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Base aérea Camp Adder – O refúgio
ОглавлениеOs dois estranhos personagens, ainda vestidos de beduínos, acabavam de entrar em seu esconderijo na cidade, quando um fraco som intermitente do laptop, ainda funcionando na mesa da sala de estar, chamou-lhes a atenção.
— Quem diabos será? — perguntou o magro, irritado.
O sujeito gordo, que agora estava mancando mais do que antes, aproximou-se do computador, e depois de digitar uma senha decididamente complicada, disse: — É uma mensagem da base.
— Eles vão querer saber se a operação obteve êxito.
— Me dê um segundo para decodificá-la.
Uma série de símbolos ininteligíveis apareceu na tela, então depois de digitar uma combinação de códigos em sequência, a mensagem começou a aparecer lentamente.
General capturado e levado à base aérea Camp Adder. Requer operação imediata de resgate.
— Santo Deus! — exclamou o gordo. — Eles já sabem.
— Como diabos conseguiram?
— Bem, eles definitivamente têm mais ligações diretas do que nós. Não deixam escapar nada.
— E o que esperam que a gente faça?
— Não sei. Apenas diz aqui que devemos ir libertá-lo.
— Vestidos assim? Não acho uma boa ideia, de modo algum.
O sujeito alto e magro puxou uma cadeira da mesa, girou-a 90 graus e então, balbuciando uma série de gemidos intermitentes, caiu nela. — Só faltava essa!
Ele recostou um cotovelo na superfície polida e olhou distraidamente pela janela à sua frente. Notou que as janelas estavam realmente encardidas, e aquela à direita tinha uma rachadura que percorria quase todo o comprimento.
De repente, levantou os olhos para o companheiro, e com um sorrisinho sardônico, disse: — Acabo de ter uma ideia.
— Eu sabia, conheço esse olhar.
— Vá pegar o primeiro kit de primeiros socorros e me deixe dar uma olhada nesse galo que você tem na cabeça.
— Para ser sincero, estou mais preocupado com meu pulso. Queria saber se está quebrado.
— Não se preocupe, vou tratá-lo pra você. Eu queria ser veterinário quando era garoto.
Depois de pouco mais de uma hora e doses enormes de analgésicos e várias aplicações de pomadas, os dois comparsas estavam quase novos em folha.
Depois de se olhar no espelho pendurado na parede perto da porta de entrada, o magro disse com um sorriso: — Agora podemos ir — e passou para o quarto. Ele apareceu de novo logo depois, segurando dois uniformes militares norte-americanos passados a ferro.
— Onde conseguiu? — perguntou o gordo surpreso.
— São parte do kit de emergência que trouxe comigo. Nunca se sabe.
— Você é totalmente maluco — disse o gordo, sacudindo a cabeça ligeiramente. — E o que devemos fazer?
— Este é o plano — disse o magro, com um ar satisfeito, jogando para o colega o tamanho extra grande. — Você será o General Richard Wright, diretor de uma agência ultrassecreta do governo, que ninguém conhece.
— Obviamente, se é ultrassecreta. E você?
— Serei seu braço direito. Coronel Oliver Morris, a seu serviço, senhor.
— Então sou seu superior. Gosto disso.
— Mas não se acostume muito, ok? — disse o sujeito magro, erguendo o dedo indicador. — E esses são nossos documentos, com nossos distintivos.
— Caramba! Parecem reais.
— E isso não é tudo, meu velho — e mostrou ao outro uma folha de papel timbrado, assinada pelo Coronel Jack Hudson. — Essa é a solicitação oficial de transferência de prisioneiros para um "local seguro".
— Onde raios conseguiu isso?
— Imprimi mais cedo, enquanto você estava no banho. Pensou que era o único mago dos computadores?
— Estou impressionado. É até melhor que o original.
— Vamos entrar na base militar e deixar que entreguem o General. Se eles se oporem, podemos dizer a eles para contatar diretamente o Coronel Hudson. Não acho que celulares funcionam no espaço — e ambos deram muitas gargalhadas.
Por volta de uma hora depois, quando o sol se escondia por trás de uma duna alta de areia, um jipe militar, levando um Coronel e um General em uniformes de gala, parou na entrada da base aérea de Imam Ali ou Camp Adder, como os americanos a rebatizaram durante a guerra do Iraque. Dois militares, armados até os dentes, saíram da guarita blindada, e se moveram rapidamente em direção ao veículo. Dois outros, à distância, mantinham a visão nos passageiros.
— Boa noite, Coronel — disse o soldado mais próximo, dando uma elegante saudação militar. — Posso ver seus documentos e do General, por favor?
O Coronel magro e alto que estava sentado ao volante não disse nada. Ele tirou um envelope amarelo do bolso interno da jaqueta e entregou ao soldado. Este levou algum tempo lendo e apontou a lanterna nos rostos dos dois algumas vezes. O General visivelmente sentiu uma gota de suor que, a partir do galo em sua testa, começava a escorrer lentamente pelo nariz, e então cair no terceiro botão da sua jaqueta, que estava absurdamente tesa pela força do enorme estômago por debaixo.
— Coronel Morris e General White — disse o militar, novamente apontando a lanterna no rosto do Coronel.
— Wright, General Wright! — respondeu o Coronel magrelo num tom irritado. — Qual é o problema, Sargento, não consegue ler?
O Sargento, que pronunciara o sobrenome do General incorretamente de propósito, sorriu ligeiramente e disse: — Arranjarei para que alguém os acompanhe. Sigam esses homens — e com um aceno, ordenou aos dois militares para os levarem à prisão.
O Coronel ligou devagar o motor do jipe. Ainda não havia andado uns doze metros, quando ouviu um grito: — Pare, senhor!
O sangue gelou nas veias dos dois ocupantes do veículo. Permaneceram imóveis por longos momentos, até a voz continuar, dizendo: — Esqueceram seus documentos.
O corpulento General deu um suspiro de alívio tão grande que todos os botões do seu uniforme quase estouraram.
— Obrigado, Sargento — disse o homem magro, estendendo a mão ao soldado. — Estou envelhecendo mais cedo que pensei.
Eles partiram de novo no jipe e seguiram os dois soldados, que prosseguindo em ritmo acelerado, rapidamente os levaram à entrada de um edifício baixo e definitivamente desgastado. O soldado mais jovem bateu na enorme porta e entrou sem esperar resposta. Em seguida, um grande homem negro, completamente careca, com listras de sargento e rosto de valentão, apareceu na porta e ficou em posição de sentido. Fez uma saudação e disse: — General, Coronel. Entrem, por favor.
Os dois oficiais saudaram em resposta, e tentando ignorar as várias dores que começavam a reaparecer, entraram na grande sala.
— Sargento — disse o sujeito magro com determinação. — Temos aqui uma ordem escrita do Coronel Hudson nos autorizando a levar o General Campbell — e entregou ao outro o envelope amarelo.
O enorme sargento abriu e ficou lendo o conteúdo. Então, olhando fixamente com olhos penetrantes e escuros os do Coronel, proferiu: — Terei de verificar.
— Prossiga — respondeu o oficial tranquilamente.
O enorme homem negro tirou outra folha de papel de uma gaveta na mesa e comparou-a cuidadosamente com a que estava em sua mão. Olhou de novo para o Coronel e sem mostrar emoção, acrescentou: — A assinatura é a mesma. Importa-se se eu ligar para ele?
— É seu dever. Mas vamos ser rápidos, por favor. Já perdemos muito tempo — respondeu o Coronel magrelo, fingindo estar prestes a perder a paciência.
De nenhum modo assustado, o sargento lentamente levou a mão ao bolso do uniforme e tirou seu celular. Digitou um número e esperou.
Os dois oficiais prenderam a respiração até o militar, depois de apertar um botão no celular, comentar laconicamente: — Fora de alcance.
— Então, sargento, vamos andando? — exclamou o oficial num tom mais autoritário que antes. — Não podemos ficar aqui a noite toda.
— Vá e traga o General — o enorme sargento ordenou a um dos soldados que acompanhara os dois oficiais.
Após alguns minutos, um homem completamente calvo, com um enorme bigode e sobrancelhas cinzentas, e dois pequenos olhos brilhantes, apareceu na porta atrás do sargento. Usava uniforme de General, mas faltava uma das estrelas de ordenança no ombro direito. Estava algemado e atrás dele, o soldado de há pouco, o mantinha na mira.
O General deu um salto ao ver os dois oficiais, e então, adivinhando o plano, permaneceu quieto e tentou parecer tão triste quanto podia.
— Obrigado, soldado — disse o Coronel magricelo, retirando sua Beretta M9 do coldre. — Agora levaremos esse patife.