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A viagem até o sítio

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Subimos no automóvel, fechamos a porta e em questão de segundos ele parte. Como a viagem era até certo ponto longa começamos a conversar entre si a fim de nos distrairmos. Falamos um pouco de tudo transcrito em alguns trechos abaixo:

—E como você passou, garoto, este período em que estávamos separados? Estudou muito? (O vidente)

—Levei a vida na minha rotina normal: O trabalho com a guardiã e seus ensinamentos no intuito de te ajudar nas aventuras, o estudo diário na escola de Mimoso, as saídas com os amigos e as namoradas. Mas em todo tempo pensei em ti. Eu já estava com saudades das nossas peripécias. E você? (Indagou ele)

—Eu também cumpri minha rotina que inclui trabalho no setor público, os contatos sociais, a evolução espiritual, novos aprendizados da vida, conhecer novas pessoas, mas também já estava com saudades da minha vida de escritor, de vidente. Obrigado pelo interesse e sua ajuda. Sem você não teria conseguido muita coisa. Já em relação ás namoradas, você não é muito jovem para pensar nisso? Não concorda, Geronimo? (Divinha)

—Tem toda razão, seu vidente. Meninos devem brincar de bola em vez de ficarem se esfregando nas meninas. É muita responsabilidade para quem não tem a mente bem formada. Pode acontecer algum acidente. (Observou Geronimo)

—Deixem de ser caretas, não sou tão menino assim e posso provar. Já tenho barba, pelos nas axilas e em alguns outros lugares que o pudor não me permite mencionar. Além do mais, não é nada sério, só são alguns esfregões. (Protestou Renato)

—Está bem. Vou fingir que acredito. Como se eu não te conhecesse,menino. Mas, mudando de assunto, vocês viram no noticiário em que precariedade está nossa saúde? Filas e mais filas nos hospitais públicos e pessoas precisando de atendimento urgente na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) dos hospitais e não tem vaga? O que vocês me dizem? (O filho de Deus)

—Eu vi sim, seu vidente, e é uma vergonha para nosso país e nossos governantes. Todos os atendimentos estão devendo, mas parece que o povo está mais consciente e protesta a todo o momento. Precisamos valer nossos direitos porque pagamos impostos, trabalhamos quatro meses para ter serviços públicos de qualidade e não temos. Esta realidade não é só da saúde, temos problemas latentes na educação, transportes, saneamento, indústria, etc. Acredito que só a sociedade pode mudar esta realidade e uma saída para isto é protestando pacificamente, elegendo dirigentes mais justos e dignos e fazendo sua parte ajudando o próximo sem pensar em receber alguma coisa em troca. (Geronimo)

—Mas muita coisa já melhorou. Sou jovem, mas me disseram que o Brasil tinha uma inflação galopante e que na década de noventa criaram um plano econômico que freou este processo. Tudo a partir daí melhorou. Com a estabilidade nos preços, a economia cresceu, houve geração de emprego e renda e já estamos entre os países emergentes. Mas concordo que temos muito a melhorar na qualidade de vida de nossa população que merece muito pois é um povo muito esforçado e cheio de sonhos. Ser um brasileiro para mim é um orgulho. Ainda seremos o número um do mundo em todos os sentidos. (Renato)

—Tomara, Renato e que nosso futebol ganhe a copa e tenha uma boa participação nas olimpíadas para alegrar nossa população sofrida. (O vidente)

—E que meu time ganhe o campeonato brasileiro. (Completou Geronimo)

—Qual o seu time? (Indagou Renato)

—Segredinho. Não quero desagradar meus mais novos amigos. (Geronimo)

—Eu torço por Pernambuco. É meu estado e por ele batalharei. Em especial farei isso através da literatura. Quero que todos tenham orgulho de mim. (O vidente)

—Você escreve? Interessante. Sobre o que você escreve? Como surgiu este dom? (Indaga Geronimo)

—Sim, escrevo. Minha história começou em 2010 quando num impulso viajei a uma montanha que prometia ser sagrada em busca de encontrar meu destino. Escalei sua íngreme trilha e, ao chegar no seu topo, tive um encontro que mudou a minha vida. Conheci a guardiã, um ser ancestral detentor de muitos mistérios que me orientou e me ajudou a realizar desafios dificílimos culminando em minha aprovação nas etapas. Então tive a permissão de chegar ao meu objetivo: Enfrentar a gruta do desespero, um local em que me poderia tornar um escritor ou qualquer outro sonho que tivesse. Mesmo tomado pelo medo pois o fracasso me custaria a vida, entrei, driblei armadilhas, avancei cenários e em dado momento cheguei à câmara secreta. Ao entrar na mesma, desenvolvi parcialmente meus dons e me transformei no vidente, um ser superdotado. Com meus novos poderes, pude realizar minha primeira viagem no tempo e em trinta dias vivi em Mimoso junto com meu fiel parceiro Renato aventuras incríveis. No final, reuni as forças opostas, resolvi conflitos e injustiças e ajudei alguém a se encontrar. Tudo o que vivi foi documentado no meu primeiro livro que publiquei em 2011 nomeado “Forças opostas”. Depois desta primeira vitória, passei um tempo me dedicando a terminar a faculdade e resolvendo problemas pessoais. Ao sentir-me preparado, voltei a montanha em busca duma nova aventura. Encontrei novamente a guardiã, conheci o hindu e fui preparado para começar a compreender um período difícil da minha vida que denominei de “Noite escura da alma”, onde me esqueci de Deus e dos meus princípios. Fiz uma viagem pelos pecados capitais, os dominei e no momento certo, fiz uma nova viagem a uma ilha perdida em busca da sacerdotisa, uma mestra da noite, do reino dos anjos e do Eldorado, um lugar de encontro do mundo espiritual e carnal. Também fui aprovado nesta etapa e com a minha experiência escrevi meu segundo romance intitulado sugestivamente de “A noite escura da alma”. Por enquanto é isto. Quero aprender mais e descobrir um pouco mais do meu destino.

—Sem esquecer que em todos os momentos eu estava presente ajudando-lhe. (Completou Renato)

—Que história interessante. Cara, devo te confessar que sou seu fã só pelo seu esforço em batalhar por um sonho. Muitas pessoas desistem na primeira dificuldade. Muita sorte e sucesso em seu caminho. (Elogiou Geronimo)

—Obrigado. Aumente a velocidade que estou ansioso por chegar ao sítio fundão e viver novas experiências. (O vidente)

—Eu também. (Renato)

—Tudo bem. Segurem nos cintos. (Geronimo)

O automóvel acelerou e ultrapassamos rapidamente, através da Rodovia BR 232,O sítio Rosário, o povoado Novo Cajueiro,O sítio Riacho fundo,o Povoado Ipanema,entre outros. Neste ponto, já estávamos bem próximos da sede do município, Pesqueira.Até que repentinamente ouvimos um estrondo e o carro desgovernou-se um pouco. Gritamos com muito medo, mas Geronimo era um motorista bem experiente e soube controlar a situação. Conseguiu parar em segurança no acostamento. Descemos do carro a fim de verificar o ocorrido e Geronimo nos acalmou, se abaixou, tirou a camisa e trocou o pneu que tinha furado. Esta manobra durou cerca de trinta minutos e aproveitamos para nos hidratar. Quando tudo estava resolvido, entramos no carro novamente, partimos mais lentamente, chegamos a Pesqueira e pegamos um desvio numa estrada de terra. Esta estrada nos levaria ao destino. Esta parte da viagem durou cerca de trinta minutos entre conversas, descobertas e muita ansiedade da nossa parte. Ao chegar ao sítio, nos movimentamos um pouco em círculos até encontrar alguém que nos orientasse e depois de muito vaivém chegamos a casinha de sapê onde Angel morava. Pagamos a passagem, descemos do carro com as malas, nos despedimos de Geronimo, ele vai embora e nós nos aproximamos da casa. Um pouco sem graça, avançamos ainda mais e batemos na porta que estava entreaberta. Cinco minutos depois, uma figura dum ancião magro e esquelético se apresentou com um semblante sorridente, mas um pouco fechado. A que devo a honra da visita de dois jovens tão bonitos? Pergunta ele depois de abrir a porta.

—Meu nome é Aldivan, mas pode me chamar também de filho de Deus ou de vidente, meus outros nomes. Este que me acompanha se chama Renato e é meu companheiro de aventura. Juntos viemos aprender com o senhor se assim nos permitir. (Declarei)

—Ahan! Eu já ouvi falar de vocês dois. A fama de vocês ultrapassou fronteiras. É uma honra tê-los comigo. Ajudarei em que for preciso. Em qual tema querem se aprofundar? (Respondeu o ancião)

—A guardiã nos informou que você domina os seis primeiros dons do espírito santo e precisamos entendê-los para evoluir mais. (Informou Renato)

—Precisamos criar uma linha de conexão dos dons com a minha mediunidade e clarividência pouco desenvolvida para entender presente, passado e futuro que nos cerca e não entendemos. (Complementei)

—Tem certeza do que estão falando? Desenvolver os dons do espírito santo é uma atitude sadia, mas se relacionados com a mediunidade podem criar um desequilíbrio cósmico entre os dois mundos e fazê-los encontrar-se ocasionando até a loucura. É muito perigoso o que estão me pedindo e uma pessoa no passado sofreu muito com suas escolhas. E se voltar a se repetir? (O velho)

—Não sabíamos que o risco era tão grande, mas não suporto mais meus estigmas e a linha de contato espiritual. É um martírio muito grande. Preciso de ajuda urgente. (Supliquei)

—Calma. Abaixe a cabeça. (ordenou Angel)

Obedeci prontamente. Fiquei imóvel e mãos suaves deslizaram na minha cabeça. Senti raios de energia penetrarem na minha mente atormentada e que me deram um pouco de alívio. Fechei os olhos, fiz uma oração e me senti ainda melhor. Em dado momento, Angel retirou as mãos e se afastou um pouco e ficou a refletir, de costas para nós. Quando se virou, o seu olhar traduzia um pouco de mistério misturado com tristeza.

—Sabe, filho de Deus, você me fez lembrar alguém que amei muito no passado. Se chamava Vitor e era um homem espiritualmente muito desenvolvido. Comparando vocês dois, ele era mais experiente e mais decidido, rude, o típico homem sertanejo enquanto você é inocente, puro, sensível, uma pessoa bem legal. Neste caso, isto é desvantagem para você neste mundo porque a vida é bonita, mas cruel e desafiadora. Isto torna o que você quer fazer mais complicado ainda. Mas há uma chance se quiser correr os riscos, sofrer e ir até o fim. Está preparado? (Indagou o mestre)

—Sim. Não viajei até aqui só para conversar. Eu costumo enfrentar os desafios mesmo que gigantescos. Farei tudo o que mandares. Só a cargo de informação, Vitor era da minha família. (Divinha)

—Confie nele, Angel e em mim. Seguiremos seus conselhos e não decepcionaremos. (Complementou Renato)

—Muito bem. Gostei Renato do seu tom decidido e Aldivan você é também da família Torres? Entendo porque você é assim. É de família. Mas sabe mesmo um pouco da história de Vitor? (Angel)

—Sim, um pouco. Todos o chamavam de sábio. Ouvi falar que conhecia vários segredos espirituais e dominava um pouco a magia. Será que tenho potencial como ele? (O filho de Deus)

—Sim, seu potencial é imenso pois você possui uma mente muito poderosa. Mas não se engane. Seu caminho não é o mesmo de Vitor. Você é outra pessoa, livre de vícios, pura, cheio de luz, com uma aura linda e não permitiria a você manchar isto. Deus quer que permaneça assim pois o trata como filho. Vou ajudá-lo a desenvolver seus dons, a controlar seus desejos e entender melhor o plano espiritual. Você precisa apenas de orientação para não cair em armadilhas ou na “Noite escura da alma “novamente. No entanto, tudo tem o seu preço e você está disposto a pagar? (Angel)

—Claro. Qual é o preço? (o vidente)

—No momento certo, saberás. Por enquanto, siga-me e seu companheiro também. (o mestre)

Angel entrou na casa, o acompanhamos e acomodamos as nossas coisas perto da parede direita do vão único da casa. Ele nos mandou deitar. Eu numa cama de capim e Renato na rede. Mandou nos acalmar e descansar da viagem. O que aconteceria daí por diante? Continue acompanhando, leitor.

O Encontro Entre Dois Mundos

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