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CAPÍTULO 5

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– Não é preciso que entres comigo – disse Caroline a Valente quando a limusina parou diante do hospital.

Valente ignorou-a e continuou a andar ao seu lado.

– De certeza que tens centenas de coisas mais importantes para fazer – insistiu ela, quase sem fôlego.

Perguntaram onde estava o pai de Caroline e, quando se dispôs a segui-la, ela agarrou-o pelas la-pelas.

– Não podes permitir que os meus pais te vejam, nem que saibam que estive contigo ontem à noite.

– És uma criança ou uma adulta?

– Não se trata de mim, nem de ti, mas da saúde do meu pai. Não deve ter nenhum desgosto. Está em lista de espera para uma operação ao coração – explicou-lhe.

– No entanto, eu gostaria de falar com eles.

– Foste o tipo que comprou o seu negócio e que vai expulsá-los de casa – recordou-lhe Caroline. – Porque quereriam ver-te, estando preocupados com a saúde do meu pai?

Por fim, Valente acedeu a esperar por ela no corredor onde estava o seu pai. As cortinas estavam entreabertas e Valente conseguia ver os Hales. Surpreendeu-o que tivessem envelhecido.

No entanto, assim que ouviu Isabel a falar, soube que continuava a ser a mesma mulher controladora.

– Onde estiveste ontem à noite? – perguntou a Caroline em tom acusador. – Estávamos muito preocupados contigo.

– Bom, bom... – interveio Joe. – Com a idade que tem, não é preciso que passe todas as noites em casa.

– Tive uma reunião com Valente – respondeu Caroline, decidindo cingir-se à verdade o máximo possível. – Como sabia que estavam com o tio Charles, desliguei o telefone. Lamento que não tenham conseguido contactar-me antes.

– Foste ver aquele italiano às escondidas? – perguntou a sua mãe, furiosa.

– Ontem de manhã, já sabias que tinha de ir vê-lo – defendeu-se Caroline. – Como te sentes, papá?

– Cansado, só isso.

– Não podemos ignorá-lo. É uma questão de decência – continuou Isabel. – Recuso-me a continuar a falar contigo, Caro, enquanto não nos disseres porque não voltaste para casa ontem à noite.

Caroline guardou silêncio enquanto tentava inventar uma história que parecesse convincente. Poderia dizer que tinha estado em Winterwood, mas que não tinha ouvido o telefone? Ou deveria enfrentá-la e dizer que já tinha idade suficiente para ter uma certa privacidade? Não era o momento, nem o lugar certos. Olhou para a sua mãe nos olhos e sentiu-se a pior filha do mundo, mas soube que só seria feliz quando a enfrentasse.

Valente afastou a cortina e apareceu.

– Ontem à noite, não pude permitir que Caroline voltasse sozinha para uma casa vazia. Winterwood fica longe de tudo e pensei que tinha mais sentido que passasse a noite no hotel.

Isabel Hales fulminou-o com o olhar e abriu a boca, mas o seu marido já estava a agradecer a Va-lente pela sua decisão.

– Foi uma boa ideia, dadas as circunstâncias – disse Joe.

– Como é claro, Caroline protestou – continuou Valente.

– Sim – admitiu ela, com os nervos em franja. – Papá, pareces cansado, devias dormir um pouco.

– Permita-me que a acompanhe a casa – disse Valente a Isabel Hales. – Deve estar exausta, se passou a noite toda aqui.

– Joe precisa de mim – respondeu ela, olhando para ele com desconfiança.

– Ficarei bem, voltas depois – disse-lhe o seu marido, agarrando-lhe a mão.

Valente viu lágrimas nos olhos de Isabel e pensou que, ao fim e ao cabo, também tinha o seu lado humano.

Isabel sentia-se dorida depois de tanto tempo sentada, portanto, pediu ajuda à sua filha para se levantar. Falou com a enfermeira antes de partir e saíram do hospital muito mais devagar do que tinham entrado. Surpreendeu Caroline que a mãe tivesse aceitado voltar para casa no carro de Valente, mas apercebeu-se de que estava muito cansada.

Assim que Isabel Hales se apercebeu de que iriam de limusina, começou a ser muito mais simpática e a tratar Valente como se fosse um velho amigo, e não alguém que tinha tratado com desprezo. Era evidente que a sua mãe estava impressionada com a riqueza de Valente e Caroline sentiu-se envergonhada ao pensar que ele também se teria dado conta.

Valente acompanhou-as até à porta de casa e depois apoiou uma mão no ombro de Caroline.

– Telefono-te amanhã – disse-lhe.

– Não é necessário.

– Sim, é – contradisse-a ele.

– Estarei no hospital com o meu pai – advertiu ela.

– Mas não todo o dia – interveio Isabel Hales.

– Tenho de acabar uma encomenda até sexta-feira – acrescentou Caroline, sem conseguir acreditar na mudança alarmante de atitude da sua mãe.

– Jantaremos juntos amanhã à noite, bella mia. Mandarei um carro vir buscar-te às sete horas – insistiu Valente.

– Mamã, o que estás a fazer? – perguntou Caroline à sua mãe, assim que Valente partiu.

– Não, o que estás a fazer tu? – perguntou a sua mãe. – O teu camionista transformou-se num homem rico e tão disposto como há alguns anos...

– Nem pensar! – replicou ela.

– Não é altura para seres tímida, Caro – disse-lhe a sua mãe. – Vi como olha para ti. É dono do nosso negócio. E da nossa casa. Tu passas o dia a trabalhar, mas és pobre. Um marido rico resolveria todos os teus problemas.

– Não, não o faria! – respondeu Caroline. – Não tenho intenção de voltar a casar-me!

– Nem todos os homens são como Matthew – comentou a sua mãe.

Caroline, que já ia em direcção às escadas, virou-se bruscamente.

– O que quiseste dizer com isso, mamã?

Isabel suspirou.

– Sei que Matthew tinha outros... digamos... interesses. Como aquela secretária de seios grandes que contratou. A empregada do The Swan. A mulher do mecânico. Queres que continue?

– Não, não tinha ideia que sabias. Nunca disseste nada.

– Não me dizia respeito – respondeu Isabel.

– Não? Estavas sempre a elogiar Matthew. Pensavas que era perfeito porque tinha andado numa universidade privada. Nunca olhaste além da superfície. Convenceste-me de que a minha amizade com ele seria uma base muito melhor para o casamento do que o que tinha com Valente.

Isabel franziu o sobrolho ao ver que a sua filha lhe levantava a voz.

– Controla-te, Caro. Tenho de admitir que Matthew me decepcionou como genro, mas nunca pesei que gostasse de mulheres vulgares, com seios grandes.

Caroline ficou pálida quando a sua mãe lhe recordou as preferências do seu falecido marido.

– Porque não me disseste que sabias? Teria sido muito importante poder confiar em ti.

– Não quererias falar sobre uma coisa tão desagradável com a tua mãe. E sabias o que devias fazer: fingir que não sabias de nada. Não precisavas de mim.

Caroline virou-se, ardiam-lhe os olhos. Ao princípio, não quisera fingir que não sabia o que se passava, mas Matthew tinha-lhe dito que não toleraria que interviesse na vida privada dele. Tinha-lhe dito várias vezes que era uma mulher anormal e que ele precisava de outras mulheres que lhe dessem o que ela não lhe dava.

– Matthew e tu tinham muitas coisas em comum. Deveria ter corrido bem – comentou Isabel. – E pensávamos que também seria perfeito para suprir as nossas necessidades.

– As vossas necessidades?

– Não sejas inocente, Caro. Sabes que o teu pai e eu sempre desejámos que te casasses com alguém capaz de herdar o negócio. Matthew parecia ser a pessoa adequada.

– Foi por isso que insististe tanto para que me casasse com ele? – perguntou Caroline.

– Eram muito amigos. Conheciam-se desde sempre.

– Porque é que os pais de Matthew decidiram investir na Hales quando nos casámos?

– Porque queriam que assentasse a cabeça e alegrou-nos pôr a empresa nas suas mãos.

– A sério?

Caroline estava a começar a dar-se conta de que o seu casamento tinha acontecido devido a um acordo entre a sua família e a de Matthew.

– O teu pai pensava que a empresa precisava de uma lufada de ar fresco. Matthew era jovem e dinâmico.

– Portanto, os Bailey investiram na Hales porque o seu filho ia ocupar a direcção. Foi o único motivo pelo qual se casou comigo?

– Não sejas ridícula, Caro! – replicou a sua mãe.

– Matthew amava-te...

– Não – interrompeu-a ela. – Matthew nunca me amou. Tenho a certeza. Mas tinha gostos caros e os seus pais estavam a começar a fartar-se de lhos pagar.

– Meu Deus, Caro, dizes cada coisa!

Caroline conteve-se para não continuar a falar.

– Vou para a cama.

– Não sei o que se passa contigo – disse-lhe a sua mãe.

– Não, nunca me entendeste – admitiu ela.

– Não sejas patética – disse-lhe Isabel, exasperada. – O teu pai e eu pensávamos que era o melhor para ti.

– Mas eu amava Valente – respondeu Caroline, com voz trémula.

– E ainda podes tê-lo, se fores suficientemente inteligente para voltar a apanhá-lo.

Caroline meteu-se na cama e começou a chorar por se ter deixado enganar cinco anos antes.

Passou grande parte do dia seguinte com o seu pai, esperando pacientemente que lhe fizessem exames e obrigando-o a descansar. À tarde, voltou para casa, para trabalhar. Quando acabou, recordou que só faltava uma hora para o seu encontro com Va-lente.

– Só vais arranjar-te agora? – perguntou-lhe a sua mãe ao vê-la a subir as escadas. – És uma desgraça!

– Obrigada – respondeu Caroline.

– Até as raparigas bonitas têm de fazer um esforço – continuou Isabel. – Nem sequer foste ao cabeleireiro.

Caroline olhou fixamente para a sua mãe.

– A única coisa de que não gostavas em Valente era do facto de ser pobre. Agora que é rico, parece-te muito aceitável.

– Se pretenderes insistir em falar do passado, não direi mais nada, mas tens de te esforçar mais para agarrar um homem, Caro. Talvez Matthew tivesse ficado mais tempo em casa se tu tivesses dado mais atenção ao teu aspecto.

As palavras da sua mãe, que devia ter sabido como era infeliz no seu casamento, doeram-lhe mais do que uma bofetada. Subiu para o seu quarto e procurou alguma coisa para vestir no armário, mas não tinha nada com estilo. Por fim, escolheu um vestido creme de manga comprida e um casaco que só usara uma vez num casamento, e foi tomar duche.

Pela primeira vez, reconheceu que Matthew tinha sido um gabarola, que a deixara sem forças, fazendo com que perdesse a confiança em si mesma. A família dele tinha-a culpado das ausências, sugerindo com frequência que Matthew teria ficado mais em casa se lhe tivesse dado um filho, mas Caroline pensava que, se tivesse sido assim, Matthew, que nunca quisera crescer, teria fugido. No entanto, nunca saberia se o seu marido lhe teria sido fiel se ela não fosse frígida. Frígida. «Que palavra horrível e inapropriada», pensou Caroline, enquanto secava e alisava o cabelo. Não achava que aquela palavra pudesse descrever o pânico e o medo que a tinham consumido perante a ameaça do sexo. Tremeu ao voltar a pensar que era típico de Valente desejar o que não podia ter.

Maquilhou-se um pouco, calçou uns sapatos cremes com pouco salto e desceu para entrar na limusina que estava à espera dela. Antes de partir, a sua mãe chamou-a e disse-lhe:

– Entenderei se hoje chegares muito tarde, mas fica a saber que me parece que te comportas com demasiada sobriedade.

Caroline sentiu vontade de se rir. Ali estava a manipuladora da sua mãe, a dizer-lhe que podia ir para a cama com Valente, porque, se não o fizesse, não conseguiria caçá-lo. Naquele momento, ela estava mais preocupada com o seu pai. Se a Hales fechasse, reagiria muito mal, já que se culparia. Caroline tinha de aceitar que existia a possibilidade de o seu pai morrer antes de o operarem e isso fê-la sentir-se mal.

Valente observou como Caroline atravessava a sala até ele. Usava um vestido muito menos atrevido do que o da noite anterior. Sim, tinha deixado o cabelo solto, emoldurando o seu rosto delicioso. Olhou para ele nos olhos como uma prisioneira que se dirigisse para a forca. Foi uma imagem que incomodou e ofendeu um homem habituado a que as mulheres o admirassem e desejassem.

Caroline viu apreço no olhar de Valente, o que a intimidava, deixava nervosa e recordava a sua própria incapacidade de responder.

– Esse vestido é tão horrível que estou desejoso de to arrancar – confessou-lhe Valente, enquanto Caroline lia a ementa.

Ela empalideceu e levantou o olhar, com medo.

– É uma brincadeira, piccola mia – acrescentou. – Estou desejoso de te ver com roupa de marca que te fique bem.

– Perdi peso desde que Matthew morreu. Não me serve quase nada do que tenho – disse-lhe ela.

Ele acariciou-lhe a mão que Caroline tinha sobre a mesa. Ela tremeu ao sentir um calafrio no braço.

– Tenta relaxar. Estás a pôr-me nervoso.

– Não pensei que fosse possível.

– Contigo, tudo é possível – respondeu-lhe Valente. – Estás preocupada com o teu pai? Caroline fez uma careta.

– É claro. Precisa que o operem urgentemente.

– Mas agora está num hospital público, onde suponho que haja uma lista de espera para essas operações, e terá de aguentar até que chegue a vez dele – recordou-lhe Valente. – Eu poderia pagar a operação num hospital privado e o teu pai não teria de esperar tanto.

Caroline mostrou-se surpreendida e olhou para ele.

– Não posso acreditar que estejas a oferecer-me algo parecido...

– Porquê? Quero voltar a ter-te na minha vida, custe o que custar. Ela franziu o sobrolho, consternada.

– Não podes brincar com a vida das pessoas, Va-lente. Ninguém deveria fazê-lo.

Ele recostou-se na cadeira e olhou para ela com decisão, como se estivesse a desafiá-la.

– Custe o que custar – repetiu em tom doce.

Foi então que Caroline se apercebeu de que acabava de lhe fazer uma oferta que não podia rejeitar...

Segundo casamento - Aliança por um herdeiro

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