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Capítulo Quatro

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Grávida? Que loucura era essa? Tinha um vírus, mais nada.

– Usámos preservativo – lembrou-lhe Emma.

– Não são efetivos a cem por cento – replicou Nathan.

Ah, e isso seria ótimo para ele, claro. Assim teria mais razões para fazer com que se casasse com ele.

– Vai-te embora, por favor.

– Não penso deixar-te assim – disse ele. – Vou buscar um copo de água.

– Não, por favor – Emma reconhecia que o seu corpo precisava de líquidos, mas não queria que Nathan estivesse ali quando se encontrava tão debilitada. Seria demasiado fácil apoiar-se nele, deixar que se encarregasse de tudo… e antes de se aperceber, teria aceitado casar-se com ele. – Deixa-me sozinha, por favor.

– Vais desidratar se não beberes água.

Emma apoiou a cara nos joelhos.

– Não acredito que possa reter alguma coisa no estômago.

Suspeitava que Nathan não se iria embora até lhe demonstrar que estava bem de modo que, fazendo um esforço, levantou-se. Antes de dar um passo, Nathan inclinou-se para a agarrar e teve de apoiar-se nos seus ombros para não perder o equilíbrio.

A curta viagem até ao quarto lembrou-lhe da quantidade de vezes que tinha desejado ter dormido na sua casa. Tê-la-ia levado assim para a cama?

Nathan deixou-a no chão, mas agarrou-a pela cintura enquanto afastava o lençol.

– Estou há um mês a tentar meter-te na cama – disse-lhe, o sério empresário a transformar-se num sedutor. – Mas não era isto que tinha em mente.

Emma dissimulou um sorriso.

Nathan Case era lindíssimo, sexy e demasiado atrevido.

– Não estou em condições de fazer jogos de sedução contigo, aviso.

Nathan deixou de sorrir.

– Precisas de alguma coisa?

Emma olhou para ele e o seu estômago deu-lhe um sinal que não tinha nada a ver com o vírus estomacal.

– Não, isto já passa.

Tinha de lhe agradecer por cuidar dela, mas tinha entrado na sua casa sem avisar e tinha-a encontrado numa situação humilhante. Não, não lhe apetecia sentir-se agradecida.

– Vou dormir um bocado.

Emma fechou os olhos e esperou que entendesse a indireta. Ouviu-o sair do quarto, mas depois voltou para deixar algo sobre a mesa de cabeceira e quando olhou viu que era um copo de água.

Depois, por fim, ouviu-o fechar a porta. E apesar de todos os seus músculos protestarem, saltou da cama e atravessou a sala para trancar a porta.

Tremiam-lhe as pernas do esforço enquanto voltava para o quarto e teve de agarrar-se à porta antes de se meter na cama, tapando a cabeça com a colcha até que, por fim, o sono venceu-a.

Quando acordou à tarde, o vírus parecia ter desaparecido. Sentia-se fraca, mas levantou-se da cama e, apesar de se sentir um pouco zonza, o seu estômago não protestou. Aliviada, dirigiu-se à cozinha. Um chá e uma bolacha era o que mais lhe apetecia nesse momento. Mas quando entrou na cozinha, teve de pestanejar várias vezes.

Nathan.

Tinha trocado o fato por umas calças de ganga e uma t-shirt que realçava a largura dos seus ombros. Emma afastou o cabelo da cara, nervosa. Estava com umas calças de pijama e uma camisola velha, mas quando a olhou, no seu rosto não viu deceção, pelo contrário.

Os seus mamilos endureceram sob a camisola, mas quando cruzou os braços sobre o peito era demasiado tarde. O sorriso de Nathan deixava claro que tinha visto a involuntária reação do seu corpo.

Porque não desaprovava o seu aspeto por uma vez? Assim teria razões para se zangar com ele.

– Vejo que te levantaste – disse, mexendo algo numa caçarola. – Estás melhor?

– Não te tinhas ido embora?

– Saí para comprar comida. Pensei que terias fome quando acordasses.

– Mas eu fechei a porta…

– Eu levei as chaves.

– Mas… que lata!

Emma voltou ao seu quarto para se pentear um pouco e vestir um roupão. Depois de lavar os dentes voltou à cozinha e sentou-se num banco, olhando para ele com a sobrancelha franzida.

– Pareces que estás como em tua casa – recriminou-o. – Mas não me lembro de te ter convidado para jantar.

– Esta manhã não estavas em condições de me convidares para o que quer que fosse – o sorriso de Nathan aumentava a temperatura da divisão. – Mas eu tenho um dom para antecipar os desejos das mulheres – acrescentou, oferecendo-lhe uma chávena. – É de cidreira, bom para o estômago.

Perguntando-se como sabia isso, Emma tomou um gole.

– De certeza que estás a antecipar os meus desejos? Não serão os teus?

– Asseguro-te que só estou a pensar em ti.

Emma franziu o sobrolho, cética.

– Que estás a fazer?

– Canja com arroz, uma receita da minha mãe.

– Queres dizer que cortaste a galinha, fizeste a sopa…?

– É a única maneira. Queres provar?

– Claro que sim.

Enquanto Nathan servia a canja nas tigelas e tirava duas fatias de pão torrado de um saco, o estômago de Emma rugiu, impaciente. Quando provou a canja ficou surpreendida ao notar o sabor a coentros e a cebola…

– Está muito saborosa.

– Não tens enjoos?

– Não, já não. Ainda bem.

Nathan terminou a sua sopa e deixou a tigela no lava-loiça.

– Vais-me dizer o que é que aconteceu na tua casa de banho?

– Tinha uma infiltração na banheira.

– Para arranjar uma infiltração não é necessário destruir a casa de banho toda, Emma.

– O canalizador encontrou mofo e pedi-lhe que arrancasse tudo para ver como estava o interior das paredes.

– E há quanto tempo está assim?

– Há umas semanas.

– E não pensas arranjá-lo?

Emma franziu o sobrolho.

– Estamos no Natal e toda a gente está muito ocupada até finais de janeiro.

– O mofo é perigoso. Não podes ficar aqui.

– Estou aqui há um ano e não me aconteceu nada. Acho que posso sobreviver outro mês.

Além do mais, não tinha outro sítio para onde ir.

– Porque é que não foste para um hotel?

– Não tenho dinheiro para um hotel.

– Não tens dinheiro? – repetiu Nathan, incrédulo.

Emma deixou escapar um longo suspiro. Era hora de explicar-lhe o que se estava a passar.

– Há dez meses que não posso mexer no meu fideicomisso. O meu pai deu-me cem mil dólares para o ano inteiro.

– Porquê cem mil dólares?

– Foi o que eu gastei em sapatos no ano passado.

– Cem mil dólares em sapatos?

Ela fez uma careta.

– A questão é que temos um acordo: se voltar a depositar na minha conta os cem mil dólares no dia de São Valentim, o meu pai não voltará a meter-se na minha vida e não terei de casar-me contigo.

– E quanto é que tens de depositar?

– Trinta e cinco mil dólares.

O sorriso de Nathan fez com que ficasse em fúria. Porque é que lhe tinha contado? Seguramente Cody teria contado histórias sobre o dinheiro que ela gastava, mas ela já não era a rapariga frívola que tinha sido meses antes. Tinha aprendido a poupar dinheiro e a fazer orçamentos. Passava muitas horas a desenhar e a fazer joias e tinha descoberto a melhor maneira de as vender.

– A propósito, preciso dos meus brincos.

– Pensas vendê-los?

– Sim. Abri um negócio de joalharia. Desenho peças caras e originais, únicas.

O seu pai não tomava a sério o seu trabalho e, pela expressão de Nathan, ele também não. Mas quanto mais trabalhava, mais desejava que Silas Montgomery reconhecesse o seu talento. Como podia dizer que a amava se nem sequer tentava entendê-la? Restituir os cem mil dólares era importante tanto para recuperar o seu fideicomisso como para demonstrar-lhes que era capaz de fazer algo bem.

– Vou conseguir esse dinheiro.

Nathan encolheu os ombros.

– Achas que o podes conseguir em cinco semanas?

Falava como o seu pai. Quando olhava para ela, só via o fracasso. Teria uma surpresa quando visse que era uma pessoa capaz de trabalhar para viver.

– Vou apresentar as minhas joias numa exposição e, com um pouco de sorte, vendo-as todas.

Naturalmente, não lhe contou que não tinha suficientes peças e que para comprar materiais teria de utilizar o dinheiro que tinha no banco. Para que é que lhe ia contar isso?

– Tenho a certeza que fazes joias muito bonitas – disse Nathan, com um tom condescendente que a fez apertar os punhos. – Mas não pensarás ganhar trinta e cinco mil dólares numa feira.

– Posso fazê-lo – afirmou Emma. – Vais ver.

– Muito bem, o que tu disseres. Mas podes mudar-te para minha casa enquanto te arranjam a casa de banho.

– Mudar-me para tua casa? Não, nada disso.

– Não vou deixar que fiques – disse ele, impaciente. – Vou procurar alguém que venha tirar o mofo e pôr um chuveiro. Não acredito que demore mais do que duas semanas. Entretanto, podes ficar na minha casa.

– Agradeço a tua ajuda, mas não penso alojar-me na tua casa.

– Porquê? Tens medo de gostar demasiado?

A pergunta despertou-lhe lembranças da passagem de ano, lembrando-lhe como era fácil sucumbir outra vez.

– Não tenho medo nenhum – disse, cruzando os braços.

Mas tinha pois.

Desejava que voltasse a beijá-la, que lhe roubasse a compostura, como fazia sempre. Como seria ficar a dormir entre os seus braços? Perguntou-se. E acordar de manhã apertada contra o seu corpo?

Só de pensar nisso ficava a tremer. Se caísse na armadilha, nunca seria capaz de escapar…

– Eu acho que sim – Nathan esboçou um sorriso irónico. – Que tentas demonstrar, Emma? Ambos sabemos que não és uma rapariga independente. Serás mais feliz quando fores casada e tiveres alguém a cuidar de ti. O teu pai também o sabe, por isso está tão decidido a que assentes a cabeça.

Emma voltou a apertar os punhos. Quando era pequena e brincava com as suas bonecas, imaginava que se apaixonavam e viviam felizes para sempre. Aos dezoito anos tinha toda a sua vida planeada: quando terminasse o curso ia casar-se com um homem que estaria louco por ela e teria o seu primeiro filho três anos depois. Entre sair com os amigos, organizar jantares e acudir a eventos benéficos, seria absolutamente feliz. Mas o seu ex-noivo, Jackson, tinha destruído esse inocente sonho.

Ter de mostrar-se precavida para não voltar a cometer esse erro enquanto, ao mesmo tempo, desejava lançar-se de cabeça era uma guerra esgotante. Quanto mais lutava, mais convencida estava de que devia ser sensata. Deixar-se levar pelas emoções era coisa do passado. Até que Nathan Case apareceu na sua vida.

– Pensei que entendias que não vou casar-me contigo por teres feito um acordo com o meu pai – disse-lhe, deixando a tigela no lava-loiça. – Casar-me-ei algum dia, imagino, mas quando quiser e com quem quiser.

Nathan deu um passo em frente para lhe agarrar a cara com as mãos e, ao tocar-lhe, Emma sentiu que se derretia.

– Casa comigo – disse. – Não o lamentarás.

Emma agarrou-se à camisola dele, sem saber se devia agarrar-se a ele ou empurrá-lo.

– Nathan… – não sabia se queria que continuasse ou que parasse.

E ele, aproveitando esse momento de indecisão, inclinou a cabeça para roçar os seus lábios. Emma perdeu-se na carícia, deixando escapar um suspiro.

Apertava-a com tal força contra o seu peito que os seus corações praticamente batiam em uníssono e Emma enterrou os dedos no seu cabelo enquanto ele deslizava as mãos pelas suas costas, fazendo com que estremecesse dos pés à cabeça.

Mais ninguém conseguia fazê-la sentir-se assim.

Era como se a terra se afastasse. Proteger-se a si mesma no porto seria o mais sensato, mas era demasiado tarde porque estava perdida num mar de paixão. Esperava que Nathan a guiasse de volta a casa.

Esquecendo-se das promessas que tinha feito a si mesma, abraçou-o e rendeu-se à força da paixão.

Apertando-se contra ela, Nathan fê-la ver quão excitado estava, despertando uma ânsia que só podia ser saciada por ele.

– Emma… – sussurrou Nathan. – Olha para mim.

Perder-se nas sensações era mais fácil com os olhos fechados, assim podia acreditar que a acariciava com emoção além de desejo.

– Não acho que seja uma boa ideia.

– Não podes fugir disto.

Não, mas podia esconder-se.

Emma suspirou enquanto abria os olhos, por fim. A expressão que viu nos olhos de Nathan deixava claro que a queria devorar.

– Não vou a lado nenhum.

Não o podia fazer. O seu desejo por ele fazia-a sentir-se como se estivesse numa jaula.

– Ainda bem.

Quando se inclinou para beijar o seu peito, Emma inclinou a cabeça para trás, tão excitada com a carícia como por ver o que lhe estava a fazer.

Nathan meteu a mão sob o elástico das calças do pijama e ela deixou escapar um gemido, movendo as ancas para que ele soubesse o que ela queria.

– Toca-me – suplicou. O orgulho e as dúvidas voavam pela janela de cada vez que aquele homem a tocava e tremeu quando os seus dedos deslizaram dentro dela.

– Sim, querida, assim – sussurrou Nathan, procurando a sua boca. – Deixa-te ir.

Emma movia-se contra a sua mão, procurando um prazer que estava ao seu alcance, todos os seus sentidos centrados no homem que lhe dava prazer. Chegava-lhe o aroma da sua colónia masculina e sabia a canja e a cidreira, pensou enquanto ele murmurava eróticas palavras ao seu ouvido.

Ah, o prazer, o indescritível prazer que ameaçava arrancar-lhe a cabeça quando estalasse. Emma estava ofegante, murmurando o seu nome enquanto chegava ao clímax, com Nathan a beijá-la ao mesmo tempo, levando o seu fôlego, capturando o seu prazer.

Quando a neblina desapareceu do seu cérebro, Emma levantou-lhe a camisola para tocar na sua pele e ele ajudou-a a tirá-la de uma só vez. Sem dizer nada, explorou a masculina textura do seu tronco, suspirando. Desejava sentir esse tronco sobre os seus peitos…

Nathan devia pensar o mesmo porque murmurou:

– Nua, preciso de ti toda nua.

– Sim, sim…

Algo brilhou nos olhos de Nathan naquele momento. Satisfação? Triunfo?

– Não podemos ir tão rápido – disse, com voz rouca. – Queres que o façamos aqui ou na cama?

– Na cama – sussurrou Emma. Mas quando tentou ir ao quarto descobriu que as suas pernas mal se aguentavam de pé.

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