Читать книгу "Casamento de sociedade" Comprometida com um xeque - A Esposa Secreta - Kate Walker - Страница 7

Capítulo 2

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Jenna desligou o telefone.

– Jenna, o que é que aconteceu? – inquiriu Brad.

– Sabes quem era?

Brad anuiu.

– Oh, sim! Nadia contou-me muitas histórias sobre a sua arrogância. Teria de ser surdo para não imaginar que era Rashid. O que é que te disse? Pareces abatida.

– Primeiro vou vestir-me – declarou Jenna, a tremer de frio. – Depois conto-te tudo.

Vestiu rapidamente umas calças de ganga e uma T-shirt. Penteou o cabelo húmido e olhou-se no espelho.

Tinha que actuar rapidamente! Rashid nunca casaria com uma mulher que não achasse atraente!

Voltou para a sala. Brad tinha feito café e ela aceitou uma chávena e sentou-se no sofá.

– Conta-me… – pediu Brad.

Jenna suspirou.

– Quer casar comigo.

Brad quase entornou o café.

– O que é que estás a dizer?

Jenna pousou a chávena e acrescentou:

– Talvez me tenha expressado mal. Na realidade, não acredito que queira casar comigo. Mas acho que é algo que pensa que deve fazer pela honra. Foi um acordo entre os nossos pais há muito, muito tempo.

– Jenna, não estou a perceber…

– Vou tentar explicar. O falecido pai de Rashid e o meu pai eram muito amigos e, quando eu ainda era um bebé, decidiram que se eu reunisse certas condições… certos critérios, seria a esposa de Rashid.

– E quais eram esses critérios? – inquiriu ele.

– Físicos, por exemplo, deveria ser do agrado de Rashid.

– Bom, não acho que haja dúvida sobre isso, não é? – riu Brad.

Ela encolheu os ombros.

– Acho que cumpro com essa condição.

– Falas como se estivesses a falar de um móvel ou de uma coisa!

– É possível que se trate de uma coisa do género – declarou Jenna, lembrando-se do último encontro com ele, com aqueles olhos pretos fitando-a com desejo.

– Qual é o outro critério?

– O óbvio. Devo ser virgem… mas não me apetece falar disso.

– Pois… – anuiu Brad. – Mas há qualquer coisa que não me estás a contar, Jenna. Não me parece que a ideia seja repugnante para ti. Tenho visto fotografias do homem e é muito atraente…

Jenna engoliu em seco. Era verdade.

– Oh, não é nada disso! É um homem espectacular, só que a América mudou-me. Com o que aprendi agora, talvez não queira o que antigamente queria.

– Perdi-me nas tuas reflexões! – protestou Brad.

– Quando vim para os Estados Unidos, tive acesso à liberdade da imprensa pela primeira vez e li o que diziam as revistas da sociedade sobre o estilo de vida de Rashid!

– Estou a começar a perceber – afirmou Brad.

– Rashid é quase doze anos mais velho do que eu… Quando era criança costumava proteger-me…

Ele levara-a com ele para todos os lados durante a sua infância. Ela sempre o admirara. E quando tinha catorze anos suspirara por ele ao vê-lo montado no seu cavalo preto, um magnífico garanhão…

Durante a sua relação com ele, tinha-o feito rir, tinha brincado com ele e Rashid tinha tolerado o que em qualquer outra pessoa teria tomado como sinal de insurreição… E ela tinha sentido que o mundo começava e acabava com Rashid…

– Então, o que é que aconteceu para que agora o detestes dessa maneira?

– Detestá-lo? Não, não o detesto.

– Pela maneira como falas, parece que o odeias…

«Ódio?», pensou Jenna. Na realidade, amara-o sempre. Mas seria sempre um amor não correspondido, insuficiente para a mulher em que se tornara.

Quando fizera dezoito anos, a relação entre eles mudara profundamente. Rashid começara a distanciar-se dela. A atmosfera começara a ser tensa. A relação confortável entre eles tinha-se evaporado…

E ela tivera saudades da antiga relação.

– Rashid não tentou casar comigo quando tive idade para isso – declarou ela. – E o meu orgulho não me permitiu demonstrar-lhe a minha desilusão. Não tive vontade de ficar em Quador e disse que desejava conhecer melhor o país da minha falecida mãe, que queria conhecer a minha terra natal.

Rashid também tivera experiências naquele sentido. Os seus pais tinham morrido num acidente de avião e os seus direitos e heranças tinham chegado mais cedo do que alguém antecipara. Não só tivera que suportar a dor da perda, mas tivera que começar a governar o país. A transição do poder não tinha sido fácil. Muitas pessoas tinham duvidado da sua capacidade para dominar aquelas terras e Rashid tivera que o demonstrar pela força.

Lembrava-se de como Rashid tinha demorado a dar a sua aprovação e consultara o pai dela para que ela viesse estudar direito para os Estados Unidos.

– Reconheço que a sua aprovação para que eu saísse do país me confundiu um pouco, mas depois percebi. A verdade dói… – declarou ela.

– Que verdade?

– Sobre o seu estilo de vida. Que parva que fui! Pensei que como era o meu noivo não andaria com outras mulheres! Mas soube que andava com modelos e actrizes desde a sua adolescência. Tinham-me ocultado essa informação quando estava em Quador, mas quando cheguei aqui, soube tudo. Inclusive agora tem uma amante!… Tem uma mulher em Paris e telefona-me para que me case com ele!

– Tens a certeza? – inquiriu Brad, horrorizado.

– Sim, chama-se Chantal e é a sua favorita. Certamente vai ocupar o quarto de hotel ao lado do nosso na nossa lua-de-mel… São esses os costumes de Quador!

– E o que é que vais fazer, Jenna? Não irás aceitar uma relação assim, pois não?

– Oh, não! – Jenna sorriu. – Voltarei para Quador e vou convencer Rashid de que não sou a mulher com quem quer casar.

– E como é que vais fazer isso? – inquiriu Brad.

– Não te preocupes comigo, Brad – ela estremeceu. – Vou pensar em alguma coisa.

– Mas preocupas-me…

– Não te preocupes. Não me vai obrigar a fazer nada que eu não queira ou que não esteja de acordo com os meus princípios morais.

– Sim, claro – replicou Brad, não muito convencido.

Jenna agitou o seu cabelo ruivo, como uma égua preparando-se para uma corrida.

– Vou reservar a passagem e vou dar uma volta pelas lojas.

O avião de Rashid aterrou em Paris. Uma limusina preta estava à sua espera para o levar ao luxuoso apartamento num selecto bairro da cidade.

Como sempre, um discreto guarda-costas precedeu-o, enquanto outro o seguiu, quase oculto das pessoas.

– Podem deixar-me, agora – declarou Rashid.

– Mas, Excelência…

– Deixem-me! Sabereis da minha presença dentro de alguns minutos – replicou Rashid.

O guarda-costas olhou para ele como se pusesse uma objecção, mas era inútil opor-se à vontade de Rashid.

– Sim, Excelência – declarou.

Rashid bateu à porta. Tinha chave, mas sabia que já não a poderia usar.

A porta abriu-se e Chantal apareceu. Tinha estado à sua espera, pois um telefonema avisara-a da sua visita.

– Chéri, a tua visita inesperada alegra-me muito – murmurou Chantal, provocativamente.

Rashid deu um passo atrás e abanou a cabeça e, embora Chantal parecesse desiludida, acompanhou-o até à imensa sala com uma espectacular vista sobre Paris.

Rashid observou-a pela última vez. Como amante tinha sido inigualável. Não parecia ter quarenta e quatro anos. Tinha um corpo melhor do que muitas mulheres de vinte.

– Um copo, chéri? Ou preferes que te prepare um banho? – murmurou Chantal, com uma voz sensual.

Noutros tempos teria aceite as duas coisas. E teria satisfeito o seu desejo por aquele corpo envolto em seda.

Mas agora já não.

Rashid abanou a cabeça.

– Tenho um carro à minha espera.

– Então?

– Chantal, tenho que te dizer uma coisa…

Chantal ficou imóvel, suspeitando de algo.

– Diz-me, chéri. Não me deixes em suspense.

– Vou casar.

Chantal não reagiu. Aspirou profundamente o fumo do seu cigarro.

– Deveria congratular-te, então? – inquiriu ela, friamente.

Rashid sorriu. Era difícil adivinhar quais eram os verdadeiros sentimentos de Chantal. Nunca os mostrara e aquela era uma das qualidades que ele mais valorizava nela.

– Obrigado.

Chantal voltou a aspirar o fumo do cigarro.

– Quem é ela?

– Jenna.

Chantal anuiu e deixou entrever um gesto de desagrado.

– A rapariga que é meio americana? A que mora em Nova Iorque?

Rashid franziu o sobrolho.

– Sim.

– Deve estar muito contente.

A boca de Rashid fez uma careta. Jenna deveria ter mostrado mais entusiasmo, mas não o fizera.

– Que mulher não estaria? – inquiriu Chantal, com tristeza. Apagou o cigarro e começou a desabotoar o vestido. – Então, vai ser a nossa última vez, chéri? Ou continuarás a ter tempo para mim depois de casar?

Ele olhou para os seios dela e sentiu a urgência do desejo, mas aplacou-o com decisão.

– Não, já chega! – exclamou.

– Tens a certeza, chéri?

– Sim, tenho a certeza. Abotoa o vestido!

Ela fitou-o durante um instante.

– Podes ficar com o apartamento – acrescentou Rashid.

– Obrigada – agradeceu Chantal.

Ele sabia que ela iria aceitar.

– Trouxe-te um presente – apontou para uma caixa.

– O que é?

Rashid abriu-a. Perante os olhos de Chantal apareceram várias fileiras de diamantes. Ele reparou no brilho de prazer do olhar dela.

– Pelos serviços prestados? – inquiriu ela.

Ele abanou a cabeça.

– Como um pequeno sinal de gratidão pela nossa agradável relação.

– Não é preciso que acabe, Rashid – declarou ela, alarmada. – Sabes isso.

Sim, ele sabia. Ela poderia ser dele quando e onde ele quisesse. Jenna não precisava saber. Tinha numerosos conhecidos que o encobririam sem questionar nada, esperando que ele se comportasse como o seu pai.

– Acabou, Chantal – replicou. – Toma o teu tempo, escolhe o que gostares mais e Abdullah virá buscar o resto.

– Então, é assim?

– Sabias que isto iria acontecer algum dia. Era inevitável. Por isso, deixemo-nos de lamentações e lembremos o passado com carinho. Está na hora de me ir embora. O meu avião está à minha espera.

Chantal anuiu e declarou com um nó na garganta:

– Adeus, chéri.

– Adeus, Chantal.

Rashid deu meia volta quando ela gritou:

– Espera!

Ele sabia o que ela ia dizer.

– Se alguma vez… mudares de opinião, sabes que estarei à tua espera.

Ele sorriu friamente e replicou:

– Adeus, Chantal.



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