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Capítulo 4

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Para a cama. Para a cama. Para a cama. As palavras ecoavam na divisão, trazendo imagens de pele nua, pernas entrelaçadas e bocas unidas.

Eram palavras, no mínimo, perturbadoras. Sobretudo porque Rachel não se sentia incomodada por o imaginar nu.

Envergonhada pela sua reacção, porque era evidente que ele não quisera dizer que iam para a cama juntos, Rachel evitou o seu olhar enquanto arrumava a mesa. No entanto, sentiu como corava. A sua raiva também aumentou, porque não estava a corar apenas devido à vergonha.

Também corava de desejo, puro e simples.

O facto de preferir estar sozinha habitualmente não queria dizer que não soubesse o que fazer com um homem.

Ao aproximar-se da bancada, viu o relógio do forno: sete horas e três minutos.

– Só são sete horas – comentou. Tinham acontecido tantas coisas nas últimas horas que parecia muito mais tarde. – É um pouco cedo para ir para a cama.

Ele olhou para o relógio e sorriu ironicamente.

– Só sete? Devo estar a sentir os efeitos da noite de ontem. Não te disse que quase não dormiram?

– Sim – Rachel abriu a torneira do lava-loiça. Ela dormira bem na noite anterior graças a ele. – Porque não…? Oh…

Deu um salto ao virar-se e encontrar-se com ele. Recuou instintivamente, mas escorregou na água que havia no chão e quase caiu.

– Cuidado! – avisou Sullivan, agarrando-a mesmo a tempo. – Já te agarrei.

Surpreendida ao voltar a encontrar-se nos seus braços, Rachel levantou o olhar e percebeu que estava a poucos centímetros de uns olhos azuis que olhavam para ela com desejo.

Pestanejou e voltou a olhar para ele nos olhos, que olhavam para ela de modo inexpressivo.

O olhar de Sullivan mudara tão depressa que Rachel se perguntou se realmente sentira alguma coisa ou se fora ela quem projectara o seu desejo sobre ele.

– Lamento – desculpou-se, afastando-se.

Ele deixou-a ir-se embora com demasiada facilidade. Repreendendo-se em silêncio, Rachel arregaçou as mangas da camisola e pôs as mãos na água.

– Vieste até aqui de carro ou de avião? – perguntou, decidida a manter uma conversa para evitar uma situação violenta.

– De carro – Sullivan começou a limpar os pratos.

Ela olhou para ele pelo canto do olho. Segundo a sua experiência, os homens evitavam as tarefas do lar. Provavelmente, teria de agradecer à avó de Sullivan pela sua amabilidade.

Rachel apreciou a sua ajuda, mas não a sua proximidade.

– Assim seria mais fácil pôr as duas crianças no carro e levá-las para casa.

Ele encolheu os ombros.

– Esse é o plano.

Respondera no presente, portanto não mudara de ideias a respeito dos gémeos apesar de pensar melhor dela. Desanimada, Rachel ficou em silêncio.

Um gemido proveniente da sala interrompeu aquele momento. Os bebés estavam a acordar.

– Eu vou.

Sullivan passou ao seu lado para se dirigir para a sala e foi directo ao parque.

– Eh, Cody! – exclamou, levantando o menino. – Como estás? Tens fome? É hora de jantar.

Cody parou de chorar e apoiou a cabeça no seu ombro.

Jolie levantou os braços para que Rachel pegasse nela ao colo. Ela deu um abraço à menina e descobriu que precisava urgentemente de mudar a fralda.

Passaram a hora seguinte a resolver esse problema, a dar de jantar às crianças e a prepará-las para irem para a cama.

– Só há um quarto. Que é onde está o berço – explicou Rachel. Depois, apontou para o sofá azul. – Tu podes dormir no sofá. Vou buscar alguns lençóis.

– Está bem – concordou ele, olhando para as almofadas, hesitante. E com razão, ele era muito maior do que o sofá.

Rachel deixou-o a tratar da logística e foi buscar a roupa de cama.

Quando voltou para a sala, as crianças estavam a brincar no parque e Sullivan abrira o depósito de lenha e estava a encher a cesta que havia ao lado da lareira, na qual ardia um bom fogo.

As luzes da cozinha estavam apagadas e ele acendera velas que faziam com que o ambiente da sala fosse acolhedor.

A cena cheirava a tranquilidade doméstica. Demasiado caseira para Rachel, que não gostou do ambiente. Porque, no fundo, gostava demasiado daquilo. Sullivan era um estranho, um intruso. Não deviam sentir-se bem juntos.

Era a hora de uma retirada estratégica.

– Aqui tens – ofereceu Rachel, deixando a roupa de cama ao lado do sofá. Já era um rapaz grande, podia fazer a cama sozinho. – Estou cansada e é hora de as crianças irem para a cama. Vamos dormir.

Ele fechou a porta do depósito de lenha e limpou o pó das mãos.

– Obrigado. Achas que a tempestade durará muito tempo?

– É difícil de saber – será que aquela pergunta significava que ele se sentia tão incomodado como ela? – Supostamente, não ia nevar. Pensava que só ia chover durante os próximos dias.

– Quanto tempo demoram a limpar as estradas depois de uma tempestade como esta?

– Porquê? De repente, tens de ir a algum lado?

– Para além de ir para casa com os gémeos? Não – passou uma mão pelo cabelo. – Estava a pensar no combustível que temos.

– Está bem. Terei de desligar o gerador. O aquecimento é a gás propano, não teremos problema com isso.

– E também há muita madeira.

Divertida, Rachel levou as mãos às ancas.

– Ninguém diria que és o Senhor Califórnia.

Ele dirigiu-se para o sofá e começou a fazer a cama.

– Na Califórnia também neva, no caso de não saberes – declarou ele, afastando as almofadas com os seus braços poderosos.

Mantendo a distância porque se sentia tentada a testar a dureza daqueles músculos, Rachel demorou um segundo a processar o que Sullivan acabara de dizer.

Distraíra-a. Não costumava ter estranhos em casa, muito menos homens altos e musculados que a faziam baixar a guarda.

– E quanto tempo dura? Um dia e meio? – ela riu-se finalmente. – Por favor. O frigorífico desligar-se-á com o gerador, vou pôr um pouco de neve em sacos para manter as coisas frias.

– Está bem. Vai buscar a neve. Eu trato do gerador.

Surpreendida e contente por ele aceitar a sua opinião, Rachel agarrou numa lanterna e dirigiu-se para o armário para ir buscar sacos de plástico.

Aquele homem era um mistério. Tal como o modo como a fazia sentir.

Como não queria pensar mais naquilo, apressou-se a encher os sacos de neve que apanhou da porta traseira e pô-los estrategicamente no frigorífico.

Ao voltar para a sala, viu como Sullivan tirava o casaco e o punha na cabeceira. Depois, tirou os sapatos e pô-los ao lado do casaco. Finalmente, apontou com a cabeça para o parque.

– Aqueles dois estão fora de combate.

Rachel olhou para os gémeos. Cody e Jolie estavam outra vez a dormir e abraçados. Pareciam muito tranquilos.

– Oh… Eu não gosto de os incomodar. Sei por experiência que, se os acordar ao pô-los no berço, vai ser difícil voltar a adormecê-los.

– Deixa-os dormir. Eu estarei aqui se acordarem.

– Não sei se é uma boa ideia – não, dar o controlo àquele homem não era boa ideia. E se levasse os gémeos durante a noite?

Ele devia ter sentido a sua agitação, porque levantou a mão direita como se estivesse a fazer um juramento e declarou:

– Prometo-te que estão a salvo comigo. Vá lá, Rachel, todos precisamos de dormir.

– Está bem, mas deixarei a minha porta aberta para os ouvir.

– Não me vou embora com eles, Rachel.

– Desculpa-me por ser precavida. Acabei de te conhecer. Podes dizer uma coisa e fazer outra.

– Não, sou um homem de palavra. O meu comandante já te disse isso, lembras-te? – perguntou ele. Pela sua expressão, não gostava que duvidassem dele.

Será que se importava com o que ele pensava da sua pessoa?

Um calafrio percorreu-lhe as costas.

– Ah, sim. Um homem de palavra. Tinha-me esquecido – brincou Rachel, virando-lhe as costas e esquecendo a sensação estimulante.

Ao chegar à porta do seu quarto, virou-se para olhar para ele, mas esqueceu-se do que ia dizer.

Sullivan estava a dobrar a sua t-shirt, com o peito nu. Era incrível. Uma camada fina de pêlos cobria o seu peito e descia até à cintura das calças de ganga.

Quando levou as mãos à braguilha, Rachel deu um grito abafado e respirou fundo.

– Boa noite! – despediu-se, dando meia volta e entrando no quarto.

Se sabia algo era que estava em perigo de o desejar loucamente.

Quando Rachel acordou, o quarto estava às escuras e cheirava a café. Dadas as circunstâncias, tivera medo de não conseguir dormir, mas a última coisa em que pensava era em trabalhar no livro.

Há alguns meses um editor, apaixonado pelos seus artigos a respeito dos animais, pedira-lhe para escrever um livro sobre o mesmo assunto.

Isso fora antes de lhe telefonarem para dizer que era a tutora das crianças.

Viu as horas, eram oito e meia, e levantou-se da cama. Nunca dormia tanto. Nem as crianças.

Passou os dedos pelo cabelo e foi para a sala, vestindo a camisola e as meias. Encontrou os bebés onde os deixara na noite anterior, a dormir no parque. A roupa que vestiam eram diferente e Rachel assumiu que tinham acordado em algum momento.

Ford estava a fazer horas extras. Tentava acalmá-la, deixando-a dormir. Não tinha de ser tão atencioso. De qualquer modo, ela não mudaria de opinião.

De repente, sentiu uma pontada de amor no coração. Dobrou-se e passou a mão pelo cabelo sedoso e castanho de Jolie. O que mais queria era fazer o que fosse melhor para Jolie e Cody e esperava que isso não significasse ter de os abandonar.

Antes de se erguer, passou um dedo pela bochecha rosada de Cody. Acontecesse o que acontecesse, os gémeos eram inocentes.

Ouviu um barulho na cozinha e dirigiu-se para lá.

Ford estava de pé, com os braços apoiados na bancada de granito e a cabeça entre aqueles braços impressionantes. Atrás dele, pela janela, via-se a violência da tempestade, que igualava a sua luta interna.

Era evidente que aquele era um momento íntimo.

Rachel recuou para o deixar sozinho. Ele endireitou-se e bateu com o punho fechado na bancada, fazendo sangue nos nós dos dedos.

Surpreendida, ela ficou onde estava. Aquele gesto mostrava que estava zangado e que sofria. Rachel perguntou-se se devia aproximar-se dele ou deixá-lo sozinho.

Ele deitou um braço para trás para dar outro golpe.

– Pára! – exclamou Rachel, agarrando-lhe no braço com as duas mãos.

Não foi um movimento muito inteligente.

Antes de dar por isso, Ford pusera-lhe um pé atrás do joelho e deitara-a no chão. Os seus olhos azuis olhavam para ela com ferocidade, o seu corpo cobria-a e pusera-lhe o antebraço na garganta.

Aquele homem era muito perigoso.

Naquele momento, Rachel devia ter sentido medo, mas não era exactamente esse o sentimento que fazia com que vários arrepios lhe percorressem o corpo.

Ele pestanejou e relaxou o braço imediatamente.

– Meu Deus! – exclamou, apoiando a testa na dela. – Lamento muito.

– Desculpas aceites – replicou ela, que estava completamente quieta. – Já podes soltar-me.

Ele não se mexeu.

– Normalmente, controlo-me mais.

– Fico contente por saber.

– Não devias ter-me agarrado.

– Não me esquecerei – Rachel tentou mexer a parte superior do seu corpo, mas ele continuou a aprisioná-la. O movimento fez com que os seus seios tocassem no peito dele. Os seus mamilos responderam ao contacto.

O corpo de Ford também.

Rachel ficou gelada. E olhou para ele na cara. Ele olhava para ela com desejo. Tinha os olhos cravados nos seus lábios. Ford começou a baixar a cabeça.

O choro de um bebé quebrou a tensão do momento.

Recordou-lhes que não estavam sozinhos. Como é que Rachel podia ter esquecido o que aquele homem estava a fazer ali? Empurrou-o até ele sair de cima dela.

– Não voltes a fazer algo do género – avisou. Esticou a camisola, sacudiu o pó. Evitou olhar para ele nos olhos.

Era evidente que ela sentia a atracção que havia entre ambos, via o desejo nos seus olhos. Em qualquer outro momento ou lugar, talvez tivesse tido uma aventura com ele. Mas, dada a situação, tinha muito a perder.

Por muito tentada que estivesse.

Ele obrigou-a a olhar para ele, invadindo o seu espaço. Abateu-se sobre ela, com o olhar cravado nos seus lábios, antes de o levantar até aos seus olhos.

– Tens a minha palavra de que não voltarei a atacar-te.

– Não me referia a isso – corrigiu ela, franzindo o sobrolho.

Ele aproximou-se e pôs-lhe um caracol atrás da orelha.

– É o máximo que posso garantir.

Ela empurrou-o para ir ver os bebés. Como de costume, estavam acordados e com vontade de brincar. Para os manter ocupados enquanto se vestia, Rachel deixou imensos brinquedos no parque.

Depois, fugiu para o seu quarto para lavar os dentes e vestir umas calças de ganga e uma t-shirt. Sentia-se confusa. Era um luxo poder arranjar-se sem ter de se despachar nem preocupar-se com os gémeos e, no entanto, sentia-se mal por estar a dedicar tempo a ela própria porque amava Jolie e Cody e eles dependiam completamente dela.

A ajuda de Ford incomodava-a, mas, ao mesmo tempo, apreciava-a. Graças a ele podia ter alguns momentos de liberdade. Dormira toda a noite.

De volta à sala, pôs uma manta na carpete, à frente da lareira, e deixou que os bebés gatinhassem livremente. Quando parecia que começavam a cansar-se, pegou num dos seus livros favoritos e pô-los ao seu lado no sofá. Passou a maior parte da hora seguinte a ler.

Ford passou o tempo a vaguear pela sala. Rachel tentou não pensar nas suas mãos grandes a tocarem nela. Ouviu que as portas do aparador se abriam e se fechavam e imaginou que encontrara o pedaço que se partira. Ela não tivera tempo de o arranjar.

Enquanto Rachel continuava a ler, ele foi buscar a caixa de ferramentas que estava ao lado do gerador.

Quando acabou de ler as histórias, deixou as crianças sozinhas. Elas foram ver o que Ford estava a fazer. Rachel mexeu-se para os vigiar, para que não caíssem do sofá.

A nova posição proporcionava-lhe uma vista privilegiada do rabo de Ford.

Ford? Desde quando é que começara a pensar no inimigo pelo seu nome? Talvez desde que lhe demonstrara que não era o inimigo ao ajudá-la na neve, ao fazer-lhe o jantar e ao deixá-la dormir.

Era evidente que era um bom tipo.

Ou era muito inteligente e queria confundi-la. Já para não falar do facto de ele tocar nela sempre que tinha a oportunidade e de lhe dedicar olhares ardentes. A estratégia estava a funcionar.

Rachel recordou-se que planeara manter a distância.

– Não é preciso fazeres isso – replicou.

Ele sentou-se, encolheu os ombros e continuou a olhar para a chave de fendas que tinha na mão.

– Não me importo.

– Não precisas de fazer nada por mim – insistiu ela, num tom frio.

– Eu gosto de me manter ocupado – comentou ele, olhando para ela por cima do ombro. – Não acho que seja um crime aceitar um pouco de ajuda de vez em quando.

– Quando se vive sozinha, a auto-suficiência é algo importante.

– Fazer-se amigo dos vizinhos também.

– «Baa da ja» – balbuciou Cody, cravando os pés numa almofada e levantando-se.

– Oh? – Rachel agarrou em Cody pelo tornozelo e fê-lo descer. – Isso nunca me ocorreu.

– «Ja da ca» – replicou Jolie, saltando.

Ford desafiou Rachel com o olhar.

– Já tentaste?

Ela ficou tensa. De certeza que as vizinhas de Ford eram jovens que lhe levavam comida e bolos de maçã.

– Porque não me dizes quais seriam as vantagens?

– Bom – começou ele, fixando a parte da frente da gaveta às laterais. – Ter vizinhos é como jogar em equipa. Ajudam-se uns aos outros com as tarefas, recolhem o correio dos outros ou cuidam dos seus animais quando têm de ir a algum lado.

– Isto é Montana – replicou Rachel enquanto agarrava em Jolie, que também tentava subir pelo sofá. – A segurança não é assim tão importante. Posso contratar alguém para me ajudar com as tarefas domésticas. E não tenho animais. E não vou a lado nenhum, não preciso que ninguém fique com o meu correio. Não preciso de uma equipa. Na minha opinião, as equipas estão sobrevalorizadas.

– Sobrevalorizadas? – repetiu ele, incrédulo, quase como se se sentisse insultado. – Estás a falar com um soldado. Para mim, a diferença entre a vida e a morte está no trabalho em equipa.

– Isso é diferente. São militares. Têm de trabalhar juntos.

– Somos uma equipa de elite bem treinada que vai aos lugares mais perigosos do mundo para salvar estranhos, ajudar governos e conseguir informação.

– Estás as retorcer as minhas palavras – acusou ela, parando de lutar com os gémeos e pondo-os no chão para que brincassem. Depois, começou a andar à frente do fogo. – Respeito o que fazes. Mas eu não sou tu. Depender de outras pessoas é arriscar-me a ser magoada.

Depois, virou-se para que Ford não percebesse que o que acabara de dizer a afectava; falara demasiado dela.

Ouviu como ele punha a gaveta no seu lugar e guardava as ferramentas.

– É isso que queres para os teus sobrinhos? Uma vida solitária e isolada?

– Isto não tem nada a ver com eles. Eles têm-me a mim. Nunca estarão sozinhos.

– Rachel… – Ford ficou ao lado do sofá.

– Não – rejeitou-o ela com a palma da mão levantada. – Queres ajudar? Está bem. Vigia as crianças. Vou fazer o almoço.

E fugiu para a cozinha, que não era muito longe, mas pelo menos não tinha de ver Ford. Nem continuar com aquela conversa desastrosa.

Amaldiçoou-o por a ter obrigado a defender o seu estilo de vida.

Tirou do frigorífico o necessário para fazer sandes e levou a alface para o lava-loiça para a lavar.

Quem era ele para a pôr à defesa? Qual era o problema de gostar de estar sozinha? Não magoava ninguém e, assim, ninguém a magoava a ela.

Jolie e Cody teriam amigos, é claro. Ela sabia muito bem o que era sentir-se um estranho quando se desejava pertencer a um lugar.

Colocou as mãos por baixo da torneira e tremeu ao sentir o frio. Franziu o sobrolho ao perceber que, longe do fogo, a casa estava gelada.

O propano que alimentava o aquecimento e o esquentador era independente da electricidade. O ar tinha de estar mais temperado. Teve um mau pressentimento e foi verificar o termóstato, tentando activar o aquecedor.

Mas não aconteceu nada.

Sentiu um nó no estômago. Se ficassem sem propano e sem o calor que este lhes proporcionava, o seu plano de se manter afastada de Ford ficaria destruído.

Os meus três amores - Tal como sou

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