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Prefácio
ОглавлениеUm julgamento de Contos de Fadas a Colarinho Branco é uma homenagem ao escritor Português Vergílio Ferreira que, com a sua obra “Aparição” de 1959, fez brotar em mim constelações de uma semente poética à margem de um mundo imaginário onde Batinho, o personagem principal da presente obra, tal como Alberto Soares de “Aparição”, vive as reflexões proféticas dos acontecimentos descritos num tempo real e psicológico nas cidades do Huambo e de Luanda. Os acontecimentos e reflexões que marcam os personagens pressupõem uma análise do existencialismo do ser, presente num passado que se adequa às vivências dos mesmos. Outros-sim, a partir da construção do existencialismo, há no presente romance, a construção da ideia de um tempo cronológico que se divide nas estações das vidas entre o Sr. Rafael e o Batinho, partindo do pressuposto da existência de um verdadeiro Deus, de uma força criadora, e de uma vida após a morte. Logo, o homem é indubitavelmente um ser da acção e do poder, mas nunca da vida. O Sr. Rafael é o narrador e o personagem secundário e, sobre ele o romance se desenvolve através das lembranças que viveu quando foi estudante de engenharia de Petróleo na República Federal da Rússia e das lembranças que reviveu com o seu pai na infância. O amor que sente pela sua esposa, dona Esmeralda, é baseado numa escolha consciente e independentemente da retroalimentação negativa do mesmo, e dos danos morais que Esmeralda lhe causara. Esmeralda surpreende-se com a atitude do Sr. Rafael em renovar os votos de casamento logo após descobrir, através de uma conversa, que o filho que esperava não era realmente seu, mas sim do seu melhor amigo. As analépses e prolépses que interrompem a história do Sr. Rafael também sucedem na vital história de Batinho, este que é o narrador e o personagem principal e sobre ele, há um parafrasear dos acontecimentos vividos consigo no seu eu existencial.
Batinho desdobra-se no pecualiar trágico romance com a Vanda, esta que logo depois viria a ser a sua irmã consaguínea. Todavia, as questões do existencialismo entopem as suas memórias: quem sou eu, de onde venho e para aonde vou? São as perguntas que ecoam na consciência solitária do ser, e estão logo presentes no cardápio do existencialismo humano, e no eu verdadeiro que surge em numerosas manifestações do quotidiano da vida singular de Batinho. Este, que abandona a cidade do Huambo para reviver as respostas da felicidade questionada num passado trágico e marcado por vivências alfabetizadas pelas pessoas ao seu redor, a pesar de ter vivido e recebido a oportunidade de viver uma vida financeira satisfatória. Em Luanda, Batinho revive as lembranças que salgam o seu passado, mas se abdica delas ao conhecer a Patrícia na noite da fogueira, ela que seria a vernácula actriz do seu coração apaixonado; diante das dificuldades, Patrícia ajuda-o a alcançar as metas dos planos emergidos de um limiar de sonhos, inclusive da felicidade que se iria desenhar no fim de um para sempre na vida de ambos.
Há sete anos, ao estudar “Aparição”, como um livro de leitura obrigatória, no Centro Pré-Universitario Católico, que hoje é o actual Liceu Católico do Huambo, na província do Huambo, em Angola, ousei escrever o livro “Um Julgamento de Contos de Fadas” em homenagem ao escritor e trazer à memória a sua imortalidade camuflada nas entrelinhas do mundo externo da literatura. A presente obra é um romance autodiegético, heterodiegético e, com uma linguagem literária a todos os níveis linguísticos. E agradeço, sobejamente, por o haver adquirido. Mais do que um romance, esta obra é um convite à reflexão do impecável paradoxo do existencialismo humano, aí onde o ser é o único paciente pronto para as cirurgias da vida. Sem mais nada a dizer, nada melhor do que desejar uma boa viagem à leitura.
Com muito carinho!
Marcos Sassungo, O escritor.