Читать книгу Sem Saída - Блейк Пирс - Страница 7
CAPÍTULO QUATRO
ОглавлениеRiley não pôde deixar de se preocupar enquanto a sessão do tribunal se desenrolava.
Até ao momento, tudo parecia estar a correr bem. A própria Riley tinha testemunhado sobre o lar que estava a criar para Jilly, e Bonnie e Arnold Flaxman tinham testemunhado sobre a necessidade absoluta de Jilly ter uma família estável.
Mesmo assim, Riley sentiu-se desconfortável com o pai de Jilly, Albert Scarlatti.
Nunca tinha visto o homem antes daquele dia. A julgar pelo que Jilly lhe contara sobre ele, imaginara um ogre grotesco.
Mas a sua aparência real a surpreendeu.
Seu outrora cabelo preto estava fortemente manchado de cinza e suas feições escuras estavam, como ela esperava, devastadas por anos de alcoolismo. Mesmo assim, parecia perfeitamente sóbrio naquele momento. Estava bem vestido, mas não de forma dispendiosa, e era gentil e agradável com todos com quem conversava.
Riley também se perguntou sobre a mulher sentada ao lado de Scarlatti segurando a sua mão. Também parecia ter vivido uma vida difícil. De outra forma, sua expressão era difícil para Riley decifrar.
Quem é ela? Riley se perguntou.
Tudo o que Riley sabia sobre a esposa de Scarlatti e a mãe de Jilly era que tinha desaparecido há muitos anos atrás. Scarlatti costumava dizer a Jilly que provavelmente morrera.
Não poderia ser ela depois de todos esses anos. Jilly não mostrara nenhum sinal de conhecer essa mulher. Então quem era ela?
Agora era hora de Jilly falar.
Riley apertou a mão de Jilly tranquilizadoramente e a jovem adolescente se preparou para testemunhar.
Jilly parecia pequena na grande cadeira de testemunhas. Seus olhos percorreram nervosamente o tribunal, olhando para o juiz, depois estabelecendo contato visual com o pai.
O homem sorriu com o que parecia ser uma sincera afeição, mas Jilly rapidamente desviou o olhar.
O advogado de Riley, Delbert Kaul, perguntou a Jilly como ela se sentia a respeito da adoção.
Riley podia ver todo o corpo de Jilly tremer de emoção.
"É o que eu mais quero na vida" Disse Jilly com uma voz instável. "Eu tenho sido tão, tão feliz vivendo com a minha mamãe…"
"Você quer dizer com a senhora Paige" Kaul disse, gentilmente interrompendo.
"Bem, ela é minha mamãe agora e é como eu a chamo. E a filha dela, April, é minha irmã mais velha. Até começar a viver com elas, não fazia ideia do que seria – ter uma família de verdade para me amar e cuidar de mim.”
Jilly parecia estar contendo as lágrimas heroicamente.
Riley não tinha a certeza de que seria capaz de fazer o mesmo.
Então Kaul perguntou, "Você pode contar ao juiz um pouco sobre como era viver com seu pai?"
Jilly olhou para o pai.
Então olhou para o juiz e disse, "Foi horrível".
Disse ao tribunal o que dissera a Riley no dia anterior – como seu pai a trancara em um armário durante dias. Riley estremeceu quando ouviu a história mais uma vez. A maioria das pessoas no tribunal parecia profundamente afetada com aquele relato. Até o pai de Jilly baixou a cabeça.
Quando terminou, Jilly estava lavadae em lágrimas.
“Até minha nova mãe entrar na minha vida, todos que eu amava acabaram por me deixar. Não suportavam viver com o pai porque ele era tão ruim para eles. Minha mãe, meu irmão mais velho – até meu cachorrinho, Darby, fugiu.
A garganta de Riley se contraiu. Ela se lembrou de Jilly chorando quando falara do cachorrimho que tinha perdido há muitos meses atrás. Jilly ainda se preocupava com o que tinha acontecido com Darby.
"Por favor" Disse ela ao juiz. "Por favor, não me envie de volta para isso. Estou muito feliz com minha nova família. Não me leve para longe deles.”
Jilly então sentou-se novamente ao lado de Riley.
Riley apertou a mão dela e sussurrou, “Você esteve muito bem. Estou orgulhosa de você."
Jilly assentiu e enxugou as lágrimas.
Em seguida, o advogado de Riley, Delbert Kaul, apresentou ao juiz todos os documentos necessários para finalizar a adoção. Ele estava enfatizando especialmente o formulário de consentimento assinado pelo pai de Jilly.
Tanto quanto Riley poderia dizer, Kaul estava fazendo um trabalho razoavelmente completo com a apresentação. Mas sua voz e seus modos eram pouco inspiradores, e o juiz, um homem robusto e carrancudo, com olhos pequenos e redondos, não parecia nada impressionado.
Por um momento, a mente de Riley voltou ao telefonema bizarro que recebera no dia anterior de Morgan Farrell. Claro que Riley entrou em contato com a polícia em Atlanta imediatamente. Se o que a mulher dissera fosse verdade, então certamente ela já estaria sob custódia. Riley não pôde deixar de imaginar o que realmente acontecera.
Seria realmente possível que a frágil mulher que conhecera em Atlanta tivesse cometido um homicídio?
Não é hora de pensar em tudo isso, lembrou a si mesma.
Quando Kaul terminou sua apresentação, o advogado de Scarlatti se levantou.
Jolene Paget era uma mulher de trinta e poucos anos, cujos lábios pareciam ter um leve mas constante sorriso.
Ela disse ao advogado, "Meu cliente deseja contestar essa adoção".
O juiz assentiu e rosnou, “Eu sei que sim senhora Paget. É melhor que seu cliente tenha um bom motivo para querer mudar sua própria decisão.”
Riley imediatamente percebeu que, ao contrário de seu próprio advogado, Paget não precisava de notas. Também ao contrário de Kaul, sua voz e comportamento exalavam autoconfiança.
Ela disse, “Sr. Scarlatti tem uma boa razão, Meritíssimo. Ele deu seu consentimento sob coação. Ele estava passando por um momento especialmente difícil e não tinha um emprego. E sim, ele estava bebendo naquela época. E estava deprimido.”
Paget acenou com a cabeça na direção de Brenda Fitch, que também estava sentada no tribunal, e acrescentou, “Ele foi vítima fácil da pressão do pessoal dos serviços sociais, especialmente dessa mulher. Brenda Fitch ameaçou acusá-lo de crimes e delitos inteiramente inventados.”
Brenda soltou um suspiro de indignação. Disse a Paget, "Isso não é verdade e você sabe disso."
O sorriso de Paget se alargou quando disse, "Meritíssimo, poderia impedir a senhora Fitch de interromper?"
"Por favor, silêncio, senhora Fitch" Disse o juiz.
Paget acrescentou, "Meu cliente também deseja acusar a senhora Paige de sequestro – com a Sra. Fitch como cúmplice".
Brenda soltou um gemido audível de desgosto, mas Riley se forçou a ficar quieta. Ela sabia que Paget iria seguir esse caminho.
O juiz disse, “Senhora Paget, não apresentou quaiquer provas de sequestro. Quanto às ameaças e coação que mencionou, não ofereceu nenhuma prova ou evidência de sua concretização. Não disse nada que me convencesse de que o consentimento inicial do seu cliente não deveria permanecer."
Então Albert Scarlatti levantou-se.
"Posso dizer algumas palavras em meu nome, Meritíssimo?" Implorou.
Quando o juiz assentiu, Riley ficou preocupada.
Scarlatti baixou a cabeça e falou em voz baixa e calma.
“O que Jilly lhe contou agora sobre o que eu fiz com ela… sei que parece horrível. E Jilly, sinto muito por isso. Mas a verdade é que não é exatamente assim que aconteceu.”
Riley teve que se impedir para não o interromper. Ela tinha certeza de que Jilly não mentira.
Albert Scarlatti riu um pouco tristemente. Um sorriso caloroso se espalhou por suas feições desgastadas.
“Jilly, com certeza você vai admitir que tem sido difícil de criar. Você pode ser um desafio, filhinha. Você tem um temperamento especial e às vezes fica completamente fora de controle, e eu não sabia o que fazer naquele dia. Do jeito que eu me lembro, eu estava simplesmente desesperado quando te coloquei naquele armário.”
Encolheu os ombros e continuou, “Mas não foi como você disse. Eu nunca teria feito você passar por algo assim por dias. Nem mesmo por algumas horas. Eu não estou dizendo que você não está sendo verdadeira, apenas que sua imaginação às vezes leva a melhor. E eu entendo isso.”
Então Scarlatti voltou sua atenção para os outros no tribunal.
Ele disse, “Muita coisa aconteceu desde que perdi minha pequena Jilly. Estive em reabilitação e frequento regularmente os AA, e não bebo há meses. Espero nunca mais beber para o resto da minha vida. E tenho um trabalho estável – nada realmente impressionante, apenas trabalho de zeladoria, mas é um bom trabalho, e posso lhe dar uma referência do meu patrão em como me estou saindo muito bem.”
Então ele tocou no ombro da misteriosa mulher que estava sentado a seu lado.
“Mas houve outra grande mudança na minha vida. Eu conheci Barbara Long, a mulher mais maravilhosa do mundo, e ela é a melhor coisa que já me aconteceu. Estamos noivos e vamos casar no final deste mês.”
A mulher sorriu para ele com olhos brilhantes.
Scarlatti falou diretamente para Jilly naquele momento.
“Isso mesmo, Jilly. Não há mais famílias monoparentais. Você vai ter um pai e uma mãe – uma mãe de verdade depois de todos esses anos.”
Riley sentiu como se uma faca tivesse sido cravada em seu peito.
Jilly acabou de dizer que sou a mãe dela de verdade, Pensou. Mas o que poderia dizer sobre essa falha monoparental? Estava divorciada de Ryan antes mesmo de encontrar Jilly.
Scarlatti então dirigiu sua atenção para Brenda Fitch.
Disse, “Senhora Fitch, minha advogada acabou de dizer algumas coisas bem difíceis sobre você. Eu só quero que saiba que eu não guardo ressentimentos. Você tem feito o seu trabalho e eu sei disso. Eu só quero que saiba o quanto eu mudei.”
Então olhou Riley diretamente nos olhos.
"Senhora Paige, eu não guardo ressentimentos contra você também. De fato, sou grato por tudo que fez para cuidar de Jilly enquanto eu estava tentando me recuperar. Eu sei que não deve ter sido fácil para você, sendo solteira e tudo. E com uma adolescente sua para cuidar.”
Riley abriu a boca para protestar, mas Albert continuou falando calorosamente. "Eu sei que você se importa com ela, e não precisa se preocupar. Eu serei um bom pai para Jilly a partir de agora. E eu quero que continue fazendo parte da vida de Jilly.”
Riley ficou chocada. Agora percebia por que sua advogada ameaçara acusá-la de sequestro.
É um clássico bom policial, policial ruim.
Jolene Paget se apresentara como uma advogada preparada para fazer qualquer coisa para ganhar seu caso. Limpou o caminho para Scarlatti ser o cara mais legal do mundo.
E ele fora muito convincente. Riley não pôde deixar de se perguntar…
Será que ele afinal é realmente um cara legal?
Estaria a passar realmente por um mau bocado?
Pior de tudo – estaria errada em tentar tirar-lhe Jilly? Será que estaria apenas a acrescentar um trauma desnecessário à vida de Jilly?
Finalmente Scarlatti olhou suplicante para o juiz.
“Meritíssimo, peço-lhe, por favor, deixe-me ter minha filha de volta. Ela é minha carne e sangue. Não vai se arrepender da sua decisão. Eu prometo."
Uma lágrima escorreu por sua bochecha quando se sentou de novo.
Sua advogada se levantou, parecendo mais orgulhosa e confiante do que nunca.
Falou com Jilly com um tom de falsa sinceridade.
“Jilly, espero que entenda que seu pai quer apenas o que é melhor para você. Eu sei que teve problemas com ele no passado, mas me diga a verdade agora – isso não é um padrão em você?”
Jilly pareceu intrigada.
Paget continuou, "Eu tenho certeza que você não vai negar que fugiu de seu pai e foi assim que Riley Paige encontrou você."
Jilly disse, "Eu sei, mas isso foi porque…"
Paget interrompeu, apontando para os Flaxman.
"E você também não fugiu desse belo casal quando eles te levaram?"
Os olhos de Jilly se arregalaram e assentiu silenciosamente.
Riley engoliu em seco. Ela sabia o que Paget ia dizer em seguida.
"E não fugiu da senhora Paige e sua família?"
Jilly assentiu e baixou a cabeça miseravelmente.
E é claro que era verdade. Riley lembrou muito bem o quão difícil tinha sido para Jilly se adaptar à vida em sua casa e, especialmente, como lutou com sentimentos de indignidade. Em um momento especialmente fraco, Jilly correu para outra parada de caminhões, pensando que vender seu corpo era a única coisa para que servia.
"Eu não sou ninguém" Jilly disse a Riley quando a polícia a trouxe de volta.
A advogada fizera sua pesquisa bem, mas Jilly mudara muito desde então. Riley tinha a certeza de que aqueles dias de insegurança tinham acabado.
Ainda mantendo um tom de profunda preocupação, Paget disse a Jilly…
“Cedo ou tarde, querida, você precisa aceitar a ajuda de pessoas que se preocupam com você. E agora, seu pai quer lhe dar uma vida mais do que qualquer outra coisa. Acho que você lhe devia dar uma chance de fazer isso.”
Voltando-se para o juiz, Paget acrescentou, "Meritíssimo, deixo o assunto para sua decisão".
Pela primeira vez, o juiz pareceu genuinamente comovido.
Ele disse, “Sr. Scarlatti, seus comentários eloquentes me forçaram a reconsiderar minha decisão.
Riley ofegou em voz alta.
Isso está realmente acontecendo?
O juiz continuou, “O estatuto do Arizona é muito claro em relação à separação. A primeira consideração é a aptidão dos pais. A segunda consideração é o melhor interesse da criança. Somente se o pai for considerado inapto pode a segunda consideração ser posta em questão.”
Ele parou para pensar por um momento.
"A incapacidade do Sr. Scarlatti não foi estabelecida aqui hoje. Acho que, pelo contrário, ele parece estar fazendo tudo o que pode para se tornar um excelente pai”.
Parecendo alarmado, Kaul levantou-se e falou agudamente.
“Meritíssimo, eu me oponho. Sr. Scarlatti desistiu de seus direitos voluntariamente, e isso é completamente inesperado. Não havia qualquer motivo para trazer provas para estabelecer sua inaptidão”.
O juiz falou com uma nota de finalização e bateu o martelo.
“Então não tenho razão para considerar mais nada. A custódia é concedida ao pai, com efeito imediato.”
Riley não pôde deixar escapar um grito de desespero.
Isso é real, Pensou.
Eu estou perdendo Jilly.