Читать книгу "Casamento de sociedade" Comprometida com um xeque - A Esposa Secreta - Kate Walker - Страница 8

Capítulo 3

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Assim que Jenna saiu do avião, sentiu o calor de Quador.

Quando chegara ao aeroporto Kennedy, tinham-lhe dado um assento na primeira classe. Era evidente que estava tudo tratado.

Ela começara a protestar, mas a sua voz apagara-se ao ver a mulher que estava do outro lado do balcão a olhar para ela como se fosse louca por não querer viajar luxuosamente.

Abdullah estava à sua espera, de pé, ao lado do carro preto que trazia o brasão de Rashid.

– Fez uma boa viagem? – inquiriu Abdullah, com cortesia, enquanto o carro saía sem parar nas obrigatórias paragens da alfândega.

– Muito boa.

O palácio de Rashid estava situado num lugar solitário, fora da cidade mais importante, Riocard, tanto por razões práticas como por segurança. O pai de Rashid e os seus antecessores tinham sofrido várias tentativas de assassinato e Jenna perguntava-se se Rashid tinha sido o alvo de muitos fanáticos que teriam gostado de governar Quador. Aquele pensamento fê-la estremecer. Embora não se quisesse casar com ele, não lhe desejava nenhum mal.

Jenna olhou pela janela.

O palácio tinha vários séculos. Estava esculpido com imagens dos antepassados de Rashid. Tinha belos jardins à sua volta e um tanque no qual se reflectiam os raios do sol.

O carro passou através das portas de ferro, custodiadas por homens armados.

– O xeque está à sua espera nos seus apartamentos privados – declarou Abdullah. – Sugiro que não o faça esperar.

Jenna anuiu, sentindo-se como um cordeiro que vai para o sacrifício.

Sempre gostara do palácio, mas naquele momento pareceu-lhe uma prisão dourada.

O homem que estava fora dos apartamentos de Rashid abriu a porta.

– Vão trazer-lhe a mala do carro – declarou Abdullah. – Vejo que viajou com pouca bagagem.

Claro que viajara com pouca bagagem, não pensava ficar!

– Com muito pouca bagagem – concordou ela, com um sorriso tenso.

– Bom, aqui acaba o meu trabalho, menina – declarou Abdullah, e inclinou a cabeça.

– Obrigada, Abdullah.

Jenna entrou no quarto, desejando ter serenidade suficiente para levar a cabo o seu plano sem que se notasse. Mas ao ver Rashid junto à janela, a sua garganta secou.

Como poderia ter imaginado que seria fácil rejeitar a sua proposta de casamento? Esquecera-se do efeito que produzia nela?

Vestido com um roupão de seda de fios dourados, o seu corpo musculoso parecia mais viril do que nunca.

Ouvira-a entrar, mas não se tinha virado, como se quisesse fazê-la esperar para se deleitar com o seu rosto, da mesma maneira que ela o tinha feito esperar desde que lhe telefonara.

Jenna sabia o que se esperava dela. Sabia que era melhor não o irritar e falou com o tom de voz que estivera a ensaiar mentalmente durante toda a sua viagem desde Nova Iorque.

– Xeque – declarou ela.

Ele virou-se e inclinou a sua cabeça como cumprimento.

Como tinha podido esquecer a sua presença! Era magnífico!

Rashid parecia furioso.

– O que é que fizeste? – inquiriu ele, em francês, como uma serpente venenosa.

Ao ouvir as suas palavras em francês, Jenna lembrou a sua amante francesa e sentiu uma dor aguda no coração.

Fitou-o, ignorando a sua pergunta.

– Xeque?

Rashid sentiu que aquela mulher que o ignorava tinha pouco a ver com a Jenna que ele conhecera.

Vestia umas calças de ganga justas e uma blusa de seda de cor de âmbar que combinava com os seus olhos. Umas botas curtas alargavam mais as suas pernas e um chapéu de aba larga adornava o seu cabelo ruivo. E aquela maquilhagem! «Tem um aspecto muito ocidental», pensou ele, com desagrado.

– Como te atreves a apresentar-te a mim tão arranjada?

– Não gostas da minha roupa? – inquiriu ela, com inocência.

– Pareces uma mulher vulgar! – exclamou Rashid, expressando os seus pensamentos em voz alta.

– Não me parece. Uma mulher dessas não poderia pagar esta roupa – replicou Jenna.

– Não me refiro a esse género de mulher! Não estou a falar das que andam na rua, nos bairros baixos de Riocard!

– Oh, tu referes-te a uma prostituta de luxo, então? – inquiriu ela.

Irritado, Rashid não respondeu.

– Porque é que não estás vestida com a roupa tradicional de Quador?

– Porque estou mais habituada a usar isto.

– Brad gosta que te vistas assim? – inquiriu Rashid.

Jenna pensou que seria melhor não o contrariar.

– Vou mudar de roupa.

Rashid abanou a cabeça.

– Oh, não. Já me fizeste esperar demasiado. Vais-te embora quando eu disser! – Rashid respirou fundo. – Queres refrescar-te um bocado?

Jenna abanou a cabeça.

Rashid voltou a sentir irritação.

– Tira esse chapéu! – ordenou.

Jenna tirou o chapéu e fitou-o, tentando não demonstrar o seu desafio.

Rashid ficou calado um momento.

– Cortaste o cabelo! – exclamou, com voz quebrada.

Por um momento, Jenna pareceu reparar numa certa tristeza nas suas palavras, mas ao ver os seus olhos de aço, percebeu que se enganara.

– Sim, gostas? – inquiriu ela, sentindo o frio do ar condicionado no seu pescoço, recentemente a descoberto.

– Porquê? – inquiriu ele. – Porque é que cortaste o cabelo dessa maneira? Para pareceres um homem?

Ela sentiu-se incomodada com aquela crítica, quase arrependida do seu novo aspecto, desejando recuperar novamente a sua aprovação. Perturbada pelo seu comentário, começou a brincar com os berloques do seu chapéu.

Até que se lembrou de Chantal e de todas as outras.

Uma dama de companhia era testemunha da conversa, mas não parecia compreendê-la. A sua missão era proteger e não imiscuir-se.

Jenna levantou o queixo em sinal de desafio. Aquele movimento realçou os seus seios sob a seda da sua blusa e Rashid não ficou imune a isso.

Jenna fitou-o nos olhos.

– Achas que pareço um homem? – inquiriu ela.

Alguma coisa deveria ter mudado no ambiente entre eles, dado que a dama de companhia franziu a testa e fitou-os.

– Volta aos teus assuntos! – exclamou Rashid, na sua língua materna.

Ela obedeceu imediatamente.

Rashid voltou a falar francês, fazendo um movimento de cabeça para a dama de companhia.

– Vês? É essa a obediência a que estou habituado, Jenna, e a que espero.

Rashid pensou que Jenna seria solícita com ele, que se renderia ao seu poder. Iria fazê-la gemer de prazer nos seus braços. Faria com que ela o desejasse tanto como ele a desejava…

– Não esperes isso de mim. Não sou tua subordinada. Vivi demasiado tempo na América para ignorar a igualdade entre homem e mulher!

– Como te atreves a falar assim ao teu governante? – inquiriu ele, incrédulo. – Quando casarmos, ocuparás naturalmente o papel de esposa subordinada!

– Eu gosto do meu cabelo assim. É mais confortável. Posso sair do duche com o cabelo molhado e ir directamente para a Universidade. Como um homem, na realidade!

– Vais para a Universidade de cabelo molhado?

Ela supôs que aquilo deveria ser estranho para um homem cuja posição na vida o obrigara a manter-se afastado das preocupações quotidianas, mas Rashid falava como se se tratasse de algum desvio sexual.

– Claro! Quando estou atrasada!

– Bom, não terás de te preocupar com essas coisas no futuro… Porque não vais estudar mais, Jenna!

Jenna olhou para ele, alarmada. Aquilo não era o que ela planeara que acontecesse!

Jenna teve consciência do género de esposo que lhe esperava se tivesse cedido.

– Mas não me posso casar contigo, Rashid. Não seria… justo.

– O quê? – inquiriu ele, com interesse repentino.

Ela engoliu em seco.

– Porque eu não reúno as condições necessárias para ser a tua esposa – concluiu Jenna. – Sabes, tive um amante antes de ti, Rashid. Já não sou pura. E, por isso, não me posso casar contigo.



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