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Uma Profecia Muito Significativa

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UM lavrador íntegro a de sentimentos honestos, que havia sido levado a duvidar da autoridade divina das Escrituras, e que no entanto desejava sinceramente conhecer a verdade, foi o homem especialmente escolhido por Deus para iniciar a proclamação da segunda, vinda do Messias. Como outros muitos reformadores, Guilherme Miller lutou no princípio de sua vida com a pobreza, aprendendo destarte as grandes lições de energia e renúncia. Os membros da família de que proveio caracterizavam-se por um espírito independente a amante da liberdade, pela capacidade de resistência e ardente patriotismo, traços que também eram preeminentes em seu caráter. Seu pal fôra capitão no exército da Revolução, e, aos sacrifícios que fizera nas lutas e sofrimentos daquele tempestuoso período, podem-se atribuir as circunstâncias embaraçosas dos primeiros anos da vida de Miller.

Possuía êle robusta constituição física, a já na meninice dera provas de fôrça intelectual superior à comum. Com o passar dos anos tornou-se isto ainda mais notório. Seu espírito era ativo e bem desenvolvido, a ardente sua sêde de saber. Conquanto não haurisse as vantagens de uma educação superior, seu amor ao estudo e o hábito de pensar cuidadosamente, bem como a aguda perspicácia, tornaram-no um homem de perfeito discernimento e largueza de vistas. Era dotado de irrepreensível caráter moral e nome invejável, sendo geralmente estimado por sua integridade, frugalidade e benevolência. À custa de energia e aplicação, adquiriu o necessário para viver, conservando, no entanto, seus hábitos de estudo. Ocupou com distinção vários cargos civis e militares, e as portas da riqueza e honra pareciam-lhe abertas de par em par.

Sua mãe era mulher verdadeiramente piedosa, e na infância estivera êle sujeito às impressões religiosas. No entanto, ao atingir o limiar da idade adulta, foi levado a associar-se com deístas, cuja influência foi tanto mais acentuada pelo fato de serem na maioria bons cidadãos, e homens de disposições humanitárias e benevolentes. Vivendo, como viviam, no meio de instituições cristãs, seu caráter tinha sido até certo ponto moldado pelo ambiente. As boas qualidades que lhes conquistaram respeito e confiança, deviam-nas à Bíblia; e, contudo, êsses dons apreciáveis se haviam pervertido a ponto de exercer influência contra a Palavra de Deus [YAHWEH]. Pela associação com êsses homens, Miller foi levado a adotar seus sentimentos. As interpretações corretas das Escrituras apresentavam dificuldades que lhe pareciam insuperáveis; todavia, sua nova crença, conquanto pusesse de lado a Escritura Sagrada, nada oferecia de melhor para substituí-la, e longe estava êle de sentir-se satisfeito. Continuou, entretanto, a manter estas opiniões durante mais ou menos doze anos. Mas com a idade de trinta a quatro anos, o Espírito Santo/ santo (o Espírito de YAHWEH) impressionou-lhe o coração com a intuição de seu estado pecaminoso. Não encontrou em sua crença anterior certeza alguma de felicidade além-túmulo. O futuro era negro a tétrico. Referindo-se mais tarde aos seus sentimentos nesta época, disse êle:

"O aniquilamento era um pensamento gélido a desalentador, e o fato de ter o homem de responder por seus atos significava destruição certa para todos. O céu era como bronze por sôbre a minha cabeça e a terra como ferro sob os meus pés. A eternidade, que era? E a morte, por que existia? Quanto mais raciocinava, mais longe me achava da evidência. Quanto mais pensava, mais contraditórias eram as minhas conclusões. Tentei deixar de pensar, mas meus pensamentos não podiam ser dominados. Era verdadeiramente infeliz, mas não compreendia a causa. Murmurava e queixava-me, sem saber de quem. Sabia que algo havia de errado, mas não sabia como ou onde encontrar o que era reto. Lamentava, mas sem esperança."

Neste estado continuou durante alguns meses. "Sùbitamente," diz êle, "gravou-se-me ao vivo no espírito o caráter de um Salvador. Pareceu-me que bem poderia existir um ser tão bom e compassivo que por nossas transgressões fizesse expiação, livrando-nos, destarte, de sofrer a pena do pecado. Compreendi desde logo quão amável êsse Ente deveria ser, a imaginei poder lançar-me aos Seus braços, confiante em Sua misericórdia. Mas surgiu a questão: Como se pode provar a existência dêsse Ser? Afora a Bíblia, achei que não poderia obter prova da existência de semelhante Salvador, nem sequer de uma existência futura. ...

"Vi que a Escritura Sagrada apresentava precisamente um Salvador como o que necessitava; a fiquei perplexo por ver como um livro não inspirado desenvolvia princípios tão perfeitamente adaptados às necessidades de um mundo decaído. Fui constrangido a admitir que as Escrituras devem ser uma revelação de Deus. Tornaram-se elas o meu deleite; a em Yahshua encontrei um amigo. O Salvador tornou-Se para mim o primeiro entre dez mil; e as Escrituras, que antes eram obscuras a contraditórias, tornaram-se agora a lâmpada para os meu(s) pés e luz para o meu caminho. Meu espírito tranqüilizou-se e ficou satisfeito. Achei que YAHWEH Elohim (Deus) é uma Rocha em meio do oceano da vida. A Bíblia tornou-se então o meu estudo principal e, posso em verdade dizer, pesquisava-a com grande deleite. Vi que a metade nunca se me havia dito. Admirava-me de que me não tivesse apercebido antes, de sua beleza e glória; e maravilhava-me de que já a pudesse haver rejeitado. Tudo que o coração poderia desejar, encontrei revelado, como um remédio para tôda enfermidade da alma. Perdi todo o gôsto para outra leitura, e apliquei o coração a obter a sabedoria de Deus." - Memórias de Guilherme Miller, S. Bliss.

Miller professou pùblicamente sua fé na religião que antes desprezara. Seus companheiros incrédulos, entretanto, não tardaram em reproduzir todos os argumentos com que êle próprio insistira contra a autoridade divina das Escrituras. Não estava então preparado para responder a êles, mas raciocinava que, se a Bíblia é a revelação de Deus, deve ser coerente consigo mesma; a que, como foi dada para a instrução do homem, deve adaptar-se à sua compreensão. Decidiu-se a estudar as Escrituras por si mesmo, e verificar se as aparentes contradições não se poderiam harmonizar.

Esforçando-se por deixar de lado tôdas as opiniões preconcebidas, dispensando comentários, comparou passagem com passagem, com o auxilio das referências à margem e da concordância. Prosseguiu no estudo de modo sistemático a metódico; começando com Gênesis, a lendo versículo, por versículo, não ia (is) mais depressa do que se lhe desvendava o sentido dais várias passagens, de modo a deixá-lo livre de tôda dificuldade. Quando encontrava algum ponto obscuro, tinha por costume compará-lo com todos os outros textos que pareciam ter qualquer referência ao assunto em consideração. Permitia que cada palavra tivesse a relação própria com o assunto do texto e, quando harmonizava seu ponto-de-vista acêrca dessa passagem com tôdas as referências da mesma, deixava de ser uma dificuldade. Assim, quando quer que encontrasse passagem difícil de entender, achava explicação em alguma outra parte das Escrituras. Estudando com fervorosa oração para obter esclarecimentos da parte de Deus, o que antes parecia obscuro à compreensão agora se fizera claro. Experimentou a verdade das palavras do salmista: "A exposição das Tuas palavras dá luz; dá entendimento aos símplices." Salmo 119:130.

Com intenso interêsse estudou os livros de Daniel a Apocalipse, empregando os mesmos princípios de interpretação que para as demais partes das Escrituras; e descobriu, para sua grande alegria, que os símbolos proféticos podiam ser compreendidos. Viu que as profecias já cumpridas tiveram cumprimento literal; que tôdas as várias figuras, metáforas, parábolas, símiles etc., ou eram explicados em seu contexto, ou os têrmos em que eram expressos se achavam entendidos literalmente. "Estava satisfeito," diz êle, "por ser a Escritura Sagrada um conjunto de verdades reveladas, tão clara e simplesmente apresentadas que o viandante, ainda que seja um louco, não precisa errar." - Bliss. Elo após elo da cadeia da verdade recompensava seus esforços, enquanto passo a passo divisava as grandes linhas proféticas. Anjos celestiais estavam a guiar-lhe o espírito e a abrir as Escrituras à sua compreensão.

Tomando a maneira por que as profecias se tinham cumprido no passado como critério pelo qual julgar do cumprimento das que ainda estavam no futuro, chegou à conclusão de que o conceito popular acêrca do reino espiritual do Messias - o milênio temporal antes do fim do mundo - não é apoiado pela Palavra de Deus [YAHWEH]. Essa doutrina, falando em mil anos de justiça e paz antes da vinda pessoal do Senhor, afasta para longe os terrores do dia de Deus [YAHWEH]. Mas, por agradável que seja, é contrária aos ensinos do Messias a Seus apóstolos, que declaravam que o trigo e o joio devem crescer juntos até à ceifa, o fim do mundo (S. Mateus 13:30, 38-41); que "os homens maus a enganadores irão de mal para pior;" que "nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos" (II Timóteo 3:13 e 1); e que o reino das trevas continuará até o advento do Senhor, sendo consumido pelo espírito de Sua bôca a destruído com o resplendor de Sua vinda. (II Tessalonicenses 2:8.)

A doutrina da conversão do mundo e do reino espiritual do Messias não era mantida pela igreja apostólica. Não foi geralmente aceita pelos cristãos antes do comêço do século dezoito, aproximadamente. Como todos os outros erros, seus resultados foram maus. Ensinava os homens a afastarem para um longínquo futuro a vinda do Senhor, e os impedia de prestar atenção aos sinais que anunciavam Sua aproximação. Infundia um sentimento de confiança a segurança que não era bem fundado, levando muitos a negligenciarem o necessário preparo a fim de se encontrar com seu Senhor.

Miller achou que a vinda do Messias, literal, pessoal, é plenamente ensinada nas Escrituras. Diz S. Paulo: "O mesmo Senhor descerá do céu com alarido, a com voz de Arcanjo, a com trombeta de YAHWEH." I Tessalonicenses 4:16. E o Salvador declara: "Verão o Filho do homém, vindo sôbre as nuvens do céu, com poder e grande glória." "Assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem." S. Mateus 24:30 e 27. Êle deverá ser acompanhado de tôdas as hostes celestiais. O Filho do homem virá em Sua glória, "e todos os santos anjos com Êle." S. Mateus 25:31. "Êle enviará os Seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os Seus escolhidos." S. Mateus 24:31.

A Sua vinda, os justos que estiverem mortos ressuscitarão, os vivos serão transformados. "Nem todos dormiremos," diz S. Paulo, "mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade." ICoríntios 15:51-53. E em sue carte aos tessalonicenses, depois de descrever a vinda do Senhor, diz êle: "Os que morreram no Messias ressuscitarão primeiro. Depois nós os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com êles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, a assim estaremos sempre com o Senhor." ITessalonicenses 4:16 e 17.

Não poderá o Seu povo receber o reino antes do advento pessoal do Messias. Disse o Salvador: "E quando o Filho do homem vier em Sua glória, a todos os santos anjos com Êle, então Se assentará no trono da Sua glória; a tôdas as nações serão reunidas diante dÊle, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; e porá as ovelhas à Sua direita, mas os bodes à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à Sua direita: Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo." S. Mateus 25:31-34. Vimos pelos textos citados, que, quando o Filho do homem vier, os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e os vivos serão transformados. Por esta grande mudança ficam preparados pare receberem o reino; pois S. Paulo diz: "A carne e o sangue não podem herdar o reino de YAHWEH, nem a corrupção herda a incorrupção." ICoríntios 15:50. O homem, em seu estado presente, é mortal, corruptível; o reino de Deus [YAHWEH], porém, será incorruptível, permanecendo pare sempre. Portanto, o homem, em sua condição atual, não pode entrar no reino de Deus [YAHWEH]. Mas, em vindo Yahshua confere a imortalidade a Seu povo; e então os chama para possuírem o reino de que até ali têm sido apenas herdeiros.

Estas a outras passagens provaram claramente ao espírito de Miller que os acontecimentos que geralmente se esperava ocorrerem antes da vinda do Messias, como seja o reino universal de paz e o estabelecimento do domínio de Deus sôbre a Terra, deveriam ser subseqüentes ao segundo advento. Além disso, todos os sinais dos tempos a as condições do mundo correspondiam à descrição profética dos últimos dias. Foi levado, sòmente pelo estudo das Escrituras, à conclusão de que estava prestes a terminar o período de tempo concedido para a existência da Terra em sua condição presente.

"Outra espécie de prova que vivamente me impressionava o espírito," diz êle, "era a cronologia das Escrituras … Notei que os acontecimentos preditos, que se haviam cumprido no passado, muitas vêzes ocorreram dentro de um dado tempo. Os cento e vinte anos do dilúvio (Gênesis 6:3), os sete dias que o deviam preceder, com quarenta dias de chuva predita (Gênesis 7:4), os quatrocentos anos da permanência temporária da semente de Abraão (Gênesis 15:13), os três dias do sonho do copeiro-mor e do padeiro-mor (Gênesis 40:12-20), os sete anos de Faraó (Gênesis 41:28-54), os quarenta anos no deserto (Números 14:34), os três anos a meio de fome (I Reis 17:1; ver S. Lucas 4:25); o cativeiro de setenta anos (Jeremias 25:11), os sete tempos de Nabucodonozor (Daniel 4:13-16), e as sete semanas, sessenta e duas semanas, e a semana, perfazendo setenta semanas, determinadas aos judeus (Daniel 9:24-27) - são tempos que limitaram acontecimentos que antes eram apenas assuntos de profecia, cumprindo-se de acôrdo com as predições." Bliss.

Quando, portanto, encontrou em seu estudo da Bíblia vários períodos cronológicos que, segundo a sua compreensão dos mesmos, se estendiam até à segunda vinda do Messias, não pôde senão considerá-los como os "tempos já dantes ordenados," que Deus revelou a Seus servos. "As coisas encobertas," diz Moisés, "são para YAHWEH nosso Elohim (Deus): porém, as reveladas são para nós a para nossos filhos para sempre" (Deuteronômio 29:29); e YAHWEH declara pelo profeta Amós que "não fará coisa alguma, sem ter revelado o Seu segrêdo aos Seus servos, os profetas." Amós 3:7. Assim, os que estudam a Palavra de Deus podem confiantemente esperar que encontrarão nas Escrituras da verdade, claramente indicado, o acontecimento mais estupendo a ocorrer na história da humanidade.

"Como eu estivesse plenamente convicto," diz Miller, "de que 'tôda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa'; de que ela não veio nunca pela vontade do homem, mas foi escrita ao serem homens santos inspirados pelo Espírito Santo / santo (o Espírito de YAHWEH)) (II S. Pedro 1:21), e dada 'para nosso ensino', 'para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança', não poderia deixar de considerar as porções cronológicas da Bíblia senão como uma pane da Palavra de Deus [YAHWEH], e com tanto direito à nossa séria consideração como qualquer outra porção dela. Senti, pois, que, esforçando-me por compreender o que Deus em Sua misericórdia achou conveniente revelar-nos, eu não tinha direito de omitir os períodos proféticos." - Bliss.

A profecia que mais claramente parecia revelar o tempo do segundo advento, era a de Daniel 8:14: "Até duas mil a trezentas tardes a manhãs; e o sàntuário será purificado." Seguindo sua regra de fazer as Escrituras o seu próprio intérprete, Miller descobriu que um dia na profecia simbólica representa um ano (Números 14:34; Ezequiel 4:6); viu que o período de 2.300 dias proféticos, ou anos literais, se estenderia muito além do final da dispensação judaica, donde o não poder êle referir-se ao santuário daquela dispensação. Miller aceitou a opinião geralmente acolhida, de que na era cristã a Terra é o santuário, e, portanto, compreendeu que a purificação do sántuário predita em Daniel 8:14 representa a purificação da Terra pelo fogo, à segunda vinda do Messias. Se, pois, se pudesse encontrar o exato ponto de partida para os 2.300 dias, concluiu que se poderia facilmente determinar a ocasião do segundo advento. Assim se revelaria o tempo daquela grande consumação, tempo em que as condições presentes, com "todo o seu orgulho e poder, pompa e vaidade, impiedade e opressão, viriam ao fim"; em que a maldição "se removeria da Terra, a morte seria destruída, dar-se-ia o galardão aos servos de Deus, os profetas e os santos, e aos que temem o Seu nome, e seriam destruídos os que devastam a Terra." - Bliss.

Com um novo e mais profundo fervor, Miller continuou o exame das profecias, dedicando dias e noites inteiras ao estudo do que agora lhe parecia de tão estupenda inaportância e absorvente interêsse. No capítulo oitavo de Daniel êle não pôde achar nenhum fio que guiasse ao ponto de partida dos 2.300 dias; o anjo Gabriel, conquanto tivesse recebido ordem de fazer com que Daniel compreendesse a visão, deu-lhe apenas uma explicação parcial. Quando a terrível perseguição a recair sôbre a igreja foi desvendada à visão do profeta, abandonou-o a fôrça física. Não pôde suportar mais, e o anjo o deixou por algum tempo. Daniel enfraqueceu a estêve enfêrmo alguns dias. "Espantei-me acêrca da visão," diz êle, "e não havia quem a entendesse."

Deus ordenou, contudo, a Seu mensageiro: "Dá a entender a êste a visão." A incumbência devia ser satisfeita. Em obediência a ela, o anjo, algum tempo depois, voltou a Daniel, dizendo: "Agora saí pare fazer-te entender o sentido;" "toma, pois, bem sentido na palavra, e entende a visão." Daniel 9:22 a 23. Havia, na visão do capítulo oito, um ponto importante que tinha sido deixado sem explicação, a saber, o que se refere ao tempo, ou seja, ao período dos 2.300 dias; portanto o anjo, reencetando a explicação, ocupa-se principalmente do assunto do tempo:

"Setenta semanas estão determinadas sôbre o teu povo e sôbra a tua santa cidade. ... Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até o Messias, o Principe, sete semanas, e sessenta e duas semanas: as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será tirado o Messias, e não será rnais. ... E Êle firmará um concêrto com muitos por uma semana: e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares." Daniel 9:24-27.

O anjo fôra enviado a Daniel com o expresso fim de lhe explicar o ponto que êle tinha deixado de compreender na visão do capítulo oito, a saber, a declaração relativa ao tempo: "Até duas mil a trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado." Depois de mandar Daniel tomar bem sentido na palavra e entender a visão, as primeiras declarações do anjo foram: "Setenta semanas estão determinadas sôbre o teu povo, a sôbre a tua santa cidade". A palavra aqui traduzida "determinadas" significa literalmente "separadas". Setenta semanas, representando 490 anos, declara o anjo estarem separadas, referindo-se especialmente aos judeus. Mas, separadas de quê? Como os 2.300 dias foram o único período de tempo mencionado no capítulo oito, devem ser o período de que as setenta semanas se separaram; estas devem ser, portanto, uma parte dos 2.300 dias, e os dois períodos devem começar juntamente. Declara o anjo datarem as setenta semanas da saída da ordem para restaurar e edificar Jerusalém. Se se pudesse encontrar a data desta ordem, estaria estabelecido o ponto de partida do grande período dos 2.300 dias.

No sétimo capítulo de Esdras acha-se o decreto. (Esdras 7: 12-26). Em sua forma completa foi promulgado por Artaxerxes, rei da Pérsia, em 457 antes de Cristo. Mas em Esdras 6:14 se diz ter sido a casa de YAHWEH em Jerusalém edificada "conforme o mandado [ou decreto, como se poderia traduzir] de Ciro e de Dario, e de Artaxerxes, rei da Pérsia." Êstes três reis, originando, confirmando e completando o decreto, deram-lhe a perfeição exigida pela profecia para assinalar o início dos 2.300 anos. Tomando-se o ano 457 antes de Cristo, tempo em que se completou o decreto, como data da ordem, viu-se ter-se cumprido tôda a especifcação da profecia relativa ás setenta semanas.

"Desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até o Messias, o Príncipe, sete semanas, e sessenta e duas semanas" - a saber, sessenta e nove semanas ou 483 anos. O decreto de Artaxerxes entrou em vigor no outono de 457 antes de Cristo. A partir desta data, 483 anos estendem-se até o outono do ano 27 de nossa era. (...) Naquele tempo esta profecia se cumpriu. A palavra "Messias" significa o "Ungido." No outono do ano 27 de nossa era, o Messias foi batizado por João, e recebeu a unção do Espírito. O apóstolo S. Pedro testifica que "YAHWEH ungiu a Yahshua de Nazaré com o Espírito santo e com virtude." Atos 10:38. E o próprio Salvador declarou: "O Espírito de YAHWEH é sobre Mim, pois que Me ungiu para evangelizar os pobres." S. Lucas 4:18. Depois de Seu batismo Êle foi para a Galiléia, "pregando o evangelho do reino de YAHWEH, e dizendo: O tempo está cumprido." S. Marcos 1:14 e 15.

"E Êle firmará concêrto com muitos por uma semana." A "semana," a que há referência aqui, é a última das setenta, são os últimos sete anos do período concedido especialmente aos judeus. Durante êste tempo, que se estende do ano 27 ao ano 34 de nossa era, o Messias, a princípio em pessoa e depois pelos Seus discípulos, dirigiu o convite do evangelho especialmente aos judeus. Ao saírem os apóstolos com as boas novas do reino, a recomendação do Salvador era: "Não ireis pelos caminhos das nações, nem entrareis em cidades de samaritanos; mas ide às ovelhas perdidas da casa de Israel." S. Mateus 10:5 e 6.

"Na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares." No ano 31 de nossa era, três anos a meio depois de Seu batismo, nosso Senhor foi crucificado. Com o grande sacrifício oferecido sôbre o Calvário, terminou aquêle sistema cerimonial de ofertas, que durante quatro mil anos haviam apontado para o Cordeiro de Deus. O tipo alcançou o antítipo, e todos os sacrifícios e ofertas daquele sistema cerimonial deveriam cessar.

As setenta semanas, ou 490 anos, especialmente conferidas aos judeus, terminaram, como vimos, no ano 34. Naquele tempo, pelo ato do sinédrio judaico, a nação selou sua recusa do evangelho, pelo martírio de Estêvão e perseguição aos seguidores do Messias. Assim, a mensagem da salvação, não mais restrita ao povo escolhido, foi dada ao mundo. Os discípulos, forçados pela perseguição a fugir de Jerusalém, "iam por tôda a parte, anunciando a Palavra." Filipe desceu à cidade de Samaria e pregou ao Messias. S. Pedro, divinamente guiado, revelou o evangelho ao centurião de Cesaréia, Cornélio, que era temente a Deus; e o ardoroso S. Paulo, ganho à fé cristã, foi incumbido de levar as alegres novas "a as nações de longe." Atos 8:4 e 5; 22:21.

A Bíblia Sagrada - Vol. I (Parte 2/2)

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