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Capítulo Um

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Avistando por fim a sua presa, Nathan Case desviou-se de um empregado que carregava uma bandeja cheia de taças de champanhe para se aproximar da fonte de chocolate. A cinco metros dele, Emma Montgomery movia-se entre a fina flor da sociedade de Dallas, reunida ali para celebrar a passagem de ano. Andava à sua procura desde que chegou a casa do seu pai, Silas Montgomery, uma hora antes, ainda que não soubesse o que ia fazer exatamente quando a encontrasse.

As opções alternavam-se entre beijá-la e estrangulá-la.

Mas ainda não se tinha decidido.

Como se pudesse ler os seus pensamentos, ela virou a cabeça nesse momento e uma madeixa de cabelo roçou os seus lábios enquanto olhava à sua volta. Com os delicados dedos, afastou o cabelo castanho, deixando à vista a sobrancelha franzida. Parecia uma criatura da floresta encandeada pelos faróis de um carro, sem saber para que lado fugir. Mas rapidamente os seus olhos achocolatados se cravaram nele.

E, rápida como um relâmpago, Emma desapareceu por detrás de uma enorme planta.

O coração de Nathan batia a toda a velocidade enquanto a seguia. Tinha tido que jogar ao gato e ao rato com outras mulheres na sua vida e isso adoçava a rendição, mas Emma tinha elevado o jogo a outro nível. Se não a conhecesse bem, pensaria que estava a tentar desfazer-se dele.

Ridículo, depois de descobrir o que tinha descoberto naquele dia.

Emma tinha entrado na biblioteca, onde um grupo de gente cantava baladas de Frank Sinatra em frente a um piano, e seguiu-a, contente por deixar atrás os convidados que bebiam o caríssimo champanhe de Silas Montgomery enquanto admiravam a mansão que o velho magnata tinha construído como uma prova do seu dinheiro e poder.

A biblioteca, de dois andares, com as suas paredes forradas a cerejeira e estantes cheias de livros, do chão até ao teto, era mais acolhedora do que o colossal grande salão que tinha abandonado, mas não suficientemente tranquila para Nathan. Queria ter Emma só para ele nessa noite e não tinha intenção de deixar que mais ninguém beijasse essa incrível boca quando ouvissem as doze badaladas.

Ela deteve-se de repente quando ele a impediu de aceder à sua via de escape. Havia demasiado barulho para manter uma conversa, mas Emma não teve o menor problema para lhe comunicar a sua impaciência enquanto a levava em direção ao piano, colocando-a entre uma loura com um vestido decotado e um homem baixinho e careca que não deixava de olhar para esse decote.

Nathan olhou para a loura sem mostrar interesse. Ainda que gostasse de ver uma mulher meio despida tanto como qualquer outro homem, não era fã dos peitos artificiais. Ele preferia curvas que se movessem; as de Emma, neste caso.

Enquanto ela cantava com os demais, Nathan pôs as duas mãos sobre o piano, prendendo-a entre os seus braços. Teve de fazer um esforço para não se apertar contra o corpo feminino e até conteve um gemido ao recordar as suas suaves nádegas. O desejo que sentia quase o impedia de ouvir a música.

Sem poder evitar, inclinou a cabeça para o seu pescoço, o delicioso aroma do seu perfume envolvendo-o e provocando uma amnésia momentânea. Qual era mesmo a razão do seu aborrecimento com ela?

Em seguida conseguiu recordar.

Numa pausa entre canções, sussurrou-lhe ao ouvido:

– Eu e o teu pai tivemos uma conversa muito interessante esta tarde.

Emma levantou um ombro, como uma espécie de barricada.

– O Cody mencionou que tinhas que lhe fazer uma proposta.

Nathan também tinha uma proposta para ela. Uma proposta de natureza muito diferente à que teria discutido com Silas Montgomery.

– O teu irmão disse-te sobre o que falámos?

– Não.

– E não sentes curiosidade?

– Devia sentir?

Nathan inclinou-se um pouco mais, até tocar na sua testa.

– O teu nome veio à baila.

Emma fulminou-o com o olhar, mas antes de poder abrir a boca, o pianista começou a tocar as primeiras notas de Come Fly With Me e a conversa tornou-se impossível.

O que se estava a passar? Emma não se portava como uma jovem emocionada porque estava quase a casar-se, mas Nathan estava convencido que ela estava por trás das condições que o seu pai tinha imposto. Silas Montgomery estava disposto a dar-lhe a sua preciosa filha, tudo o que desejara, e Nathan sabia que Emma o desejava. Tinha-lho deixado bem claro três semanas antes, quando a tirou da festa de Natal de Grant Castle. Então, porque tinha saído a correr?

Do outro lado do piano, uma mulher de meia-idade olhava para ele com a sobrancelha franzida, mas Nathan disse-lhe com os olhos que se metesse nos seus assuntos e ela virou-se de imediato para o homem careca, que agora parecia cativado pelo decote de Emma.

Nathan conteve o fôlego, contando até dez para não lhe mostrar os dentes como um cão de guarda. Mas imediatamente tentou descontrair-se com a romântica canção que tinha feito com que gerações de mulheres se apaixonassem enquanto admirava a beleza com que tinha de casar-se se queria fazer negócios com o pai dela.

Nathan e o irmão de Emma, Cody, que eram amigos desde a universidade, andavam há algum tempo a tentar associar-se profissionalmente, mas não tinham encontrado a forma de o fazer. Quando começaram a discutir a ideia de uma joint venture entre a companhia petrolífera Montgomery e a Investimentos Case, Nathan não tinha pensado que casar-se com Emma fosse parte das negociações, mas não podia dizer que tivesse sido uma surpresa total que Silas tornasse essa questão num fator fulcral da negociação. O projeto seria a longo prazo e requereria um grande capital por parte de ambas as empresas, mas, pelos vistos, Silas estava disposto a cimentar os laços entre a Investimentos Case e a empresa petrolífera Montgomery através do casamento.

E Emma estava por trás dessa decisão. Deveria ser um elogio que o desejasse tanto a ponto de convencer o seu pai para a utilizar nas negociações. E porque é que Silas iria discordar? Depois de terem casado, Emma seria responsabilidade de outra pessoa.

– Tens uma voz assombrosa – disse-lhe a loura que estava ao seu lado. – E sabes a letra.

Nathan notou que Emma ficava tensa perante o evidente ataque.

– A minha mãe adorava Sinatra e costumava ouvir os seus discos quando eu era criança. Costumava chamar-me «o seu pequeno Frank», mas não pelos meus dotes musicais, era mais porque era bastante traquinas.

A loura deu uma gargalhada.

– Eu diria que continuas a ser – murmurou Emma.

Nathan sorriu. Gostava do seu sentido de humor. Tinha tudo: bonita, sexy, divertida.

Achando que lhe tinha sorrido a ela, a loura inclinou a parte superior do corpo para ele, pondo o decote ao alcance da sua mão. E como se isso não fosse suficiente, uma longa perna assomou pela abertura do vestido, acariciando a sua anca.

– Chamo-me Bridget.

– Nathan – disse ele, apertando-lhe a mão. – De onde conheces o Silas?

Mas não ouviu a resposta de Bridget porque, ao dar-lhe a mão, tinha deixado o campo livre a Emma, que aproveitou a oportunidade para sair a correr.

Na sua pressa por escapar, e sem se aperceber da comoção que estava a causar, Emma empurrou o homem careca, que olhou para ela como se os olhos lhe fossem saltar das órbitas.

Nathan olhou para a loura e viu-a a encolher os ombros, fazendo beicinho quando ele saiu da biblioteca.

Mas Emma não tinha percorrido mais do que cinco metros quando chegou ao seu lado e lhe passou um braço pela cintura, levando-a para o único sítio no primeiro andar onde ninguém os incomodaria: o escritório de Silas.

– A última vez que nos vimos tive a impressão de que tinhas vontade de festa – disse-lhe ao ouvido.

Emma olhou para ele com receio, como um potro assustado perante a chegada de um puma. E tinha razão em ter receio. Nenhum homem perseguia uma mulher como ele o tinha feito, a menos que quisesse tê-la em posição horizontal.

– Talvez, mas isso foi antes – admitiu.

– E isto é agora.

Nathan abriu uma porta ao final do corredor e empurrou-a suavemente para o interior. As luzes estavam apagadas, mas havia um pequeno candeeiro aceso sobre uma enorme secretária de mogno. Numa casa normal, um móvel desse tamanho teria anulado toda a divisão, mas aquela mansão tinha sido construída para impressionar. Sobre as paredes forradas a carvalho havia quadros de um dos pintores favoritos de Nathan, um artista de princípios do século xx que retratava as paisagens do Texas como ninguém. E em frente à lareira de mármore, um enorme sofá de pele com cadeirões a combinar. Ao contrário das delicadas antiguidades francesas que decoravam o resto da casa, aquela divisão de linhas simples e masculinas parecia-se com o magnata do petróleo que ali vivia.

Antes que Emma pudesse protestar, Nathan empurrou-a suavemente contra a porta, as vozes e a música da festa tornaram-se num murmúrio. Enfim sós.

Apoiando uma mão sobre o seu ombro, inclinou a cabeça para o olhar nos olhos.

– Não queres saber porque é que apareceu o teu nome na conversa?

– Não me interessa.

– Parece que o teu pai está à procura de um marido para ti.

– Raios – Emma apoiou a cabeça na porta. – Está a tentar casar-me desde a universidade.

– Porquê?

– Porque acha que sou um problema e quer passá-lo a outra pessoa – respondeu ela, sem poder dissimular a sua tristeza. – Está convencido que necessito alguém para cuidar de mim.

Ser a mimada filha de um milionário era parte do seu encanto e Nathan estava desejoso de mimá-la mais do que ninguém.

– Que mal tem deixar alguém cuidar de ti?

– É absurdo que pense que não sei cuidar de mim mesma – Emma levantou o queixo, orgulhosa. – E totalmente injusto.

Para que a conversa continuasse a ser amável, Nathan decidiu não a contrariar. Mas tinha ouvido rumores sobre as escapadas de Emma e sabia que tinha estado a ponto de prometer-se com um caça-fortunas, que a tinham condenado a fazer serviços comunitários quando a apanharam com a mala de uma amiga que continha marijuana e que tinha destruído um Mercedes quando voltava para casa de uma festa no meio de uma tempestade de neve.

Sim, parecia ter assentado a cabeça nos últimos dois anos, mas que se tivesse mostrado tão impulsiva com ele três semanas antes fazia com que questionasse se realmente tinha crescido ou se, simplesmente, se tinha tornado numa perita em esconder as suas escapadelas da imprensa.

– Disseste ao teu pai?

– Sim – Emma suspirou. – Mas não serve de nada. Quando está convencido de alguma coisa não há maneira de o fazer mudar de opinião e agora pretende que esteja prometida até ao dia de São Valentim, quer eu queira quer não.

E quer Nathan quisesse ou não.

Ele necessitava dessa joint venture com Silas para obter o controlo da empresa familiar. Nem Sebastian nem Max, os seus meios-irmãos, tinham fé na sua visão da empresa e por isso o acordo com a Montgomery era tão importante. Não apenas porque a tecnologia de última geração poria a Investimentos Case no mapa como uma empresa inovadora, mas também porque os futuros lucros assegurariam que ele detivesse as rédeas da empresa. Os seus irmãos detestariam essa reviravolta, mas não poderiam fazer nada a esse respeito.

Mas antes tinha de chegar a um acordo com Silas.

De repente, e por impulso, Nathan tirou-lhe os brincos que ela usava.

– O que estás a fazer? Devolve-me os brincos.

A última vez, Emma tinha-o deixado louco antes de se render. Depois tinha saído a correr, deixando atrás o seu provocante perfume. Mas nessa noite, Nathan pensava ficar com algo que ela quisesse reclamar.

– Ainda não.

Os seus caracóis escuros emolduravam um rosto ovalado de altas maçãs do rosto, nariz pequeno e lábios carnosos. Nessa noite tinha controlado os caracóis com um carrapito mas, mesmo gostando de admirar o seu longo e elegante pescoço, preferia que o usasse solto e despenteado, para ele, já agora.

Quando lhe tirou os ganchos, o cabelo caiu como uma cascata sobre os seus ombros nus.

– Nathan, o que estás a fazer?

– Eu acho que é evidente – respondeu ele, passando a ponta dos dedos pelo seu pescoço.

– Não podemos falar? – Emma pôs uma mão no seu tronco.

O calor dessa mão atravessava a camisa, provocando um incêndio no seu interior. O desejo que sentia por ela turvava-o. Nenhuma outra mulher o excitava tanto como ela, nem o fazia perder o controlo desse modo.

– Se te tivesses incomodado em ligar-me, podíamos ter falado muitas vezes nestas últimas semanas. Mas agora tenho outras coisas em mente.

– Aqui, no escritório do meu pai? Estás louco?

Nathan sentiu uma pontada de desejo ao imaginar que a possuía ali mesmo, apoiado na porta. Mas não, não voltaria a fazê-lo.

Tinha voltado a vê-la três semanas antes, sendo que há doze anos que não tinha contacto com ela e tinha ficado perplexo. Estava na festa de Grant Castle a falar com o seu antigo colega da universidade e a lançar charme a cinco jovens lindíssimas quando Emma apareceu com um vestido de saia muito curta, e com as suas longas e bem torneadas pernas ao léu.

Quando os seus olhos se encontraram, Nathan ficou sem respiração. Estava simplesmente… irresistível. Observou-a como um tigre vigia uma gazela e teve-a no seu carro uma hora depois.

Não lhe tocou até terem chegado ao seu apartamento, mas uma vez ali tinha procurado os seus lábios como um homem faminto e Emma tinha-se mostrado surpreendida. Tinha esperado que fosse uma amante treinada, mas não o parecia. Atuava como uma mulher que não tivesse o hábito de beijar ou que nunca tivesse sido beijada como deveria.

E tinha perdido a cabeça. Nada mais podia explicar que, demasiado impaciente para a levar até ao quarto, tivessem feito amor no hall de entrada. Estava a arder de tal forma que o surpreendia não ter provocado um incêndio em casa.

Mas a próxima vez que fizessem amor seria num colchão, com ela nua e dedicada.

Emma era uma mulher que merecia ser apreciada.

– Queres que te diga o que te vou fazer?

Ela conteve a respiração.

– Não.

Apesar da negativa, não se afastou e Nathan entendeu isso como um prelúdio amoroso:

– Primeiro, vou tirar-te esse vestido tão sexy – murmurou, passando os dedos pelo fecho, que ia da axila até à anca.

Emma tentou agarrar na mão dele, mas ele afastou-a. As suas intenções de resistir não pareciam muito sérias.

– Depois, começando por esse sítio no teu ombro que gostas tanto quando o beijo, vou tomar o meu tempo – Nathan esperava que aquilo funcionasse porque estava a deixá-lo louco. – Não vou deixar-te ir embora até pôr as minhas mãos e a minha boca em cada centímetro do teu corpo.

Depois empurrou-a suavemente até ele e ficou sem ar quando Emma começou a mexer as ancas.

– Estás com essa tanga preta de que eu tanto gosto?

Tremiam-lhe as mãos ao lembrar-se como os seus mamilos se tinham endurecido quando os acariciava. O vestido azul que usava nessa noite parecia igualmente apaixonado pela sua figura porque a abraçava totalmente.

– Vamos dar uma vista de olhos – murmurou, meio a brincar meio a sério. Da última vez, parte da diversão do seu breve encontro tinha sido ver como ficava corada quando lhe dizia essas coisas.

– Não – o monossílabo que saiu da garganta de Emma soava a meias entre um protesto e uma prece.

Nathan agarrou na sua cara entre as mãos.

– Vamos a algum sítio onde não nos possam incomodar – murmurou, beijando a sua face com lânguida e ardente lentidão.

– Não penso ir a nenhum sítio contigo – disse ela. Mas as suas objeções tornaram-se num murmúrio de prazer quando a apertou contra ele.

Divertia-o que quisesse negar a atração que havia entre eles quando os dois sabiam que era impossível negá-la. E também sabiam como ia terminar aquilo.

– Porque não? Fomos feitos um para o outro – insistiu Nathan, apertando-a contra as sua pernas. – Olha o que sinto por ti… e sei que tu sentes o mesmo.

Emma empurrou-o suavemente.

– Pelos vistos, muitas mulheres se sentem atraídas por ti.

Era pelos vistos por isso que não tinha respondido às suas chamadas?

Nathan sorriu, indulgente.

– Mas tu és a única que me interessa, neste momento.

Emma ficou sem respiração. As suas palavras intensificavam o potente desejo que sentia por ele. E a tentação era tão forte…

Brincar com ele na festa de Grant três semanas antes tinha-lhe parecido uma coisa sem importância. Afinal, Nathan não tinha tido o menor problema em rejeitá-la dez anos antes.

Aos vinte anos, Nathan Case era um rapaz lindíssimo e com um encanto arrogante que a deixava sem palavras. Emma tinha usado todos os truques do seu arsenal de rapariga de dezasseis anos, esperando que olhasse para ela e, para sua surpresa, parecia ter funcionado.

Até àquele devastador golpe na sua autoestima.

Sentiu que lhe ardiam as faces ao recordar esse dia. Com uma saia curtíssima e uns sapatos de salto de agulha da sua mãe, tinha encurralado Nathan na cozinha e praticamente tinha-lhe suplicado que a beijasse.

Muito sério, cravando nela os seus olhos cinzentos, ele tinha-lhe dito que lavasse a cara e fosse brincar com as suas amigas. E depois de ter espezinhado a sua autoestima, tinha dado meia volta serenamente. No dia seguinte partira para Las Vegas e só regressara ao Texas uns meses antes.

Emma tinha-se emocionado ao vê-lo na festa de Grant Castle, acreditando que dez anos depois tinha as armas necessárias para o conquistar. Ai, que pouco tinha aprendido.

– Eu sou quem tu desejas neste momento.

– Não fazes ideia – murmurou ele, beijando as suas pálpebras.

Se deixava que saísse com a sua, quanto demoraria a ir-se embora? Podia estar com Nathan esperando que a deixasse plantada a qualquer momento? Não. Seria melhor deixar as coisas como estavam. A lembrança dessa noite, três semanas antes, teria que ser suficiente para os dois.

– Vamos ao meu hotel – disse ele então. – Se puderes aguentar uma hora sem gritar o meu nome, não voltarei a incomodar-te nunca mais.

Uma hora?

Ao lembrar-se do prazer que a esperava, Emma teve de apertar os lábios.

Tinha ganho e sabia-o. Pior, ela sabia que Nathan sabia. Estava a ponto de gritar o seu nome ali mesmo e só porque estava a acariciá-la.

– Não me vou deitar contigo outra vez.

– Outra vez? Da última vez não ficaste tempo suficiente para nos deitarmos. Mas estou ansioso por acordar contigo nos meus braços.

As suas mãos eram quentes, prometedoras. Emma levantou o queixo enquanto ele a beijava no pescoço. Se soubesse quanto desejava acabar entre os seus braços nessa noite, estaria perdida.

«Não o faças», dizia-lhe a voz da razão. «Nunca terás oportunidade de casar-te por amor se deixares que volte a seduzir-te».

– Tens medo de deixar-te levar – murmurou ele. – Não tenhas.

– Não tenho medo.

Tinha fantasiado com ele durante anos, mas os seus sonhos não a tinham preparado para a excitante pressão dos seus músculos ou a urgência dos seus beijos. Ele exigia e ela rendia-se.

Era o «depois» que a aterrorizava. A traiçoeira vontade de deixar que ele ditasse onde ia a relação e quanto tempo ia durar. Descobrir que se tornaria maleável entre as suas mãos tinha-a levado a não responder aos seus telefonemas.

Os lábios de Nathan deixavam um rasto de fogo na sua garganta, onde o seu coração batia como um louco…

– Prometo ir devagar.

– Que consideração da tua parte – disse Emma, irónica. – Mas acho que te estás a enganar.

– Sobre o quê?

– Sobre o que eu quero.

– E o que queres tu?

Um homem que a amasse para sempre.

– Três, dois, um… – ouviram uma grande algazarra do outro lado da porta.

– Feliz ano novo – sussurrou Emma.

Podia aproveitar a festa para a beijar, mas Nathan não o fez. Tinha uns lábios tão sensuais, em forma de arco, e um sorriso um pouco torcido…

– Feliz ano novo – disse ele. – Tens propósitos para o ano novo?

– Só um.

– Qual?

Emma abanou a cabeça, tentando quebrar o ambiente sensual que Nathan Case parecia criar com a sua presença.

– Decidi ser mais espontânea.

– Ah, sim? E como vai essa decisão por agora?

– Não muito bem – respondeu ela, tentando controlar os nervos. – E tu? Tens algum propósito para o novo ano?

– Só um – respondeu Nathan.

Emma levantou as mãos para agarrar um rosto masculino, com uma estrutura óssea bem definida e mandíbula forte. Mesmo na escuridão do estúdio conseguia distinguir uns traços fabulosos, pensou.

Nathan puxou pela sua gravata que deixou pendurada sobre a camisa, chamando a atenção sobre o poderoso torso, do qual parecia emanar um calor que lhe turvava o discernimento. Emma sentia um formigueiro nos dedos enquanto os músculos se retesavam sob o tecido. Aquele homem irradiava poder e vitalidade e toda essa energia contida fazia com que os seus joelhos fraquejassem.

– Qual?

Nathan tocou levemente na sua boca, as suas respirações misturaram-se.

– Passar o resto da minha vida a fazer amor contigo.

O coração de Emma bateu com força contra as suas costelas.

– Isso é um compromisso muito sério, não achas?

– Pelo contrário – disse-lhe Nathan ao ouvido – estou ansioso por te tornar na senhora de Nathan Case

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