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CAPÍTULO 3

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Caroline sentiu-se desolada quando não um, mas três veículos luxuosos pararam diante de Winterwood, pouco depois das quatro horas da tarde. Tinha imaginado que Valente viria sozinho, mas assim seria impossível falar com ele em privado.

Valente saiu da limusina, com uma graciosidade predadora que fazia parte dele. Estava vestido com um fato preto elegante que acentuava a largura dos seus ombros, as suas ancas estreitas e as suas pernas fortes. Entrou na casa, seguido de mais três homens. Ele já esperava deparar-se com uma decoração vistosa, portanto, foram os outros três homens que olharam, surpreendidos, à sua volta, dando-se conta de que quase tudo o que havia naquela casa era dourado. Valente pensou, divertido, que era tudo de muito mau gosto. Uma tentativa de uma família de novos-ricos de apresentar uma casa de campo como se fosse um lugar histórico.

Com muita frieza, Valente apresentou um arquitecto a Caroline, um homem de aspecto agradável que era da zona e que tinha uma empresa muito conhecida.

– Vieram ver a casa e fazer alguns esboços. O mais sensato seria deixar que a vissem à vontade.

Caroline sentiu-se consternada ao ver que Va-lente tinha pensado em mudar a casa dos seus pais.

– É claro – acedeu, como se não a preocupasse, já que não podia fazer nada para o evitar.

– Onde estão os teus pais? – perguntou-lhe Va-lente, com o sobrolho franzido, enquanto os outros três homens começavam a andar pela casa.

Reparou em Caroline, que estava vestida com umas calças de ganga gastas e uma t-shirt debotada que, pelo menos, eram do seu tamanho, realçavam a sua figura delicada e faziam-na parecer mais jovem do que era.

Caroline apercebeu-se de que estava a observá-la e corou. Valente sempre tinha tido aquele efeito nela. Era um homem muito masculino, que emanava sexualidade e virilidade.

– Não estão. O meu pai tinha uma consulta no hospital.

– A sua ausência tornará a visita mais fácil – comentou Valente. – Vamos começar. Temos uma agenda muito apertada.

Não mostrou nenhum interesse enquanto Caroline lhe ensinava as divisões do rés-do-chão, nas quais a sua mãe não olhara a despesas para as mobilar.

– Não é possível que queiras viver aqui – disse-lhe ela. – Não posso acreditar que vás utilizá-lo o suficiente, nem que consigas pô-la ao teu gosto.

– Se estivesses aqui para me receber cada vez que viesse, poderia chegar a gostar dela. De qualquer forma... o que sabes tu sobre como vivo agora?

– A roupa de marca e a limusina falam por si. Esta casa nunca esteve a esse nível, nem sequer quando era nova!

– Não vais ganhar nada com esse tipo de comentários – advertiu ele. – Esta propriedade pertence-me e farei com ela o que quiser.

– Mas os meus pais...

– Não quero ouvir nem mais uma palavra! – interrompeu-a, com acidez, dirigindo-se para as escadas principais. – Nenhum dos teus pais trabalhou um único dia da sua vida, nem sequer tiveram a sensatez de cortar nas despesas quando a empresa começou a ficar mal. Recuso-me a vê-los como vítimas de alguma coisa, salvo dos seus próprios caprichos.

Caroline não respondeu, embora tivesse vontade de lhe dizer que os seus pais mereciam mais compaixão, já que tinham cortado muito nas despesas da casa e tinham prescindido da governanta e do jardineiro. No entanto, Valente não tinha de se compadecer deles. Ela tinha crescido com tudo, enquanto ele crescera na pobreza, com uma mãe doente que falecera quando ele tinha dezoito anos.

– Mesmo assim, os teus pais não mereciam a traição do teu marido – acrescentou Valente.

Aquela observação fez com que Caroline cambaleasse nas escadas.

Ele segurou-a para evitar que caísse para trás. Por um momento, abraçou-a com todo o seu calor e masculinidade. Ela tremeu, antes de ficar tensa e lutar contra a atracção que sentia por ele.

– O que queres dizer? – perguntou-lhe.

– Que o teu falecido marido não passava de um ladrão, que gastou dinheiro da empresa, mesmo quando ela começou a...

Ela virou-se para ele, irada.

– Talvez fosse imprudente em certos aspectos, mas não era ladrão!

– Os meus auditores e o contabilista da empresa podem provar-te o contrário. O teu marido tirava dinheiro da conta da empresa sempre que tinha oportunidade.

– Tens a certeza?

– É claro! É curioso, não é, piccola mia? – perguntou-lhe Valente, com suavidade. – Os teus pais pensavam que seria eu quem estragaria a vida à sua princesinha, mas, afinal, era o rapaz perfeito, o vizinho universitário, quem tinha os maus hábitos. Não foi capaz de se manter afastado da caixa registadora, nem das empregadas!

Caroline ficou vermelha e começou a tremer. Sentia-se zangada, humilhada, levantou a mão e deu-lhe uma bofetada.

– Matthew está morto... Devias mostrar algum respeito!

– Não te atrevas a voltar a bater-me – advertiu ele em voz baixa, com os olhos brilhantes.

– Desculpa. Não voltará a acontecer – disse-lhe ela, surpreendida pela forma como tinha perdido as estribeiras.

– Não tenho nenhum respeito pelo teu falecido marido... nem por ti, porque ficaste com ele até ao fim, apesar de saberes do que era capaz, não foi?

Ainda a tremer, Caroline afastou-se para deixar passar um dos homens que tinham vindo com Va-lente.

– Não sabia nada da conta de que falaste – admitiu, num sussurro. – Sabia que esbanjava dinheiro, mas não pensei que andasse a roubar. Por favor, não o tornes público...

– Mesmo morto, Matthew continua a ser sagrado, intocável, não é? – perguntou ele, com incredulidade.

– Os seus pais não suportariam ouvir o que acabaste de me contar. E já não podes castigá-lo. Deixemos que as lembranças que os seus pais têm dele continuem intactas – rogou-lhe.

Valente sentiu-se indignado ao ouvir aquilo. Como poderia mostrar respeito por um homem que o tinha suplantado na sua cama e no seu coração?

Caroline viu que se zangava e sentiu pânico. Não tinha pensado que aquele encontro com Valente pudesse correr mal.

Ouviu vozes masculinas, a falar sobre a possibilidade de se fazer outra casa de banho na casa, e, antes que os interrompessem ou que Valente se distraísse, Caroline tomou uma decisão. Abriu a porta do quarto principal, que naquele momento ninguém utilizava, e agarrou Valente pela manga para que a acompanhasse.

– Temos de falar...

– Sobre o quê? Já sabes qual é a minha proposta – respondeu-lhe ele, com impaciência, agarrando-lhe a mão. – Esta manhã, não a deixei clara?

Caroline apoiou-se contra a porta para a fechar.

– Não foi que não a tivesses deixado clara, mas eu disse-te que o que me propunhas era impossível.

– Salvo quando te beijei – recordou-lhe ele, com patente satisfação, acariciando-lhe o pulso.

Caroline tinha o rosto brilhante, sentia-se envergonhada e confusa por ter reagido àquela carícia. Afastou a mão, mas depois pensou no futuro dos empregados da Hales e ignorou a sua consciência. Já dissera a Valente como era. Não tinha a culpa de ser incapaz de lhe dar o que ele esperava. De qualquer modo, ele estava a tentar chantageá-la e ela devia utilizar todas as suas armas para contra-atacar.

– Não posso tornar-me tua amante – disse-lhe. – Os meus pais morreriam. Já não têm idade para su-portar algo parecido, Valente. Nem aceitariam que essa relação tivesse lugar sob o seu tecto.

Valente foi para a porta.

– Para que me fizeste entrar aqui? – pergun tou-lhe em tom irónico. – Por um instante, vi a cama e pensei que talvez quisesses mostrar-me alguma coisa.

Caroline sentiu-se consternada ao ver que Va-lente agarrava a maçaneta da porta e bloqueou-lhe a passagem.

– Porque não me ouves, nem falas comigo? – perguntou. – Farei o que for necessário para proteger os trabalhadores da Hales, mas não me peças que magoe os meus pais. Só aceitariam que tivéssemos relações se nos casássemos.

Valente desatou a rir-se.

Che idea! Já não sou o homem romântico de há cinco anos. Nem desejo tanto o teu pequeno corpo para te entregar a minha liberdade, nem sequer durante um curto espaço de tempo.

Ela corou ao dar-se conta de que Valente levara a sério o seu comentário, quando só o tinha feito para que compreendesse que os seus pais não aceitariam que tivesse relações sexuais com ele, nem ajuda financeira dele, se não fosse seu marido. Na verdade, a ideia de voltar a passar por um casamento era a última coisa que desejava, portanto, ficou pálida. Odiara estar casada, tinha-se sentido encurralada e indefesa, mas estava a começar a pensar que casar-se com Valente seria melhor solução para a sua família do que tornar-se amante dele. Ao fim e ao cabo, embora ele ainda não soubesse, não seria capaz de cumprir as fantasias dele na cama.

– Não seria um casamento normal... Quer dizer, duradouro – disse-lhe.

Maledizione! Como podes pensar que aceitaria casar-me contigo? – perguntou-lhe ele, com incredulidade. – Embora compreenda que prefiras essa opção. Ganharias milhões com o divórcio e ambos sabemos que, embora disfarces bem, serias capaz de tudo por dinheiro.

Caroline olhou para ele.

– Pensava que os acordos pré-nupciais resolviam esses problemas. Embora não acredites, não quero o teu maldito dinheiro...

– Nunca me rebaixaria a casar-me contigo! – exclamou ele, com desdém. – És uma bruxa mentirosa, falsa e mercenária.

Caroline manteve a cabeça erguida.

– Receio que seja a única opção que possa aceitar...

– O que ganharia eu com isso? – perguntou-lhe Valente, com o sobrolho franzido.

– Nesse caso, nunca serei tua amante, Valente. Vejo que não vamos chegar a um acordo.

Dito aquilo, Caroline abriu a porta e saiu para o corredor.

– Quereria um filho.

Caroline ficou petrificada. Era a última coisa que teria esperado.

– Um herdeiro que seguisse os meus passos, piccola mia – acrescentou Valente. – O que te parece?

Ela ficou pálida, era outro desafio impossível.

– É a minha oferta final, cara mia. Se te tomar como esposa, terá de ser por algo mais do que sexo. Não preciso de me casar para o conseguir, portanto, se o fizer, terá de ser por mais alguma coisa.

– Infelizmente, não sou uma prostituta, nem uma égua de criação.

– Todas as mulheres são capazes de desempenhar o papel de prostituta para o homem certo... ou no momento certo. Desejei-te da primeira vez que te vi e continuo a desejar-te. Tu aumentaste a parada e eu também devo fazê-lo. Considerarei a ideia se passares a noite comigo, no meu hotel.

Paralisada pela sua proposta incrível, Caroline olhou para ele, com incredulidade.

– Eu jogo sempre a sério e, se quiseres que me case contigo, antes terei de verificar se vales a pena – esclareceu Valente. – Tenho reuniões até às dez horas da noite. Vejo-te a partir de então.

– Não posso aceitar – murmurou ela.

– É a tua última oportunidade – advertiu ele, cruzando os braços. – O jogo acabou, angelina mia. Aproveita a oportunidade agora que podes, porque não voltarás a ter outra.

Ela desejou bater-lhe, mas a sua força intimidava-a. Viu-o a inclinar-se sobre ela e sentiu que a beijava, mas, desta vez, não respondeu, ficou inexpressiva. Valente largou-a e franziu o sobrolho ao vê-la tão pálida.

– É a tua última palavra? – perguntou-lhe ele.

E ela esteve prestes a dizer-lhe que sim, mas alguma coisa no seu interior fê-la dar uma resposta que surpreendeu ambos.

– Não... Não é!

Valente relaxou e virou-se para falar com os outros homens, que desciam as escadas. Alguns minutos mais tarde, os carros desapareciam pelo caminho, mas Caroline ficou onde estava até os perder de vista. Pouco depois, o telefone tocou.

Eram os seus pais. Tinham-nos convidado para jantar em casa do irmão do seu pai, Charles, que vivia perto do hospital, e só voltariam no dia seguinte. A sua primeira reacção foi de alívio e isso surpreendeu-a, mas não queria falar do seu encontro com Valente, nem da visita dele à casa, já que sabia que teria de mentir a esse respeito.

A pouco e pouco, foi-se dando conta de que poderia ir ao hotel de Valente sem dar explicações, mas não devia fazê-lo. Ou devia? Tinha a suspeita de que, se em vez de se ter casado com Matt, o tivesse feito com Valente, o seu casamento ter-se-ia consumado. Tinha sido uma loucura pensar que Matt e ela poderiam transformar a sua amizade numa relação conjugal. Talvez outra pessoa com mais experiência tivesse sido capaz de dar esse salto, mas ela tinha fracassado. Desde o início, fora tímida, sentira-se estranha e inibida, e descobrira demasiado tarde que a atracção que sentia por Valente não surgia com o homem com quem se casara.

O que seria diferente com Valente? Conseguiria ser outra mulher com ele? Era uma pergunta demasiado emocionante para uma mulher que nem sequer tinha sido capaz de sair com outros homens e que assumira que passaria toda a vida sozinha. E se bebesse um pouco para perder o medo? Só teria de superar aquele momento horrível em que o pânico se apoderava dela...

Animada pela vodca, Caroline rebelou-se contra a roupa conservadora que Matt tinha insistido que comprasse. Matt tinha-a feito sentir-se velha antes do tempo, proibindo que se maquilhasse, que pintasse as unhas, que usasse saias curtas e roupa justa ao corpo. Procurou no armário um vestido que comprara quando tinha começado a sair com Valente, mas que nunca usara. Era azul, curto e realçava as suas curvas. Deixou o cabelo solto, como sabia que ele gostava. Vestiu umas meias e uns sapatos de salto alto, e, ao ver-se ao espelho, ficou petrificada.

Que tipo de mulher se arranjava para ir ter com um homem que pretendia experimentá-la como se fosse um carro novo? «Uma mulher muito desesperada», reconheceu, com vergonha. E surpreendeu-a ainda mais o facto de estar desesperada por descobrir se conseguiria ser tão sexy e desejável como qualquer outra, o suficiente para se tornar mulher de Valente e ajudar os empregados da Hales e os seus pais. O que dizia isso dela?

Muito tempo antes, Valente tornara-a durante um breve período de tempo a mulher que ela queria ser. Uma mulher forte, segura das suas decisões, preparada para se arriscar a amar e a casar-se com um homem que procedia de um mundo muito diferente do dela.

Os seus pais tinham-se zangado muito quando tinham descoberto que andava a sair com um camionista da Hales. Tinham desprezado Valente inclusive antes de o terem conhecido, acusando-o de querer usá-la e abusar dela, insistindo que só queria casar-se com ela para herdar a empresa. E ela tinha estado prestes a odiá-los por serem tão arrogantes e terem tantos preconceitos.

Em poucas semanas, tinha passado de filha obediente a rebelde, mas Matt também se opusera àquela relação e, dado que era seu amigo, a opinião dele tinha-a influenciado.

– Não tens nada em comum com ele. Não é um de nós – tinha-lhe dito Matt. – Não suportarias a vida que terias com ele. E não achas que deves mais aos teus pais do que isto? É normal que queiram que a sua única filha fique aqui e que se case com um inglês.

Ela tinha-se sentido culpada, mas zangara-se muito quando Valente tinha sido despedido da Hales. Fora então que acedera a casar-se com ele.

Carolina voltou a ver o seu reflexo no espelho e bebeu outro gole de vodca. Podia voltar a ser forte. Tudo poderia mudar se se atrevesse a partilhar a cama com Valente. Não podia ser assim tão difícil. No passado, tinha estado perdidamente apaixonada por ele. Era um homem impressionante. E devia ter experiência suficiente na cama para conseguir que relaxasse com ele.

Bateram à porta e Caroline olhou para o relógio. Devia ser o táxi que tinha pedido. Desceu as escadas, sentindo-se demasiado sóbria e nervosa, e perguntou-se quando é que o álcool lhe subiria à cabeça e lhe daria a força que lhe faltava...

Segundo casamento - Aliança por um herdeiro

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