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Capítulo 3

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Veronica deitou-se na cama, dando voltas ao que acabara de descobrir e quase incapaz de processar os seus sentimentos. Não sabia se estava zangada ou terrivelmente triste. O que a mãe lhe contara tinha sentido e compreendia que tivesse prometido a Laurence que guardaria o segredo.

Contudo, o que mais a surpreendia era o testamento. O pai devia saber que traria problemas e que deixaria muitas perguntas por responder.

«O pai…»

Os olhos encheram-se de lágrimas. Tivera um pai. Um pai a sério, não um doador de esperma anónimo. Além disso, fora um cientista conhecido, um homem brilhante. Desejou que a mãe lhe tivesse contado há muito tempo.

No entanto, Nora dera a sua palavra e Veronica entendia. As boas pessoas cumpriam as suas promessas. Contudo, o pai estava morto e agora nunca poderia vê-lo nem estar com ele. Nunca poderia conhecê-lo.

– Estás bem, querida? – perguntou a mãe, da porta.

Veronica limpou as lágrimas e virou-se na cama para sorrir, consciente de que aquilo também fora uma surpresa para ela e de que devia ter medo de que a filha querida nunca a perdoasse.

Apesar de continuar magoada, Veronica não sentia rancor, embora estivesse zangada com Laurence Hargraves, que podia ter morrido sem revelar o segredo e sem lhe deixar nada em herança. Assim, ela teria podido continuar a viver calmamente na ignorância.

– Não te preocupes – disse à mãe. – Só não esperava isto.

– Eu sei. E lamento muito. Não entendo porque o Laurence te incluiu no seu testamento. De certo modo, foi uma simpatia, mas tinha de saber que descobririam a verdade.

– As pessoas fazem coisas estranhas quando estão prestes a morrer – comentou Veronica, que conhecia vários casos por causa do seu trabalho.

– Queres que te faça um café? – perguntou a mãe.

– Sim, obrigada – acedeu ela, embora sentisse vontade de estar sozinha. Precisava de pensar.

A mãe desapareceu e ela tentou imaginar os motivos por que o pai decidira dar-se a conhecer demasiado tarde. Teria dado tudo para ter tido um pai quando era pequena, quando estava na escola e os colegas se riam dela. Não era de surpreender que sempre tivesse procurado os seus melhores amigos nos rapazes.

O que a fez pensar noutro rapaz, já crescidinho, a quem tinha de ligar.

Leonardo Fabrizzi.

Não lhe apetecia nada contar-lhe que Laurence Hargraves era o seu pai biológico.

Contudo, a verdade era que tinha muitas perguntas para lhe fazer. Se era o seu testamenteiro, devia tê-lo conhecido bem. Talvez pudesse enviar-lhe alguma fotografia, para ver como era fisicamente.

Veronica não se parecia nada com a mãe. Nora Hanson era baixa, tinha o cabelo castanho, os olhos cinzentos e era uma pessoa que, em geral, não chamava a atenção. Veronica sempre presumira que se parecia com o pai biológico e, naquele momento, tinha a oportunidade de descobrir.

Então, teve uma ideia que fez com que se endireitasse bruscamente e corresse pela escada, para a cozinha, onde deixara o telemóvel.

– Ena! A quem vais ligar? – perguntou a mãe.

– Ao italiano de que te falei. O Leonardo Fabrizzi. Prometi-lhe que lhe ligava depois de falar contigo.

– Ah… mas não vais contar-lhe tudo, pois não? Quero dizer, que não tem de saber que és filha do Laurence, pois não? Não podes vender-lhe apenas a villa?

– Não, mãe – contradisse ela, com firmeza. – Vou dizer-lhe que sou a filha do Laurence. Para começar, porque os impostos são diferentes se for familiar. E, depois, porque não vou vender-lhe a villa assim tão rapidamente. Antes, quero fazer uma coisa.

– O quê?

E Veronica contou tudo à mãe.

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