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Capítulo 4

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Leonardo assustou-se ao ouvir, finalmente, o telemóvel e apressou-se sem saber porque é que, de repente, estava tão nervoso. Não era uma pessoa nervosa. A imprensa chamara-lhe Leo, o Leão, pela sua valentia e, quando se reformara da competição, escolhera esse animal como imagem da sua empresa.

– Obrigado pela sua chamada, menina Hanson – replicou, enquanto se sentava na sua poltrona de couro e tentava parecer tranquilo e profissional. – A sua mãe conseguiu contar-lhe alguma coisa esclarecedora?

– Sim – respondeu ela, num tom ainda mais profissional do que o dele. – Aparentemente, o Laurence Hargraves era o meu pai biológico.

Leonardo inclinou-se para a frente.

– Como?

– O senhor Hargraves veio à Austrália há uns trinta anos para fazer uns estudos genéticos na universidade de Sidney. Enquanto esteve aqui, ofereceram-lhe uma casa para que se alojasse e a minha mãe foi a governanta.

– E tiveram uma aventura? – perguntou Leonardo, com incredulidade, já que sabia que Laurence sempre sentira devoção pela sua esposa.

– Não, não. Embora a minha mãe tenha dito que se tornou amiga do Laurence durante os dois anos que trabalhou para ele. E também da Ruth que, aparentemente, era uma senhora maravilhosa.

– Então, não entendo.

– A minha mãe teve-me por fecundação in vitro. Pensava que o meu pai era um estudante letão que tinha cedido o seu esperma por dinheiro, mas era mentira. O doador foi o Laurence.

– Bom… Isso explica tudo, suponho.

– Sabia que a esposa do Laurence não podia ter filhos?

– Não exatamente. Só sabia que não os tinham, mas desconhecia o motivo.

– Aparentemente, na família da Ruth, havia muitos doentes de cancro e ela tinha decidido fazer uma histerectomia quando era jovem. Casaram-se muito apaixonados e o Laurence não se importou de não ter filhos. Bastava-lhe ter a Ruth e o seu trabalho. De facto, o seu trabalho foi o motivo por que se transformou no meu pai biológico.

– O que quer dizer?

– Quando a minha mãe contou ao Laurence que queria ter um filho por fecundação in vitro numa clínica em particular, ele mostrou-se horrorizado.

– Horrorizado? Porquê?

– Porque não se sabia o suficiente a respeito dos possíveis doadores. O Laurence avisou a minha mãe de que não havia informação sobre o historial médico, enquanto ele conhecia muito bem o dele.

Leonardo assentiu. Já entendia o que acontecera.

– Sim. Ao princípio, a minha mãe recusou-se, mas o Laurence convenceu-a.

– O Laurence conseguia ser muito persuasivo. Convenceu-me a gostar da música clássica. Portanto, compreendo que tenha conseguido convencer a sua mãe, dizendo-lhe que, assim, estaria certa de que o bebé teria bons genes, mas e a Ruth? Suponho que ela não soubesse de nada.

– Não. O Laurence insistiu que o mantivessem em segredo. E a minha mãe prometeu-lhe.

– Ena, visto assim, dir-se-ia que o Laurence foi bastante desumano.

– Era o que pensava, mas a minha mãe disse-me que não. O Laurence comprou-lhe a casa em que vivemos, mas teve de me criar sozinha. Portanto, o Laurence não quis incomodar a esposa, que não podia ter filhos, mas porque não entrou em contacto com a minha mãe e comigo quando ela faleceu? Porque preferiu que descobrisse que era o meu pai quando já tinha morrido?

– Lamento muito, não posso responder a essas perguntas, menina Hanson. Estou tão surpreendido como a menina. Pelo menos, deixou-lhe a villa em herança.

– Sim, também estive a pensar sobre isso. Porque me deixou uma villa em Capri? Devia ter um motivo. Conforme sei, era um homem muito inteligente.

Leonardo pensou no último dia em que falara com Laurence, mas não soube porquê. Pensaria calmamente nisso mais tarde.

– Talvez quisesse deixar-lhe uma coisa de valor – sugeriu.

– Nesse caso, porque não me deixou dinheiro?

– Eu pensei o mesmo, menina Hanson.

– Por favor, pare de me chamar assim, o meu nome é Veronica.

– Está bem, Veronica – concedeu ele, sorrindo. – Chama-me Leonardo. Ou Leo, se preferires.

– Prefiro Leonardo – disse ela. – Parece mais… italiano.

Ele desatou a rir-se.

– Sou italiano.

– A questão é que tomei uma decisão a respeito da villa. Agradeço-te a oferta, Leonardo, e vou acabar por ta vender, mas ainda não. Antes, preciso de descobrir tudo o que puder sobre o meu pai…

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