Читать книгу A Garota Que Se Permite - Christie Henderson, Brian Quinlan - Страница 5
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— VOCÊ ESTÁ TERMINANDO COMIGO?
Eu não podia acreditar que isso estava acontecendo. Toda vez… toda vez que pensava que esta semana não poderia piorar… BAM! Algo acontecia.
— Vamos lá, Kasey. Você não pode ficar tão chocada assim com isso — disse Jason, olhando para mim por cima do jantar muito agradável e muito caro para o qual ele me convidou, um sentimento de pena brilhando através daqueles olhos semicerrados.
Eu respirei fundo, desviando o olhar para me concentrar, porque isso simplesmente não fazia sentido.
— Você realmente está fazendo isso esta noite? Sério mesmo? — Naquele momento, estava mais chocada do que de coração partido. Embora, pensando bem, provavelmente o coração partido atacaria assim que eu estivesse sozinha em casa, em meu apartamento… meu muito, muito vazio apartamento.
Eu teria que me sentar no chão para ter a minha merecida crise de choro.
— Lamento que você esteja tão surpresa — disse Jason, embora não parecesse nem um pouco triste.
— Surpresa? Eu ia me mudar para morarmos juntos neste fim de semana.
Ele inclinou a cabeça para o lado e olhou para mim como se estivesse fazendo gracinha para uma criança. — Você não vai mais poder se mudar agora, não é?
— Bem, não. Se você está terminando comigo, eu não posso, não é? — Minha voz disparou. Soava um pouco histérica até mesmo para meus próprios ouvidos. No fundo da minha mente, percebi que as pessoas estavam começando a olhar em nossa direção. Jason odiava isso.
Ele estendeu a mão sobre a mesa e envolveu a minha mão, dando um aperto forte. Até mesmo seu falso conforto era… bem, falso.
— Se você se mudasse, como pagaria a sua metade do aluguel? Como você seria capaz de arcar com suas despesas?
Arcar com minhas despesas? Nós estávamos namorando por quase três anos e agora ele estava me dando um pé na bunda porque eu não seria capaz de pagar o aluguel por alguns meses em um apartamento que era dele?
— Dá um tempo, Jason. Perdi meu maldito emprego ontem. Você acha mesmo que eu não tenho nada no banco? Você escolhe o dia seguinte em que fui demitida para fazer isso? — A histeria se foi. Em seu lugar, meu copo emocional foi preenchido até a borda com uma raiva quase cega.
— A economia está ruim — disse ele, encolhendo os ombros como se nada disso realmente importasse. — Quem pode assegurar que você vai encontrar algo rapidamente?
Eu não podia acreditar nisso. Não. Podia. Acreditar. Nisso. Na semana passada, tínhamos acabado de vender todos os meus móveis na OLX porque os dele já “cabiam” no lugar. Eu cancelei meu aluguel, paguei a multa pela quebra de contrato e ficaria sem-teto no final do mês… o que convenientemente aconteceria em dois dias.
— Aqui. — Ele me entregou um cartão.
Um cartão. Eu olhei para o envelope lavanda lacrado. Eu deveria abri-lo? A empresa de cartões realmente tinha um cartão do tipo Estou-te-dando-um-pé-na-bunda-mas-boa-sorte-com-tudo?
— O que é isso?
— Aí tem o primeiro mês do aluguel e metade da fiança que você pagou. Achei que era justo devolvê-lo.
Achou justo? Eu olhei para o cartão novamente, me perguntando o que ele havia escrito nele, tentada a abri-lo naquele momento. Em retrospecto, ele ter me cobrado uma fiança pelo aluguel deveria ter sido o primeiro sinal.
Certo, talvez não o primeiro.
— Então, onde exatamente você acha que vou morar?
Desprezo. Eu passei da raiva para o desprezo. Agora eu era oficialmente uma mulher desprezada.
Não é de admirar que os homens não devessem nos contrariar. Nem o inferno tinha tanta fúria como eu naquele momento, ele não chegava nem perto. Eu poderia ter estripado ele com a faca de peixe chique que descansava contra meu prato.
— Bem, eu não quero parecer sem coração — continuou Jason, estudando seu prato antes de olhar para cima com a expressão menos empática que eu já vi. — Mas agora isso não é realmente problema meu, não é?
A mulher na mesa ao lado engasgou e foi quando eu percebi que a maioria das pessoas haviam ficado em silêncio para acompanhar o melodrama que estava acontecendo na minha vida.
— Não, suponho que não. Eu acho que quando você termina com sua namorada porque ela perdeu o emprego, você pensa que nada é problema seu. — Empurrei minha cadeira, me envolvi em minha jaqueta Ann Taylor e peguei minha bolsa. — Ah, espera! Sabe qual é o seu problema?
Ele balançou a cabeça, um pequeno sorriso puxando sua boca em pontas cruéis de cada lado.
— Conseguir tirar a mancha de Bordeaux de sua Caxemira. — Peguei nossa garrafa de vinho pela metade e despejei na cabeça dele. — Boa sorte com isso.
Eu saí furiosa, um punhado de aplausos seguindo em meu rastro. Lágrimas de raiva quase me cegaram quando cheguei ao saguão.
— Por favor, permita-me. — O recepcionista empurrou a porta e segurou-a para mim, enquanto eu marchava para a noite fria de primavera. — Boa sorte, senhorita.
Sim. Eu precisaria de muita sorte.