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AS BRUXAS KARNINANAS

Sabe-se que nem tudo é perfeito! Entre tudo que é bom existe uma oposição em todas as coisas, neste caso, existia em uma caverna sombria, dentro da montanha mais alta ao norte do povoado dos corderianos, uma comunidade de fêmeas que denominavam-se karninanas, seres semelhantes as bruxas, que usavam as forças malignas para amedrontar e matar as suas presas. Se alimentavam de sangue de grandes animais e tinham como preferência o sangue de lobo, pois o sangue de lobo era algo irresistível para elas. E devido a esta sede voraz por sangue, já não existiam mais lobos entre os corderianos. Antes da extinção dos lobos, estes animais costumavam ser passivos entre o povo, e viviam nos quintais das casas como se fossem animais de estimação. Os corderianos confiavam tanto nos lobos, que as crianças da comunidade eram cuidadas e ficavam sobre a vigilância destes animais. Foi uma grande perda não tê-los mais na comunidade.

De cinco em cinco anos, cada karninana escolhia um macho dos corderianos para acasalar e assim suceder a descendência das bruxas e a maldade continuar na terra. Com sua força e poder das trevas, sequestravam o macho desejado e ficavam na caverna por 10 dias, e assim engravidavam e depois libertavam os machos corderianos. Estes jovens se sentiam sujos espiritualmente depois de serem abusados pelas malvadas bruxas, pois eles eram criados segundo os ensinamentos de seus antepassados, onde só poderiam ter relações amorosas e contato íntimo depois do casamento, e o seu padrão de castidade era muito elevado. Então, depois dos dez dias de abuso praticado pelas bruxas, eles não voltavam direto para o vilarejo, e ficavam isolados na floresta por uma quarentena, quarenta dias, tempo em que não podiam se alimentar de animais, somente viver com vegetais e frutas silvestres, pois assim acreditavam que a sua alma era purificada. Os corderianos acreditavam em um Ser Supremo, criador de todas as coisas, que eles chamavam de Grande Espírito, e acreditavam que durante a quarentena o Grande Espirito purificava as suas almas. Durante este período, eles também pintavam seu rosto com tintas extraídas das folhas de árvores, frutas e flores. Eles acreditavam que pintar o rosto durante a quarentena era um sinal de humildade perante o Grande Espirito.

Quando os bebês das karninanas nasciam, havia uma seleção. As bebês fêmeas permaneciam vivas e passavam por rituais tendo sua vida oferecida a maldade dos demônios, e em troca estas crianças ganhariam poderes diabólicos quando adultas. Enquanto isso, os bebês machos eram alvos de oferenda aos espíritos malignos e não sobreviviam. Assim as karninanas garantiam a sua descendência.

Passados os cinco anos, chegava a época de acasalamento. Esta era uma ocasião de muita alegria para as karninanas, suas gargalhadas eram ouvidas por todo ser vivente da região, sendo motivo de tristezas e lamentações para os corderianos. O olfato das bruxas era tão aguçado, que elas podiam sentir o cheiro do sangue dos machos adultos jovens, e assim sabiam em que casas capturar o escolhido. Então elas foram até o vilarejo e escolheram seus machos. Para os corderianos era algo muito terrível ser escolhido pelas bruxas, pois como os corderianos possuíam estes princípios tão elevados, acreditavam que seria melhor a morte que ser levados pelas karninanas. E assim não aceitavam as crenças e maldades das terríveis malfeitoras. Esta noite era um momento de muito pranto e ranger de dentes, pois as mães e esposas corderianas sofriam muito ao ver os seus filhos e maridos sendo levados. As karninanas erguiam seus braços em direção ao macho escolhido e, tanta era a força, que o poder das trevas fazia o jovem ir ao chão desacordado como se estivesse morto. E com seus poderes e forças, as karninanas colocavam seus machos pendurados em seus ombros e os carregavam até as suas cavernas. As famílias que tinham seus jovens adultos arrancados do convívio familiar, aos prantos pediam proteção ao Grande Espirito, e simbolizando este pedido, ascendiam tochas e deixavam em frente as suas casas. Estas tochas permaneciam acesas até passarem os dez dias de permanência dos machos no cativeiro.

Caianco e o novo mundo

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