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Nova Iorque – Ilha de Manhattan

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Em Manhattan, Nova Iorque, em um escritório luxuoso no trigésimo nono andar do imponente arranha-céu situado entre a Quinta Avenida e a Rua 59, um homem baixo, de aparência estilosa e bem cuidada, estava em frente a uma das cinco janelas largas, que o separava do ambiente externo. Vestia um terno cinza escuro, certamente italiano, uma vistosa gravata vermelha, e tinha o cabelo grisalho, macio e penteado para trás. Seus olhos profundos e escuros olhavam para além do vidro da janela, na direção do Parque Central, examinando sua magnificência, que, praticamente, logo abaixo de seus pés, se estendia por quatro quilômetros de comprimento e oitocentos metros de largura, representando um espaço verde inestimável, fonte de oxigênio e recreação, para os quase dois milhões de habitantes da ilha.

— Senhor Senador, com licença — disse um homenzinho calvo, com rosto sem expressão, que batia timidamente na elegante porta de madeira escura laqueada. Ao lado, uma pequena placa dourada com letras negras em itálico anunciava "Senador Jonathan Preston".

— Sim? — respondeu o homem, sem se virar.

— Há uma comunicação criptografada de vídeo à sua espera.

— Ok, receberei aqui. Feche a porta ao sair.

O homem caminhou lentamente até a elegante mesa escura e sentou-se na cadeira de couro negro macio. Com um gesto automático, tocou o nó da gravata, colocou o receptor na orelha direita e apertou um pequeno botão cinza sob a mesa. Um monitor semitransparente começou a descer do teto com um leve chiado, até assentar suavemente sobre a mesa. Ele tocou a tela e o rosto largo do General Campbell apareceu.

— General, percebo com satisfação que não é mais um hóspede do serviço penitenciário da nação.

— Senador, como vai? Queria agradecê-lo, primeiramente, pela rápida e eficiente operação de resgate.

— Acho que todo o crédito é dos dois indivíduos que estou vendo atrás de você.

Por instinto, o General se virou e viu o sujeito gordo e seu cúmplice, tentando aparecer na webcam, como o público faz quando há multidões por trás de um jornalista fazendo uma transmissão ao vivo na TV. Ele encolheu um pouco os ombros e continuou, dizendo: — Eles não são exatamente os mais brilhantes, mas são muito eficientes para certos tipos de trabalho.

— Então! Agora conte-me tudo. Seu relatório deveria estar em minha mesa mais de doze horas atrás.

— Vamos dizer que estive um pouco "ocupado" recentemente — respondeu ironicamente o General. — De qualquer forma, posso confirmar que seu pressentimento com relação ao trabalho da Doutora Hunter acertou em cheio, e graças à sua descoberta, pude presenciar pessoalmente um evento surpreendente.

O General fez uma breve pausa, esperando que a curiosidade do outro aumentasse, e então acrescentou: — Senador, eu não sei como, mas a descoberta da doutora do famigerado "vaso com conteúdo precioso", de alguma forma, deve ter ativado um sistema que atraiu para o nosso planeta, nada menos que... — E parou, ciente de que o que diria seria um pouco difícil de aceitar, então tomou um grande fôlego e sem hesitar mais, anunciou solenemente: — uma astronave alienígena.

O oficial tentou manter os olhos fixos no monitor, buscando sinais de espanto no rosto do Senador. Mas este nem piscou. Simplesmente apoiou o cotovelo na madeira escura da mesa, e segurando o queixo entre o polegar e o indicador, começou a alisá-lo suavemente. Continuou a fazer isso por alguns segundos e então simplesmente declarou: — Então, eles estão de volta.

O General não pôde deixar de arregalar os olhos, surpreso.

Então Preston já sabia tudo sobre os alienígenas... Como era possível?

O Senador levantou-se vagarosamente da cadeira confortável, e entrelaçando as mãos por trás das costas, começou a andar ao redor da mesa em círculos. O General e os dois assistentes não ousaram dizer uma palavra. Limitaram-se a trocar olhares duvidosos e esperar pacientemente.

De repente, Preston voltou à sua mesa, pôs ambas as mãos nela, e olhando direto nos olhos do General, disse: — Vocês tinham um drone. Por favor, me diga que conseguiram filmar essa astronave.

O General se virou, procurando desesperadamente uma resposta afirmativa da dupla. O sujeito magro sorriu com desdém, e estufando o peito com orgulho, anunciou satisfeito: — Certamente, Senador, mais de uma vez. Enviarei imediatamente.

Sem a menor cerimônia, ele empurrou o General, e depois de mexer um pouco no teclado à frente, fez as fotos tiradas da instalação da Doutora Hunter aparecerem numa janela na tela do Senador.

Preston colocou ambos os cotovelos na mesa, inclinou o queixo nos punhos fechados das mãos e aproximou-se tanto quanto possível do monitor, para não perder uma única imagem passando na tela à sua frente. Primeiro, as imagens noturnas do recipiente de pedra descoberto enterrado sob o solo, depois as do misterioso globo negro dentro e o mesmo sendo transportado até a tenda do laboratório. Então a cena mudou para uma imagem de luz do dia. Uma estrutura circular e prateada, aparentemente apoiada em quatro feixes de luz avermelhados, vindos das arestas de um quadrado imaginário desenhado no chão, estava em plena vista. A estrutura inteira parecia ser um tipo de pirâmide truncada, e tinha uma espantosa semelhança com o Zigurate de Ur, que podia ser visto se erguendo majestosamente em segundo plano.

O Senador não conseguiu tirar os olhos da tela. Quando viu os dois personagens de aparência humana, definitivamente mais altos e volumosos que a média, aparecerem na abertura da estrutura prateada e se posicionarem, com as pernas separadas, no que seria uma plataforma de descida, não pode evitar um sobressalto ao sentir o coração bater freneticamente no peito.

O sonho que esteve perseguindo por toda sua vida finalmente se tornou realidade! Todos os seus estudos, sua pesquisa, acima de tudo, o capital considerável que investira nesse projeto estavam finalmente dando os resultados que esperava. Os personagens que estava observando na tela eram realmente dois alienígenas, que a bordo da astronave extremamente avançada, cruzaram o espaço interplanetário para voltar à Terra. Agora ele poderia mostrar, a todas as pessoas que sempre o criticaram, que seus cálculos eram absolutamente exatos. O décimo segundo misterioso planeta do sistema solar realmente existia! Depois de 3.600 anos, sua órbita estava prestes a cruzar a órbita terrestre novamente, e ali, diante dele, estavam dois dos seus habitantes, que aproveitando a "viagem" do planeta, retornaram para visitar, e mais uma vez, influenciar nossa cultura e nossas vidas. Já havia acontecido sabe lá quantas vezes no decorrer dos milênios e agora a história se repetia. Dessa vez, porém, ele também estava lá e certamente não deixaria escapar a oportunidade única.

— Bom trabalho — disse simplesmente o Senador para os três rostos que o olhavam apreensivamente. Então, depois de girar a cadeira, acrescentou: — O fato, General, de que você permitiu a descoberta, complicará as coisas um pouco. Não teremos mais a possibilidade de manter contato oficial dentro do ELSAD, mas neste momento, não estamos mais interessados...

— O que quer dizer, Senador?

— Nosso objetivo agora não é descobrir se as suposições da Doutora Hunter estavam corretas, nem ficar de posse do precioso "conteúdo".

— Sim, porque era tudo exceto precioso, de qualquer forma — sussurrou o sujeito gordo.

— Podemos passar diretamente para a fase dois — continuou o Senador, fingindo não ter escutado. — Estamos diante de uma tecnologia incrivelmente avançada e eles estão nos oferecendo de mãos beijadas. Tudo o que precisamos fazer é simplesmente tomá-la, antes que alguém mais se meta nisso.

— Permita-me, Senador — arriscou o General timidamente. — Meus dois ajudantes descobriram, às próprias custas, que nossos dois adoráveis alienígenas não pareciam de modo algum dispostos a cooperar.

— Vamos apenas dizer que nos deram uma surra — acrescentou o sujeito gordo, esfregando o joelho.

— Posso imaginar o tipo de abordagem que usaram — retorquiu o Senador, com um leve sorriso. — Sequer imaginaram como puderam estabelecer relações tão cordiais com a Doutora e o Coronel Hudson?

— Para dizer a verdade, pareceu realmente esquisito — respondeu o General. — Com eles, comportaram-se como se os tivessem conhecido a vida inteira.

— Em vez disso, acredito que se mostraram bem mais cordiais e agradáveis que vocês.

— Bem, para ser justo, não fomos exatamente delicados com eles.

— O que aconteceu, aconteceu — proferiu o Senador. — Agora somente tentem se concentrar na próxima missão. Vocês dois, rastreiem o Coronel e a sua amiga. Não quero que tirem os olhos deles nem um instante. Vocês têm meios e recursos disponíveis. Não admitirei erros desta vez.

— Agora, quem vai dizer a ele que os dois estão dando uma volta ao redor da Terra? — sussurrou o sujeito gordo no ouvido do magro, pouco antes de soltar um gemido fraco, provocado pelo chute na canela esquerda que seu cúmplice acabara de lhe dar.

— E você, General, virá me pegar no aeroporto.

— Está vindo para cá pessoalmente? — exclamou o oficial, surpreso.

— Não perderia esse evento por nada nesse mundo. Se essa é a base de pouso deles, terão de retornar, mas dessa vez haverá uma bela comissão de boas vindas para eles. Darei instruções quando estiver a caminho. Boa sorte a todos — e encerrou a conversa.

O Senador permaneceu imóvel por mais alguns instantes, olhando o monitor, que, após o fim da transmissão, agora mostrava uma série de fotos espetaculares do deserto do Arizona, sucessivamente. Então, como se algo o tivesse despertado repentinamente, pulou de pé, apertou o botão no comunicador na mesa e disse ao microfone embutido: — Arranje para que preparem meu avião e chame meu motorista. Quero estar em voo dentro de uma hora, o mais tardar.

Interseção Com Nibiru

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