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Parte I Visita

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Após a resolução da segunda aventura do vidente, voltei a rotina normal do trabalho, do contato social e das relações inter-humanas. Fiquei um bom tempo sem contato com Renato, a guardiã ou até mesmo o hindu e a sacerdotisa, companheiros de caminhada. Até que num belo dia de sol quando eu aproveitava um momento de lazer com meus familiares, escutei uma voz fininha me chamando de longe. Ao direcionar minha visão para voz, meus olhos encheram-se de lágrimas pois reconheci minha benfeitora que tinha me ajudado a superar meus desafios e entrado na gruta mais perigosa do mundo, na minha primeira viagem à montanha.

Ao se aproximar mais, levantei-me para cumprimentá-la, dei-lhe um beijo e um grande abraço e aproveitei para apresentá-la a minha mãe e meus irmãos. O contato foi breve mas intenso. Discretamente, ela me pediu uma conversa particular, eu aceitei o convite e juntos nos dirigimos ao meu quarto a fim de termos mais privacidade. No caminho, nossos olhares cruzaram-se e os dela me transmitiam confiança e até certo ponto uma dose de mistério. Com mais alguns passos, entramos no recinto, ela elogia a decoração, eu agradeço e ofereço uma cadeira disponível enquanto eu me sento na cama. Ficamos frente a frente e a mesma inicia o diálogo.

—É um prazer revê-lo, filho de Deus, como tem passado? Estou aqui porque sinto uma nuvem de dúvidas e de incertezas pairando na sua vida, dificultando sua evolução como vidente e como homem. Acredito que posso ajudá-lo servindo para indicar o caminho, como no nosso primeiro encontro. Está preparado para arriscar mais uma vez?

—Também é um prazer revê-la. Sua ajuda foi fundamental para que eu começasse meu projeto na literatura e já estou no terceiro livro. Agradeço por tudo. Sim, é verdade, estou cheio de dúvidas em relação ao meu passado, presente e o meu futuro incerto apesar de todas as promessas que recebi dos espíritos superiores. Preciso de um caminho. Preciso evoluir mais. O que devo fazer?

—Olhando para você me lembro de um jovem com as mesmas dificuldades e com os mesmos anseios. Trata-se dum antepassado seu chamado Vitor, o vidente. Ele superou suas dificuldades, estudou a magia e desenvolveu seus dons fazendo com que o mesmo fosse vencedor em tudo. A sua família é de uma linhagem espiritual desenvolvida capaz mesmo até de realizar milagres.

—Eu já ouvi falar do Vitor. Alguns dos seus feitos chegaram até minha geração. Só não sei tenho tanto potencial ou coragem como ele. Diga-me guardiã, tenho possibilidades?

—E você me pergunta uma coisa dessas? Você de apenas um simples sonhador, já venceu desafios, enfrentou a gruta mais perigosa do mundo, entendeu e encontrou as respostas para sua noite escura da alma e ainda tem dúvidas? Confie mais em si e continue seu caminho. O que posso te dizer que seu potencial é muito bom e como vidente pode realizar milagres no tempo e no espaço.

—Obrigado pelo elogio. O que devo fazer então?

—Você deve ser treinado por uma pessoa especial que domina os seis primeiros dons do espírito santo. Esta pessoa se chama Angel e tem cento e treze anos. Ele conviveu quando jovem com Vítor e foi muito especial em sua vida. A fim de encontrá-lo você deve se dirigir ao sítio fundão, zona rural de Pesqueira, neste mesmo município. Ele mora numa casinha simples de sapê, neste referido sítio. Chegando lá, você começará a entender melhor seu caso e no fim de tudo poderá se desenvolver e desenrolar o véu do tempo solucionando seus problemas.

—Entendi. Já ouvi falar do sítio fundão e sei onde fica. É próximo daqui. Quando devo ir?

—Imediatamente. Vá fazer suas malas e quando estiver pronto, despeça-se de sua família. Mas antes disso, tenho uma surpresa.

A guardiã assobiou e numa questão de segundos ouvi um barulho de passos, uma batida na porta do meu quarto e ao abrir, deparei-me com meu companheiro de duas aventuras atrás, O Renato, segurando uma mala. O observei de cima a baixo e notei como estava crescido, másculo e bonito o até então pequeno garoto quando o conheci em 2010. Sem pensar, dei-lhe também um grande abraço. Lágrimas insistentes escorreram em nossos rostos pela emoção do momento. Quando nos separamos, perguntei-lhe o que significava tudo aquilo e ele me respondeu simplesmente que iria me ajudar mais uma vez. Agradeci a guardiã e a Renato pelo apoio. Pouco depois, ela se despediu e fui arranjar minha mala conforme recomendado. Nesta tarefa, obtenho ajuda do meu fiel escudeiro. Quando terminamos, me despedi dos meus familiares, saí da casa junto com Renato e caminhamos um tempo em direção ao ponto de lotação. Ao chegarmos lá, nos apresentamos e contratamos um motorista para nos levar até o sítio fundão. Ele se chama Geronimo e acertamos com o mesmo a ida. Começaria aí uma nova aventura em busca do conhecimento e do destino ainda incerto. Vamos junto, leitores!

O Encontro Entre Dois Mundos

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