Читать книгу Viagem ao norte do Brazil feita nos annos 1613 a 1614, pelo Padre Ivo D'Evreux - d'Evreux Yves - Страница 5
NOTAS
Оглавление[A] A ordem constitutiva do Mosteiro tem a data de 28 de Novembro. O lugar da escolha foi concedido no anno precedente por Catharina de Medicis aos Capuchinhos, vindos da Italia, e a doação foi confirmada por Henrique III em 24 de setembro de 1574. Vide Boverio, Annali di Frati minori.
[B] O Mercure-Galant deo á luz uma descripção, muito curiosa, da grande botica do Convento.
[C] Em 1617 contavam-se 655 Religiosos nas duas Custodias de Pariz e de Roão, e entre elles 209 clerigos.
Em 1685 haviam em França 5:681 Capuchinhos.
[D] Não inventamos: um dos seos mais ardentes admiradores, tambem Capuchinho, falla d’elle nestes termos: Tantarum segete scientiarum, factus est dives ut Galliæ Phœnix hac nostra ætate communiter sit appelatus. Vide o vasto Repertorio de Diniz de Gênes. Bibliotheca scriptorum ordinis minorum Sancti Francisci capucinorum.
Wading, mais moderado, contenta-se em chamar o Padre Ivo de Pariz—egregius concinnator, insignis Capuccinus.
O autor anonymo dos elogios manuscriptos dos Capuchinhos da Cidade de Pariz não pôz limites ao seu enthusiasmo, quando disse: «a natureza parece ter querido exgotar-se, quando cedeo a tão grande personagem tudo quanto podia dar-lhe com abundancia de grandeza, tão rara quam admiravel.»
Nasceo em 1590, Ivo de Pariz, tomou o habito religioso em 27 de setembro de 1620, seis annos depois que o Padre Ivo de Evreux regressou doente do Brazil, e afinal falleceo em 14 de ouctubro de 1678.
Este religioso conseguio imprimir vinte e oito obras de sua lavra, cujos titulos principaes vamos reproduzir seguindo a ordem chronologica de suas publicações.
Os felizes resultados da piedade, ou os triumphos da vida religiosa sobre o mundo, e contra a heresia. 4.ª edicção, Pariz 1634. 2 vol. em 12.
Da indifferença. 2.ª edicção. Pariz. 1640. em 8.º
A theologia natural. Pariz. 1640-1643. 4 T. em 4.º
Astrologiæ novæ methodus et fatum universi observatum, a Franc Allaeo Arabe Christiano. Pariz. 1654. Temeo este Capuchinho, apesar de atrevido e credulo, publicar este livro com o seo nome, e por isso deo-o á luz sob o titulo Fatum Mundi.
Jus naturale rebus creatis á Deo constitutum etc. etc. Parisiis. 1658 in folio.
O Fatum Mundi foi reimpresso em 1658, e no anno seguinte appareceu esta obra.
Dissertatio de libro præcedenti ad amplissimos viros senatus Britanniæ Armoricæ. Parisiis. 1659. in folio.
Digestum sapientiæ in quo hebetur scientiarum omnium rerum divinarum et humanarum nexus etc. etc. 1654-1659. 3 vol. in fol, reimpressos com augmentos em 1661.
O Magistrado christão, coordenado pelo Padre Ivo, seo sobrinho. Pariz. 1688 em 12.
As falsas opiniões do Mundo. Pariz 1688 em 12 etc. etc.
Vê-se, que não ha analogia alguma entre os estudos d’estes dois Capuchinhos.
Uma das obras do Padre Ivo de Pariz foi queimada pela mão do carrasco.
[E] E não Silvére, como por descuido disse em sua biographia o veneravel Eyriés. (Vid Mr. Prarond. Les hommes utiles de l’arrondissement d’Abbeville. 1858—in 8.º)
[F] Vid o Manuscripto da Bibliotheca mazarina, ja citada, que tem este titulo «Annales des R. P. Capucins de la Province de Paris, la mer et la source de toutes celles de ça les monts.» N. 2879 pet in 4.º
[G] Francisco de Bourdemare, ou Boudemard, natural de Ruão, deixou a Provincia, onde gosava sua familia de muita consideração para em Orleans fazer-se Capuchinho. Como noviço entrou no Convento d’esta Cidade, em 2 de outubro de 1603, porem é muito provavel, que voltasse para a Normandia antes de ir residir no grande Convento da rua de Santo Honorato.
[H] O Padre Leonardo morreu em Pariz com 72 annos de idade, no dia 4 de setembro de 1640. Antonio Fauro, seo pae, era conselheiro do parlamento de Pariz.
O livro dos Elogios-historicos, manuscripto da Bibliotheca Imperial, o qualifica como «o maior homem, que ja teve, e que nunca mais terá, a Religião dos Capuchinhos.» Encontra-se elle outra vez Provincial na rua de Santo Honorato no anno de 1615.
[I] Vide à respeito da expedicção protestante do Sr. Villegagnon, as Relações circunstanciadas de Niculau Barre, de João de Lery e do Anonymo conhecido por Chrispim. É certo que estabeleceram os Calvinistas seo predominio na Bahia do Rio de Janeiro, porem á elle se podem oppôr diversos pamphletos, escriptos por causa do Chefe da empresa. Estas peças satyricas fazem parte das ricas collecções da Bibliotheca do Arsenal.
[J] Como se verá em outro lugar, logo após a publicação da primeira parte da viagem, a antiga expedição de Ravardière foi precedida pelas de Riffault em 1594, e de De-Vaux, o companheiro d’este ultimo, que misturando-se com os Indios dedicou-se muito ao descobrimento d’este paiz.
[K] Julgamos dever reproduzir aqui o texto d’esta concessão renovada: não conhecemos o primeiro. «Luiz, a todos os que virem a presente. Saude. O defunto Rei Henrique, o grande, nosso muito honrado senhor e pae, a quem Deos perdoe, tendo por Cartas patentes de julho de 1605 constituido e estabelecido o Sr. de Revardiere de la Touche, seo lugar-tenente general na America, desde o rio do Amazonas até a Ilha da Trindade, e havendo elle feito duas viagens ás Indias para descobrir as enseadas e rios proprios para o desembarque e estabelecimento de colonias, no que seria bem succedido, pois apenas chegou n’esse paiz soube predispôr os habitantes das ilhas do Maranhão e terra firme, os Tupinambás e Tobajaras, e outros a procurarem nossa protecção e sugeitarem-se á nossa authoridade, tanto por seo generoso e prudente procedimento, como pela affeição e inclinação natural, que n’estes povos se encontram para com a nação franceza, bem conhecida por elles pela remessa que fizeram dos seos embaixadores, que morreram apenas chegaram ao porto de Caucalle, e dos quaes teriamos ainda recebido iguaes protestos, segundo as narrações feitas pelo Sr. de Ravardiere, tudo isto depois nos daria occasião de lhe fazer expedir nossas Cartas patentes de outubro de 1610 para regressar, como Chefe, ao dito paiz, continuar seos progressos, como teria feito, e ahi demorar-se-ia dois annos e meio em paz, e 18 mezes tanto em guerra como em treguas com os portuguezes etc. etc.»
Guardamos para a proxima publicação do livro de Claudio d’Abbeville, de que este é o complemento, todas as occorrencias politicas, relativas á expedicção, e reservamos tambem para ella os traços biographicos de Razilly, de Ravardiere e de Pezieux.
[L] Pode-se ler tudo isto minuciosamente na Carta de obediencia dada ao Padre Ivo na Chronologia historica dos Capuchinhos da Cidade de Paris pag. 193. Tem a data de 27 de agosto de 1611, e começa assim: «Venerando in Christo Patri Ivoni Ebroiense predicatori ordinis fratrum minorum Sancti Francisci Capucinorum, frater Leonardus pariensis ejusdem ordinis in Provincia parisiensi licet immeritus salutem in domino, in eo qui est nostra salus».
[M] Descançam seos restos mortaes no Brazil, pois foi o unico de seos companheiros, que não voltou á Europa. O padre Ambrosio de Amiens, pelos seos estudos, tinha-se distinguido na Sorbona, e quando ia requerer licença para seguir a carreira da magistratura, ou dedicar-se simplesmente á advocacia, resolveo em 1575 entrar na Ordem dos Capuchinhos: foi um dos primeiros irmãos, que tomou o habito no Convento da rua de Santo Honorato, onde por diversas vezes exerceo o cargo de Guardião.
Deve-se collocar entre os annos de 1584 e 1586 a epocha das corajosas dedicações, em que elle afrontou os horrores do contagio para soccorrer a população parisiense, que então lhe deo o sobrenome pelo qual era conhecido. A sua idade, ja avançada, devia isental-o d’esta viagem, porem não foi possivel resistir-se ás suas instancias, e nem a todos os meios, que empregou para fazer parte d’essa missão, que foi de grande utilidade.
Vêde o Manuscripto da Bibliotheca Imperial intitulado «Eloges historiques de tous les grands hommes, et de tous les illustres religieux de la Province de Pariz.»
[N] O Padre Honorato de Champigny morreo com cheiro de Santidade em 1621.
[O] Sabemos d’esta obra por Guibert apenas, pois nenhuma outra bibliographia especial a menciona. Bourdemare publicou suas observações sob o titulo Relatio de populis brasiliensibus. Madrid. 1617 in 4.º Leon Pinelli falla de Frei J. Francisco de Burdemar (assim escreveo elle) como falla de Ivo d’Evreux por ouvir dizer. Affirma o Livro dos elogios ter emprehendido duas viagens á America, e afinal que morrera como forasteiro n’um dos Conventos da sua Ordem em Hespanha, um anno antes da publicação do seo livro. Parece-nos, que a expressão pelo biographo usada da palavra espanhola—forasteiro, quer dizer pura e simplesmente—estrangeiro.
[P] O Padre Arsenio de Pariz tambem não tardou em deixar o Brasil, porem o triste resultado dos negocios do Maranhão não arrefeceu o seo zelo pelas missões. Foi para o Canadá onde prégou aos Hurons depois de haver convertido os Tupinambás.
Foi Superior das missões da America do Norte por cinco annos e depois morreo no grande Convento de Pariz, em 20 de Junho de 1645 contando 46 annos de habito. É muito provavel, que tivesse por successor na America o Padre Angelo de Luynes, Guardião de Noyon, pois foi Commissario e Superior das missões do Canadá em 1646.
[Q] O Convento dos Capuchinhos da Cidade d’Evreux foi edificado em 1612 «na extremidade de um suburbio da cidade do lado do meio dia, devido em parte aos cuidados e á liberalidade de João le Jau, então grande penitenciario e vigario geral da diocese.» Vide Histoire civile et ecclesiastique du comté d’Evreux, pag. 365. O abbade Lebeurier, cujas luzes e zelo archiologico são conhecidos, prestou-se a fazer a este respeito todas as pesquizas possiveis, porem, infelizmente, debalde.
[R] O manuscripto que temos á vista, e que dá conta summaria da viagem de Arcanjo de Pemuroke, não nos diz claramente o nome da localidade onde saltaram os Missionarios, e por isso nos limitamos a transcrever a narração do seo desembarque: «foram alguns soldados á terra, e acharam diversos obstaculos, que nos pareceram máos prognosticos, como fossem alguns portuguezes e um sacerdote secular, que assolavão os gentios contra os francezes, e do Forte souberam nossos soldados, que os portuguezes projectavam tomar a costa do Maranhão, e d’ella expellir os francezes, o que fez suspeitar aos Padres que poucos fructos aqui colheriam:» Ms. da herdade dos Capuchinhos da rua de Santo Honorato.
[S] Circumscripto a um pequeno quadro, apenas podemos dar mui summariamente a descripção dos acontecimentos, que deram em resultado o abandono do Maranhão pelos francezes.
Acabou-se tudo em 21 de novembro de 1614, depois da batalha onde falleceu o infeliz Pézieux.
Alem da grande Memoria publicada pela Academia Real das Sciencias de Lisboa á respeito d’esta expedicção, encontram-se mais amplas informações sobre este periodo da historia do Maranhão e suas missões pelos Jesuitas na vasta e preciosa publicação do Dr. A. J. de Mello Moraes, intitulada «Corographia historica, chronologica, genealogica, nobiliaria e politica do Imperio do Brasil.» (Vide o Tomo 3º, publicado em 1860).
[T] Sua morte está marcada nos Obituarios da Ordem no dia 29 d’Agosto de 1632, isto é, no anno em que foi celebrado o tractado de Castelnaudary.
Contava n’esse tempo 47 annos de Religião, e n’ella sempre foi conhecido pelo Religioso escossez, embora pertencesse realmente a uma familia gaulesa.
[U] Ordinariamente calam os historiadores esta ultima circumstancia, e não se encontra nem se quer referida summariamente e sem commentarios senão na collecção diplomatica (Quadro elementar) do Visconde de Santarem. A Carta authographa, que prova o captiveiro de Ravardiere existe na Bibliotheca da rua Richelieu, onde a vimos. Ella contraria, repita-se, o que se passou um anno antes no campo de Jeronymo d’Albuquerque. Está escripta com muita moderação, e foi derigida a M. de Puysieux (Vid fonds franç.—Nº 228—15 p. 197.)
[V] Informações inexactas sem duvida fizeram com que Mr. Ferdinand Diniz mencionasse aqui este facto, nunca acontecido.—Do traductor.
[W] Lembro-me com prazer duma delicada expressão do sabio Augusto de Saint Hilaire.
Lery, como se sabe, viajou pelo Rio de Janeiro no tempo de Villegagnon, isto é em 1556. A primeira edicção da sua interessante narrativa somente appareceu em 1571. Nosso Ivo d’Evreux, cujo estylo tem tantos pontos de contacto com o d’este escriptor, leria seo livro? N’elle nada encontramos, que nos leve a responder pela afirmativa. Multiplicaram-se porem as edicções de Lery e a tal ponto, que a quinquagesima e ultima foi em 1611.
[X] Este projecto de dupla aliança entre as duas corôas ja era de 1612, porem foi annunciado officialmente em 25 de Março do mesmo anno, mas só foi executado d’ahi ha tres annos.
Partiram os Missionarios a 19 de Março. Os esponsaes do rei de França com a infanta ainda não preocupavam os espiritos como depois aconteceo, por exemplo, em 1615.
Todos os factos relativos aos dois reinados são minuciosamente descriptos no livro intitulado «Inventaire generale de l’histoire de France par Jean de Serre, commençant á Pharamond et finissant á Louis XIII. Paris, Mathurin Henault, in 18. (Vid o T. VIII).
[Y] Podia ainda ver-se, ha alguns mezes atraz, na casa de um vendedor de curiosidades, da rua do Petit Leon, um desenho attribuido a Luiz XIII, quando menino, representando muito bem a figura d’um Tupinambá enfeitado com pinturas exquisitas.
[Z] Devo ainda a Mr. Ferdinand Diniz a seguinte communicação, feita em carta, por mim sempre muito presada, de 16 de setembro de 1873.
«O segundo exemplar conhecido da obra do Padre Ivo d’Evreux pertence ao Sr. Dr. Court, habil e zeloso bibliographo e possuidor, por sua fortuna, de grandes raridades.
«Tive em minhas mãos este precioso exemplar, que custou 800 francos.
«Tem mais duas ou tres folhas do que o da Bibliotheca Imperial.
«O feliz possuidor do exemplar conhecido mora em Pariz, rue du Centre n. 4; actualmente anda viajando em beneficio da saude alterada de um seo irmão, porem quando elle voltar, irei de novo visitar seo thesouro.»—Do traductor.
[AA] É geral a obscuridade, que reina sobre a biographia d’estes antigos viajantes, tão importantes debaixo do ponto de vista da historia. O veneravel Eyriés, que citamos as vezes, é bem pouco baseiado em suas ideias, por exemplo, quando affirma que Claudio d’Abbeville viveo até 1632, quando os Manuscriptos da casa de Santo Honorato o dão por fallecido em Ruão no anno de 1616 com 23 annos de religião.
Tambem não é exacto o attribuir-se-lhe a Vida da bemaventurada Coletta, virgem da Ordem de Santa Clara, pois appareceo este livro em 1616, em 12, e em 1628 em 8º: as iniciaes, que traz no frontespicio bem poderiam evitar este engano, na verdade pequeno.
O opusculo, de que estamos tractando, acha-se na Bibliotheca do Arsenal, onde o examinamos.
[AB] Essa compilação, verdadeiramente curiosa, começou em 18 de novembro de 1709, e se compunha outr’ora de 3 vol. em 4.º. O T. 1º, infelizmente perdido, continha os Annaes da Provincia, e provavelmente ficamos privados de algumas preciosas particularidades sobre a missão do Padre Ivo: tinha o titulo de—Capuchinhos da rua de Santo Honorato, 4.º (Ter.)
[AC] O Padre Pascoal d’Abbeville foi eleito 19º Provincial do Convento da rua de Santo Honorato: a divisão havida em 1629 foi provavelmente por causa do numero sempre crescente de Religiosos nos tres Conventos de Pariz.
[AD] Em geral não são conhecidos estes versos de Ronsard, derigidos ao fundador da França antarctica, a essa personagem voluvel, ora huguenote, ora fervoroso catholico; cujas severidades excentricas Lery evitou fugindo para as mais longinquas florestas:
Douto Villegaignon, como te enganas!
Tu pretendes em vão tornar ameno
D’America o viver estranho e rude...
Acaso não vês tu que a nova gente
Tão nua é no trajar como no peito
É nua de malicia?—que não sabe
Ao vicio e á virtude o nome ao menos?
—Que não sonha com Reis nem com Senados,
E, isenta do temor, das leis ao jugo,
Á mercè das paixões a vida passa?
Ignoras, por ventura, que ahi mostra-se
Cada homem de si livre senhor;
e Leis, Senádos, Reis, em si resume?
Não é a terra e o ar commum a todos?
Vê-se, áquella, cobrir ferro importuno
O seio virginal de longos sulcos?...
Commum é tudo ahi, como dos rios
São as aguas perennes que trasbordam
Sem processo intentar de plena posse.
Oh, não queiras, por isso, dessa gente
O repouso turbar dos velhos usos!
Si ha remorso em tua alma, em paz os deixa;
Não procures, p’ra os campos estenderem.
Ensinar-lhes á terra pôr limites!
Choverão os processos, e a fraude
Á amisáde terá então de unir-se!
Logo após, d’ambição o duro espinho
(Como a nòs acontece, desgraçados!)
Tormento lhes será—negro, incessante.
—Seu repouso não quebres: são felizes;
Elles gosam na terra a edade d’oiro.
(Traducção do Sr. J. T. de Souza.)
[AE] Vide a «Correspondencia e a Collecção Peiresc.»
[AF] Este estimavel escriptor deo d’isto uma prova no seo poema da primeira semana, somente impresso em 1610 embora fallecesse seo auctor em 1599.
Ja o ardente Cocuyo á Nova Espanha
Vai nas azas dois fachos conduzindo,
Outros dois flamejando ergue na fronte.
Á luz d’este esplendor de regios leitos
Nos cortinados arabescos pintam-se,
Á luz d’este esplendor em noite negra
O habil artesão o marfim pule,
Conta o avaro, no cofre, seu thesouro,
Veloz o escriptor a penna guia.
Traducção do Sr. J. T. de Souza.
[AG] Narrativa epistolar de uma viagem e missão jesuitica pela Bahia, Porto Seguro, Pernambuco, Espirito Santo, Rio de Janeiro, etc. escripta em duas cartas ao Padre Provincial em Portugal. Lisboa. 1847 em 8.º
[AH] Tratado descriptivo do Brasil em 1587, etc. Rio de Janeiro, 1851 em 8.º Foram estas duas obras exhumadas pelo Sr. F. A. de Varnhagem, historiador tão conhecido do Brasil. Esta ultima obra, de que existe um Manuscripto na bibliotheca imperial de Pariz foi tambem reproduzida por seo habil edictor na Revista trimensal. Morreo Gabriel Soares em 1591 n’uma praia deserta, após deploravel naufragio: como se vê foi quasi contemporaneo de Ivo d’Evreux.
[AI] Affirma Berredo ser este indio um amigo dedicado dos franceses, porem melhor informado o Jornal de Timon nos deo o nome deste selvagem, educado nas missões do Sul. Ja se vê, que não podia ter muita affeição aos francezes.
Para urdir este horrivel estratagema, basta somente o odio, que nutriam certos indios contra os dominadores do seo paiz, não sendo necessario ser filho de Ruão ou de Rochelles.
[AJ] Vide Berredo, Annaes historicos do Maranhão, e tambem o Jornal de Timon de J. Lisboa, ns. 11 e 12, 1858, Lisboa. Diz este escriptor ter fallecido Jeronimo d’Albuquerque em 1618 succedendo-lhe no governo seo filho Antonio d’Albuquerque.
[AK] Partiram para Goiana em 1635 os Missionarios da Ordem dos Capuchinhos, cujos trabalhos podem ser vistos nos manuscriptos legados pelo grande Convento de Pariz.
[AL] Vide a respeito d’estes povos a rapida visita, que lhes fez Castelnau em 1851: Expedicção scientifica nas partes centraes d’America do Sul. T. 2º pag. 316.
[AM] Vide Trabalhos da Commissão scientifica de exploração. Rio de Janeiro. Typ. de Laemmert—1862 in 4.º
[AN] Na Corographia historica do Dr. Mello Moraes encontram-se noticias minuciosas sobre as missões dos jesuitas e administração dos indios no Maranhão. Desde o principio do seo T. 3º teve este escriptor o cuidado de confessar o immenso auxilio, que lhe prestaram as obras doadas ao Instituto Historico do Rio de Janeiro pelo conselheiro Antonio de Vasconcellos de Drumond e Menezes. Em suas longas viagens, o diplomata, a quem se deve tão preciosas informações sobre a Africa, não se limitou a estas investigações, pois ainda colheu muitos manuscriptos á respeito do Brazil, que hoje servem de base ao historiador.
Cego ha muitos annos, faz ainda muita honra á sua patria.
[AO] Tres annos antes da partida dos Capuchinhos para Maranhão, o padre du Jarric dedicava ao Rei menino o seguinte livro: «Segunda parte da historia das coisas mais memoraveis, acontecidas tanto nas indias orientaes como nos outros paizes descubertos pelos portuguezes, no estabelecimento e progresso da fé christan e catholica, e principalmente do que fizeram e soffreram os religiosos da companhia de Jesus para este fim ate o anno de 1600» pelo Padre Pedro du Jarric, da mesma companhia em Bordeaux, Simon Mellange. 1610 em 4.º Tudo quanto diz respeito ao Brazil acha-se n’este vasto resumo desde pag. 248 até 359, porem deve procurar-se os factos curiosos, citados n’esta noticia no livro 5º do que o auctor chamou Historia das Indias Orientaes, parte 3ª pag. 490.
[AP] Desta primeira edicção, publicada em 1621, tornou-se, para assim dizer, impossivel ser encontrado um sò exemplar.
A segunda edicção sahio com o titulo Arte de grammatica da lingua brasilica do padre Luiz Figueira, Theologo da Companhia de Jesus. Lisboa, Miguel Deslande, anno 1687, pet. em 12.º O sabio bibliographo portuguez o Sr. Innocencio Francisco da Silva não reproduz exactamente este titulo, porem menciona uma edicção da Bahia em 1851 pelo Sr. João Joaquim da Silva Guimarães, cujo titulo é muito extenso.
A grammatica do Padre Anchieta—Arte da grammatica da lingua mais usada na costa do Brasil, appareceo em Coimbra no anno de 1595, em 8º, e d’ella em Portugal apenas se conhece um exemplar.
[AQ] Santo Eloy, perto de Gisors, no destricto de Euro, é uma povoação de 381 habitantes, á 25 kil. de Andelys.
Ha tambem Santo Eloy de Fourques, aldeia do Euro, a 25 kil. de Bernay.
Estamos propensos a crer, que foi na primeira, onde residio o nosso Missionario.
[AR] Vide Bibliographia Normanda.
Derigimo-nos directamente á douta officiosidade do Sr. Frère afim de obtermos o conhecimento do Supplemento necessario, porem apesar de constantes investigações vio-se na impossibilidade de nos dar outras noticias alem das que colhemos em sua excellente obra.
[AS] Quevilly, Clavilleum, povoação do Senna inferior, distante de Ruão apenas 6 kil. e faz parte do districto de Grande Couronne.
[AT] Mais tarde foi chamado Maximiliano de Baux para encarregar-se da egreja do culto reformado em Ruão, viveo até a idade de 84 annos, e falleceo em 1674 deixando reputação de homem recto, e de costumes austeros.
Vide os irmãos Haag, a França protestante.
[AU] Cupucinorum Annales. Lugduni, 1632, em fol. e depois a traducção italianna—Annali di Fratri minori Cappucini etc. Venetia 1643 em 4.º
[AV] Annales seu sacrarum historiarum ordinis minorum sancti Francisci qui Capucini nuncupantur etc. Lugduni. 1676.
[AW] Annales ordinis minorum. 2.ª edic., Roma, 1731. Depois os Scriptores ordinis minorum. 1650, em fol.
[AX] Bibliotheca scriptorum ordinis minorum, Genova, 1680 em 4.º, reimp. em 1691 in fol. Este ultimo depois de algumas linhas, em que fallou do merecimento de Ivo Ebroycensis, vulgo de Evreux, dá tambem noticia do seu livro: scripsit gallicé Relationem sui itineris et navigationis sociorum que Capucinorum ad regnum Marangani: cui etiam adjunxit historiam de moribus illarum nationum. Rothomagi. 1654. Vid T. 1º em 4.º
[AY] Historia da Normandia. T. VI pag. 414. Masseville prova com toda a evidencia ter se contentado com traduzir o Padre Diniz de Gênes, pois disse ter o nosso Missionario, «dado uma Relação geographica das regiões, por onde se embrenhou, e particularmente do paiz do Marangan». Regni Marangani, escreveo seo predecessor.
[AZ] Vede este precioso manuscripto na Bibliotheca de Caen. Uma bibliotheca americana organisada pelo coronel Antonio de Alcedo. Madrid. 1791, 2 vol. em 8º, não menciona o Padre Ivo, causando-nos tal omissão pouco desgosto, á vista de se dizer ahi haver o Padre Claudio d’Abbeville, seu companheiro, convertido com infatigavel zelo os selvagens do Canadá!
[BA] A primeira edicção do Epitome, hoje rarissima por ter sido suprimida por ordem da Inquisição, só traz no seu titulo aberto a gravura o anno da impressão 1629 e o nome de Antonio de Léon, e não o de Pinelo. Não falla de Ivo d’Evreux, isto é, deste livro, que pertence a Bibliotheca de Santa Genoveva. Na edicção em 3 vol. pequenos em fol., por Barcia, assim menciona invertendo o seu titulo: Fr. Ivon d’Evreux, capuchino. Relacion de su viage al Reino de Marangano, com sus companeros: historia de los costumbres de aquellas naciones. Imp. em 1654 em 4º francez.
[BB] Isaac de Razilly, cavalleiro da ordem de São João de Jerusalem, primeiro capitão do almirantado de França, chefe d’esquadra da armada real na provincia da Bretanha, foi nomeiado almirante da frota real, em expedicção nas costas da Barbaria no anno de 1630, e adjunto de Ravardière: em 3 de septembro d’esse mesmo anno estava elle em Safy resgatando captivos.
CONTINUAÇÃO
DA HISTORIA
DAS COISAS MAIS MEMORAVEIS
HAVIDAS EM
MARANHÃO[1] NOS ANNOS DE 1613 A 1614
SEGUNDO TRATADO
PARIZ.
IMPRENSA DE FRANCISCO HUBY
RUA DE SÃO THIAGO, NA BIBLIA DE OIRO, E NA SUA OFFICINA
NO PALACIO DA GALERIA DOS PRESIONEIROS
MDCXV
COM PRIVILEGIO DO REI