Читать книгу Eurico, o presbytero - Alexandre Herculano - Страница 26
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ОглавлениеE quem te disse, Presbytero, que o teu amor não era um crime?
Tens razão, consciencia! Quando aos pés do veneravel Siseberto o gardingo Eurico jurou que abandonava o mundo devia despir as paixões que do mundo trouxera.
A luz brilhante d'affeições e esperanças a que vivia e que me povoava o coração de felicidade devia apagar-se então, como a lampada do templo ao amanhecer; porque eu voltava-me para o céu, buscando a luz do Senhor.
Mas o sol, apenas nasceu para mim, logo desappareceu no occaso, e os que me creem alumiado mal pensam que vivo em trevas!
As minhas paixões não podiam morrer, porque eram immensas, e o que é immenso é eterno.
E assim, nem ouso pedir a paz do sepulchro; porque para mim não haveria paz, senão no anniquilamento!
O anniquilamento! Que mal te fiz eu, oh meu Deus, para me não deixares cá dentro mais que uma idéa risonha, mais que um desejo capaz de encher o abysmo da minha desventura? Que mal te fiz eu para que esse desejo, essa idéa seja a que unicamente resta ao precíto que se revolve em perpetuas angustias?
Mas para mim, como para elle, tal pensamento é vão e mentido! Eternidade, eternidade, a alma do homem está encerrada e captiva no illimitado do teu imperio!