Читать книгу Sem Saída - Блейк Пирс - Страница 3
PRÓLOGO
ОглавлениеMorgan Farrell não tinha ideia de onde estava ou de onde acabara de vir. Ela sentia como se estivesse saindo de um nevoeiro profundo e espesso. Algo ou alguém estava bem ali na frente dela.
Ela se inclinou para a frente e viu o rosto de uma mulher olhando para ela. A mulher parecia tão perdida e confusa quanto Morgan.
“Quem é você?" Perguntou à mulher.
O rosto murmurou as palavras em uníssono com ela, e então Morgan percebeu…
Meu reflexo.
Estava olhando para o próprio rosto em um espelho.
Ela se sentiu estúpida por não se reconhecer imediatamente, mas não completamente surpresa.
Meu reflexo.
Ela sabia que estava olhando para o próprio rosto no espelho, mas parecia star olhando uma estranha. Esse era o rosto que ela sempre tivera, o rosto que as pessoas descreviam como elegante e bonito. Agora lhe parecia artificial.
O rosto no espelho não parecia muito… vivo.
Por alguns instantes, Morgan se perguntou se havia morrido. Mas podia sentir sua respiração ligeiramente irregular. Sentiu seu coração batendo um pouco rápido.
Não, ela não estava morta. Mas parecia estar perdida.
Tentou raciocinar.
Onde estou?
O que estava fazendo antes de chegar aqui?
Por estranho que parecesse, era um problema familiar. Essa não era a primeira vez que se encontrava em alguma parte da enorme casa sem saber como tinha chegado lá. Seus ataques de sonambulismo eram causados pelos múltiplos tranquilizantes prescritos pelo médico, além de muito whiskey.
Morgan só sabia de uma coisa – era melhor que Andrew não a visse como estava naquele momento. Não tinha maquiagem e seu cabelo estava desalinhado. Ergueu a mão para retirar uma mecha de cabelo da testa, e então viu…
Minha mão.
Está vermelha.
Está coberta de sangue.
Observou o espanto no rosto refletido.
Depois levantou a outra mão.
Também estava vermelha com sangue.
Com um tremor de repulsa, impulsivamente enxugou as mãos na frente de sua roupa.
Então seu horror aumentou. Tinha acabado de espalhar sangue em sua camisola de seda extremamente cara.
Andrew ficaria furioso se descobrisse.
Mas como iria se limpar?
Olhou ao redor, então apressadamente pegou uma toalha de mão pendurada ao lado do espelho. Enquanto tentava limpar as mãos, viu o monograma…
AF
Essa era a toalha do marido.
Fez um esforço para se concentrar no que a rodeava… as toalhas com monograma… as paredes cintilantes douradas.
Ela estava no banheiro do marido.
Morgan suspirou com desespero.
Suas andanças noturnas já antes a tinham levado ao quarto do marido. Quando o acordava, ficava sempre furioso com ela por violar sua privacidade.
E agora percorrera o quarto até o banheiro adjacente.
Estremeceu. Os castigos do marido sempre eram cruéis.
O que ele vai fazer comigo dessa vez? Pensou.
Morgan sacudiu a cabeça, tentando se libertar da névoa mental. Sua cabeça estava doendo e sentiu náuseas. Obviamente, tinha bebido muito e tomado muitos tranquilizantes. E agora, não só tinha sujado de sangue uma das preciosas toalhas de Andrew, como viu que tinha deixado impressões em todo o balcão do banheiro branco. Havia até sangue no chão de mármore.
De onde veio todo esse sangue? Perguntou a si mesma.
Uma possibilidade estranha lhe ocorreu…
Eu tentei me matar?
Não se lembrava de fazer isso, mas parecia possível. Pensara em suicídio mais de uma vez desde que se casara com Andrew. E se alguma vez morresse por sua própria mão, não seria a primeira a fazê-lo naquela casa.
Mimi, a esposa de Andrew antes de Morgan, havia cometido suicídio.
E também seu filho Kirk, em novembro passado.
Quase sorriu com amarga ironia…
Terei tentado continuar a tradição da família?
Deu um passo para trás para se ver melhor a si mesma.
Todo esse sangue…
Mas não parecia estar ferida em lugar algum.
Então de onde viera o sangue?
Ela se virou e viu que a porta que dava para o quarto de Andrew estava aberta.
Ele está lá? Perguntou-se.
Não acordara com o sucedido?
Ficou mais tranquila com essa possibilidade. Se ele estivesse dormindo tão profundamente, talvez ela pudesse fugir sem que ele percebesse a sua presença.
Mas então sufocou um gemido quando percebeu que não ia ser tão fácil. Ainda tinha que limpar todo aquele sangue.
Se Andrew entrasse em seu banheiro e encontrasse aquela bagunça terrível, é claro que ele saberia que ela era de alguma forma culpada.
Sempre era culpada de tudo na opinião dele.
Com o pânico aumentando, começou a limpar o balcão com a toalha. Mas isso não resultou. Tudo o que estava fazendo era espalhar o sangue por todo o lado. Precisava de água para limpar as coisas.
Quase ligou a torneira quando percebeu que o som de água corrente certamente acordaria Andrew. Pensou que talvez pudesse fechar a porta do banheiro suavemente e ligar a água o mais silenciosamente possível.
Ela se arrastou na ponta dos pés pelo enorme banheiro em direção à porta. Quando chegou lá, cautelosamente espreitou para o quarto.
E ficou surpresa com o que viu.
As luzes estavam baixas, mas não havia dúvida de que Andrew estava deitado na cama.
Estava coberto de sangue. Os lençóis estavam cobertos de sangue. Havia até sangue no chão.
Morgan correu para a cama.
Os olhos do marido estavam abertos com uma expressão de terror imóvel.
Ele está morto, Percebeu. Ela não tinha morrido, mas Andrew tinha.
Ele tinha cometido suicídio?
Não, isso era impossível. Andrew não tinha nada além de desprezo por pessoas que tiravam suas próprias vidas – incluindo sua esposa e filho.
"Pessoas não sérias" Costumava ele dizer sobre elas.
E Andrew sempre se orgulhara de ser uma pessoa séria.
E sempre levantara essa questão com Morgan…
"Você é uma pessoa séria?"
Ao olhar mais atentamente, pode ver que Andrew tinha sangrado de muitas feridas diferentes por todo o corpo. E aninhada entre os lençóis encharcados de sangue ao lado de seu corpo, viu uma grande faca de cozinha.
Quem poderia ter feito isso? Morgan se perguntou.
Então, uma estranha e eufórica calma se abateu sobre ela quando percebeu…
Eu finalmente fiz isso.
Eu o matei.
Ela fizera isso em seus sonhos muitas vezes.
E agora, finalmente, ela o fizera de verdade.
Sorriu e disse em voz alta para o cadáver…
"Quem é uma pessoa séria agora?"
Mas ela sabia que não devia aproveitar essa sensação calorosa e agradável. Assassinato era assassinato e ela sabia que tinha que aceitar as consequências.
Mas em vez de medo ou culpa, sentiu uma profunda satisfação.
Ele era um homem horrível. E estava morto. O que quer que tivesse acontecido, valera a pena.
Pegou no telefone ao lado de sua cama com a mão pegajosa e quase discou o 112 antes de pensar…
Não.
Há outra pessoa a quem quero contar primeiro.
Era uma mulher gentil que demonstrara preocupação com seu bem-estar há algum tempo.
Antes de fazer qualquer outra coisa, precisava ligar para aquela mulher e dizer-lhe que não precisava mais se preocupar com a Morgan.
Finalmente, tudo estava bem.