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Primeiras impressões

Cheguei à Índia há ALGUMAS horas. Trouxe expetativas na mala. Muitas dizem respeito à religião e à alimentação. Desde que eu soube que faria essa viagem, passei a acordar cedo para meditar e fazer yoga todos os dias. E quando digo acordar cedo, falo às cinco horas da manhã. Imaginei como seria na Índia. Grandes aulas de yoga ao ar livre, mantras cantados no templo, comidas vegetarianas por todo o lado. Comecei a seguir nas redes sociais o Sadhguru, que é de uma localidade próxima de onde estou. Também passei a rever os vídeos do Jiddu Krishnamurti, que fez parte de uma fase da minha vida.

Ainda é cedo para constatar que minhas expetativas serão frustradas, mas não consigo imaginar como alguém pode meditar e encontrar paz de espírito imerso nesse caos. Os exercícios de respiração do yoga, os meus preferidos, são ineficazes aqui. Quanto mais fundo eu tento respirar, mais poluição entra nos pulmões. Sou do Rio de Janeiro e já fui muitas vezes a São Paulo. Recordo-me que mesmo sendo o Rio uma cidade poluída, quando eu voltava de São Paulo era preciso passar loção adstringente diversas vezes no rosto e o algodão ficava preto até a quarta ou quinta vez. O mesmo ocorria com os cotonetes nas narinas. Mas Hyjabad faz com que o ar de São Paulo pareça tão puro quanto o das montanhas mais altas da Suíça. Nunca lá estive, mas pareceu-me uma boa comparação.

Sempre ouvi dizer que as vacas são sagradas no hinduísmo. E também que eles acreditam que podemos reencarnar como animais, depois como humanos de novo e, mais uma vez, como animais, até terminar o ciclo de reencarnações – o Samsara. Eu julgava que por esse motivo os hindus não comessem carne, ou ao menos evitassem as carnes de animais maiores. Sempre acreditei também que a Índia era um país de maioria vegetariana.

Contudo, tenho visto muitas beef shops. A princípio julguei serem de muçulmanos, o que foi confirmado pelas roupas características utilizadas pelas pessoas por trás dos balcões. Porém, observei muitos clientes com a marca vermelha entre os olhos, utilizadas pelos hindus. E também algumas clientes vestidas com sári. Após uma semana a conviver entre menus de restaurantes e almoços familiares, compreenderei melhor como funciona a alimentação por aqui. Até agora, passado apenas um dia e meio, soube que eles seguem, devido à religião, alguns dias vegetarianos e outros regados com muita carne – de frango, carneiro e, algumas vezes, de porco. Um homem confessou-me que adora Big Mac. Mas só pode comer quando está nos Estados Unidos, pois as lojas McDonald’s da Índia não oferecem essa opção. A comida aqui, aliás, é excelente, mas temo que a partir do quinto ou sexto dia meu estômago comece a rejeitar. Principalmente se continuarem a colocar coentro em tudo.

Ainda estou no meu segundo dia de viagem, pode ser que eu esteja apenas irritada por ter passado quase quarenta horas entre aviões e aeroportos. Hoje vou ao Templo. Espero encontrar por lá a tão procurada paz de espírito. Espero também ver meditação e mantras alegremente cantados. Dedicarei um capítulo ou subcapítulo a essa experiência carregada de paz, quando eu voltar da viagem. Para quem está a ler agora, a viagem já acabou e o texto já existe. Mas não se adiante para saber se eu encontrei ou não a paz buscada (informação que eu, enquanto escrevo, ainda não possuo). Não se adiante. Primeiro veja os relatos que se seguem, sobre o casamento.

Da verdadeira Índia

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