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Introdução

A educação e o papel de cada um

“É no problema da educação que assenta

o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade.”

Immanuel Kant

Educar não é fácil! E isso não foi dito apenas por Kant, considerado o principal filósofo da era moderna. Nascido em uma família modesta de artesãos na Alemanha, Kant graduou-se em Geografia, Filosofia, Física e Matemática, e tudo isso, em pleno século XVIII, o século das luzes, do Iluminismo. Neste mesmo período, outro grande filósofo, Jean-Jacques Rousseau, publicava o seu famoso tratado sobre Educação: Emílio ou Da Educação, apresentando uma proposta inovadora e desafiadora, livro que se tornou um marco e até hoje é tido como uma referência para quem quer pensar em educação de modo mais amplo.

Saber educar vem sendo uma das grandes questões da humanidade.

“Eduquem as crianças, para que não seja necessário punir os adultos.”

E isso foi dito 500 a.C. por Pitágoras, ou seja, a questão é antiga mesmo.

Pensar sobre educação não é pensar apenas em alfabetizar, ensinar matérias, conteúdos... Pensar em educação é pensar em transformação. É pensar no processo de transformar uma criança, um adolescente e até mesmo um adulto, em um ser humano completo.

O ser humano se diferencia dos demais seres por ter a capacidade de raciocinar e ter a habilidade de criar e adquirir conhecimento. Ter capacidade é como ter um talento, se não soubermos utilizá-la bem, este é desperdiçado. E é isso o que mais temos visto no mundo: seres humanos desperdiçando suas capacidades de raciocínio, suas habilidades, seus talentos, desperdiçando a potencialidade de serem humanos.

E onde está a dificuldade em educar?

Viver em sociedade não é simples. Para que possamos conviver de modo que todos tenham a possibilidade de usufruírem o que cada modelo de sociedade se propõe a oferecer, é necessário que todos tenhamos obrigações e deveres. Implica em aceitar limites, regras, determinações que, a princípio, são criados visando a preservação do bem da maioria. É abrir mão de algumas coisas para podermos ter outras. É aceitarmos regras para podermos ter nossos direitos garantidos. Isso sempre é polêmico, mas é assim que a banda toca!

A sociedade vai sendo formada aos poucos. As demandas vão surgindo, os modos de fazer negócio vão sendo aprimorados, os desejos humanos vão encontrando caminhos cada vez mais sofisticados de serem saciados. E assim caminha a humanidade. E nesse caminhar, o pilar que sustenta tudo isso chama-se: Educação!

Segundo a UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), organização criada após a 2a Guerra Mundial com foco no desenvolvimento humano e na paz mundial, existem 4 Pilares que devem sustentar a educação. O ser humano deve:

•Aprender a conhecer

•Aprender a fazer

•Aprender a conviver

•Aprender a ser

Seguindo estes 4 pilares, os alunos, de acordo com a a UNESCO, terão recebido uma formação que não os preparará somente para o mercado de trabalho, mas também para que vivam em sociedade e se tornem cidadãos mais justos, empáticos e preparados para lidar com todos os problemas e adversidades que o próprio viver traz.

O papel de cada um nesse processo

Educar é um processo amplo, complexo e que, queiram ou não, tenham consciência ou não de seus papeis, é exercido de modo direto por quatro entes:

Família – Escola – Sociedade – Aluno

As funções, responsabilidades e participações de cada um destes entes, além de serem fundamentais para que cada ser humano seja devidamente contemplando com tudo que precisa para se formar como homem, devido a própria natureza evolutiva das sociedades, necessitam sempre ser reavaliadas. Podemos e devemos, no entanto, ter consciência de que existem valores básicos que são imutáveis e eternos. Valores que, independentemente do processo evolução das sociedades, devem ser preservados, até mesmo visando a perpetuidade da própria humanidade. Honestidade, prudência, coragem, fraternidade, justiça, entre outros, servem como base para a estruturação de qualquer modelo de sociedade saudável que se busque construir.

A evolução dos meios de comunicação, o desenvolvimento tecnológico e as descobertas da ciência em diversos campos, são fatores que exigem um contínuo, permanente e incessante processo de repensar no como educar. Reforçar valores que podem se perder, ou incrementar métodos a partir de novas descobertas científicas, além de otimizar o processo de ensino a partir de novas tecnologias disponíveis, são meios que sempre precisam ser repensados, mas a essência de todo processo continuará tendo como base, como berço, os valores eternos que devem compor a formação de um ser humano.

O papel da sociedade

A não ser que vivamos isolados numa ilha deserta ou no meio de uma floresta, sem acesso ao mundo de modo algum, sempre seremos seres inseridos em contextos sociais. Os meios de comunicação tais como internet, televisão, rádios, jornais, revistas, assim como os lugares que frequentamos, os amigos e colegas com os quais convivemos, são todos fatores que participam de nosso processo de educação.

Diariamente somos assediados pelos mais diversos meios que captam nossa atenção, mexem com nossos sentimentos, amplificam nossas sensações e nos levam a criar demandas e conceitos que muitas vezes nem seriam os nossos. Positivos e negativos, construtivos e destrutivos. Como seres constituídos com forte e necessário componente emocional, ter consciência do que é realmente positivo e construtivo, nem sempre é fácil. E cientes dessa nossa fragilidade, a sociedade, numa busca permanente de riqueza, vai nos conduzindo de modo a acreditarmos que nossa felicidade só virá na posse de bens ou vivendo do modo que nos é apresentado tão sedutoramente.

A sociedade é um ente formado por homens e mulheres, que, se educados com foco nos verdadeiros valores, nos colocará num círculo virtuoso que terá como resultado real a verdadeira evolução de nossa espécie.

Ela é resultado e ao mesmo tempo um dos principais agentes de educação. Para que colhamos o que ela pode nos oferecer de melhor, precisamos cuidar dos outros agentes.

O papel das escolas

É fundamental, urgente e extremamente necessário a reformulação do conceito do que deva ser o papel da escola. Sempre entendida por muitas famílias como agente principal do processo educativo, a escola contava com o diferencial de ser um centro onde encontrávamos professores detentores de conhecimentos únicos e de didática e metodologia próprias para o processo de formação das crianças. E nas sociedades como a nossa que valorizam o conteúdo de modo desproporcional (vide o que é cobrado pelo ENEM e pelos vestibulares), o repasse de conteúdo sempre foi o mais valorizado. O fato é que com o advento da internet e com a criação de novas ferramentas para disponibilização gratuita de excelentes conteúdos, como a escola deverá passar a agir visando auxiliar o processo de formação de nossas crianças e adolescentes?

A formação de um ser humano, como a própria UNESCO apresentou, tem como base o aprender e não o ensinar. Ensinar a aprender deve ser o foco e não mais ensinar matérias. E para isso, faz-se necessário que todo o processo seja alterado: o modelo de aulas, o tamanho das turmas, o processo avaliativo, o papel do professor, tudo. Entretanto, as escolas só partirão de modo decisivo para esse novo e necessário caminho, quando o governo, movido pelo desejo da sociedade, mudar o modelo que avalia a performance do aluno.

O papel do aluno

Neste novo mundo onde o aprender passa a ter um foco maior do que o ensinar, o aluno precisa mudar seu papel e se tornar ativo no processo, precisa deixar de ser aluno e se transformar em estudante na maior parte do tempo.

O termo aluno já traz em si um conceito de passividade. Aluno vem de alere (latim), que significa nutrir, alimentar, logo, aluno é alguém que precisa ser nutrido de alguma coisa. Via de regra, um aluno tem como fonte principal para a obtenção do seu conhecimento os professores de suas escolas. E esse conhecimento repassdo são conteúdos de fatos que precisam ser aprendidos para que novos profissionais sejam formados. Mas como foi dito, essas informações já estão largamente disponíveis na internet, e soma-se a isso, quantas novas profissões estão surgindo cujos conhecimentos necessários são ainda tão pouco ensinados nos modelos tradicionais de ensino?

Estudar tem que deixar de ser visto como uma obrigação, algo chato ou uma necessidade temporária e passar a ser visto como sendo, assim como o ar, como a água, como os alimentos, algo fundamental para a nossa sobrevivência.

O papel das famílias

Nada substitui o exemplo. Quando nascemos em uma família, somos como uma semente jogada num solo que pode ser fértil ou não. O que essa família nos cobrará e nos mostrará com exemplos práticos servirá como nosso terreno para que possamos desabrochar e nos tornar árvores grandes e frondosas, a ponto de fazer que nem cheguemos a ser o que tínhamos trazido em nossa essência. É como se tivéssemos nascido para ser carvalhos e nos transformamos em palmeiras ou, o que é ainda pior, nos transformarmos em algo que nem sabemos bem o que é.

Nossas fragilidades, medos e carências ou nossa coragem, otimismo, determinação e crenças têm como base os valores que recebemos em casa. É nesse ambiente e com essas pessoas que passamos a maior parte de nosso processo inicial de vida. É aí que encontramos a segurança ou o medo, a confiança ou a dúvida e o amor.

E agora, Paulo?

Agora vamos começar a nossa jornada rumo ao que podemos fazer de melhor. Cada um no seu ritmo, cada um no seu tempo, mas todos com o mesmo destino: cumprir nosso papel de modo digno no processo de educação!

Vamos lá!

Filho Nota 10

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