, a maioria dos lugares ocupados. O clamor comprimido por dentro o lembrou de estar de volta a um navio. Ele avistou uma mesa de canto no fundo dos aposentos apertados.

— Por que você não pega a mesa enquanto pego o gim?

— Se está pagando, seu Policial. — Ellie respondeu.

O sorriso malicioso fez os olhos castanhos dela brilharem. Ele não pôde deixar de observar enquanto ela se afastava dele, os quadris balançando com a precisão de um pêndulo. Bernard se aproximou da bancada de mogno lascada, manchada pelos respingos de cerveja derramada em momentos anteriores, e se espremeu entre dois homens, meio-ratos e fedendo a gim barato.

— O que posso fazer por você? — o atendente se aproximou com rigidez suficiente para que Bernard quase pudesse ouvir as articulações rangendo. O homem estava carrancudo, como se fosse cuspir na cara dele.

Bernard ergueu dois dedos.

— Doses de gim.

O atendente soltou um grunhido e pegou uma garrafa aberta de gim no balcão à sua frente. Derramou o líquido em dois copos que já haviam visto dias melhores e os empurrou. Bernard colocou moedas no balcão e, em um movimento rápido com o líquido, agarrou os copos, indo até onde Ellie esperava. A mulher inclinou o assento para trás, até que batesse contra a parede e balançou os dedos na direção dele.

Senhor, em que eu me meti?

Ele se sentou em frente a ela e deslizou o copo pela mesa estilhaçada, levando o outro aos lábios. O gim era forte, o cheiro de zimbro enchendo seus sentidos. Ele precisava de uma bebida forte após a corrida louca por Londres esta noite em busca dessa mulher, apenas para confirmar seu palpite. Agora que estava certo de que ela não havia cometido os assassinatos, a busca pelo Açougueiro da Broad precisava continuar.

Sete vítimas até agora, todas elas cortadas com precisão inquietante. Todas mulheres.

— Os patrulheiros deram uma boa olhada em você, minha querida. — disse Bernard, colocando o copo na mesa com um baque. — O que significa ser melhor ficar escondida até que o Açougueiro seja encontrado.

Ellie bebeu o gim como se fosse água, e o olhar dele se desviou para o brilho do líquido nos lábios dela, enquanto ela colocava o copo na mesa. Aqueles olhos brilharam com fogo que incendiaria as madeiras dos velhos edifícios abandonados. A mulher possuía uma beleza sobrenatural, algo mais selvagem e caprichoso do que qualquer coisa que ele encontrou. O que, é claro, garantia que ela era um problema destilado, e que ele deveria evitá-la como a escarlatina.

— Se estou ouvindo direito, parece que encontrar esse Açougueiro seria do nosso interesse. — disse Ellie. — Já fiz muitos inimigos nesta cidade, a última coisa de que preciso são os policiais marcando cada passo meu.

Bernard ergueu uma sobrancelha.

— Oh? Pode estar envolvida em atividades das quais não quer que os homens da lei saibam?

— Ora, vamos, negociei com um homem da lei como se você tivesse pelo menos um grama de inteligência. — respondeu Ellie, sem que seu sorriso nunca vacilasse. — Embora a escuridão possa absolver você de qualquer insanidade temporária que o tenha em suas garras. Afinal, a maioria de vocês não desculparia uma meliante apenas porque ela era inocente do crime de assassinato.

— Eu me desiludiria depressa da noção de que sou parecido com meus colegas. — respondeu Bernard.

A verdade que ela falava raspou em sua pele como cascalho. Ele cresceu nesta miséria e viu como essas ruas podiam ser feias. Razão pela qual, quando ele se tornou um detetive, se comprometeu a rastrear os piores indivíduos desta cidade, não aqueles que lutam para sobreviver.

Ellie cruzou os braços a frente do corpo, olhando para ele com um interesse que não se incomodou em esconder.

— Bernard Taylor, você é uma contradição enlouquecedora.

Ele tossiu na mão para esconder seu bufo.

— Apenas seguindo o exemplo da minha atual companhia.

As sobrancelhas de Ellie se juntaram, e a mandíbula cerrou como se estivesse processando uma ideia.

— Tudo bem, vamos trabalhar juntos.

Bernard se engasgou no meio de um gole de gim.

— E o que deu a ideia de que preciso de um parceiro? Em especial, uma com tantos passatempos detestáveis?

O peito dele batia um pouco mais forte com a audácia dessa mulher. Conhecer alguém tão ousado era um deleite raro.

— Se seus colegas fossem de muita utilidade, esse sujeito não teria assassinado sete mulheres. Além disso, está claro que está alguns passos atrás. Nesse ínterim, conheço essas ruas melhor do que qualquer patrulheiro, todos os becos escondidos, casas abandonadas que viraram mercado negro, e os cantos queimados onde o pior da cidade mora. O tom de Ellie não vacilou enquanto ela o encarava com uma confiança de que ele gostava.

Bernard apertou os lábios como se refletisse acerca da declaração. Verdade seja dita, ele vinha circulando pelos mesmos fatos há semanas. Se ela pudesse oferecer o mais leve sopro de uma nova direção, ele aproveitaria a oportunidade.

— Teríamos que trabalhar em segredo. — disse ele, lançando um olhar para ela. — Só à noite e tal.

Ellie puxou a ponta do rabo de cavalo e deu um olhar incrédulo.

— Como se eu fosse gostar de ser flagrada dando as mãos ao inimigo.

— Palavras das mais verdadeiras. — ele concordou, erguendo o copo de gim, ela ergueu o dela para tilintar contra o dele. — Então está combinado.

— Ellie Whitfield. — uma voz explodiu do outro lado do bar. — O que está fazendo deste lado da rua?

Um sujeito rude como uma lixa, sem alguns dentes, se aproximou com uma carranca e caneca em mãos, e algo nada agradável queimando em seus olhos. Os ombros de Bernard enrijeceram, as velhas disciplinas prontas para sua convocação.

— Maldição do cacete. — Ellie xingou, os pés alcançando o chão com um baque. — Fique alerta, Taylor. Estamos cara a cara com um dos homens mais covardes que terá a chance de conhecer na vida.

Ela bateu o copo vazio de gim na mesa e se levantou. A mão escorregou para o lado, de prontidão nas facas. Bernard seguiu a deixa, levando a mão à pistola.

Ellie gritou:

— Não tem mais ninguém para tornar miserável esta noite, James?

Ele se aproximou, alguns homens, que o seguiram pela porta, atrás dele. Com base nas expressões enfadonhas, e no balanço de seus grandes membros, o conhecido dela trouxe agressores com ele.

Ellie franziu os lábios e piscou na direção de Bernard.

— Sempre pode fugir agora se ficou assustado. Prometo conter meu escárnio.

Um sorriso apareceu nos lábios dele, um movimento de que ele se esquecera de que conseguia fazer. Ele balançou a cabeça e sacou a pistola.

— E perder este entretenimento desenfreado? Creio que não.

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