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Como um camponez aprendeu o Padre Nosso

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Tinha o coração duro, e não dava esmolas. Foi-se confessar uma vez, e o confessor deu-lhe por penitencia resar sete vezes o Padre Nosso.


«Não o sei, e nunca o pude aprender, respondeu o aldeão.»


«Pois n'esse caso, tornou o confessor, imponho-te por penitencia dar a credito um alqueire de trigo a todas as pessoas que t'o forem pedir da minha parte.»


No dia seguinte de manhã apresentou-se o primeiro pobre.


«Como te chamas? perguntou-lhe o camponez.


«Padre--Nosso--Que--Estaes--No--Ceo, respondeu o pobre.»


«E o teu appellido?»


«Seja--Santificado--O--Vosso--Nome.»


E o pobre foi-se embora com o seu alqueire de trigo.


Ao outro dia chega segundo pobre.


«Como te chamas?


«Venha--A--Nós--O--Vosso--Reino.»


«E o teu appellido?»


«Seja--Feita--A--Vossa--Vontade.»


E partiu com o seu alqueire de trigo.


Veiu terceiro pobre.


«Como te chamas?»


«Assim--Na--Terra--Como--No--Ceo.»


«E o teu appellido?»


«Dae-nos--Hoje--O--Pão--Nosso--De--Cada--Dia.»


E levou o seu alqueire.


Vieram ainda dois pobres successivamente, e passou-se tudo da mesma forma até chegar ao _Amen_.


Pouco tempo depois o confessor encontrou o aldeão.


«Então já sabes o Padre Nosso?»


«Não, sr. cura, sei só os nomes e appellidos dos pobres a quem emprestei o meu trigo.»


«Quaes são? tornou o padre.»


E o aldeão enumerou-lh'os a seguir, e pela ordem porque cada um se tinha apresentado.


«Já vês, disse o confessor, que não era muito difficil aprender o Padre Nosso, porque já o sabes perfeitamente.»



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