Читать книгу A Bíblia Sagrada - Vol. I (Parte 2/2) - Johannes Biermanski - Страница 10

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Até aqui, cumpriram-se de maneira surpreendente tôdas as especificações das profecias a fixa-se o início das setenta semanas, inquestionàvelmente, no ano 457 antes de Cristo, a seu têrmo no ano 34 de nossa era. Por êstes dados não há dificuldade em achar-se o final dos 2.300 dias. Tendo sido as setenta semanas - 490 dias - separadas dos 2.300 dias, ficaram restando 1.810 dias. Depois do fim dos 490 dias os 1.810 dias deveriam ainda cumprir-se. Contando do ano 34 de nossa era, 1.810 anos se estendem a 1844. Conseqüentemente, os 2.300 dias de Daniel 8:14 terminam em 1844. Ao expirar êste grande período profético, "o santuário será purificado," segundo o testemunho do anjo de Deus. Dêste modo foi definitivamente indicado o tempo da purificação do santuário, que quase universalmente se acreditava ocorresse por ocasião do segundo advento.

Miller e seus companheiros a princípio creram que os 2.300 dias terminariam na primavera de 1844, ao passo que a profecia indicava o outono daquele ano. (...) A compreensão errônea dêste ponto trouxe desapontamento e perplexidade aos que haviam fixado a primeira daquelas dates para o tempo da vinda do Senhor. Isto, porém, não afeto nem de leve a fôrça do argumento que mostrava terem os 2.300 dias terminado no ano 1844, e que o grande acontecimento representado pela purificação do santuário deveria ocorrer então.

Devotando-se ao estudo das Escrituras, como fizera, a fim de provar serem else uma revelação de Deus, Miller não tinha a princípio a menor expectativa de atingir a conclusão a que chegara. A custo podia êle mesmo dar crédito aos resultados de sua investigação. Mas a prova das Escrituras era por demais clara e forte para que fôsse posta de parte.

Dois anos dedicara êle ao estudo da Biblia, quando, em 1818, chegou à solene conclusão de que dentro de vinte e cinco anos, aproximadamente, o Messias apareceria para redenção de Seu povo. "Não necessito falar," diz Miller, "do júbilo que me encheu o coração em vista da deleitável perspectiva, nem do anelo ardente de minha alma para participar das alegrias dos remidos. A Bíblia era então para mim um livro novo. Considerava-a verdadeiramente um festim para a razão; tudo que, em seus ensinos, fôra ininteligível, místico ou obscuro para mim, dissipara-se-me do espírito ante a clara luz que ora raiava de suas páginas sagradas; e oh, quão brilhante e gloriosa se me apresentava a verdade! Tôdas as contradições e incoerências que eu antes encontrara na Palavra, desapareceram; e pôsto que houvesse muitas partes de que eu não possuía uma compreensão que me satisfizesse, tanta luz, contudo, dela emanara para a iluminação de meu espírito antes obscurecido, que senti, em estudar as Escrituras, um prazer que antes não supunha pudesse ser delas derivado." - Bliss.

"Solenemente convencido de que as Santas Escrituras anunciavam o cumprimento de tão importantes acontecimentos em tão curto espaço de tempo, surgiu com fôrça em minha alma a questão de saber qual meu dever para com o mundo, em face da evidência que comovera a meu próprio espírito." - Bliss. Não pôde deixar de sentir que era seu dever comunicar a outros a luz que tinha recebido. Esperava encontrar oposição por parte dos ímpios, mas confiava em que todos os cristãos se regozijariam na esperança de ver o Salvador, a quem professavam amar. Seu único temor era que, em sua grande alegria ante a perspectiva do glorioso livramento, a consumar-se tão breve, muitos recebessem a doutrina sem examinar suficientemente as Escrituras em demonstração de sua verdade. Portanto, hesitou em apresentá-la, receando que estivesse em êrro, a fôsse, assim, o meio de transviar a outros. Foi levado, desta maneira, a rever as provas em apoio das conclusões a que chegara, e a considerar cuidodosamente tôda dificuldade que se lhe apresentava ao espírito. Viu que as objeções se desvaneciam ante a luz da Palavra de Deus [YAHWEH], como a névoa diante dos raios do Sol. Cinco anos despendidos desta maneira, deixaram-no completamente convicto da correção de suas opiniões.

E agora o dever de tornar conhecido a outros o que cria sér ensinado tão claramente nas Escrituras, impunha-se-lhe com nova fôrça. "Quando me achava em minha ocupação," disse êle, "soava contìnuamente em meu ouvido: 'Vai falar ao mundo sôbre o perigo que o ameaça.' Ocorria-me constantemente esta passagem: 'Se eu disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente morrerás; e tu não falares para desviar o ímpio de seu caminho, morrerá êsse ímpio na sua iniqüidade, mas o seu sangue Eu o demandarei da tua mão. Mas, quando to tiveres falado para desviar o ímpio do seu caminho, para que se converta dêle, e êle se não converter de seu caminho, êle morrerá na sua iniqüidade, mas tu livraste a tua alma.' Ezequiel 33:8 e 9. Compreendi que, se os ímpios pudessem ser devidamente advertidos, multidões dêles se arrependeriam; e que, se êles não fôssem avisados, seu sangue poderia ser exigido de minha mão." - Bliss.

Começou êle a apresentar suas opiniões em particular, quando se lhe oferecia oportunidade, orando para que algum ministro pudesse sentir a fôrça das mesmas a dedicar-se à sua promulgação. Mas não pôde banir a convicção de que tinha um dever pessoal a cumprir, em fazer a advertência. Ocorriam-lhe sempre ao espírito as palavras: "Vai dizê-lo ao mundo; seu sangue requererei de tuas mãos." Durante nove anos esperou, pesando-lhe sempre êste fardo sôbre a alma, até que em 1831 pela primeira vez expôs pùblicamente as razões de sua fé.

Assim como Eliseu foi chamado quando à rabiça do arado acompanhava os bois no campo de trabalho, a fim de receber o manto da consagração ao ofício de profeta, também Guilherme Miller foi chamado para deixar o arado e desvendar ao povo os mistérios do reino de Deus [YAHWEH]. Cheio de temores, deu início ao trabalho, levando seus ouvintes passo a passo, através dos períodos proféticos, até o segundo aparecimento do Messias. Em cada preleção ganhava êle energia e coragem, vendo o grande interêsse despertado por suas palavras.

Foi sòmente às solicitações de seus irmãos, em cujas palavras êle ouvia o chamado de Deus, que Miller consentiu em apresentar suas opiniões em público. Contava então cinqüenta anos de idade, não estava habituado a falar em público, a sentia-se oprimido ao reconhecer sua incapacidade para a obra. Desde o princípio, porém, seus trabalhos para a salvação das almas foram abençoados de modo notável. Sua primeira conferência foi seguida de um despertamento religioso, no qual se converteram treze famílias inteiras, com exceção de duas pessoas. Foi imediatamente convidado a falar em outros lugares, a quase em tôda parte seu trabalho resultava em avivamento da obra de Deus. Convertiam-se pecadores, cristãos eram despertados a maior consagração, e deístas e incrédulos reconheciam a verdade da Bíblia e da religião cristã. O testemunho daqueles entre os quais trabalhava, era: "Atingia a uma classe de espíritos fora da influência de outros homens." - Bliss. Sua pregação era de molde a despertar o espírito público aos grandes temas da religião, e sustar o crescente mundanismo e sensualidade da época.

Em quase tôdas as cidades havia dezenas de conversos, e em algumas, centenas, como resultado de sua pregação. Em muitos lugares as igrejas protestantes de quase tôdas as denominações abriram-se-lhe amplamente; e os convites para nelas trabalhar vinham geralmente dos ministros das várias congregações. Adoava como regra invariável não trabalhar era qualquer lugar e que não fôsse convidado; e, no entanto, logo se viu impossibilitado de atender à metade dos pedidos que choviam sôbre êle.

Muitos que não aceitaram suas opiniões quanto ao tempo exato do segundo advento, ficaram convencidos da certeza e proximidade da vinda do Messias e de sua necessidade de preparo. Em algumas das grandes cidades seu trabalho produziu impressão extraordinária. Vendedores de bebidas abandonavam êste comércio e transformavam suas lojas em salas de cultos; antros de jogo eram fechados; corrigiam-se incrédulos, deístas, universalistas, e mesmo os libertinos mais perdidos, alguns dos quais não haviam durante anos entrado em uma casa de culto. Várias denominações efetuavam reuniões de oração, em diferentes bairros, quase a todas as horas do dia, reunindo-se os homens de negócios ao meio-dia para oração de louvor. Não havia nenhuma excitação extravagante, mas sim uma sensação de solenidade quase geral no espírito do povo. Sua obra, como a dos primeiros reformadores, tendia antes para convencer o entendimento e despertar a consciência do que a meramente excitar as emoções.

Em 1833 Miller recebeu da igreja batista de que era membro uma licença para pregar. Grande número dos ministros de sua denominação aprovou-lhe também a obra, a foi com essa sanção formal que continuou com os seus trabalhos. Pôsto que seus labôres pessoais estivessem limitados principalmente à Nova Inglaterra a aos Estados centrais, viajou e pregou incessantemente. Durante vários anos suas despesas eram cobertas inteiramente por sua bôlsa particular e posteriormente nunca recebeu o bastante para custear as viagens aos lugares a que era convidado. Assim, seus trabalhos públicos, longe de serem benefício pecuniário, eram-lhe pesado encargo às posses, que gradualmente diminuíram durante êste período de sua vida. Era chefe de numerosa família; mas como todos eram sóbrios a industriosos, sua fazenda bastava para a manutenção de todos.

Em 1833, dois anos depois que Miller começou a apresentar em público as provas da próxima vinda do Messias, apareceu o último dos sinais que foram prometidos pelo Salvador como indícios de Seu segundo advento. Disse Yahshua: "As estrêlas cairão do céu." S. Mateus 24:29. E S. João, no Apocalipse, declarou, ao contemplar em visão as cenas que deveriam anunciar o dia de Deus [YAHWEH]: "E as estrêlas do céu caíram sôbre a Terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte." Apocalipse 6:13. Esta profecia teve cumprimento surpreendente e impressionante na grande chuva meteórica de 13 de novembro de 1833. Aquela foi a mais extensa a maravilhosa exibição de estrêlas cadentes que já se tem registrado, "achando-se então o firmamento inteiro, sôbre todos os Estados Unidos, durante horas, em faiscante comoção! Neste país, desde que começou a ser colonizado, nenhum fenômeno celeste já ocorreu que fôsse visto com tão intensa admiração por uns ou com tanto terror e alarma por outros." "Sua sublimidade e terrível beleza ainda perdura em muitos espíritos. ... Raras vêzes caiu chuva mais densa do que caíram os meteoros em direção à Terra; leste, oeste, norte e sul, tudo era o mesmo. Em uma palavra, o céu inteiro parecia em movimento. ... O espetáculo, como o descreveu o diário do professor Silliman, foi visto por tôda a América do Norte. ... Desde as duas horas até pleno dia, estando o céu perfeitamente sereno e sem nuvens, um contínuo jôgo de luzes deslumbrantemente fulgurantes se manteve em todo o firmamento." - Progresso Amencano, ou Os Grandes Acontecimentos do Maior dos Séculos, R. M. Devens.

"Nenhuma expressão, na verdade, pode, chegar à altura do esplendor daquela exibição magnificente; ... pessoa alguma que a não testemunhou pode ter uma concepção adequada de sua glória. Dir-se-ia que tôdas as estrêlas se houvessem reunido em um ponto próximo do zênite, a dali fôssem simultâneamente arrojadas, com a velocidade do relâmpago, a tôdas as partes do horizonte; e, no entanto, não se exauriam, seguindo-se milhares cèleremente no rasto de milhares, como se houvessem sido criadas para a ocasião." - F. Reed, no Christian Advocate and journal, de 13 de dezembro de 1833. "Não era possível contemplar-se um quadro mais fiel de uma figueira lançando seus figos quando açoitada por um vento forte." - The Old Countryman, no Advertiser, vespertino de Portland, de 26 de novembro de 1833.

No Journal of Comerce, de Nova York, de 14 de novembro de 1833, apareceu um longo artigo considerando êste maravilhoso fenômeno, artigo que continha esta declaração: "Nenhum filósofo ou sábio mencionou ou registou, suponho-o eu, um acontecimento semelhante ao de ontem de manhã. Um profeta há mil e oitocentos anos predisse-o exatamente - se não nos furtarmos ao incômodo de compreender o chuveiro de estrêlas como a queda das mesmas, ... no único sentido em que é possível ser isso literalmente verdade."

Assim se mostrou o último dos sinais de Sua vinda, relativamente aos quais Yahshua declarou a Seus discípulos: "Quando virdes tôdas estas coisas, sabei que está próximo às portas." S. Mateus 24:33. Depois dêstes sinais S. João contemplou, como o grande acontecimento a seguir imediatamente, o céu retirando-se como pergaminho que se enrola, enquanto a Terra tremia, montanhas e ilhas se removiam dos lugares, e os ímpios procuravam, aterrorizados, fugir da presença do Filho do homem. (Apocalipse 6:12-17).

Muitos que testemunharam a queda das estrêlas, consideraram-na um arauto do juízo vindouro - "sinal espantoso, precursor certo, misericordioso prenúncio do grande a terrível dia." - The Old Countryman. Dêste modo a atenção do povo foi dirigida para o cumprimento da profecia, sendo muitos levados a dar atenção à advertência do segundo advento.

No ano de 1840 outro notável cumprimento de profecia despertou geral interêsse. Dois anos antes, Josias Litch, um dos principais ministros que pregavam o segundo advento, publicou uma explicação de Apocalipse 9, predizendo a queda do Império Otomano. Segundo seus cálculos esta potência deveria ser subvertida "no ano de 1840, no mês de agosto;" e poucos dias apenas antes de seu cumprimento escreveu : "Admitindo que o primeiro período, 150 anos, se cumpriu exatamente antes que Deacozes subisse ao trono com permissão dos turcos, e que os 391 anos, quinze dias, começaram no final do primeiro período, terminará no dia 11 de agôsto de 1840, quando se pode esperar seja abatido o poderio otomano em Constantinopla. E isto, creio eu, verificar-se-á ser o caso." - Josias Litch, artigo no Signs of the Times, and Expositor of Prophecy, de 1° de agôsto de 1840.

No mesmo tempo especificado, a Turquia, por intermédio de seus embaixadores, aceitou a proteção das potências aliadas da Europa, e assim se pôs sob a direção de nações cristãs. O acontecimento cumpriu exatamente a predição. (...) Quando isto se tornou conhecido, multidões se convenceram da exatidão dos princípios de interpretação profética adotados por Miller e seus companheiros, e maravilhoso impulso foi dado ao movimento do advento. Homens de saber a posição uniram-se a Miller, tanto para pregar como para publicar suas opiniões, e de 1840 a 1844 a obra estendeu-se rapidamente.

Guilherme Miller possuía grandes dotes intelectuais, disciplinados pela meditação e estudo; e a êstes acrescentava a sabedoria do Céu, pondo-se em ligação com a Fonte da sabedoria. Era um homem de verdadeiro valor, que inspirava respeito e estima onde quer que a integridade de caráter e a, excelência moral fôssem apreciadas. Unindo a verdadeira bondade de coração à humildade cristã e ao poder do domínio-próprio, era atento e afável para com todos, pronto para ouvir as opiniões de outrem e pesar seus argumentos. Sem paixão ou excitação, aferia tôdas as teorias e doutrinas pela Palavra de Deus [YAHWEH]; e seu raciocínio são e o profundo conhecimento das Escrituras habilitavam-no a refutar o êrro e desmascarar a falsidade.

Todavia, não prosseguiu êle o seu trabalho sem tenaz oposição. Como acontecera com os primeiros reformadores, as verdades que apresentava não eram recebidas favoràvelmente pelos ensinadores populares da religião. Não podendo manter sua atitude pelas Escrituras, viam-se obrigados a recorrer aos ditos e doutrinas de homens, às tradições dos pais da igreja. A Palavra de Deus [YAHWEH], porém, era o único testemunho aceito pelos pregadores da verdade do advento. "A Bíblia, e a Biblia só," era a sua senha. A falta de argumentos das Santas Escrituras, por parte dos oponentes, supriam-na êles pelo ridículo e o escárnio. Empregavam tempo, meios e talentos para difamar aqueles cuja única falta era esperar com alegria a volta de seu Senhor, e esforçar-se por viver vida santa e exortar aos demais a prepararem-se para o Seu aparecimento.

Diligentes esforços se faziam para que o espírito do povo fôsse desviado do assunto referente ao segundo advento. Procurava-se dar a impressão de que estudar as profecias que se referem à vinda do Messias e ao fim do mundo, fôsse pecado, algo de que os homens deveriam envergonhar-se. Assim, o ministério popular minava a fé na Palavra de Deus [YAHWEH]. Seu ensino tornava os homens incrédulos, e muitos tomaram a liberdade de andar conforme seus próprios desejos ímpios. Então os autores dêsse mal atribuíram-no todo aos adventistas.

Se bem que Miller conseguia ter casas repletas de ouvintes inteligentes e atentos, seu nome era raras vêzes mencionado pela imprensa religiosa, exceto para fins de acusação e ridículo. Os descuidados e ímpios, tornando-se audazes pela atitude dos ensinadores religiosos, recorriam aos epítetos infamantes, graçolas vis e blasfemas, em seu esfôrço de amontoar o ultraje sôbre êle e sua obra. O homem de cabelos grisalhos, que deixara o lar confortável para viajar a expensas próprias, de cidade em cidade, de vila em vila, labutando incessantemente a fim de levar ao mundo a solene advertência do juízo próximo, era vilmente acusado de fanático, mentiroso e patife explorador.

O ridículo, a falsidade, o insulto acumulados sôbre êle, provocaram indignados protestos, mesmo por parte da imprensa secular. "Tratar um assunto de tão imponente majestade e terríveis conseqüências," com leviandade e linguagem baixa, declaravam mesmo homens mundanos ser "não meramente brincar com os sentimentos de seus propagadores e advogados," mas "fazer zombaria do dia de juízo, escarnecer da própria Divindade, a desdenhar os terrores de Seu tribunal." - Bliss.

O instigador de todo mal procurava não sômente contrariar o efeito da mensagem do advento, mas destruir o próprio mensageiro. Miller fazia aplicação prática da verdade das Escrituras ao coração de seus ouvintes, reprovando-lhes os pecados e perturbando-lhes a satisfação própria; e suas palavras claras e incisivas despertaram inimizade. A oposição manifestada pelos membros da igreja à sua mensagem, animava as classes inferiores a irem mais longe; e conspiraram alguns dos inimigos para tirar-lhe a vida quando saísse do local da reunião. Santos anjos, porém, estavam na multidão, e um dêles, certa vez, sob a forma de homem, tomou o braço dêsse servo do Senhor e pô-lo a salvo da turba enfurecida. Sua obra ainda não estava terminada, e Satanás e seus emissários viram seus planos frustrados.

A despeito de tôda a oposição, o interesse no movimento adventista continuou a aumentar. As congregações cresceram das dezenas e centenas para milhares. Grande aumento houve nas várias igrejas, mas depois de algum tempo se manifestou o espírito de oposição a êsses conversos, e as igrejas começaram a tomar providências disciplinares contra os que tinham abraçado as opiniões de Miller. Êste ato provocou uma resposta de sua pena, em escrito dirigido aos cristãos de tôdas as denominações, insistindo em que, se suas doutrinas eram falsas, se lhe mostrasse o êrro pelas Escrituras.

"Que temos nós crido," disse êle, "que não nos tenha sido ordenado pela Palavra de Deus [YAHWEH], a qual, vós mesmos o admitis, é a regra e a única regra de nossa fé e prática? Que temos nós feito que provocasse tão virulentas acusações contra nós, do púlpito e da imprensa, e vos desse motivo justo para excluir-nos [os adventistas] de vossas igrejas e comunhão?" "Se estamos errados, peço mostrar-nos em que consiste nosso erro. Mostrai-nos, pela Palavra de Deus [YAHWEH], que estamos enganados. Temos sido bastante ridicularizados; isso nunca nos poderá convencer de que estamos em êrro; a Palavra de Deus [YAHWEH], ùnicamente, pode mudar nossas opiniões. Chegámos às nossas conclusões depois de refletir maduramente e muito orar, e ao vermos sua evidência nas Escrituras." - Bliss.

Século após século as advertências que Deus enviou ao mundo por Seus servos foram recebidas com igual incredulidade e descrença. Quando a iniqüidade dos antedliluvianos O moveu a trazer o dilúvio sôbre a Terra, primeiramente Êle lhes fêz saber Seu propósito, para que pudessem ter oportunidade de abandonar seus maus caminhos. Durante cento e vinte anos lhes soou aos ouvidos o aviso para que se arrependessem, não acontecesse manifestar-se a ira de Deus a fim de destruí-los. A mensagem parecialhes, porém, uma história ociosa, e nela não creram. Fazendo-se audaciosos em sua impiedade, caçoavam do mensageiro de Deus, recebiam frivolamente seus apelos e até o acusavam de presunção. Como ousa um homem levantar-se contra todos os grandes da Terra? Se a mensagem de Noé era verdadeira, por que todo o mundo não o viu e creu? A palavra de um homem contra a sabedoria de milhares! Não queriam dar crédito ao aviso, nem buscar refúgio na arca.

Escarnecedores apontavam para as coisas da natureza - a sucessão invariável das estações, o céu azul que nunca havia derramado chuva, os campos verdejantes refrescados pelo brando orvalho da noite - e exclamavam: "Fala êle parábolas?" Desdenhosamente declaravam ser o pregador da justiça um rematado fanático; e continuavam mais àvidamente na busca de prazeres, mais decididos em seus maus caminhos do que nunca dantes. Mas a incredulidade que alimentavam não impediu o acontecimento predito. Deus suportou por muito tempo sua iniqüidade, dando-lhes ampla ocasião para o arrependimento; ao tempo designado, porém, os juízos de YAHWEH caíram sôbre os que haviam rejeitado Sua misericórdia.

O Messias declara que existirá idêntica incredulidade no tocante à Sua segunda vinda. Como os contemporâneos de Noé não o conheceram, "até que veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também," nas palavras de nosso Salvador, "a vinda do Filho do homem." S. Mateus 24:39. Quando o professo povo de Deus se estiver unindo com o mundo, vivendo como vivem os do mundo, e com êles gozando de prazeres proibidos; quando o luxo do mundo se tornar o luxo da igreja; quando os sinos para casamentos estiverem a tocar, e todos olharem para o futuro esperando muitos anos de prosperidade temporal, sùbitamente então, como dos céus fulgura o relâmpago, virá o fim de suas resplendentes visões e esperanças ilusórias.

Assim como Deus enviou Seu servo para advertir o mundo do dilúvio a vir, enviou também mensageiros escolhidos para tornar conhecida a proximidade do juízo final. E como os contemporâneos de Noé se riam com escárnio das predições do pregador da justiça, assim, no tempo de Miller, muitos, mesmo dentre o povo professo de Deus, mofavam das palavras de adveradvertência.

E por que foram a doutrina e pregação da segunda vinda do Messias tão mal recebidas pelas igrejas? Ao passo que para os ímpios o advento do Senhor traz miséria e desolação, para os justos está repleto de alegria e esperança. Esta grande verdade tem sido o consôlo dos fiéis de Deus através de todos os séculos. Por que se tornou ela, como seu Autor, "uma pedra de tropêço e rocha de escândalo" a Seu povo professo? Foi nosso Senhor mesmo que prometeu a Seus discípulos: "Se Eu fôr, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para Mim mesmo." S. João 14:3. Foi o compassivo Salvador que, antecipando-Se aos sentimentos de solidão e tristeza de Seus seguidores, incumbiu anjos de confortá-los com a certeza de que Êle viria outra vez, em pessoa, assim como fôra para o Céu. Estando os discípulos a olhar atentamente para cima a fim de apanhar o último vislumbre dAquele a quem amavam, sua atenção foi despertada pelas palavras: "Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Êsse Yahshua, que dentre vós foi recebido em cima no Céu, há de vir assim como para o céu O vistes ir." Atos 1:11. Pela mensagem do anjo acendeu-se de novo a esperança. Os discípulos "tornaram com grande júbilo para Jerusalém. E estavam sempre no templo, louvando e bendizendo a YAHWEH." S. Lucas 24:52 e 53. Não se regozijavam porque Yahshua dêles Se houvesse separado, e tivessem sido deixados a lutar com as provações e tentações do mundo, mas por causa da certeza dada pelo anjo de que Êle viria outra vez.

A proclamação da vinda do Messias deveria ser agora, como quando fôra feita pelos anjos aos pastôres de Belém, boas-novas de grande alegria. Os que realmente amam ao Salvador saudarão com alegria o anúncio baseado na Palavra de Deus [YAHWEH], de que Aquêle em quem se centralizam as esperanças de vida eterna, vem outra vez, não para ser insultado, desprezado e rejeitado, como se deu no primeiro advento, mas com poder e glória, para remir Seu povo. Os que não amam o Salvador é que não desejam Sua vinda; e não poderá haver prova mais concludente de que as igrejas se afastaram de Deus do que a irritação e animosidade despertada por esta mensagem enviada pelo Céu.

Os que aceitaram a doutrina do advento aperceberam-se da necessidade de arrependimento e humilhação perante Deus. Muitos haviam por longo tempo vacilado entre o Messias e o mundo; agora compreendiam que era tempo de assumir atitude decisiva. "As coisas da eternidade assumiam para êles uma desusada realidade. O Céu se lhes aproximava, e sentiam-se culpados perante Deus." - Bliss. Os cristãos despertaram para nova vida espiritual. Compenetraram-se de que o tempo era breve, de que o que tinham a fazer pelos seus semelhantes deveria fazer-se rapidamente. A Terra retrocedia, a eternidade parecia abrir-se perante êles, e a alma, com tudo que diz respeito à sua felicidade ou miséria eterna, sentia eclipsar-se todo o objetivo mundano. O Espírito de Deus [YAHWEH] repousava sôbre êles conferindo poder aos fervorosos apelos que faziam a seus irmãos e aos pecadores, a fim de se prepararem para o dia de Deus [YAHWEH]. O testemunho silencioso de sua vida diária era constante reprovação aos membros das igrejas, seguidores de formalidades e destituídos de consagração. Êstes não desejavam ser perturbados em sua procura de prazeres, seu desejo de ganho e ambição de honras mundanas. Daí a inimizade e a oposição suscitadas contra a fé no advento e contra os que, a proclamavam.

Como se verificassem irrefutáveis os argumentos baseados nos períodos proféticos, os oponentes se esforçaram por desacoroçoar a investigação dêste assunto, ensinando que as profecias estavam fechadas. Assim seguiram os protestantes nas pegadas dos romanistas. Enquanto a igreja papal privava da Bíblia o povo, (...) as igrejas protestantes alegavam que uma parte importante da Palavra Sagrada - parte que apresentava verdades especialmente aplicáveis ao nosso tempo - não podia ser compreendida.

Ministros e povo declaravam que as profecias de Daniel e do Apocalipse eram mistérios incompreensíveis. O Messias, porém, chamou a atenção de Seus discípulos para as palavras do profeta Daniel, relativas aos acontecimentos a ocorrerem na época dêles, e disse: "Quem lê, entenda." S. Mateus 24:15 (Trad. Bras.). E a asserção de que o Apocalipse é um mistério, que não pode ser compreendido, é contradita pelo próprio título do livro: "Revelação de Yahshua o Messias, a qual YAHWEH Lhe deu, para mostrar a Seus servos as coisas que brevemente devem acontecer. ... Bem-aventurado aquêle que lê, a os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo." [Apocalipse 1:1-3]

Diz o profeta: "Bem-aventurado aquêle que lê" - há os que não querem ler; a bênção não é para êstes. "E os que ouvem" - há alguns, também, que se recusam a ouvir qualquer coisa relativa às profecias; a bênção não é para esta classe. "E guardam as coisas que nela estão escritas" - muitos se recusam a atender às advertências e instruções contidas no Apocalipse; nenhum dêsses pode pretender a bênção prometida. Todos os que ridicularizam os assuntos da profecia, zombando dos símbolos ali solenemente dados, todos os que se recusam a reformar a vida e preparar-se para a vinda do Filho do homem, não serão abençoados.

Em vista do testemunho da Inspiração, como ousam os homens ensinar que o Apocalipse é um mistêrio, fora do alcance da inteligência humana? É um mistério revelado, um livro aberto. O estudo do Apocalipse encaminha o espírito às profecias de Daniel, e ambos apresentam importantíssimas instruções, dadas por Deus [YAHWEH] ao homem, relativas a fatos a acontecerem no final da história dêste mundo.

Foram reveladas a S. João cenas de profundo e palpitante interêsse na experiência da assembleia (igreja). Viu êle a posição, os perigos, os conflitos e o livramento final do povo de Deus. Êle registra as mensagens finais que devem amadurecer a seara da Terra, sejam os molhos para o celeiro celeste, ou os feixes para os fogos da destruição. Assuntos de vasta importância lhe foram desvendados, especialmente para a última assembleia (igreja), a fim de que os que volvessem do êrro para a verdade pudessem ser instruídos em relação aos perigos e conflitos que diante dêles estariam. Ninguém necessita estar em trevas no que respeita àquilo que está para vir sôbre a Terra.

Por que, pois, esta dilatada ignorância com respeito a uma pane importante das Sagradas Escrituras? Por que esta relutância geral em investigar-lhes os ensinos? É o resultado de um esfôrço estudado do príncipe das trevas para esconder dos homens o que revela os seus enganos. Por esta razão, o Messias, o Revelador, prevendo a luta que seria ferida contra o estudo do Apocalipse, pronunciou uma bênção sôbre os que lessem, ouvissem e observassem as palavras da profecia.

de: "Uma Profecia Muito Significativa", Ellen G. White, em Pôrto Alegre, em 1935, São Paulo, Brasil, págs. 343-369

Editor: o nome sagredo de Deus YAHWEH, sua Filho nosso Senhor Yahshua o Messias é no texto, e o palavra: Elohim ("não correcto: Deus!")

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A Bíblia Sagrada - Vol. I (Parte 2/2)

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