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2 Trinta e cinco anos depois

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Naomi Duran desligou a moto e sentou-se por um momento observando as crianças da vizinhança jogar basquete. Três garotos correram descendo a rua enquanto duas garotas estavam na calçada, avisando-os sobre os carros que passavam. Ela soltou a alça do capacete e riu.

Ela não podia acreditar que finalmente se formara na faculdade.

Percorrera um longo caminho desde a magricela que estava nos ombros de seu primo Chuy enquanto pregava a cesta de basquete no poste de telefone. A cicatriz em seu joelho e o tapa no traseiro que levou do seu pai valeram totalmente a pena, no entanto. Ela ganhou a aposta contra Lalo Cruz, o melhor amigo de Chuy, e gastou dez dólares em refrigerante Big Red. Ela não podia acreditar que o aro ainda estivesse pendurado no mesmo lugar.

Naomi tirou o capacete e o cabelo escuro caiu sobre o rosto. Eu preciso de um corte de cabelo, ela pensou enquanto afastava a massa emaranhada. A última vez que teve um foi quase dois anos atrás quando sua mãe perdeu o próprio cabelo durante a quimioterapia. Sem hesitar, ela cortou as tranças que estavam na cintura e o usou para fazer uma peruca. Um ano depois, seu cabelo cresceu e sua mãe faleceu. Ela queria cortar o cabelo curto novamente, mas toda vez que ia ao cabeleireiro, isso trazia de volta memórias que não queria lembrar.

Era doloroso pensar em sua mãe e Naomi evitava isso sempre que possível. Ela comprou a motocicleta Ninja 250R usada, depois que sua mãe morreu. A moto vermelha gritava: "Dirija-me!" e ela teve que tê-la. Graças às habilidades mecânicas de Chuy, ele fez a moto funcionar como nova. Só enquanto dirigia era capaz de afastar a memória de sua mãe murchando em sua cama ou seu pai afogando a sua dor no álcool depois que ela morreu.

— O que você está fazendo sentada aqui fora?

Chuy saiu da pequena casa branca, a porta de tela se fechou atrás dele. Ele percorreu um longo caminho desde o garoto magro com acne. Agora está todo musculoso, graças ao seu trabalho na Companhia Cruz de Mudança. Levantar diariamente muitos quilos de mobília o preencheu muito bem, embora Naomi nunca admitiria isso em voz alta. Ele já tinha seu ego acariciado regularmente por várias garotas da vizinhança que se reuniam em torno dele.

— Estou apreciando o silêncio antes de ter que enfrentar a multidão que chamamos de família. — Ela jogou a perna por cima do banco e prendeu o capacete na moto.

— Deixe-me empurrar essa armadilha da morte para você. — Ele se inclinou sobre sua motocicleta e flexionou seus braços musculosos para ela. — Confira minhas armas. Elas ficaram maiores.

Ela revirou os olhos e empurrou-o para longe. — Eca, Chuy. Você precisa de um banho.

— O que está errado? Seu nariz é bom demais para a Eau de Mexicano? Alguns de nós têm que trabalhar para viver. Nem todos nós podemos ser universitários como você. — Chuy sorriu.

Naomi bufou. Ele sempre a provocava quando estava tentando esconder seus verdadeiros sentimentos. Ele era como um irmão mais velho, sempre cuidando dela, especialmente depois que as coisas ficavam difíceis com o seu pai. Às vezes, ela ficava com ciúmes do relacionamento especial entre pai e filho que Chuy e seu pai tinham, mas ela não podia culpar seu pai por tomar Chuy sob sua asa depois que seus próprios pais foram mortos quando ele tinha cinco anos. Sua avó criou Chuy, seus olhos de falcão sempre atentos para que ele não fosse recrutado por nenhuma das gangues da vizinhança. Se Chuy tivesse algum problema, seu pai estava lá para colocá-lo em seu lugar.

— Você poderia ter seu próprio negócio agora, se você não tivesse desistido após o primeiro semestre.

— Você pode me culpar? Como aprender sobre Sócrates ajuda a pagar as contas? — Chuy baixou o suporte.

Ela olhou para ele com cuidado. Era um ponto dolorido para ele, já que queria ficar na faculdade, mas também não podia pagar as mensalidades e sustentar a avó. Na época, papai estava lutando para manter o seu próprio emprego e também não podia ajudar.

— Está bem, está bem. Eu admito. Você é muito inteligente, você sabe disso. — Ela o cutucou no braço. — Eu não conseguiria passar em álgebra sem a sua ajuda.

— Não tão alto. — Chuy olhou em volta nervosamente quando chegaram aos degraus da frente da casa. — Eu tenho uma reputação para proteger.

— Oh, que horror! Eu não quero que ninguém pense que você é inteligente.

Naomi ouviu a música crescendo antes que visse. Os garotos da vizinhança deram um passo para o lado e observaram o mustangue preto virar a esquina. Aros semelhantes a espelhos giravam devagar enquanto o carro descia a rua. Na grade do carro, luzes LED brilhantes contornavam o logotipo do cavalo como um halo branco-azulado.

— Realmente, papai. Depeche Mode? — Naomi perguntou quando o seu pai, Javier Duran, parou o carro na frente dela.

— Você sabe que gosta disso. Você costumava dançar o tempo todo quando era pequena. — Javier tomou-a nos braços e deu-lhe um abraço. — Parabéns, Mijita. Você ficou linda esta manhã com seu chapéu e beca.

— Obrigada, pai. — Naomi adorava quando ele usava o carinhoso termo espanhol para filha.

— Você nos ouviu? Batemos palmas para você. — Javier abriu o porta-malas do carro e tirou uma sacola de compras.

— Sim, pai. Acho que todo mundo ouviu a buzina de Chuy.

— Ei, eu tive que agitar um pouco as coisas — disse Chuy enquanto pegava as sacolas restantes do porta-malas. — Foi tão chato que estávamos caindo no sono.

— Missão cumprida. O chanceler quase teve um ataque do coração. — Naomi foi até a frente do carro e traçou a luz ao redor do cavalo. — Você terminou de instalar as luzes. Ficou bom.

Javier sorriu e deu um tapinha no capô do carro. — Você precisa ver à noite, parece que o cavalo está vindo direto para você.

Ela riu. Fazia muito tempo desde que tinha visto seu pai tão feliz. — Papai, você parece um adolescente.

— A vida é difícil, Mijita. Você tem que aproveitar quanto puder.

— Sim, não podemos todos ser verdadeiros devoradores de livros como você, Naomi — disse Chuy. — Além disso, você tem vinte e dois, não oitenta e dois. Viva um pouco.

Se ela conseguisse. Houve um tempo em que foi capaz de agir de acordo com sua idade. Durante os primeiros dois anos na faculdade, foi para uma série de festas de fraternidade. Tudo mudou durante seu primeiro ano quando sua mãe foi diagnosticada. Ao contrário de outras garotas da idade dela, ela não tinha interesse em namorar, mesmo quando sua mãe a estimulava. Ela tinha a sensação de que sua mãe estava esperando que ela encontrasse alguém em quem pudesse se apoiar uma vez que fosse embora.

Depois que ela morreu, Naomi não teve tempo de chorar porque estava ocupada cuidando de seu perturbado pai. Na verdade, ela queria desistir da faculdade. Se não tivesse prometido a sua mãe que se formaria, teria feito.

Naomi sorriu enquanto Javier e Chuy conversavam animadamente sobre o carro a medida que caminhavam em direção ao quintal. Parecia que as coisas estavam melhorando para todos eles. Algumas semanas atrás, Javier iniciou as reuniões do AA e parou de beber, colocando toda a sua energia em consertar o Mustang com Chuy. Naomi tinha um novo emprego como assistente social no Serviços de Proteção à Criança, que começará daqui a algumas semanas. Com mais dinheiro chegando, ela poderia até mesmo se dar ao luxo de ajudar Chuy com os pagamentos da hipoteca de sua avó.

— Mijita! Você está aqui. Por que você demorou tanto? — A avó de Naomi correu pelas escadas da varanda e envolveu um par de finos braços marrons ao redor dela.

— Ow, Welita. Você está me esmagando — Naomi disse.

Sua avó - ou Welita, como todos a chamavam carinhosamente - era pequena, mas forte. Ela usava o cabelo preto curto, dizendo que estava quente demais para ter qualquer outro comprimento. Anos de trabalho duro, criar seu filho e, em seguida, Chuy, a deixaram com pouco tempo para cuidar de si, especialmente quando se tratava de roupas. Se alguém abrisse o seu armário, eles pensariam que tinham sido transportados de volta no tempo para os anos setenta. Naomi tentou convencer a avó a mudar de poliéster para algodão e até se ofereceu para comprar um novo guarda roupa, mas Welita recusou, dizendo que suas roupas estavam perfeitamente bem e que um dia elas estariam na moda novamente.

— Cómo se dice? — Welita murmurou então estalou os dedos. — Eu lembro. Coloque no ebaie.

— Você quer dizer eBay. Sim, eu posso fazer isso. — Chuy olhou para Naomi com um sorriso maligno. — Ou talvez eu pegue para mim.

— De jeito nenhum! Você não está colocando minha moto no eBay. — Naomi deu um tapa no braço dele. — Eu amo a minha moto.

— Tão parecida com Stacey — resmungou Javier.

— O que? — Naomi olhou para a cerveja que ele segurava e se perguntou se ele tinha cometido um deslize. Ela não queria álcool em sua festa de formatura, ela nunca se importou com essas coisas, mas Chuy insistiu, dizendo que não seria uma festa sem isso. Naomi ficou cética a princípio, mas Chuy prometeu ficar de olho em Javier.

— Sua mãe. Você é tão teimosa quanto ela. Uma vez que colocava algo na cabeça, não havia como impedi-la. — Lágrimas brilhavam em seus olhos, e ele engoliu em seco. — Ela ficaria tão orgulhosa de você hoje.

— Eu sinto falta dela também. — Naomi não podia contar as vezes que desejou que sua mãe estivesse lá para compartilhar o momento com ela. Não percebeu o quanto se parecia com sua mãe até aquela manhã quando colocou o capelo preto de formatura na cabeça, olhou para o espelho e viu a mesma imagem que tinha como papel de parede do celular. A única diferença é que, na foto, cabelos ruivos saíam do chapéu, em vez do cabelo escuro de Naomi.

— Ela adoraria ver você assim, tão crescida. Se apenas a família dela tivesse sido capaz de dirigir para a cerimônia — disse ele.

— Eu tenho toda a família que preciso aqui comigo. — Naomi nunca tinha conhecido a família de sua mãe, exceto através do cartão postal anual com uma foto de todo o clã Hamilton sentado na frente de uma grande árvore de Natal.

Não era segredo que a família Hamilton, uma família abastada da região de Dallas, não aprovava o casamento de sua filha com Javier. Eles devem ter convenientemente esquecido o fato de que, se não fosse pelas habilidades de tutoria de Javier, a filha nunca teria passado nas aulas de ciências. Naomi imaginou que deve ter sido sua chegada inesperada durante o último ano de faculdade de Stacey e o subsequente anúncio de que ela não iria se formar, o que pode ter alienado a família dos Durans.

Naomi colocou um braço ao redor da cintura do pai quando entraram no quintal. Quando dobraram a esquina, trombetas soaram, e ela pulou para trás com a surpresa. — Mariachi? Você me trouxe Mariachis?

— É Mariachi Cascabel — disse Welita com orgulho. — Eles vieram de Laredo. Eles são os melhores.

Lágrimas encheram os olhos de Naomi enquanto sua avó e seu pai sorriam orgulhosos. Ela sabia que uma banda como essa era muito cara e não tinham como pagar. Faz apenas um mês que o pai de Lalo, proprietário da Companhia Cruz de Mudança, ofereceu-se para contratar Javier em tempo parcial para ajudá-lo a administrar o negócio. Quanto à avó, a única renda que recebia era de seus benefícios previdenciários.

— Welita, pai, isso é demais. Você não deveria...

— Sem reclamar. — Welita deu um tapinha na mão de Naomi. — Não se preocupe. Não custou muito. Além disso, todos na vizinhança ajudaram.

Naomi olhou para os vizinhos sentados juntos, conversando, comendo e bebendo. A maioria deles, ela conhecia desde que era uma garotinha - como a família de Lalo, os Cruzes, que se sentaram em uma das mesas de piquenique conversando com alguns de seus parentes em Los Angeles. Os Durans também apareceram com força total, viajando de longe até Laredo apenas para estar lá. As graduações na faculdade eram raras em sua família, e a tocava que eles queriam estar lá com ela para comemorar. — Eu não sei o que dizer.

— Você diz obrigada — disse Chuy quando colocou as sacolas de compras em uma mesa de piquenique próxima.

— Eu sei disso. — Ela beijou Welita e depois seu pai na bochecha. — Muito obrigada.

— Chuy, aqui, cara. Traga a bebida.

Naomi viu quando Lalo esguichou fluido de isqueiro na churrasqueira. Ele limpou uma toalha de papel sobre a testa suada e enfiou nos bolsos. Lalo era um grande fã de camisas havaianas três vezes maior que ele e fajita. Ele era um cara doce e extremamente leal. Uma pessoa poderia confiar nele com qualquer coisa, exceto substâncias inflamáveis.

— Você colocou Lalo no comando do churrasco? Você está maluco? Ele vai queimar toda a vizinhança. — Ela estava prestes a correr para ele quando Welita a deteve.

— Espere um momento. Eu tenho um presente para você — disse Welita.

Chuy protegeu os olhos quando ela enfiou a mão na blusa. — Ugh, Welita. Não faça isso na frente de todos.

— Ay, Ama! Por que você coloca coisas aí dentro? — Javier ficou na frente dela, olhando ao redor do quintal para ver se alguém estava assistindo.

Welita pegou um envelope dobrado. — É o lugar mais seguro que eu conheço.

— Nisso você está certa — disse Chuy.

— Vá ajudar Lalo, pendejo. — Welita o golpeou.

— Não, Lalo! — Chuy lamentou enquanto corria para ele. — Uma lata é suficiente.

— Isto é para você, Mijita. — Welita colocou o envelope branco na mão de Naomi.

— Eu não posso aceitar isso. Você já fez muito. — Naomi tentou colocar o envelope de volta no bolso de sua avó.

— Não, não. Você aceita. É um presente. Você não pode recusar um presente. Seria um insulto.

As mãos de Welita estavam em seus quadris e seus olhos instigando Naomi a desafiá-la. Seria como uma bofetada no rosto da avó se ela não aceitasse o presente. Era uma questão de orgulho que Welita conseguisse juntar a pequena quantia de dinheiro.

Ela se abaixou e beijou sua bochecha. — Gracias, Welita. — De alguma forma, Naomi jurou para si mesma que iria devolvê-lo para ela. Era melhor fazê-lo sem que Welita soubesse disso. Ela era teimosa desse jeito.


Enquanto a noite prosseguia, Naomi recostou-se com Welita e os outros, ouvindo os mariachis. A certa altura, Welita liderou todos cantando a popular música do ranchero Cielito Lindo.

— Oh, Anita. Você é tão boa quanto a cantora Lola Beltrán — disse Chela, sua vizinha, quando Welita terminou de cantar.

Naomi olhou surpresa para Welita, estava tão acostumada a todos chamando-a de Welita que, às vezes, esquecia seu nome ‒ Anita. Ela entregou à avó uma garrafa de refrigerante Big Red, observando os olhos cintilantes que se enrugavam quando Welita ria. As mãos, revistidas pelo desgaste de décadas de trabalho duro, acariciou o joelho de Naomi quando ela agradeceu pela bebida.

Algumas horas depois, Welita cochilou e as pessoas começaram a deixar a festa. Naomi procurou por seu pai e acenou para ele quando o viu conversando com o Sr. Cruz.

— Ela está dormindo? — Javier perguntou quando se aproximou. Ele olhou para a mãe roncando e riu. — Ela parece tão jovem quando está dormindo. É como se ela não tivesse mudado nem um pouco.

— Mãe. — Ele cutucou seu ombro, tentando acordá-la. — Mamãe. É hora de ir para a cama.

— O que? Não, é uma festa. Eu posso ficar acordada um pouco mais — disse ela, esfregando os olhos.

— É quase meia-noite, Welita. Estou bem cansada também. — Naomi fingiu um bocejo e se levantou da cadeira. — Eu vou limpar. Você vai para a cama.

— Eu vou ajudá-la. — Welita deslizou-se para a borda do assento. — Me ajude a levantar, Javier.

Javier colocou a garrafa que estava segurando na mesa e estendeu um braço. Ela pressionou seu peso contra ele quando se levantou.

— Vá para a cama. Eu ajudarei Naomi — ele disse.

Welita se virou para o filho e deu um tapinha na bochecha dele. — Você é um bom menino e você criou uma boa filha. Meus graduados — ela disse enquanto pegava suas mãos nas dela. — Estou muito orgulhosa de vocês dois.

Naomi olhou para Chuy, que ainda estava conversando com alguns de seus amigos, enquanto ela e seu pai pegavam os copos e os pratos sujos. Sempre que Chuy olhava para uma das garotas, ela piscava os olhos e fingia que estava arrebatada por cada palavra que saía de sua boca. Ele as recompensava flexionando seu bíceps toda vez que levava a garrafa de cerveja aos lábios, ou quando se movia em volta da caixa de gelo, o que ele fazia muito.

Em um momento, Chuy olhou para Naomi e balançou as sobrancelhas quando uma garota chamada Rosie roçou contra ele. Ela era uma daquelas garotas ‒ o tipo com impressionante decote que fazia os homens babarem. Rosie passou os longos cabelos ondulados por cima do ombro e deu a Chuy um dos seus já conhecido sorrisos. Naomi enfiou o dedo na boca e fingiu engasgar. Ela não ficou impressionada. Rosie tinha uma reputação de flertar com qualquer coisa que se movesse, e ela tinha alguns bebês para provar isso. Se Welita estivesse acordada, provavelmente pegaria sua vassoura e afastaria Rosie.

— Ei, Naomi, venha aqui — gritou Chuy.

— O que houve? — Naomi acenou com uma oferta de cerveja de Lalo.

— O que há de errado com sua prima, cara? Ela é boa demais para beber conosco? — perguntou Mateo, um dos amigos de Chuy.

— Estou bem aqui, Mateo — disse Naomi, colocando as mãos nos quadris. — E para responder à sua pergunta, vim de moto, então a menos que eu queira passar a noite no sofá com os roncos de Chuy sacudindo a casa inteira, sem bebida para mim.

— Eu não ronco. Você ronca — disse Chuy.

— Uh, huh. Sim, claro. — Ela revirou os olhos.

— Vamos lá, Chuy, esfregue logo — disse Lalo. — Se sairmos agora, podemos ficar um par de horas na mesa de dados e estar de volta antes do nosso trabalho a tarde.

— Esfregar o que? E onde você está indo tão tarde? Você não tem trabalho amanhã? — Naomi golpeou as mãos de Chuy enquanto ele tirava o cabelo do ombro dela. — O que você está fazendo?

— Estamos indo para o Casino Lake Charles em Louisiana — disse ele enquanto tentava dobrar a parte de trás do colarinho da sua camisa. — Vamos lá, Naomi. Deixe-me esfregar para dar sorte.

Naomi bateu novamente nas mãos dele. — Pare com isso, Chuy. Meus esquisitos defeitos de nascença não são para o seu entretenimento.

— Eu vou te dar vinte dólares, se eu ganhar.

— Não.

— Aww, vamos lá.

— É apenas uma mancha de sardas, Chuy.

— Eles dão boa sorte.

— Você está falando sobre suas sardas? — Javier gritou enquanto passava por eles, arrastando um par de sacos de lixo cheios. — Elas dão boa sorte — disse ele antes de desaparecer no jardim da frente.

— Papai. — Ela gemeu.

— Viu? Até seu pai acha que dá boa sorte — disse Chuy.

— Eu tenho que ver isso. — Mateo deu um passo em direção a Naomi.

Chuy ficou na frente dele e colocou a mão em seu peito, mantendo-o à distância. — Sem chance, cara. É uma coisa de família.

— Sério, Chuy, você está ficando supersticioso como Welita. Só porque minhas sardas formam o número sete, isso não significa que dão sorte. Se fosse, você acha que eu deixaria Welita morar neste bairro... com você? — Era uma marca estranha na parte de trás do seu pescoço. Ela não tinha notado isso aparecendo até um dia, quando ela e Chuy foram nadar. Ele tinha se esgueirado atrás dela e estava prestes a empurrá-la na piscina quando notou a marca de formato estranho. Welita lhes dissera que Naomi nasceu com isso e que ela estava destinada a algo especial. Chuy entendeu que era um amuleto de boa sorte.

— É sorte. Na semana passada, depois de massagear seu pescoço, comprei um bilhete de loteria e ganhei cinquenta dólares.

Ela se irritou. — Eu pensei que você estava tentando ser legal porque eu estava tão estressada durante a última semana de aula!

Chuy tentou tocar seu pescoço novamente, e ela bateu nas mãos dele. — Pare com isso! Eu não sou um gênio em uma garrafa.

— E se eu deixar você entrar na minha aula de autodefesa?

Chuy se oferecera para dar aulas de autodefesa no centro comunitário local e ela estava pedindo a ele durante semanas para deixá-la entrar. Morando em Houston, especialmente neste bairro, autodefesa era algo que toda mulher precisava saber.

Naomi suspirou. — Tudo bem. — Ela levantou o cabelo e puxou a gola de sua camisa. — Depressa, acabe logo com isso.

Chuy deu um rápido esfregar. — Aí, isso não foi tão ruim, foi?

— Ugh, vá embora. E leve seus amigos com você. — Ela o empurrou de brincadeira e foi procurar o pai.

Lash

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