Читать книгу Para prazer do xeque - Sharon Kendrick - Страница 6

Capítulo 3

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A atmosfera tornou-se tensa, eléctrica. Era como se a possibilidade da morte a tivesse devolvido à vida.

Xavier olhava fixamente para ela, consciente dos batimentos fortes do seu coração. Sentiu uma pontada inesperada de dor, mas conseguiu contê-la.

– Quer dizer-me mais alguma coisa, chérie? – perguntou, com sarcasmo. – Hum…?

Laura abanou a cabeça. Por acaso ainda não dissera o suficiente?

– Não? Não está prestes a dizer-me que trabalha para um reality show? Não tem uma câmara escondida?

Laura não entendia a razão de tanto receio, até que recordou as fotografias roubadas da revista Bonjour!.

– Saia! – exclamou ele.

– Mas não quererá…

– Não pense por mim! – exclamou, furioso. – Vá-se embora! Já! Segurança!

Laura olhou para ele nos olhos e viu neles algo implacável. Assentiu com a cabeça e pegou na sua mala, de onde tirou um cartão que pôs sobre a secretária.

– Está aí o meu número de telemóvel. Hospedo-me no Paradis, caso queira contactar-me.

A jovem ia pegar na fotografia, mas ele impediu-a.

– Deixe-a aí! – gritou Xavier. – Se for uma fotografia do meu pai, como você diz, tenho mais direito de a ter do que você.

– Mas…

– Disse-lhe que a deixe aí! E vá-se embora!

Sob aquele olhar enfurecido, Laura abriu caminho através do escritório e conseguiu sair pela porta de cabeça erguida. No entanto, quando saiu, as mãos tremiam-lhe.

O hotel não ficava muito longe, mas também sabia que os sapatos de camurça não eram concebidos para andar, portanto, chamou um táxi.

Seria possível que tivesse fracassado perante o primeiro obstáculo?

O elevador conduziu-a até à suíte enorme que os assistentes do xeque lhe tinham reservado. Também tinham insistido em proporcionar-lhe os serviços de uma consultora de moda, que a tinha levado às compras ao chegar à cidade.

Assim que entrou no quarto, tirou os sapatos antes de se deitar na sumptuosa cama do hotel. O que podia fazer? Esperar para ver se Xavier mordia o anzol e telefonava?

E se não o fizesse, o que faria?

Nesse caso, teria desperdiçado uma oportunidade perfeita de conhecer a cidade. O tempo passaria devagar se se limitasse a esperar e não demoraria muito a descobrir se ganharia a generosa quantia que lhe tinham prometido se tivesse sucesso na sua tarefa.

Com extremo cuidado, Laura tirou o fato novo e pendurou-o no armário. Então, parou um pouco para desfrutar do prazer de escolher, antes de se decidir por um vestido de caxemira vermelha. Deu-lhe um último toque com um cinto dourado e botas castanhas, e saiu para passear.

Sim. Seria muito fácil habituar-se a ser uma mulher rica.

– Alguma mensagem para mim? – perguntou à recepcionista.

– Non, mademoiselle – respondeu a rapariga, encolhendo os ombros.

Os melhores monumentos ficavam perto do hotel, mas Laura sentia-se ausente. Aos olhos do mundo, era apenas uma mulher impressionada pelas maravilhas daquela cidade prodigiosa, com a sua Torre Eiffel, que dominava o centro da Place du Trocadéro, e La Sainte-Chapelle, cujos vitrais coloridos emitiam raios infinitos de luz.

No entanto, as preocupações buliam sob aquele deleite superficial. Tudo tinha parecido muito fácil quando o seu chefe tinha entrado no seu escritório para lhe perguntar se queria tirar umas pequenas férias e ganhar dinheiro suficiente para liquidar as suas dívidas.

Laura tinha olhado para o seu chefe, com olhos estupefactos. Ainda não se recompusera do desastre que Josh fizera nas suas finanças, para não falar do seu coração.

– Trabalhar para a família real de Kharastan? – tinha-lhe perguntado, pensando que ouvira mal.

– Exacto.

– Então, teria de viajar até Kharastan?

– É claro que sim! – respondera o seu chefe, sorrindo. – Todas as despesas pagas. Jactos privados. Roupa de marca. Tudo incluído!

– Não! Parece demasiado bom para ser verdade.

– Bom, não te preocupes. É legal. Pediu-mo um amigo de um amigo. Estas coisas funcionam assim. Querem um advogado que seja jovem, entusiasta, discreto e… mulher.

– Porquê uma mulher?

O seu chefe olhara para ela, com expressão séria.

– As mulheres dão outra dimensão a assuntos tão explosivos como este.

– Mas é… seguro?

Ele desatara a rir-se.

– Bolas, claro que sim! És solteira e estarias sob a protecção do próprio xeque, num país de costumes estritos e antiquados. Não poderia ser mais seguro!

Então, parecera demasiado fácil. Demasiado.

Laura pôs-se a andar para o hotel com passo tranquilo. Estava tão absorta nos seus pensamentos que não reparou no homem que esperava na recepção, envolto em sombras.

O indivíduo levantou-se e foi atrás dela.

Laura estava prestes a fechar a porta da suíte quando alguém a empurrou com violência. A jovem reprimiu um grito de horror ao ver que se tratava de Xavier.

– O que raios está a fazer?

Ele fechou a porta atrás de si como se tivesse o direito de o fazer.

– O que lhe parece? Queria falar. Não é assim? – desceu a voz até se transformar num sussurro. – Bom, aqui estou eu, chérie… Todo seu.

– Gostaria que me tivesse avisado com um pouco de antecedência – disse ela, quase sem fôlego, levando a mão ao pescoço. – Que me agarrem desta forma não é precisamente divertido.

– Não? Então, ainda não viveu nada. E eu que pensava que gostava de surpresas… – comentou ele, suavemente, apreciando o rubor que invadia as faces da jovem. – Não foi assim que me armou uma emboscada?

Laura tentou sorrir, mas não era fácil sob o olhar penetrante de Xavier.

– Porque não se senta?

Ele olhou à sua volta e acabou por reparar na cama enorme com dossel.

– E onde me sento? Ali? Não acha que assim me distrairia um pouco? Não sei quanto a si, mas seria muito difícil para mim não me deitar nela se estivesse na cama com uma mulher tão bonita como você.

O coração de Laura disparou.

– Não seja desagradável.

– Desagradável? Só digo a verdade. É sempre tão emproada, chérie?

Xavier gostou de ver como os mamilos dela endureciam.

– Mas esqueçamos a cama e todas as suas possibilidades maravilhosas por enquanto. Concentremo-nos no assunto que nos interessa – brilharam-lhe os olhos. – Quero respostas.

Laura assentiu.

– É por isso que estou aqui. Pergunte.

– Acha realmente que, mesmo que quisesse fazê-lo, poderia deixar tudo e viajar consigo para o Oriente?

– Claro! Você é o chefe. Um homem poderoso que pode fazer o que quiser.

– Lisonjeia-me.

– Não era a minha intenção.

– Não? Não sabia que os homens adoram que os lisonjeiem?

– Não sou perita na matéria. E talvez alguns tenham ouvido demasiados elogios ao longo da vida. Suspeito que esteja entre eles, monsieur de Maistre.

Xavier esboçou um sorriso furioso. Aquele desafio tinha selado o seu destino…

– Tem razão – disse, lentamente. – Posso fazer o que quiser. Nunca recebi um convite tão misterioso da parte de uma mulher tão irresistível. Nenhum homem poderia rejeitar algo do género. Já pode relaxar esses lindos lábios, chérie, porque irei consigo a Kharastan.

Laura não conseguia acreditar. Estava convencida de que ele faria o contrário.

– Fico contente… por ouvir isso.

– Assim espero. Mas ainda não estou lá, portanto, sugiro-lhe que guarde a alegria para então.

Laura assentiu.

– Um carro irá buscá-lo amanhã, às nove e meia, para o levar ao aeroporto. Parece-lhe bem?

– Não.

– Não?

Xavier sorriu, sardónico.

– Não. Acho que não entende como faço as coisas. Você não decide a hora, nem o lugar ou o meio de transporte. Terá de o fazer à minha maneira.

– Acho que não… entendo.

– É muito simples. Viajarei para Kharastan pelos meus próprios meios.

Laura olhou para ele, estupefacta.

– Mas isso é uma loucura! O xeque tem um avião de luxo, pronto para o levar para lá a qualquer momento.

– Acha que me deixo impressionar por um jacto privado?

– Não, claro que não! Não pretendia…

– Não quero dever nada ao xeque. Estas são as minhas condições. Ou aceita ou regressa de mãos a abanar. Não me comprometerei com outra coisa e não mudarei de ideias.

Havia um brilho de aço naqueles olhos cor de azeviche. Xavier de Maistre falava a sério.

– Mas não há voos directos para Kharastan – objectou Laura. – Poderá demorar dias a chegar.

Xavier olhou para ela, com sarcasmo.

– E você acha que eu viajo em voos comerciais? Usarei a companhia de voos charter que uso sempre. Pelo menos, posso confiar-lhes a minha vida.

– E o que significa isso?

– Pense. Se eu for, como você diz, o filho do xeque, então, deve interessar a mais de uma pessoa fazer-me desaparecer.

Não foi a ideia de que ele estivesse em perigo que a fez estremecer, mas a sensualidade poderosa que ele emanava.

Xavier semicerrou os olhos enquanto se deleitava com o rosto delicado dela. Sentiu que se excitava.

– O que se passa, chérie? – perguntou-lhe, com ironia. – Parece nervosa.

– E porque deveria estar nervosa, monsieur de Maistre?

– Acho que ambos sabemos porquê – os seus olhos brilharam. – Talvez devesse começar a chamar-me Xavier de agora em diante.

Só estava a dizer-lhe para o chamar pelo seu primeiro nome, mas o seu sotaque francês embriagador deslizava pela pele da jovem como uma carícia de seda que transformava o comentário mais banal num segredo íntimo.

Laura perdeu-se na profundidade daqueles olhos cativantes e, de repente, sentiu medo.

Para prazer do xeque

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