Читать книгу Um Julgamento de Contos de Fadas a Colarinho Branco - Marcos Sassungo - Страница 4

Capítulo I
O Amor

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"E hoje olho para ti. Mesmo com esses anos todos… tu continuas a mesma garota de sempre. Linda, amável, respeitosa, carinhosa. Tu me trouxeste mais perto de Deus e eu amo-te como Ele me ama. É um mandamento que Ele me deu…"

Cinco da manhã desta quinta-feira. A garagem do meu globo ocular negava-se a fechar. E ansioso, percebi a madrugada nascer no labirinto daquela janela. Havia um silêncio total no bairro que se reflectia no claustro do quintal que testemunhava a minha dor, naquele momento. Comigo, a luz de uma lamparina movida a gasóleo felicitava-me enfim pela viagem já feita nas recônditas luzes do sabor das palavras daquele livro. Fiquei entediado e decidi arejar, arejar e arejar, e nesse arejar, convidei a porta que me desse a licença de sair e abraçar a madrugada com amor. Naquele dia, a lua recusava-se a esconder o brilho da sua beleza de tão brilhante que estava e as estrelas estavam ao redor e espalhadas por todo claustro do céu azul. A pupila, a córnea e a íris, convidaram o meu lóbulo ocular a entender o tamanho da beleza do céu, naquela madrugada sussurrante, mas tive insucessos. Olhando, demoradamente, não resisti. Onde ela está agora? O que ela está fazendo agora, Deus? Será que ela está a dormir ou a ver o céu como vejo agora? Como ela se chama, Senhor, onde ela vive? Será que eu a conheço? Enfim, foram as perguntas que borbulharam a minha consciência solitária naquela altura. Só queria que naquele momento o céu me mostrasse o retrato de quem viria a ser ela. A fé e a confiança em Deus aplaudiram o meu desejo e curiosidade em não saber prematuramente essa mulher que até naquele momento não sabia quem era.

Por conseguinte, nada sabia sobre a paixão, o ódio e o amor, sentimentos que passeiam nas avenidas do coração do homem. Ho! Amor, onde vives e por onde andas? A que distância de profundidade te encontras? Seria possível fazer a prospecção do seu endereço? Como posso eu te encontrar, amor? Não te mostres surdo ao meu pedido, venha e embebeda o meu coração de risos, corrompa os meus pensamentos com a dor da alegria. Seja educado com o meu coração, pois a sua beleza é um veneno e intimida os meus pensamentos. A sua beleza é um estímulo que pode provocar um radical livre no DNA das minhas emoções. Seja educado. Seja educado porque, ainda corres o risco de te tornares num oncoacelerador nas avenidas pulmonares da minha felicidade. Enfim, saí da presença entupida de uma reflexão profética que provavelmente viveria daqui há mais alguns anos. O luar, com medo do ronco das nuvens, escondeu a velocidade da sua alegria. E eu, entrei no meu quarto, claramente, obscuro. Depois de uma distância de horas, lá estava eu com os meus amigos no pátio da escola.

– Bom dia, Batinho.

– Olá! Bom dia, Tino. Ontem chegaste bem?

– Ya, cheguei e sabes que hoje teremos uma nova professora, não sabes? Perguntou.

– A sério? Já não será com o professor Mingo?

– Certamente, não. Fomos avisados pela directoria que hoje por essas horas teríamos uma professora nova. Disse ele.

– Ok, que novidade! Estou curioso. Quem será?

– Bem, pelo que se ouve dizer, não é uma boa professora, não.

– Hahahaha, deixe de ser medroso, homem. Diga lá quem será e pronto! – Disse eu.

– Será a professora Lai. E dizem ser uma professora má. – Disse o Batinho com uma voz de tristeza.

– Por exigir dedicação aos alunos ela é má? Perguntei eu e acresci: – Fecho os olhos que verei.

A educação é um processo longo e adequado. Mas inadequado quando não há exigência pelo educador. E quando não há exigência pelo educador, o educando vira um produto sem qualidade no mercado da vida.

E naquele momento, trocaram-lhes de docente e surpreendentemente, para aquela turma, vieram transferidos mais três colegas sendo que, duas delas eram filhas de uma professora. Foi assim que o Batinho conheceu a Carla. Surpreendentemente, a professora era exigente e amável. Aí está o sentido da educação. Quando ela é transmitida com amor e atenção aos educandos, ela produz para o mercado da vida homens e mulheres com qualidade cívica e moral. E considerando a escola como um dos sujeitos de socialização secundária, Batinho sentia-se aceito e amado, pois era conhecido por muitos estudantes daquela escola e outras.

Batinho e Carla conheceram-se ainda adolescentes. No final do ano, a turma toda foi aprovada para a décima classe e Carla foi de viagem para a Alemanha. Batinho, ao tomar conhecimento, entristeceu-se, pois pensava que seria para sempre.

A vida convida a tristeza e a alegria a juntarem-se à mesma mesa, mas a saborearem bebidas diferentes. E naquela tarde de sexta-feira, Tino convidou os seus amigos para uma partida de futebol no campo próximo da sua casa. Aquele campo que quando a chuva caísse, tornava-se num rio de lamas e, às vezes, sem barras para uma baliza. Contudo, tudo era um improviso; os limites do campo, as barras das balizas, as redes e inclusive a bola que claro, era feita de um embrulho de saco de várias cores.

– Hoje é sexta-feira, Batinho, vamos jogar bola. – Disse Tino.

– Eu não sei jogar bola. – Respondeu Batinho.

– Que tal seres um guarda-redes?

– Eu guarda-redes? Quem vai estar no campo?

– O Dosversos, o Manel, o Putson, o Cornelho, o Marquinho e o Mussungo.

– Ok! Vá à frente, que eu te encontro. Vou ajudar a minha mãe num trabalho e vou já ter convosco. E diga ao Dosversos que traga a sua bola, visto ser a melhor.

– Está bem… Encontre-nos.

– Mãe… Mãe. – Gritou o Batinho. E acresceu:

– Já aí vou, Mãe.

– Ajuda-me a arrumar a cozinha, só depois é que poderás sair de casa. – Disse a mãe do Batinho.

– Mas mãe…

Logo depois que ele terminou de ajudar a sua mãe, Batinho juntou-se aos amigos no campo de futebol, que ficava bem ao lado da sua casa. Ao reencontrar seus amigos, jogaram até o jogo ser interrompido por uma briga entre o Mussungo e o Marquitos, logo, Batinho e outros amigos tiveram de acudir. Marquitos não sabia jogar futebol. Ao invés de marcar para equipa oponente, fez golos à sua própria equipa, várias vezes. O futebol que era apenas um jogo, terminou numa briga e tanto que, Batinho e o Tino saíram, foram à casa, levando o Mussungo com eles. E durante o percurso, Batinho disse:

– Eu quero contar-vos algo.

– Vá lá, conta logo! – Disse o Tino, também tratado por Tibox.

– Trata-se da Carla.

– A Carla?! O que foi? Eu Ouvi de terceiros que ela está na Alemanha. Não?

– Sim, Tino, ela está, mas é como se eu sentisse saudades dela. Disse o Batinho num tom de um olhar apaixonado.

– O puto deve estar apaixonado. – Disse, sorrindo, o Mussungo.

– Explica-nos bem isso, Batinho. – Disse o Tino com uma voz de adulto, que soava a barítono.

– Ultimamente, não sei exactamente o que está acontecendo comigo. É como se ela substituísse os prolongamentos dos meus neurónios; penso nela o tempo todo, falo mais dela a Deus do que de mim mesmo. Sinto-me viciado pelos meus pensamentos e memórias que marcaram as nossas vivências e a sua imagem está digitada nas passarelas do meu lóbulo frontal.

– Eeeeeeeee, meu jovem, pára com isso! – Disse Mussungo e acrescentou: – Paixão, paixão, como ousaste raptar o coração do meu amigo? Como pudeste te infiltrar no plano sagital da felicidade agitada deste ser solitário, deixando-o ainda mais desalojado? Que direito terias tu de ferir um pobre coitado, e quem deferiu o pedido de tomares o controle da sua razão? Será que terás sido enviada pela vizinhança do Amor? Terá sido ele o culpado da tua presença ausente nas lamparinas do seu olhar apaixonado? Tenha compaixão dele e poupe-o das ilusões traiçoeiras, seja gentil. É um jovem prematuro e nada sabe sobre ti, sobre amor e sobre o ódio. Não converta o seu bom coração para as tuas mágoas e desilusões. Seja gentil, seja amável, e seja carinhoso.

Mussungo, disse o Tino. – Deixe o cara provar o amargo sabor da vida, o sabor que qualquer ser humano, obviamente, tem de provar pois, o mundo nos convidou para nascermos, depois crescermos e morrermos. A nossa liberdade está limitadamente predestinada. Mas na vida todos nós já tivemos uma paixão, já nos apaixonamos várias vezes e na mesma proporção nos desapaixonamos por conta das vicissitudes da vida que se perde e se acha nas questõs da metafísica. Ora, ele é um de nós, logo, precisa de provar do bom e do amargo sabor da paixão. Mas quando ela chegar, disse o Tino ao Batinho, faça-lhe uma declaração de amor, um banquete e um convite à paixão para ver, e o amor para testemunhar. Seja simples e objectivo e diga apenas ou apenas diga: “Carla, estou envolvido numa paixão de amor por ti”. E espera a reação dela e prontos. É natural que se espere dela uma retroalimentação positiva, mas não te enganes, pois, as mulheres são como uma célula; umas se adaptam a um antigénio e outras, simplesmente, respondem com repulsão a um corpo estranho num processo de exocitose. Se ela for afável e leve, igual a um gás hidrogenado, leve contigo os meus parabéns. Mas se for rude e pesada igual a um tóxico como um hexafluoreto de enxofre, seja forte o bastante, porque vai doer. Mas não vai ser o fim de tudo, não vai ser o fim da vida. E se sobreviveres a essa dor, os teus olhos abrirão a porta da verdadeira felicidade, da verdadeira realidade da vida, porque no mercado da vida o ser humano chora ao conquistar o que quer e a dor habita na felicidade da alma e na alegria das lágrimas. Seja forte. – Disse o Tino, que também era tratado por Tibox.

Batinho inclinou a cabeça para baixo e para cima num eixo anteroposterior em relação ao pescoço, sorrindo, pegou num vídeo cassete de um actor chinês Jet Lee, interpretando o Mestre das Espadas. O tipo aproximou o “deque” para frente e para trás, ligou a TV e convidou os seus amigos a assistir a trágica revolta de um guerreiro chinês que jura não mais perder uma luta sequer, mas que ainda assim, sua decisão em nunca mais perder, termina no assassinato da sua família inteira; o drama o transforma numa pessoa pacata, mas ainda corajosa o suficiente para combater a favor da china contra um lutador campeão inglês.

Lá eles se divertiram, comeram e beberam da quissangua que Dona Lurdes, mãe de Mussungo havia feito. Logo após o filme, saíram de casa e passaram a tarde na Rua Nova, um bairro vizinho ao bairro de Santa Goreth, mas famosamente conhecido como Santa Ngoti. Bem, a presença deles naquele bairro tinha como objetivo tomar conta das ruas. E para tomar conta das ruas, tinham de vencer uma briga com os jovens daquele e de outros bairros de preto e de cores adormecidas. Na verdade, Batinho não tinha só a Tino, também tratado por Tibox, como amigo. O seu grupo era de aproximadamente seis jovens adolescentes que encorporaram como membros activos daquela quadrilha de mimosos adolescentes que nada sabiam sobre a vida e seus perigos; eram tantos e isso sem contar com os mais adultos, porque em cada briga que perdiam, eles chamavam os mais adultos e fortes para enfrentarem os mais fortes. Enfim, a Rua Nova era um ponto de frequência diária e, embora eles tivessem essa bolada, ninguém, porém, consumia álcool ou cigarro. Apenas a ousadia de um grupo de adolescentes maduramente imaturos, fazia trêmulas as vivências de violências preconizadas por todo e qualquer um que ousasse a endocitar a barreira lipídica daquela bolada.

Numa manhã de domingo, Dona Esmiralda levantou-se cedo como sempre para orientar os filhos.

– Batinho,levanta-te, filho, hoje é domingo. Dá banho à tua irmã enquanto eu faço o pequeno-almoço. Vá lá, ajuda a tua mãe. – Disse a dona Esmeralda.

– Mas, mãe, agora tão cedo… Deixe-me dormir mais um pouco, por favor, deixe-me abraçar mais um pouco só, um pouquinho o sono, que nunca é inimigo de ninguém.

– Filho, acorda logo! Disse dona Esmeralda e acresceu: – no mercado da vida os homens fortes vencem os homens fracos, porque eles não treinaram seus corpos a vencer a dor.

Não treinaram seus rostos a vencer as lágrimas; não treinaram as suas mãos a vencer as tristezas. Tudo o que eles abraçaram foi o sono e preguiça. Foi a preguiça que consumiu o poder de venda dos homens fortes, porque eles não se mostraram, suficientemente, fortes para enfrentar a concorrência dos homens fracos. E tu és meu filho. És o meu presente de Deus não vou deixar você ser consumido pela ténia preguiça. O mercado da vida está cheio de homens fortes querendo dominar os fracos e não quero que tu sejas um desses. Resista à preguiça e ela fugirá de ti, desaparecerá como uma sombra. Agora tira esse corpo da cama e faz logo o que eu te disse.

– Mãe, o que é o mercado da vida? Perguntou a Daisy, a irmã cassula.

– Sabes, filha, o mercado da vida é o lugar onde todos nós fomos convidados a comparecer e é o espaço físico onde os erros humanos são cometidos. E dentro dele fomos convidados a receber uma missão, ou melhor, a aceitar uma missão e realizá-la perfeitamente. Descobrir qual é a missão é uma tarefa difícil, mas possível, ainda quando oramos e pedimos a Deus a direcção na descoberta da mesma. E assim, quando a descobrimos, temos de exercitá-la cada vez mais e usá-la não só para os nossos benefícios, mas para o benefício de todos, pois Deus nos abençoa com incríveis dons para abençoarmos outras pessoas e não para nos gloriarmos, pois a derrota de qualquer ser não pode, de nenhuma maneira, valer a sua victória.

– E qual é a minha missão, mamãe? – Perguntou Daisy.

– Boa pergunta, filha. É algo que precisas de descobrir por ti mesma e sem ajuda da mamãe. Tu precisas de gostar, precisas de amar para deixar o mundo melhor. O amor é a linguagem da alma, é o espelho da saudade e é a saudade das pessoas apaixonadas pela vida e pela humanidade. Agora vá tomar um banho com seu irmão para irmos à igreja.

– Está bem, mãe – Disse Daisy.

Batinho deu banho à sua irmã, cassula, penteou o seu cabelo e isso fez ela chorar muito. Ainda assim, ele tinha de arrumar sua irmã e garantir que a beleza cobrisse as ruas epiteliais da epiderme da pequena Daisy. Após ter feito isso, e sabendo da hora de ir à Igreja, preocupado, apressou o seu encontro com o chuveiro e o banho. Depois de “asfaltar” seu corpo com shampoo de banho e a água, enxugou-se, pôs o seu terno azul escuro e a sua gravata preta e com o fundo de uma camisa branca. Ao olhar para o espelho, viu reflectido nele um homem que desafiaria o seu mundo interior.

Quem sou eu? Onde estou, e para aonde vou? Sou um pedaço de terra encarnado, o meio de um princípio finito, e o fim de um princípio sem início, sou o agora que se perdeu no antes e o depois que se perderá no agora. Sou um vazio que habita num espaço Babilónico. E não sei aonde vou; na terra talvez, no céu, ou no vazio, qual desses lugares haveria de me oferecer um paraíso e quem pode me garantir um paraíso? Haverá mesmo uma vida após a morte? Eu só quero paz entre os guerreiros da minha alma, paz entre os soldados do meu corpo consumido pela paixão moribunda.

Mas, ainda assim, não importa. Afinal de contas, que lembranças teria um morto? O de ter aproveitado a vida enquanto vivo? Isso também não será uma memória viva. Tudo se perde com o homem que se perde dentro dele. Mas se eu viver o eu com as pessoas ao meu redor, talvez eu reviva mesmo depois que a cortina da vida se feche. Enfim, o cepticismo tomou conta das minhas dúvidas questionadas em relacão a tudo o que havia ao meu redor.

De repente, uma voz, lá ao fundo, a gritar pelo meu nome:

– Batinho, sempre atrasado, o coral já está entrando com a marcha, vê se te apressas logo, seu bobão. Era a Tetinha, uma das minhas irmãs mais-novas.

– Está bem, está bem. Já vou ter convosco.


Batinho apressou-se e pôs-se a caminho da Igreja. E pelo caminho, cumprimentou vizinhos e amigos de rua. Entrou na Igreja e lá estava ele no coral. E quando chegou o momento do evangelho, o pastor com uma Bíblia na mão, olhou para os fiéis e começou a dizer o seguinte:

“A vida é uma jornada isolada. Ela não nos leva a um destino exacto, mas a uma transformação. Mas se olharmos para trás, parece que os nossos melhores momentos vieram no meio de uma ou de muitas situações difíceis. Mas Deus nos convida a vivermos em comunidade e para termos a oportunidade de rir, chorar e comemorar uns com os outros, não importando o que estivermos passando e como estamos passando. A transformação é difícil e nem sempre acontece como imaginamos, mas precisamos de nos lembrar de que, mesmo quando lutamos para confiarmos n’Ele, Ele sempre confiou em nós e é por isso que Ele gera as nossas vidas com amor e propósito se, assim permitirmos. Mas a melhor parte dessa jornada é permitir que o Deus do universo nos deixe fazer uma pequena coisa, não só no plano sagital da nossa vida, mas no plano inteiro dela. Isso não é de mais? Por isso, quem sou eu, onde estou e para aonde vou, são as perguntas que borbulham os pensamentos crítico e solitário do ser que habita num planeta estranho como a terra, e as respostas a essas perguntas, muitas vezes, é o silêncio pintado de preto. E o amor de Deus é a luz da esperança que vai sempre perseguir o espaço do coração do homem, lutando para habitar nele e dar a ele um sentido de vida diferente com cores diferentes iguais as de um arco íris.

O amor de Deus pintará de alegria a sua dor e Felicidade bem como as suas tristezas. Por isso é que ninguém esteve tão longe do Amor de Deus. E aceitar esse amor é responder às três maiores perguntas: Quem é você, donde vens e para aonde vais? E quem gostaria de responder a essas perguntas de uma forma diferente hoje, por favor, levante as mãos”.

As pessoas, tocadas com as palavras do pregador, ergueram as mãos. O pregador era um senhor alto e forte, usava um terno preto, gravata branca e tinha o dom da palavra, sem dúvida, ele era um “cirurgião” de palavras. A maneira como lidava com a comunidade e a forma como restaurava a esperança no coração do homem, era magnífico ver. E, de antemão, se podia ver a clara perseguição ao cumprimento das suas palavras. Ele tinha o respaldo de um verdadeiro cristão e tentava passar isso à comunidade. Olhando de frente ao caminhar de uma música calma, acrescentou: “Vinde a mim todos que estais cansados e sobrecarregados, dar-vos-ei alívio”, diz o nosso Senhor Jesus. E eu vou fazer uma oração ao Pai, para que nos console com a sua presença em nossas vidas e que possamos descobrir a missão que ele nos confiou como seres humanos, e como cristãos.

As palavras do pastor, a princípio, foram uma semente espalhadas em terrenos de composição de rochas diferentes. Finalmente, o culto terminou e Batinho reuniu-se, naquela tarde de domingo, no seu quintal com a família onde os primos, as primas, e as amigas das primas encheram de alegria o espaço do quintal. O Dosversos era Dj e, naquela tarde, foi convidado a juntar as antilhanas e as músicas daquela época de Paulo Flores, Irmãos verdades, Dog Murras (com a sua música “a dança da família”), estimularam os convidados a dar um pé de dança. Havia churrasco, bebidas e boa comida.

– Atenção, atenção família, amigos e convidados de casa. – Disse o pai de Batinho e acrescentou. – Eu quero agradecer a presença de cada um de vós nesse claustro anfitrião e não imaginais o quanto encheis de alegria o meu coração. Obrigado a todos. A Deus, por esse momento inalienável, porque há vinte anos, ele introduziu na minha vida a companheira mais fiel de todos os tempos, a mulher que há vinte anos olhou bem nos meus olhos e disse: “Rafael, eu aceito o desafio de ser a sua namorada, sua esposa, mãe dos seus filhos, fiel e eterna companheira”. Ela teve fé e confiança ao decidir amar-me e hoje quero que vós a conheçais. Minhas senhoras e meus senhores, convosco, Esmeralda Rosa Rafael. Os convidados vibraram com aplausos à declaração e ouviram, atentamente, a sequência do discurso.

– Esmeralda. – Disse o Sr. Rafael e acresceu: – no palco dos meus pensamentos, nas passarelas do meu coração, você ganhou o título da mulher mais linda do universo. E hoje, na presença de Deus, dos nossos filhos, familiares e amigos, eu quero renovar os meus votos e dizer que durante os vinte e cinco anos ao seu lado eu tornei-me no homem mais feliz. Todos os homens são felizes ao lado das suas esposas e isso eu não nego. Mas eu ao seu lado, sou ainda mais feliz. Porque você me trouxe segurança quando eu me senti inseguro, me trouxe paz, quando me senti em guerra comigo mesmo, me trouxe amor e isso fez a minha alma feliz. Se o tempo voltasse atrás, saiba que eu a escolheria novamente mulher, para ser a minha feliz e eterna esposa. Obrigado por esses anos de companheirismo, amizade e amor!

As pessoas, emocionadas, aplaudiram a homenagem que Rafael, pai de Batinho, fez a Esmeralda, sua mãe. E Batinho ficou comovido ao ver seu pai a declarar amor pela sua mãe e ficou durante a festa imaginando como seria a sua atitude quando visse a Carla. E no meio da festa, a Vanda procurou por Batinho.

– Seu pai é um romântico. – Disse a Vanda, com entusiasmo, ao Batinho.

– Pois é, Vanda. Os meus pais amam-se e eu poço ver isso todos os dias; eles cuidam um do outro e não imaginas como. Até parecem adolescentes. Eu gostaria de amar assim uma mulher tal, como o meu pai ama a minha mãe.

– Sua mãe teve a sorte de encontrar um homem carinhoso como seu pai. Ela é uma sortuda, porque não se acham homens assim por todo lado. – Disse ela.

– Uma das coisas importantes que meu pai me ensina, com exemplos, todos os dias, é o Amor a Deus. Porque quando amamos a Deus, nós confiamos, e no exercício da confiança, nesse Deus, está a fé que pressupõe uma clara certeza de que alguma coisa vai acontecer. E no momento em que nós amarmos a Deus, encontramos o verdadeiro amor, e esse amor vai nos apresentar numa outra pessoa, uma Eva ou um Adão, onde o nosso único objectivo é amar, cuidar, proteger essa pessoa com amor que, na verdade, é o reflexo de um sentimento original que recebemos de Cristo. O nosso relacionamento com Deus é directamente proporcional ao relacionamento que mantemos com as pessoas ao nosso redor. E ao expandirmos esse sentimento para outra pessoa, nós as amaremos, não só por um mero e acaso sentimento, mas porque o nosso amor por Deus é tão forte que tudo o que fizermos por ele ou ela, entenderemos que é para Deus que o estamos fazendo e que a nossa missão é amar incondicionalmente. Na fidelidade estaremos honrando não somente a Deus como também ao nosso parceiro. E se o magoarmos, estaremos magoando não somente o coração de Deus mas também o dele, minha querida amiga Vanda. Por isso, digo-te que o homem e a mulher que decidirem convidar a Deus no seu relacionamento e na vida singular, os desastres não serão assim tão desastrosos, ou melhor, não haveria como alguém machucar o outro, porque ambos perceberiam que ao magoar o outro estariam a magoar a Deus. Isso não é uma questão de perfeccionismo, mas sim uma questão de fé e confiança, pois o verdadeiro amor lança fora o medo.

– Batinho, será que tu estás a amar alguém?

Bem, eu queria dizer isso mais tarde, mas já que perguntaste, a resposta para a tua pergunta é sim. Vanda, estou sim a amar alguém e imaginas o quanto a amo. Como naqueles filmes de romance, sabes…

– Bobão! Preste atenção. – Disse ela. Fala com ela logo.

Porque guardar esse sentimento puro?

– Vanda!

– Diga.

– Quero fazer-te uma pergunta. Como mulher responde-me a uma coisa. Qual seria a tua reacção, se um amigo teu confessasse estar apaixonado por ti?

– Na boa, Batinho. Eu agiria, normalmente. Avaliaria os meus sentimentos e em conformidade com os dele, pensaria na possibilidade de estarmos juntos. Isso se eu percebesse de que ele está realmente afim de mim. Mas Porque a pergunta? Diga-me tu, porque essa avaliação toda?

– Porque é complicado namorar um amigo e na maioria das vezes dá sempre errado. Mas me conta quem é a sortuda dessa amiga?

Enquanto eles falavam, o telefone chamou e interrompeu a conversa deles.

– Olha, Batinho, depois te ligo para falarmos à vontade ou mesmo amanhã passa, por favor, pela minha casa, para um café.

– Ok! Na boa. Vai ser ótimo – Disse o Batinho.

Por outro lado, a festa estava sendo aplaudida com música e dança. A noite reinou o céu e o tempo catalisou os momentos naquele convívio. As pessoas desalojaram o quintal, Batinho e Tino, também tratado por Tibox, juntos com o Dosversos, Putsom, Mussungo e o Marquitos saíram às vinte e três horas da noite em direcção a uma casa noturna. O lugar era chamado de Trinital, que ficava no bairro de São João, junto a ex-praça da Canata, e a uma hora de distância das suas moradias. Ali, era o encontro de todos os grupos dos diferentes bairros e todo o cuidado era pouco para Batinho e seus amigos. Evitar o álcool era ainda mais importante para impedir que alguém provocasse o outro. As pessoas dançavam, bebiam e fumavam naquele lugar. Havia muita gente fora quando, de repente, o inesperado aconteceu.

– Estás-me a encarar, porque seu mulato sujo. – Gritou um estranho.

– Eu? Estás doido? Maluco.

– Tu chamaste-me de quê?

– Maluco. É chamei-te de maluco, sim. Que parte do mundo em que olhar para alguém constitui crime?

– Eu vou chover-te de pancadas. – Disse o estranho.

– Quer encarar, venha! – Disse o Marquitos.

– Marquitos, meu, evita esse mambo, brother, sai dessa, avilo. – Disse o Batinho.

Porém, Tino olhando para a calamidade da situação, disse: “é o seguinte, pessoal, estamos aqui na banda alheia e se enchermos de pancadaria alguém, teremos de fugir e se não quisermos, temos de evitar brigas e eu, olha eu conheço esse tipo. É o Juzi, amigo do Caico, eles vivem na rua da malhação, lá onde vive o Morto. Eles são uma ameaça para todos os grupos aqui e por isso ninguém pode encará-los.

– Eu não tenho medo dele. – Disse o Marquitos.

E enquanto eles falavam, o Morto chegou e partiu uma ngala na cabeça de Marquitos e logo depois perguntou:

–És tu que queres encarar o meu amigo?

Marquitos levantou com a força de um tigre e, agarrou o tipo, suspendeu-o no ar e largou. A força de gravidade atraiu o corpo do tipo ao chão e naquele barulho louco e exagerado, ele pegou numa vara e o bateu, e bateu em todos os que estavam a aproximar-se. Ele ficou tão nervoso que ninguém o conseguiu deter. Quando eles viram que o tipo estava no chão, todos saíram, correndo sem olhar para atrás. E por causa disso o grupo obteve grande admiração e respeito por todos os outros grupos, pois chegou aos ouvidos de muita gente.

O grupo de Batinho correu e correu.

– Eles já não estão atrás de nós. – Disse o Mussungo. Mas quem provocou afinal de contas. – Perguntou o Putsom.

– Foi o Juzi. – Disse o Marquitos e com uma voz ofegante, acrescentou: “foi ele mesmo que me encontrou e reclamou o porquê que eu estava a olhar para ele. E nem sequer para ele eu estava a olhar. Estava é a olhar para a Jéssica, meu…. – Disse o Marquitos.

– Meu, amanhã é aula e eles vivem na rua da Malhação, no São José. Eu estudo no Dangereux e vocês que estudam na baixa estão tramados. Agora vamos bazar. – Disse o Dosversos.

– Olhem, é o seguinte, pessoal, amanhã vocês fiquem calmos. Não digam nada e se eles quiserem uma briga, eles terão uma briga. Apenas fiquem calmos. A nossa reacção vai ser mediante a atitude deles. Firmado? Ao contrário da polarização e despolarização, usaremos o método da retroalimentação. Só daremos o troco ao preço que eles nos derem.

– É verdade, Putsom. Nem mais. Somos um grupo e estamos juntos nisto. – Disse Batinho.

– Vamos bazar, não tenham medo.

Na mesma noite daquele dia de domingo, quando tudo acontecia de um lado, de outro lado o Sr.Rafael convidou a Sra. Esmeralda. Estavam a olhar o céu azul que banhava a lua e as estrelas.

– Porque estás chorando, amor? – Perguntou o Sr. Rafael.

– Eu não estou a chorar, amor, estou… estou apenas emocionada com o que você fez hoje. Ao declarar aquelas palavras na frente dos nossos filhos e convidados, fez-me sentir a mulher mais amada. Eu nunca me senti assim. Você traduz para mim segurança, amor e fé, apesar dos danos emocionais que eu ja causei a si. Obrigado, Rafael, por me amar tanto assim e eu sei que devo isso a Deus, que trouxe você para mim. Eu estava com medo de que nunca encontraria alguém que me amasse tanto e, ao orar a Deus, ele respondeu à minha oração. Eu amo-o, Rafael. Nunca se esqueça disso.

– Esqueça o que aconteceu no passado. Lembranças negativas merecem ser apagadas das nossas memórias. Por agora, lembre que eu o amo, entendeu? Eu amo-a, querida. Você é meu pedaço do céu. Agora deixe eu limpar essas lágrimas, filha. Não chore, estás segura aqui nos meus braços e, Deus sabe disso porque ele está aqui também em nossa companhia.

– Lembrou-se de quando eu tentei entregar-lhe a carta e..

– E…. eu rejeitei.

– Isso… a rejeitou. O guarda da escola viu e me disse uma coisa que até hoje não esqueci e talvez seja a razão de eu ter insistido ainda mais em si.

– O que ele disse?

– Ele pousou o braço sobre si e disse, olhando nos meus olhos: “filho, quem tudo por amor faz, não se cansa, não sente a dor da rejeição. Não desiste. Não cala diante das dificuldades. Na escola da vida a rejeição é inevitável, mas amar alguém é uma opção consciente e exige sacrifício, dor e paciência. E tu precisas sentir o amor não apenas no corpo, mas na alma. Olhe para Jesus, pois, Ele não desiste quando O rejeitamos, não se cansa quando nós O abandonamos. Pelo contrário, Ele nos declara todos os dias que nos ama, que sente a nossa falta e que na cruz Ele pagou o preço dos pecados e por esse sentimento, e por esse amor Ele ainda nos propõe fazer outras coisas, se em algum dia desses O permitirmos, O aceitarmos. Você ama essa mulher que acabou de entrar agora? – Perguntou ele a mim.

– Sim, senhor. – Respondi eu.

– Então, não desista, filho. Corra atrás da mulher que ama; declare todos os dias que você a ama e que não viveria completamente feliz sem ela. É que o seu desejo e destino, ou melhor, a sua tarefa, a tarefa que Deus lhe delegou aqui na terra é amar ela e que sair do mundo sem ter feito isso seria uma dívida imensa. Seja forte e corajoso. Deus é consigo e preocupa-se consigo, preocupa-se com quem será a sua companheira. E se perceber que é ela, então corra. Não desista. E sabe, Esmeralda, foi assim que eu olhei para mim mesmo e disse: “eu vou conseguir. Agradeço ao senhor guarda pois, acreditei na fé e no amor de Deus que me amou primeiro. E hoje olho para si, mesmo com esses anos todos… você e continua a ser a mesma garota de sempre. Linda, amável, respeitosa, carinhosa. Você trouxe-me mais perto de Deus e eu amo-a como Ele me ama. É um mandamento que Ele me deu e olha que eu me tenho esforçado por cumprir… mas saiba que não é uma obrigação, é um prazer imenso poder estar ao seu lado, Esmeralda.

Hahahaha, amor, que fofinho! Eu também a amo.

– Olha para aquelas estrelas?

– Quais?

– Aquelas perto da lua.

– Sim, amor.

– Saiba que eu sempre vou amá-la e brilhar como elas, ao seu lado.

– Mas graças a Deus, você insistiu e não velou pela minha mania ou atitude rude. Você perdoou-me. Eu não sabia e nem tinha como ter a certeza. Só sei que eu orava muito por si e todas as vezes que me abordasse, eu ficava diferente e então eu decidi orar a Deus e receber Dele um sinal de que era você mesmo a pessoa com quem dividiria a minha vida. Eu não queria um homem rico, eu queria um homem que me amasse, um homem que me desse atenção e respeito como mulher. Eu queria um homem de Deus. Obrigada, Rafael por ter acreditado em mim. Agora, por favor, vamos para casa. Está frio, aqui.

– Está frio mesmo, querida… Vamos para casa.

Quando eles chegaram de volta a casa, o Sr. Rafael percebeu o barulho que vinha do portão.

– Quem é a essa hora?

– Eu pai. – Disse Batinho.

– Por onde andavas para chegares a essa hora da madrugada, filho?

– Pai eu estava…

– Não me mintas. Diz a verdade, filho.

– Eu estava… com os amigos aí na rua.

– Na rua, agora?! Tu não te meteste em problemas de novo, não?

– Não pai, não me meti em problemas.

– Meu filho, vem cá e dá-me um abraço. E obrigado pelo abraço. Agora olha para o céu e diga-me, filho: “O que vês?”

– O céu, pai.

– Sim, eu sei que é o céu, mas o que tu vês, exactamente, no céu?

– A lua, as estrelas, umas maiores que outras… e cada uma com um brilho próprio, mas nenhuma dessas ganha o brilho do luar.

– Bela descrição, filho. Sê bem-vindo ao universo. Sê bem-vindo ao planeta terra. Onde diferentes seres habitam de maneira e forma diferentes. Não importa o brilho que tu podes ter, haverá sempre alguém a brilhar mais do que tu, mas nem por isso tu precisas deixar de brilhar. Porque o teu brilho é único e ímpar. Então não deixes de brilhar. Na escola da vida, tu precisas de ter muito cuidado não com os vegetais ou outros animais. E suspirou o Sr. Rafael.

– Do que preciso ter cuidado, pai? – Perguntou Batinho.

– Tu precisas de ter cuidado com o homem. Porque ele é o ser mais simples que existe, mas o mais complexo da natureza. Meu filho, tu estás a crescer e precisas de saber que na tua vida, muitas vezes eu não estarei presente para impedir que tu te magoes ou chores. E as chicotadas que eu e tua mãe te demos não vão doer mais que as chicotadas que a vida vai dar-te. Sê forte e corajoso. Procure o máximo possível não te meteres em problemas. Mas nunca dês as costas aos problemas; elas virão a ti para que os resolvas, para que os soluciones. Seja bem-vindo ao planeta terra, porque aqui o homem chora de dor, chora de alegria, chora de desespero, chora de angústia e chora pela morte que é o fim de tudo. Sê forte e corajoso! Respeita a tua mãe, respeita-me, porque sou teu pai e não abandones a Deus em nenhum momento da tua vida. Não concorras na tolice dos teus amigos, mas te endireites na presença de Deus. Eu não te vou dar nenhuma palmada, pois já és adulto o suficiente e a vida vai convidar-te a viver situações diferentes. Apenas ouve o que eu te digo, não abras mão de Deus.

– Obrigado, pai. E desculpa por eu não ter despedido.

– Está bem, filho. Estás desculpado. Mas lembra-te que eu te amo.

– Eu também te amo, pai. Obrigado por ser tão cuidadoso comigo.

– Dá um beijo, filhão.

– Iiiii! Pai, olha, eu tenho algo a dizer-te.

– Diz, meu filho.

– Pai, eu estou a gostar muito de uma amiga minha, mas ela é que não sabe.

– Onde ela vive?

– Bem, ela vive no bairro do São João.

– Tem-na visto? Conversas com ela, frequentemente?

– Bem, eu falava com ela, muitas vezes, mas ela viajou para Alemanha e soube de que ela voltou.

– Bom, filho. E ela ligou-te?

– Não, pai, ela não me disse nada. Apenas fui informado pela Irmã do Putsom sobre a sua chegada.

– Ok. Isso significa…

– Significa o quê, pai?

– Tem duas variantes: ou ela quer fazer-te uma surpresa ou para ela, tu, simplesmente, deixaste de existir. Mas o que te aconselho, é, seja natural, amanhã. Não te emociones e não te aproximes muito e isso vai dar-te a oportunidade de te sentires mais à vontade em falar dos teus sentimentos. Tu ama-la?

– Sim, pai. Embora seja prematuro afirmar, mas acho que sim, pai.

– Está bem, filhão, não pode haver dúvidas sobre isso. Deve-se estar firme e convicto nos sentimentos, mas sê forte e corajoso. Demonstra isso. Declara isso para ela e diz o quanto a amas. Mas prepara o teu coração para a jornada mais tenebrosa que é o amor. Onde só os fortes ficam e os fracos desistem.

Quando encontrei a tua mãe eu descobri-me e percebi que por ela valia a pena lutar, porque todas as vezes que eu olhava para ela na faculdade, ela tinha um brilho diferente. Um brilho que não se via em nenhuma outra mulher e todas as vezes que a tua mãe mostrasse uma atitude que me descontentava, eu orava para que não perdesse o brilho daquele olhar e até hoje esse brilho não pára e está cada vez mais a brilhar desde o dia em que a conheci, quando ainda éramos adolescentes.

– O pai ama de verdade a mãe e isso eu percebo. Inclusive a Vanda falou disso na festa. É realmente lindo.

–É, filho, eu amo a tua mãe. Agora é tua vez de encontrar alguém e amá-la de verdade, campeão. Não é fácil, mas nunca perderemos nada, se amarmos alguém. Agora vai descansar.

– Obrigado pai. Até amanhã.

– Até amanhã, filhão.

Um Julgamento de Contos de Fadas a Colarinho Branco

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